O Desejo De Ordem e a Morte: A Produção Cotidiana Do Consentimento Genocida No Rio De Janeiro (original) (raw)
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Gênero e Suicídio no Rio de Janeiro
Suicídios são fenômenos quantitativamente relevantes. Considerando subnotificações significativas devido à perda de seguros e de direitos, é provável que mais de 200 mil cidadãos brasileiros tenham cometido suicídio desde que o país começou a coletar dados de maneira sistemática sobre as mortes violentas até hoje. No estado do Rio de Janeiro, que apresenta características e tendências diferentes das encontradas no país como um todo, entre 300 e 400 pessoas se suicidam a cada ano. Embora o suicídio não seja geralmente considerado crime, é um tema legítimo da segurança pública, e que, sem dúvida, é preocupação central de qualquer política preventiva nessa área.
A motivação para este texto surgiu durante a estadia do autor nos Estados Unidos (entre 2010 e 2011) que propiciou um acompanhamento diário, ainda que não metódico, do jornalismo norte-americano, na cobertura de acontecimentos marcantes como a execução de Osama Bin Laden no Paquistão, as guerras do Iraque e do Afeganistão, a intervenção militar no Líbano e o crescente protagonismo da CIA nas ações militares dos Estados Unidos, que culminou com a nomeação de seu diretor geral (na gestão Bush) para o comando do Pentágono (na gestão Obama). Apesar das diferenças ideológicas evidentes entre os dois governantes, que não devem ser menosprezadas, há uma extensa base de consenso entre suas percepções sobre o papel dos Estados Unidos no contexto internacional. Se o candidato da oposição republicana a Obama nas eleições de 2012, Mick Romney, proclama que “Deus criou os Estados Unidos para governarem o mundo”, o próprio Obama, em seu discurso ao Congresso sobre o Estado da Nação, em 2010, afirmou que seu país “é o farol que ilumina o mundo”. São variações sutis do que alguns críticos tem apontado como a exacerbação do nacionalismo nos Estados Unidos, que tem raízes históricas e culturais profundas.
Killing: entre revistas, jornais e práticas de extermínio no Rio de Janeiro em 1970
Crime e Violência na História e na Cultura Brasileira, 2022
Diferentemente 2 do que alguns trabalhos de caráter mais pedagógico e introdutório fazem pensar, sobretudo aqueles que priorizam as historiografias francesa e brasileira 3 , o uso de registros de imprensa como fonte histórica remete, pelo menos, ao início do século XX. Com menor influência na historiografia nacional, o legado anglófono traz trabalhos de vulto 4 e discussões
Estado, Violência e Imunização: O Utilitarismo Da Morte Na Segurança Pública Do Rio De Janeiro
Revista Pós Ciências Sociais
O artigo apresenta uma análise sobre os efeitos sociais da segurança pública exercida pelas instituições que compõem o Sistema de Justiça Criminal. Utilizando as reflexões de Roberto Espósito acerca da communitas/immunitas, dos antropólogos Marcel Mauss sobre a dádiva, Mary Douglas referente à pureza e perigo, assim como Pierre Clastres em relação à arqueologia da violência, o texto propõe uma análise cujo objetivo é compreender a biopolítica atual através de dados etnográficos da relação entre polícia, grupos de criminosos e moradores das comunidades faveladas cariocas, levantados nas pesquisas de Luiz Antônio Machado da Silva. Epistemologicamente, o artigo se insere em um esforço de compor uma análise conduzida por uma abordagem inscrita em um materialismo simbólico para tratar da metáfora estatal, a partir dos desdobramentos dos saberes biológicos e jurídicos que conformam subjetividades e ações, revelando formas específicas de sociabilidade.
Anais do VII Congresso Internacional Imagens da Morte, 2016
Resumo: O presente artigo busca compreender construção jornalística do grupo de extermínio Killing" através dos jornais Correio da Manhã, Diário de Notícias, Jornal do Brasil, Diário da Noite e a revista O Cruzeiro. Analisaremos 41 reportagens do ano de 1970, selecionadas através da Hemeroteca Digital Brasileira, de forma comparativa. A construção da narrativa será analisada juntamente com aspectos estruturais (técnicos, tais como diagramação, utilização de fotografias, etc.) dos periódicos, de forma a evidenciar como as práticas do grupo "Killing" não divergem do modus operandi do Esquadrão da Morte e como um meio cultural paralelo, a fotonovela Killing, pode ser utilizado para agregar valor de noticiabilidade aos eventos. Palavras-chave: Imprensa. Grupos de extermínio. Killing. Fotonovela.
Revista Práxis Educacional , 2020
Resumo: A proposta do artigo é analisar as perspectivas produzidas por uma professora primária municipal do Rio de Janeiro, Aurea Corrêa Villares Ferreira/Martinez, a partir da leitura de sua produção escrita publicada em jornais de grande circulação à época, especialmente a Gazeta de Noticias. O estudo se insere em pesquisa mais ampla sobre a trajetória de professoras e sua participação nos movimentos de luta por direitos civis, políticos e no mundo do trabalho, entre os séculos XIX e XX. A pesquisa realizada sugere que Aurea Corrêa constituiu ampla rede de sociabilidade, baseada nas suas experiências no magistério primário e nas lutas políticas. Atuou na defesa dos direitos dos/as professores/as, na melhoria das escolas e dos métodos de ensino, na propaganda do socialismo e nas eleições presidenciais de 1910. Participou da criação da Associação Escola Moderna, responsável pela fundação de uma escola no centro do Rio de Janeiro, inspirada nas experiências de educação libertária de Francisco Ferrer desenvolvidas em Barcelona. Única conferencista do sexo feminino a integrar os eventos de difusão da iniciativa, defendeu publicamente o ensino racional para as mulheres. Os indícios de sua trajetória retratada neste artigo, e de outras professoras de seu tempo, evidenciam a ocupação de diversos espaços possíveis a algumas mulheres, ao menos àquelas pertencentes aos meios letrados. Suas lutas relativizam a representação corrente sobre o suposto predomínio do mundo doméstico como limite para as experiências femininas naquele contexto histórico.
Vida e morte colaterais: notas sobre militarização e guerra ao crime no Rio de Janeiro
Mosaico, 2019
As notas de pesquisa apresentadas neste trabalho são resultantes de uma monografia em construção, organizadas em diálogo com o debate em torno das diferentes faces da violência política dentro da ordem democrática. É desenvolvida uma reflexão crítica sobre a militarização e a “guerra ao crime” como opções políticas de estratégia para segurança pública, através da análise do histórico de exceção e autoritarismo na atuação estatal em combate ao crime organizado. Por fim, é proposta uma associação do racismo e desigualdades estruturais na sociedade brasileira ao exercício de uma necropolítica em conflito com os direitos e garantias pressupostos na ordem de normalidade democrática.
O Fantasma do Estado Genocidio e Necropolitica
Reaja nas Ruas Blogspot, 2014
A violência policial no Brasil fornece um dramático exemplo para um modo de presençaestatal morbidamente espectral. Os agentes da lei, amparados e investidos de poder esalvaguardas legais para garantir a reprodução do estado de direito, operam contra a leidentro da lei, em contradição flagrante, e como um modus operandi (i)legítimo,espalhando o medo e o terror.