Mulheres de Satã: uma leitura historiográfica sobre sexualidade e inquisição (original) (raw)

As noivas de Satã: bruxaria, misoginia e demonização no Brasil colonial

2017

Durante toda Idade Media e Moderna o tema da natural inclinacao feminina para os comportamentos desviantes fazia parte do programa educacional de padres e religiosos das mais variadas ordens. Os medicos tambem reafirmaram em seus escritos a inferioridade fisica e moral das mulheres, e os juristas, igualmente, deram sua contribuicao para reforcar a inferioridade estrutural do sexo feminino. A producao literaria e a iconografia da Renascenca foram da mesma forma hostis a condicao feminina. Esse artigo resgata a historia de duas escravas mesticas, Joana e Custodia de Abreu, que assumiram participar de encontros noturnos firmados por pactos diabolicos no Piaui colonial. Mulheres mesticas, descendentes de escravos africanos e indigenas, pobres e imersas numa sociedade misogina, opressora e extremamente hibrida, com interconexao de cultos e culturas diversas, de origem africana, indigena e europeia. O uso da “feiticaria” era constante no Brasil colonial, seja para resolver problemas prati...

POR UMA HISTÓRIA DO POSSÍVEL: O FEMININO E O SAGRADO NOS DISCURSOS DOS CRONISTAS E NA HISTORIOGRAFIA SOBRE O “IMPÉRIO” INCA

Esta tese tem como objeto de estudo as representações do feminino e o sagrado veiculadas nos discursos a respeito das origens e expansão do Tawantinsuyo. O corpus dessa pesquisa é constituído por crônicas dos séculos XVI e XVII, e também por algumas obras da historiografia produzida na segunda metade do século XX e início do XXI no âmbito da etnohistória. Na leitura minuciosa desse corpus foi possível recortar as superfícies discursivas que trazem à luz matrizes de sentido, – representações sociais, valores e normas, – indícios que informam sobre as subjetividades e relações de gênero que estiveram nas origens e expansão do governo dos Incas sobre os Andes. A partir desses recortes foram analisados os sentidos que essas representações imprimiram/imprimem sobre o real. Nesse trabalho se entrecruzam basicamente dois objetivos: primeiro, a desconstrução”/desnaturalização de imagens elaboradas no passado e no presente, revelando suas condições de produção, ou seja, o seu caráter histórico e seus mecanismos de construção; segundo, a procura de indícios nos discursos que nos permitam vislumbrar outras possibilidades de existência para o humano e o sagrado na história, imagens que representem uma ruptura com os esquemas que instituíram uma essência feminina/masculina e uma determinação biológica das identidades e papéis sociais. Palavras-chaves: Incas, mitos, crônicas, representações de gênero, sagrado, feminismo e etnohistória.

Erotismo Inquietante Em Satânia, De Judith Teixeira–Uma Leitura Das Relações Entre Feminino e Masculino

RESUMO: Analisando a novela "Satânia" (1927), de Judith Teixeira, este estudo incidirá sobre os diversos tipos de relação que a personagem principal feminina, Maria Margarida, estabelece com as duas figuras masculinas que com ela compõem um triângulo de desejo e amor. Sublinha-se o papel da natureza, que é o espelho das vivências da protagonista e do forte impulso erótico. Palavras-chave: erotismo; literatura portuguesa; figura feminina.

Silenciamentos sobre gênero na historiografia brasileira: Inquisição e feitiçaria na América portuguesa

