Deleuze, empirismo e pragmatismo linhas de forca do encontro com a teoria peirceana dos signos (original) (raw)

A teoria dos signos na filosofia de Gilles Deleuze

Segundo Deleuze a principal tarefa da filosofia é a invenção de conceitos (Deleuze, 1992). Tal lição pode ser aplicada aos estudos de história da filosofia, nos quais se averigua não só o alcance das idéias de um pesquisador como delas se extraem novos conceitos. Assim, contando com diferentes parcerias, Deleuze busca a renovação do conceito de inconsciente, estimulado pela idéia de sua imanência com o fora, concebendo-o como produtivo e histórico. Tal renovação, que terá importantes implicações na clínica psicológica, liga-se a uma preocupação que aparece cedo na obra de Deleuze, desde a década de sessenta pelo menos: a preocupação com a noção de signo. Sobretudo nos livros Proust e os signos, de 1964, através da conexão signo-tempo, e Lógica do sentido, de 1969, com o elo signo-acontecimento/sentido e, num segundo momento, com o livro O Anti-Édipo, de 1972, estudando a relação signo-história, o filósofo desenvolve um conceito de signo não baseado em "determinações linguageiras", abrindo espaço para uma semiótica "alargada" ou teoria dos signos deleuzeana. Tendo isso em vista, nossa pesquisa se concentrou nos momentos da produção conceitual deleuzeana acima indicados, solos estes que nos têm permitido traçar ressonâncias com outros livros do autor, revendo o destino da noção de signos ao sabor de diferentes pautas problemáticas.

Teoria dos signos no pensamento de Gilles Deleuze

The concept of sign in Deleuze appears in all of his works, being linked in every one of his books and articles to the development of different problems. Such variations undergone by this concept do not compromise its consistency in the Deleuzian thought: on the contrary, they affirm the complexity of a theory of signs that virtually persists throughout his books and articles. It could even be said that the different problems to which Deleuze dedicates himself enrich when understood with regards to the experience of the sign. In this theory, signs are affects, i.e. are a variation of feelings in encounters, and correspond to a variation of our power of existence. This occurs as the sign involves a constitutive difference of level, a heterogeneity which cannot be reduced to the devices that secure the difference through the analogy in judgment, through the resemblance in the object, through the identity in the concept and through the opposition in the predicate. One of the most innovative aspects of this theory is that the sign is no longer defined by the imperialism of the signifier, which now caracterizes only one of the regimes of signs (neither the most open, nor the most important). More than that, in this theory, thinking is no longer the act of will of a sovereign consciousness, as it was the case in the traditional image of thought, for, according to Deleuze, thinking implies a pathos, i.e., is the unvoluntary activity triggered by the force of a sign, by the violence of such an encounter.

Poder e potência em Deleuze: forças e resistência

RESUMO: Este artigo tem como objetivo conhecer as concepções desenvolvidas sobre o poder na obra do filósofo Gilles Deleuze, para discutir suas perspectivas, com quais enunciados opera e se cria um modelo sobre o poder. Realizamos uma revisão bibliográfica em toda a sua obra, que denominamos cartografia bibliográfica. Constatamos que, para Deleuze, há uma " trindade do poder " em Nietzsche, Espinosa e Foucault. Nietzsche traz um modelo dinâmico entre forças ativas e reativas. Espinosa fornece a discussão da potência articulada aos afetos. Foucault traz uma concepção original sobre o poder como prática, relação e estratégia, e propõe um terceiro vetor, chamado de poder de resistir. Concluímos que é possível extrair um dualismo sobre o poder na obra de Deleuze, numa divisão entre poder e potência. ABSTRACT: The purpose of this paper is to know the conceptions about power in the work of the philosopher Gilles Deleuze, to discuss his perspective, statements and if he creates a model of the power. We conducted a literature review in all his work, which we called of bibliographical cartography. In the work of Deleuze there's a " trinity of power " : Nietzsche, Espinosa and Foucault. Nietzsche brings a dynamic model between active and reactive forces. Espinosa provides the discussion of the power articulated to the affections. Foucault brings an original conception of power as practice, relationship and strategy. Foucault proposes a third vector called power to resist. We conclude that is possible to extract a dualism about the power in Deleuze's work, in a division between power and potency. A temática do poder ocupa centralidade nos estudos das Ciências Humanas, bem como na Filosofia. Este tema aparece muitas vezes ao longo da obra do filósofo Gilles Deleuze, tomando mais força quando este comenta a obra de seu contemporâneo Michel Foucault. Constata-se que a obra foucaultiana assume importância central para suas reflexões sobre o poder. Todavia, tal temática é encontrada desde os primórdios de sua extensa produção, como no livro Nietzsche e a Filosofia (DELEUZE, 1976 [1962]).

