Sobre a polissemia icônica e a objetividade na arte: contribuições advindas da pesquisa em arte e da filosofia da arte (original) (raw)

CASSINO, MUSEU E PATRIMÔNIO CULTURAL DA HUMANIDADE: Polissemia de um objeto. RODRIGUES, RITA LAGES (1); GARCIA, LUIZ HENRIQUE ASSIS (2); BERNARDES, ANA KARINA (3); MOURA, MARIA TEREZA DANTAS (4

Anais do 5º Seminário Ibero-americano Arquitetura e Documentação, 2017

RESUMO O objeto de nossa pesquisa é a edificação do Museu de Arte da Pampulha, pensado em sua polissemia de museu, cassino, espaço de lazer, monumento, patrimônio da humanidade como exemplar único da arquitetura moderna. Construída inicialmente para ser Cassino, inaugurado em 1943 e desativado em 1946, em virtude da proibição do jogo no Brasil, que há quase 60 anos exerce a função de Museu, vem sendo retratado em variados suportes documentais: os jornais, atas de reuniões, relatórios de prefeitos. Ainda em seu princípio, esta pesquisa, desenvolvida pelo Grupo de Pesquisa Estopim, reflete sobre questões relacionadas ao patrimônio cultural, à bens materiais e à significação destes bens, todos estes pontos pensados a partir da existência temporal dos objetos. Consideramos aqui dois pontos de inflexão, marcos temporais relevantes para captar a polissemia desse objeto. O

Subjetividade e objetividade: antinomia kantiana do gosto na arte e no design

Estudos em Design

O presente artigo tem por objetivo analisar o potencial de aplicação no design dos pressupostos kantianos sobre a antinomia do gosto contidos em sua obra Crítica da faculdade do juízo. Partimos da tese do filósofo e teórico da arte Tierry de Duve, em seu livro Kant after Duchamp, sobre a atualidade da estética de Kant que propõe uma transposição do paradoxal conceito indeterminado do belo para a arte contemporânea. Nosso método, em duas etapas (primeiro na arte e depois no design) busca transpor o mesmo conceito e modelo kantianos para o design e avaliar suas consequências para a constituição de uma teoria que relacione arte e design. Como consequência o design se estabelece como um campo que incorpora indeterminações que o afastam, na atualidade, do conceito de ciência, mas ampliam suas possibilidades de conexão com outros ramos do conhecimento.

Subjetividade arte e educação na obra tardia de Herbert Marcuse

Na presente dissertação buscamos a partir de uma postura analítico-reconstrutiva de caráter bibliográfico, abordar o pensamento tardio de Herbert Marcuse situado no período de 1960-1970, procurando abranger suas análises no tocante ao tema proposto: subjetividade, arte e educação. Procuramos questionar de que forma a incorporação do conceito repressivo de razão pela civilização, incide sobre a constituição da subjetividade dos indivíduos, e analisar de que maneira a revalorização da dimensão artística, incorporada a um programa de educação estética, tornaria possível repensar o conceito repressivo de razão e um possível desenvolvimento qualitativo humano baseado na redefinição da cultura. Em virtude da negatividade dialética presente na obra de arte autêntica, a formação cultural fomenta o desenvolvimento do pensamento crítico, que no esforço em ultrapassar o dado imediato, resulta em formação que gera inquietação e anseios de mudança. Para tanto, a nossa pesquisa será levada a cabo mediante o desenvolvimento de três passos. Inicialmente, abordamos a análise marcuseana da sociedade e da cultura, que recai sobre o conceito de razão. A seguir, analisamos o papel desempenhado pela dimensão estética na obra tardia de Marcuse, dando ênfase à possível politização da dimensão subjetiva e artística. E, por fim, procuramos demonstrar como um programa de redefinição da cultura, consolidando-se sob a forma de uma educação estética, poderia transformar o conceito repressivo de razão. Nesta perspectiva, consideramos de suma importância a mudança no paradigma da razão vigente na sociedade contemporânea, incluindo a valorização da imaginação e da dimensão artística não somente como formas válidas de racionalidade, mas também enquanto elementos norteadores da transformação tanto no âmbito subjetivo quanto objetivo da existência dos sujeitos. Assim, para que a mudança real seja efetivada, a subjetividade deveria revestir-se de um caráter político, o que somente poderia ser alcançado por meio de uma educação crítica, baseada no movimento negativo da dimensão estética.

