Questão Agrária, Campesinato e Anarquismo – interseções entre Rússia Revolucionária e a Amazônia Oriental 1 (original) (raw)

QUESTÃO AGRÁRIA, CAMPESINATO E ANARQUISMO - INTERSEÇÕES ENTRE RÚSSIA REVOLUCIONÁRIA E A AMAZÔNIA ORIENTAL 1 AGRARIAN QUESTION, PEASANTRY AND ANARCHISM - INTERSECTIONS BETWEEN REVOLUTIONARY RUSSIA AND THE EASTERN AMAZON

QUESTÃO AGRÁRIA, CAMPESINATO E ANARQUISMO – INTERSEÇÕES ENTRE RÚSSIA REVOLUCIONÁRIA E A AMAZÔNIA ORIENTAL, 2018

RESUMO Desde o século XIX os intelectuais da teoria crítica se debruçam sobre os elementos que formam, compõem e condicionam a Questão Agrária. Esses debates tomaram os primeiros sentidos na segunda metade do século XIX, especialmente a partir da construção da Associação Internacional dos Trabalhadores-AIT, popularmente conhecida como Iª Internacional. Nesta arena destacaram-se duas grandes leituras da realidade que o desenvolvimento do sistema capitalista colocava para o campo. Uma primeira matriz cujos principais teóricos eram James Guillaume e Mikhail Bakunin, conhecidos como socialistas libertários. E a segunda representada por Karl Marx e Frederick Engels, classificados como a ala autoritária do socialismo. Uma das polêmicas que esses dois campos travaram foi sobre interpretação da Questão Agrária. Apesar de existirem vários pontos convergentes sobre o entendimento do fenômeno, outros tantos eram divergentes. Tanto os que se referem a sua natureza como suas consequências. A primeira delas diz respeito ao futuro que os camponeses teriam no aprofundamento das relações de produção especificamente capitalista. Neste sentido, o presente artigo busca as interseções possíveis para se compreender a Questão Agrária colocada na Amazônia Oriental a partir da luta dos subalternos e àquelas enfrentadas pelos camponeses durante o processo revolucionário russo.

O campesinato e a fronteira no capitalismo autoritário russo

Capitalismo autoritário e campesinato: um estudo comparativo a partir da fronteira em movimento, 2009

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Os camponeses russos sob o olhar da intelligentsia revolucionária

Projeto História, 2017

A questão agrária na Rússia é central para a compreensão da história do país e dos impasses que surgiram durante o processo revolucionário aberto em 1917. No século XIX, principalmente após a emancipação dos servos de 1861, a intelligentsia russa procurou se aproximar dos camponeses e buscou interpretar a singularidade da história da Rússia a partir da realidade dos camponeses. No entanto, a estrutura social russa separava os camponeses do restante da sociedade. Neste artigo, a partir das formulações do economista Vito Letizia, presentes no livro 1917: Uma revolução confiscada-Diálogos com Vito Letizia, destacaremos o papel ativo dos camponeses russos no processo de libertação da servidão e na tomada de terras ao longo das revoluções de Fevereiro e Outubro de 1917. Destacado isso, questionaremos a forma como os dirigentes da revolução travaram o desenvolvimento prático da revolução no campo.

A QUESTÃO AGRÁRIA NO CAPITALISMO: reflexões estratégicas a partir de um paralelo entre a experiência histórica da Rússia e do Brasil

PEGADA - A Revista da Geografia do Trabalho

O presente artigo tem como propósito refletir sobre o desenrolar da questão agrária no capitalismo russo e brasileiro, tecendo uma análise a partir da experiência histórica do processo revolucionário que desemboca em 1917, na Rússia, e das formulações estratégicas do PCB e do PT, veiculadas na segunda metade do século XX, no Brasil. Parte-se do pressuposto de que o modo de produção capitalista se espacializou de maneira diferenciada nos países, enquanto formação social, e a não observância dessa premissa ensejou elaborações programáticas, no âmbito da esquerda brasileira, privadas do exercício analítico que articulasse a particularidade e a totalidade, como dimensões fundamentais para a interpretação da realidade.

História Agrária: conflitos e resistências (do Império à Nova República)

Salvador: UFBA, 2020

A Tabela 2 e o Gráfico 4 ajudam na compreensão de como as propriedades da Comarca de Nazaré se organizaram no tumultuado contexto posterior a 1850. A contagem de escravos de setenta inventários por década mostra uma considerável diminuição na posse de escravos que pode ter sido resultado dos negócios para o tráfico interprovincial, mas não se deve desconsiderar outros fatores como a alforria de escravos. De qualquer modo, as dívidas provocadas pelas crises atingindo os mais ricos e, de forma mais avassaladora, as médias propriedades-o grupo mais instável economicamente-concorrem como motivos plausíveis para esses números. Sugerem ainda que, em meio aos problemas econômicos, os mais pobres que possuíam escravos-a menor parte desse grupo-conseguiram manter um relativo equilíbrio da posse. Isso não quer dizer que não tenham sido afetados pelas crises, mas sim que para a grande maioria dos pobres, a posse de escravizados era o principal ou único bem de valor que possuíam. Manter essa posse era estratégia de sobrevivência.

100 anos da revolução russa: ensinamentos da atuação dos anarquistas

Revista Tempo e Argumento,, 2017

O presente artigo procura apresentar, nos 100 anos de comemoração da Revolução Russa, uma análise histórica da participação anarquista nos processos pré-revolução e durante os anos de Comunismo de Guerra. Em um segundo momento, a pesquisa busca descrever o principal movimento anarquista durante a Revolução Russa, ou seja, a atuação de Nestor Ivánovitch Makhno e seu Exército Negro na Ucrânia.

