O mundo como persuasão e retórica de Carlo Michelstaedter (original) (raw)
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Heidegger e sua tradução de κόσμος por welten
Sofia
Parte-se aqui de uma indicação feita por Martin Heidegger (1889-1976) no §11 das preleções Princípios metafísicos da lógicaa partir de Leibniz (1928): a tradução da concepção grega deκόσμος (mundo) por welten (mundificar). Contudo, o que a justifica? O que nela está implicado? Assumindo essa problemática, o presente trabalho expõe que à base de tal proposta de tradução vige um conceito transcendental de mundo, queevidencia precisamente a mundaneidade do mundo, tal como exposta, a princípio, no §21 das preleções Prolegômenos para uma história do conceito de tempo (1925). Com vistas a entender essa mundaneidade do mundo, expõe-se, por um lado, o caráter ontológico do ser-em, que caracteriza o ser-no-mundo, e, por outro, sua vinculação com a concepção heideggeriana de verdade como pôr-a-descoberto (ἀλήθεια), o que possibilita entender que “mundo” é algo que está como que encoberto, devendo ser trazido pelo ser-aí à condição de desencoberto. Esse desencobrimento originário do mundo se d...
Educação e Filosofia , 2023
Neste trabalho pretendo, em primeiro lugar, indicar o sentido geral da crítica ao correlacionismo de Meillassoux, isto é, a crítica à ideia dominante desde a filosofia transcendental de Kant, segundo a qual não temos acesso senão à correlação entre pensamento e ser. Em seguida, destacar a aporia indicada por essa crítica através do argumento da ancestralidade, e que expressa um limite da postura antirrealista própria à ideia correlacionista. Finalmente, analisar a primeira parte do §43 de Ser e tempo e discutir o alcance da aporia apresentada por Meillassoux em face da posição heideggeriana acerca da realidade do mundo exterior.
Marx e a história mundial - Kraetke
Revista da Sociedade Brasileira de Economia Política, 2023
Tradução de minha autoria do artigo "Marx e a história mundial", de Michael Kräetke, publicado na Revista da Sociedade Brasileira de Economia Política, n. 65.
José Lutzenberger e a divulgação da Teoria de Gaia no plano internacional (década de 1980)
Revista de fontes
José Lutzenberger protagonizou, ao longo de 31 anos (1971-2002), uma forte atuação ambientalista no Brasil e em âmbito internacional, divulgando a ética do convívio ecossustentável. Um dos conceitos que alicerçaram seu pensamento foi “Gaia”, a partir da formulação teórica de James Lovelock. Neste trabalho, analisamos como se deu a participação de Lutzenberger na constituição de fundações que tinham como conceito-base a teoria de Gaia: a Gaia Foundation e a Foundation For Gaia, na Europa, na década de 1980. A análise está embasada nas fontes do Acervo Privado de José Lutzenberger (APJL): correspondências, folhetos, transcrições de palestras e textos do personagem.
O terraço é o mundo: Vilém Flusser e o pensamento da compreensão
Galáxia (São Paulo)
Resumo O trabalho ocupa-se com as concepções do filósofo tcheco-brasileiro Vilém Flusser (1920- 1991) a respeito dos termos diálogo e discurso nos processos comunicativos e problematiza a forma como essas noções oferecem elementos para os estudos e práticas de compreensão. A partir da autobiografia do autor (FLUSSER, 2007), publicada com o título alemão Bodenlos (sem chão ou sem fundamento), investiga sua formação como autodidata que teceu os fios da vida e dos conhecimentos no diálogo com um conjunto de interlocutores, com onze dos quais ele conversa na obra citada. Aborda as noções de diálogo, tenso e compreensivo, com o mundo em que se habita, do ensaio como forma de expressão do pensamento e da fala e escrita como opções de engajamento. Na medida em que o objetivo de Flusser era provocar novos pensamentos e ampliar a conversação, mostra como suas concepções contribuem para uma epistemologia compreensiva no universo da Comunicação.
O Mundo, o mundo: da alegoria da globalização à revelação do comum
Contemporânea: revista de comunicação e cultura, 2013
Proponho a análise do filme O mundo (2004), de Jia Zhangke, como alegoria aberta da globalização. A noção de alegoria aberta, ou abertura alegórica, possibilita abordar a globalização como condição de possibilidade do filme (que decorre, em parte, da participação da China nos circuitos globais de capital e de comércio) e como horizonte de sentido da narrativa (que está baseada, em parte, na metáfora do espaço do World Park de Pequim como Mundo em globalização). A análise do modo cinematográfico de constituição da alegoria da globalização conduz a uma comparação entre o trabalho de encenação de O mundo e a chamada “geografia criativa”, que constitui, desde Kuleshov, um dos efeitos mais fundamentais da montagem cinematográfica na representação do espaço. O trabalho de encenação é, no filme, uma forma de interrogar as fantasias e as promessas da globalização, em sua condição abstrata, a partir das disjunções do cotidiano dos trabalhadores e das trabalhadoras que o filme acompanha. O reconhecimento dos limites da alegoria da globalização permite a análise da narrativa como revelação do comum: do qualquer, da partilha, da experiência de estar junto.