Arte e cultura em Herbert Marcuse: a fruição estética na cultura afirmativa

Griot : Revista de Filosofia, 2013

Este artigo tem como objetivo trazer uma análise da noção de "cultura afirmativa" em Herbert Marcuse, estabelecendo algumas aproximações de sua teoria crítica com as reflexões a respeito da técnica empreendidas por Martin Heidegger. O que temos em mente é que a cultura forma a sociedade, constituindo a civilização. Mas será que podemos dizer que civilização e sociedade são a mesma coisa? Será que a cultura realmente é aquilo que forma a sociedade e a civilização? A preocupação que devemos ter, portanto, é tentar definir o que nos faz sermos humanos e o que nos faz viver em sociedade. Com esta análise, essencialmente bibliográfica, pretendemos mostrar que Marcuse pode nos apontar um caminho para a superação da "cultura afirmativa", buscando uma fruição estética que esteja acima das relações econômicas e ideológicas da sociedade burguesa.

Ficção e Metafísica: O Artefactualismo de Amie Thomasson

XXI Semana Acadêmica do PPG em Filosofia da PUCRS, 2021

A discussão contemporânea a respeito da metafísica da ficção (mais especificamente, acerca da natureza dos objetos ficcionais) ocupa um lugar central na tradição analítica. Essa discussão se enraizou em ao menos duas importantes vertentes teóricas do século XX: o Meinonguianismo e o Quineanismo. No entanto, por mais elegantes e persuasivas que sejam, nenhuma das duas vertentes analisa satisfatoriamente o caráter criativo dos autores de ficção, uma vez que geralmente reconhecemos que, por exemplo, se Arthur Conan Doyle não tivesse se ocupado da escrita de obras de ficção, não teríamos sido agraciados pelas aventuras de Sherlock Holmes. Esse caráter criativo exerce um papel primordial na teoria artefactual de Amie Thomasson, que, em seu livro Fiction and Metaphysics, argumentou que os objetos ficcionais são artefatos abstratos. Porém, diferentemente dos abstracta platônicos, os objetos ficcionais não são imutáveis, atemporais ou necessários, mas ontologicamente dependentes de seus autores para virem à existência e de seus registros (e de uma comunidade de falantes capazes de interpretar esses registros) para permanecerem em existência. Em maiores detalhes, os objetos ficcionais são rigidamente e historicamente dependentes de seus respectivos autores; além de serem genericamente e constantemente dependentes dos registros (como os livros e os rolos de filme) e de uma comunidade de falantes capazes de interpretar esses registros. Dessa forma, analisaremos como a teoria artefactual de Amie Thomasson fornece uma metafísica que se adequa às nossas práticas literárias, fornecendo uma solução parcimoniosa para alguns dos principais problemas presentes nas teorias que tradicionalmente tratam da natureza dos objetos ficcionais.

Anotações sobre a centralidade do artista na história da arte

Revista PHILIA | Filosofia, Literatura & Arte

Este artigo discute alguns aspectos historiográficos acerca da importância dos artistas, como foco para a construção da narrativa sobre arte no tempo. Nas origens da historiografia da arte, com Giorgio Vasari, as biografias de artistas constituíram o fio condutor do texto. Porém, já se considerava o artista como parte de um sistema do qual faziam parte o ateliê, os mecenas, personagens e contextos sociais que transcendiam à individualidade do artista criador. O texto vasariano foi um modelo a ser seguido e um esquema a ser superado durante os séculos XVII e XVIII, observando os escritos de Bellori ou de Luigi Lanzi. As biografias de artistas foram sendo, portanto, adaptadas aos conceitos de estilo, escola e gênero. A criação do gênero monográfico no final do século XIX, por Carl Justi, permitiu a biografia de um único artista, em lugar do conjunto de vidas. Se, contudo, no início do século XX, pareceu possível construir uma história da arte que ofuscasse o papel do artista, em nome ...