Tugendhat e Uma Moral do Respeito Universal: Implicações na Educação (original) (raw)
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Razão e universalidade na moral humeana
Philósophos, 2002
Em recente e bastante interessante artigo, 1 o prof. Adriano Naves de Brito defendeu a tese, segundo a qual a moral humeana, longe de defender o relativismo, "pode muito bem almejar a um universalismo apostando na naturalização dos alicerces da moralidade" (p. 13). Assim, o "ceticismo quanto às fontes não empíricas da moral" não impediria Hume de aceitar a existência de princípios morais não relativos. Os juízos morais, de acordo com Hume, não seriam meras expressões de uma pessoa, mas teriam uma pretensão ou validade intersubjetiva. Julgar que uma ação é boa não equivaleria a expressar uma opinião subjetiva, mas deveria valer para todas as pessoas de uma dada comunidade. Como o empirismo, ou o ceticismo, de Hume na moral permitiria essa "pretensão de validade objetiva" (p. 14) nos juízos morais? A resposta do prof. de Brito recorre à "naturalização" da moral, o que significa dizer que a natureza tornou universal em toda a espécie humana um sentimento moral (p. 16). Logo a seguir, o prof. de Brito amplia a sua resposta, de modo a referir-se à natureza humana como um todo, e não somente a um sentimento moral que seria universal. "O que garante, pois, validade intersubjetiva aos juízos morais dos diferentes agentes é o fato de possuírem todos os agentes a mesma natureza" (p. 16). É preciso, entretanto, explicar em detalhes essa "naturalização dos fundamentos morais" (p. 16). Se entendo o argumento do prof. de Brito, devemos examinar como sentimento e razão combinamse para formar o juízo moral e determinar como devemos agir (p. 14). Num primeiro momento, mostra-se que "inclinações naturais RAZÃO E UNIVERSALIDADE NA MORAL HUMEANA
Atos de Pesquisa em Educação, 2012
Este artigo resulta de pesquisa desenvolvida no curso de pós-graduação em Educação da UFPE e analisa o conteúdo geral das representações sociais do "bom aluno" de professoras dos anos iniciais do Ensino Fundamental da Rede Municipal do Recife/PE. O referencial teórico-metodológico foi a Teoria das Representações Sociais e a Teoria do Núcleo Central. Participaram vinte professoras. A entrevista semi-estruturada foi utilizada como procedimento de coleta. Para análise tomamos como suporte a Técnica de Análise de Conteúdo Categorial. Nossos resultados destacam o "bom aluno" como "respeitador". As docentes revelam que estão se apropriando das discussões da literatura educacional recente ao apontarem que buscam fomentar a construção de uma relação entre autoridade e liberdade fundada no respeito mútuo. Porém, não podemos descartar a possibilidade do "respeito" pautado no autoritarismo do professor compor as representações sociais do "bom aluno" de subgrupos ou constituir aspectos da "zona muda" dessas representações. Os resultados sugerem novos estudos que venham a aprofundar nossos achados. Palavras-chave: "Bom aluno". Representações sociais. Professoras.
Ética e Moral Na Escola: O Que Os Documentos Regulares Dizem a Respeito?
Computers & Education, 2020
Objetiva-se identificar quais são os documentos legais que orientam ética e moralmente as práticas pedagógicas dos educadores escolares e quais seriam essas orientações dentro da concepção de educação vigente em nosso país. Conceitua-se o que é moral e o que é ética em nossa sociedade, com base na obra de Piaget. Compreendemos que um ambiente moral na escola, pode favorecer o convívio coletivo, pois a moral autônoma pode ser desenvolvida com mais facilidade. Escolhemos os seguintes documentos para estudo: Diretrizes Curriculares do Curso de Pedagogia (2006), dos Parâmetros Curriculares Nacionais (1997), e do Plano Nacional de Educação (2014). Após a análise dos documentos fizemos uma breve discussão a respeito do papel do professor e da educação moral dos alunos. Por fim, pudemos concluir com base nos documentos estudados e no referencial teórico escolhido, que quando o ambiente educacional e profissional se organiza a partir da adoção da ética e da moral nos processos pedagógicos, ...
Pertinência e alcance da crítica de Tugendhat ao conceito heideggeriano de verdade
2010
Este artigo promove uma apreciacao da critica de Tugendhart ao conceito heideggeriano de verdade. A equiparacao entre verdade e abertura, promovida por Heidegger em Ser e Tempo , constituiria um non sequitur e, alem disso, segundo Tugendhat, obscureceria o entendimento corrente da verdade como concordância. O objetivo do artigo e mostrar que tais objecoes, se nao sao totalmente descabidas, refletem uma compreensao limitada da proposta teorica de Heidegger e, fundamentalmente, nao anulam ou alteram as principais conclusoes heideggerinas, acerca da relatividade e finitude da verdade.