As potências do simulacro: Deleuze com Nietzsche

As potências do simulacro: Deleuze com Nietzsche , 2017

Resumo: Este artigo pretende apresentar a crítica feita por Deleuze ao platonismo, por meio da noção de simulacro, a fim de explorar as implicações desta crítica, validada pela apropriação de Nietzsche feita por Deleuze, nos domínios da ontologia e da estética. Para tanto, o texto pretende cumprir quatro objetivos: 1) abordar o tema da reversão do platonismo, segundo a letra deleuziana; 2) expor a leitura feita por Deleuze das noções nietzschianas de vontade de potência e eterno retorno; 3) problematizar a apropriação de Deleuze dessas noções no interior da reversão do platonismo; 4) levantar a discussão acerca de uma problemática estética a partir dos ganhos conceituais obtidos com a leitura de Deleuze do simulacro. Palavras-chave: Deleuze; Nietzsche; simulacro; estética. The powers of the simulacrum: Deleuze with Nietzsche Abstract: This article aims to present Deleuze's critique of Platonism, which can be explained through the concept of simulacrum, exploring the implications of this criticism, validated by Deleuze's appropriation of Nietzsche's philosophy in the domains of Ontology and Aesthetics. In what follows the fundamental claims are: 1) to examine Deleuze's project of overturning Platonism; 2) to explain Deleuze's understanding of Nietzsche's concepts of will to power and the eternal recurrence; 3) to discuss Deleuze's appropriation of these notions in the context of overturning Platonism; 4) to indicate the possibility of arguing about an aesthetic problem from the conceptual gains made by Deleuze, by the concept of simulacrum. Introdução No prólogo de Diferença e repetição, Deleuze anuncia a necessidade de combater o primado da identidade para pensar a diferença nela mesma. No caso da História da Filosofia, o platonismo, sobretudo no que diz respeito ao seu método dialético, é o primeiro adversário a ser enfrentado para que essa empreitada obtenha êxito e assim distinga o autor dos que assumiram a tarefa da reversão do platonismo. Nesse sentido, Deleuze toma distância da tradição que costumava compreender a * Para uma abordagem mais abrangente acerca do simulacro como problema estético em Deleuze. Cf. LELIS, L. Simulacro e modos de vida como ruptura da estética moderna em Deleuze. Dissertação mestrado. Belo Horizonte: UFMG, 2013. ** Doutorando em Filosofia pela UFMG/CAPES; membro do GT Deleuze (ANPOF). Contato:

Deleuze, diagramas, e arte esquizofrênica

Eu gostaria de começar explicando o significado de alguns termos deleuzianos; depois, eu gostaria de mostrar-lhes alguns quadros feitos por artistas psicóticos, como maneira de sugerir que tipo de relação Deleuze tinha com tal arte, e para mostrar como um entendimento de tal arte pode ajudar a compreender uma ontologia deleuziana.

As aporias da didática em Deleuze e Spinoza

Educação e Filosofia Uberlândia, 2015

Resumo Em 1968, Gilles Deleuze redigiu dois de seus livros mais importantes, Diferença e repetição e Spinoza e o problema da expressão. Apesar de a questão do aprendizado ser central no primeiro, ela não aparece – pelo menos, não explicitamente –, no segundo. Veremos, porém, que essa questão desempenha um papel relevante na filosofia spinozana, inclusive no Spinoza “de Deleuze”, ou seja, aquele que emerge à luz dos problemas formulados pelo filósofo francês para construir sua apropriação do pensamento spinozano. Palavras-chave: Deleuze. Spinoza. Pedagogia. Abstract In 1968, Gilles Deleuze wrote two of his most important books, Difference and Repetition and Spinoza and the Problem of Expression. Even if the question of learning is central in the former, it does not appear – at least, not explicitly –, in the latter. It will be shown, however, that this question plays a relevant role in the philosophy of Spinoza, including in “Deleuze’s” Spinoza, i.e., the one that emerges illuminated by the problems formulated by the French philosopher in order to construct his appropriation of Spinozistic thought. Keywords: Deleuze. Spinoza. Pedagogy.

Deleuze e a Escrita: entre a filosofia e a literatura

Vol. 45, N. 2, 2022

Esse ensaio buscará sondar as relações entre filosofia e literatura, no pensamento de Gilles Deleuze, a despeito de sua parceria conjunta com Félix Guattari, atentando tanto para as concepções de escrita expressas ao longo de sua obra quanto para o modo como essas concepções teriam influenciado o estilo de seus escritos filosóficos. Partindo da premissa deleuziana de que a escrita possui um acentuado lastro clínico, sendo a responsável pela elaboração de um diagnóstico das forças capazes de aprisionar ou calar a vida, procurar-se-á esmiuçar as ressonâncias desse lastro clínico, na concepção de filosofia como ato criativo, elaborada pelo autor. Como hipótese a ser aqui trabalhada, defende-se que a escrita deleuziana – compreendida como portadora de uma literalidade, conforme sustenta François Zourabchivili, ou como encrustada de uma poética imanentista, tal qual sugere Anita Costa Malufe – procuraria produzir uma zona de vizinhança ou indiscernibilidade entre a escrita filosófica, de caráter mais exegético, e a escrita literária, mais afectiva, de modo a produzir um deslocamento na relação do leitor com o ato de pensar.