Anarquismo e Arte na Russia revolucionaria - a atuação de artistas da vanguarda

A partir da recente publicação, em russo, de documentos inéditos, desde a década de 1920, relacionados à história do anarquismo na Rússia, proponho a discussão do legado político de alguns integrantes do movimento artístico de vanguardas. Logo em 1905, artistas como Kazímir Maliévitch (1878 – 1935) e Olga Rózanova (1868 - 1918), uns dos expoentes máximos da arte moderna, juntam-se ao movimento anarquista e participam ativamente na criação de organizações horizontais e autogestionárias de artistas. Em 1917, Maliévitch publica a “Declaração de direitos de artistas” no jornal “Anarquia” da Federação Moscovita de Grupos Anarquistas, um dos principais porta-vozes do movimento naquela época. O jornal que, inicialmente, surgiu como folheto semanal de informações anarquistas, transformou-se, a partir de 1917, em uma publicação diária de quatro folhas e com uma tiragem grande. Incluiu-se no jornal um setor específico dedicado às questões de arte e de literatura, no qual publicaram seus textos teóricos, as declarações e os manifestos alguns artistas importantes como o já citado Maliévitch, Aleksandr Ródtchenko e Aleksei Gan, entre outros. Em 1917 é criado o Conselho (Soviét) de Artistas, composto, entre outras organizações, da Federação de Artistas de Esquerda. Proponho apresentar e discutir duas experiências notórias de organização de artistas na Rússia: a mencionada acima Federação de Artistas de Esquerda e os Ateliês Artísticos Livres (SVOMAS). Ambas as organizações seguiram os princípios anarquistas de federalismo, horizontalidade e autogestão. Ambas existiram entre 1917 e 1919 e são pouco conhecidas, devido ao aniquilamento do movimento anarquista na URSS e à censura decorrente desta situação. No final da década de 1990, na Rússia, os pesquisadores obtêm acesso aos documentos, outrora censurados e guardados nos arquivos de circulação restrita, e iniciam a publicação destes; no entanto, até o momento presente a história das duas organizações artísticas importantíssimas, tanto para a história da arte, quanto para a história do século XX, em geral, é insuficientemente pesquisada e quase que desconhecida. O simples fato de participação de principais artistas da vanguarda das organizações anarquistas, na Rússia revolucionária, causa surpresa; igualmente, a influência das teorias e das práticas anarquistas nos rumos que a arte moderna tomou no início do século XX é pouco pesquisada. Pretendo, com a apresentação deste trabalho, suprir minimamente a lacuna de informações sobre os assuntos mencionados, discutindo tanto as fontes primárias, quanto as raras publicações dedicadas ao tema, entre as quais destaco as pesquisas da historiadora da arte Nina Gurianova.

Livro Os "nós" da questão agrária na Amazônia

Os "nós" da questão agraria na amazonia, 2016

O simpósio contou com sessões de comunicação oral - espaços de diálogos, mesas-redondas e palestras sobre os mais variados temas relacionados ao campo amazônico. Desde concepções de movimentos sociais no rural da região. Leituras sobre as diversas faces da Questão Agrária. A aplicação ou não de políticas públicas ajustadas as realidades amazônicas. Até possíveis alternativas radicais de transformação sócioespacial da realidade do agrário nestas porções setentrionais. O livro procurou seguir a disposição temática do simpósio. Com 15 (quinze) artigos que passam pelos temas debatidos procuramos refletir sobre a realidade da produção do conhecimento na geografia agrária, estudos das diversas comunidades quilombolas, o avanço de setores do agronegócio no solo e subsolo amazônico a partir de estratégias estabelecidas no tempo e no espaço. Além disso, as novas lógicas da fronteira capitalista na região, o estabelecimento de relações entre o campo e a cidade, a condição da mulher e características fundantes da sociedade camponesa na Amazônia, os diversos sistemas agrícolas possíveis inovações tecnológicas e os novos desafios que se impõem para a educação do campo. Fazemos este convite à leitura. E mais do que isso. Um chamado à práxis a partir da Amazônia. Deixamos aqui esta pequena contribuição de nosso grupo de pesquisa. Certos de que ela possa ser mais um instrumento para compor essa grande construção de uma filosofia dos de “baixo”, um olhar a partir da Amazônia e do continente latino-americano, uma compreensão de mundo “cabloquinha” da existência! Belém, abril vermelho de 2016.

Aspectos Da Questão Agrária No Brasil

Sociedade e Território

Compreende-se que a gênese dos atuais problemas agrários existentes no Brasil está na forma como sociedade têm organizado o uso, a posse e a propriedade da terra ao longo de sua história, partindo do pressuposto teórico de que esses problemas são inerentes do próprio desenvolvimento do modo de produção capitalista, que em sua essência é desigual, contraditório e combinado. A proposta de análise desse texto tem como objetivo abordar algumas das principais discussões que permeiam o debate da questão agrária brasileira na contemporaneidade, tanto na perspectiva de sua negação, como na perspectiva de sua afirmação. Para tanto, faz-se leituras e análises de autores consagrados, tais como Martins (1981), Oliveira (1986; 1999; 2007; 2010) e Stedile (2012) e de dados levantados nos censos demográficos (1950 a 2010) e agropecuário (2006) da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.