O contratualismo na filosofia moral de Ernst Tugendhat
2014
Tugendhat, in his first texts dedicated to moral philosophy, makes a criticism of contratualism, pointing out the different aspects which makes this theory be considered by him as an "almost moral philosophy." In his earlier writings, however, he understands contratualism as the only alternative capable of explaining the rising up of an autonomous moral philosophy. The author then presents to us a reinterpretation of contratualism, calling it "symmetrical contratualism." His reinterpretation starts with the presupposition that the moral contract cannot be understood as a contract of the first level, but on the second level, since the agreement made by the members of the moral community is not only an agreement of mutual actions, but is an agreement of mutual exigencies. In the moral of Tugendhat, the individuals mutually bind themselves to act in accordance with what the moral community defined as a good, but they also bind themselves to develop the moral sentime...
Um fundamento impossível – a leitura de Ernst Tugendhat da ética schopenhaueriana
ethic@ - An international Journal for Moral Philosophy
Este artigo tem por objetivo, a partir da leitura crítica do texto Vorlesungen über Ethik (Lições Sobre Ética) de Ernst Tugendhat (1930-), e de textos do filósofo Arthur Schopenhauer (1788-1860) – em especial sua principal obra Die Welt als Wille und Vorstellung (O Mundo como Vontade e Representação) e do escrito não premiado Über der Grundlage der Moral (Sobre o Fundamento da Moral) –, avaliar a leitura e a interpretação de Tugendhat sobre o fundamento da moral schopenhaueriana, explicitando os motivos de afastamento do primeiro em relação ao segundo.
Sobre a ética foucaultiana do cuidado, o sujeito e a educação
Educação e Filosofia
Resumo: Este artigo aborda a relevância da ocupação de si no processo de formação ética do sujeito e discute as possibilidades de seu uso para a educação. Recobra-se, para tanto, a genealogia da história da noção de cuidado, da parresia e da ética da amizade, retratadas no curso Hermenêutica do Sujeito ministrado por Michel Foucault. Objetiva-se problematizar, com isso, os aspectos moralizantes da pedagogia moderna e evidenciar uma dimensão ética da amizade e estética da existência, as quais foram abandonadas na educação escolar. Buscam-se pensar em que medida essa dimensão pode ser recuperada como uma espécie de esquiva à racionalidade econômica e ao empreendimento de si, presentes nas práticas escolares contemporâneas, indicando algumas pistas sobre as questões éticas e políticas que incidem sobre as referidas práticas, no presente. Esse movimento possibilitará sinalizar para uma face psicagógica esboçada na antiguidade greco-romana, mas que fora abandonada em seu desenvolvimento ...
Que Enxerguemos O Outro Sem Medo: A Contribuição Waratiana Para a Educação Em Direitos Humanos
Revista Brasileira de Filosofia do Direito, 2021
O presente artigo discute a educação em direitos humanos tendo como base as contribuições de Luis Alberto Warat (1977, 1979, 2003, 2010). Este estudo de abordagem qualitativa se insere no campo das reflexões interdisciplinares, que procura analisar os sistemas jurídicos embasando-se, especialmente, nos campos da educação, da sociologia e da filosofia. A pesquisa se apropria de revisão de literatura para as categorias de análise destacadas. Trata-se de investigar a alteridade como uma capacidade de (des)construir o direito, a partir de uma educação alicerçada no cuidado com o outro, produzindo, assim, um novo direito, caracterizado por um espaço de transformação coletiva.
Reflexões sobre a escola a partir da educação moral de Durkheim
Educação & Filosofia, 2024
Propomos neste artigo uma reflexão sobre a relação entre a educação e a sociedade partindo de Émile Durkheim. Analisamos as prescrições que o sociólogo francês nos fornece sobre a educação moral e sua importância no combate à anomia social. Da mesma forma, ressaltamos como sua reflexão sobre a educação nos permite pensar um circuito de afetos inerente aos processos de socialização. Todos esses elementos nos direcionam à questão central do artigo, qual seja, se teria sentido retomarmos a educação moral tal como nos propõe Durkheim. A fim de respondermos essa questão, analisaremos a maneira como os processos de socialização se efetivam na contemporaneidade e como a educação se insere nesse processo. Essa reflexão nos leva a pensar se devemos ou não nos adequarmos aos valores sociais vigentes, ou se devemos pensar a escola como lugar de resistência. Essa seria a força do pensamento de Durkheim para a educação contemporânea: levar-nos a refletir a finalidade educativa.