Topoi, 2020

Desde a publicação de A feiticeira, de Jules Michelet, o campo de estudos referente ao fenômeno da caça às bruxas ganhou maior evidência entre os pesquisadores e, principalmente, uma profundidade analítica marcada pela diversidade de interpretações, posicionamentos e argumentos teóricos. Em contrapartida, ao tratar do contexto de renovação das pesquisas sobre a feitiçaria no Brasil, destacando, por exemplo, os "estudos sobre gênero e sexualidade [que] também imprimiu sua marca sobre o tema da feitiçaria", Laura de Mello e Souza referenciou, em 2009, somente pesquisas estrangeiras. Destacou, por exemplo, as análises de Linda C. Hults, publicadas em The Witch as Muse. Este artigo pretende, assim, problematizar a produção historiográfica brasileira acerca da feitiçaria e da religiosidade, destacando as principais vertentes, teorias e metodologias utilizadas pelos historiadores. Busca-se questionar, a partir de algumas críticas tecidas por pesquisadoras do gênero vinculadas ao tema da caça às bruxas, até que ponto a historiografia no Brasil tem se atentado para as relações de gênero como aspecto fundamental para a compreensão desse objeto de estudo. Palavras-chave: historiografia brasileira; feitiçaria; gênero.

MULHERES ANARQUIVADAS: TESTEMUNHO, VIOLÊNCIA E CONDIÇÃO FEMININA EM NOSSA SENHORA DO NILO, DE SCHOLASTIQUE MUKASONGA

Travessias, 2018

RESUMO: O liceu Nossa Senhora do Nilo prepara a elite feminina do Ruanda para assumir seu papel na sociedade. As disputas discursivas, ideológicas e culturais revelam relações de poder opressivas, em que a minoria cotista tutsi é constantemente humilhada por suas colegas Hutus. Em um país marcado pela violência e pelas diferenças étnico-raciais, Scholastique Mukasonga procura dar voz à memória até então obliterada pela prática genocidária. Ao desvelar o dia a dia das alunas, a autora constrói uma narrativa que tensiona o ambiente privado como reflexo de uma sociedade excludente. O teor testemunhal da obra anarquiva esses corpos femininos a fim de revelar uma experiência outra não contemplada pelos processos de reelaboração da memória oficial. Um mosaico de vozes, polifônico e plural, problematiza temáticas como virgindade, feminilidade, violência, estupro, abuso sexual e relações de poder, que também são pautadas por questões de raça e classe. O objetivo deste estudo é fazer uma análise crítica do livro Nossa Senhora do Nilo (2017), de Scholastique Mukasonga, a fim de evidenciar a condição feminina na obra. O processo investigativo se dará sob a perspectiva dos estudos de gênero e os estudos da memória. Para tal, serão utilizados os arcabouços teóricos de Bernard Bruneteau

Silenciamentos sobre gênero na historiografia brasileira: Inquisição e feitiçaria na América portuguesa – Marcus Vinicius Reis; Camila Marchesan Cargnelutti

Topoi. Revista de História, 2020

Desde a publicação de "A feiticeira", de Jules Michelet, o campo de estudos referente ao fenômeno da caça às bruxas ganhou maior evidência entre os pesquisadores e, principalmente, uma profundidade analítica marcada pela diversidade de interpretações, posicionamentos e argumentos teóricos. Em contrapartida, ao tratar do contexto de renovação das pesquisas sobre a feitiçaria no Brasil, destacando, por exemplo, os “estudos sobre gênero e sexualidade [que] também imprimiu sua marca sobre o tema da feitiçaria”, Laura de Mello e Souza referenciou, em 2009, somente pesquisas estrangeiras. Destacou, por exemplo, as análises de Linda C. Hults, publicadas em "The Witch as Muse". Este artigo pretende, assim, problematizar a produção historiográfica brasileira acerca da feitiçaria e da religiosidade, destacando as principais vertentes, teorias e metodologias utilizadas pelos historiadores. Busca-se questionar, a partir de algumas críticas tecidas por pesquisadoras do gênero vinculadas ao tema da caça às bruxas, até que ponto a historiografia no Brasil tem se atentado para as relações de gênero como aspecto fundamental para a compreensão desse objeto de estudo.

Dossiê Mulheres e Gênero na historiografia capixaba

Revista do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo, 2020

A Revista do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo (RAPEES), em sua 7ª edição, traz o dossiê “Mulheres e Gênero na historiografia capixaba”, sob a coordenação das Doutoras Lívia de Azevedo Silveira Rangel e Maria Beatriz Nader, com o objetivo de fortalecer os debates em torno das vivências das mulheres em suas interações sociais, culturais e políticas.