O Mar que nos une: trabalho, escravos e libertos no Atlântico Moderno e Contemporâneo (original) (raw)

Revisitando Victor Hugo para conhecer os trabalhadores do mar no Século XXI

Revista de Ciências Humanas, 2019

No contexto do sesquicentenário da publicação do clássico Os trabalhadores do Mar, de Victor Hugo, o ensaio tem como objetivo evidenciar e analisar aqueles que trabalharam e trabalham no mar, respectivamente no século XIX e XXI, tendo como eixo analítico e comparativo as características das atividades laborais exercidas em ambos os períodos. O ensaio está estruturado em duas seções secundárias. Na primeira delas buscou-se evidenciar os trabalhadores do mar, nos séculos XIX e XXI. Na seção seguinte são analisadas e comparadas as características das atividades marítimas, nos dois períodos considerados, visando identificar as suas recorrências e singularidades. Ao longo da análise e da comparação efetuadas são também discutidas questões relativas à segurança, jornada de trabalho, afastamento familiar, condições de conforto e a presença de mulheres como parte das tripulações dos navios mercantes e de guerra. Palavras-chave: Trabalhadores do mar; Victor-Hugo; Atividades marítimas.

Trabalhando nos mares: marinheiras e marinheiros africanos nos navios da Companhia de Comércio do Grão Pará e Maranhão

Revista Maracanan

O artigo versa sobre as marinheiras e marinheiros africanos que atuaram nos navios da Companhia de Comércio do Grão Pará e Maranhão, nas viagens entre os portos do norte de África e os portos do norte da América Portuguesa. Utilizamos a documentação do Arquivo Histórico Ultramarino, em Lisboa, e as listas dos escravos grumetes a serviço da Companhia. Analisamos o período entre 1756, quando de fato foram iniciadas as atividades da empresa, e 1779, data do último registro da documentação consultada. O enfoque sobre escravizadas e os escravizados marinheiras e marinheiros, colabora para deslindar aspectos do trabalho nos navios, durante a travessia entre África, Maranhão e Grão Pará.

Música de trabalho no Mundo Atlântico

Resumo: O objetivo deste artigo é buscar quais os papéis da música no processo de trabalho dos carregadores negros, na cidade do Rio de Janeiro, no século XIX. Verifico também, qual o papel da música na relação entre a experiência dos negros, na África, e nas Américas. Mostro que é possível perceber semelhanças, entre os cantos entoados pelos carregadores do Rio de Janeiro e a música dos africanos, no Mundo Atlântico. Semelhanças essas que estavam presentes, na forma como eles cantavam essas canções, a "chamada e resposta", além da função de imprimir ritmo e dar uniformidade ao trabalho. O que havia de específico eram as letras cantadas, refletindo características próprias da vida cotidiana.

O Atlântico Negro: Modernidade e Dupla Consciência

Estudos Afro-Asiáticos, 2002

E m boa hora se apre sen ta ao pú bli co bra si le i ro a ver são em portu guês de O Atlân ti co Ne gro , de Paul Gil roy. Sua pers pec ti va, ao mes mo tem po an ti es sen ci a lis ta e afir ma ti va da di nâ mi ca das cul tu ras e iden ti da des ne gras no Atlân ti co, abre pers pec ti vas inova do ras ao de ba te, atu al men te em cur so, so bre a ques tão da ado ção de po lí ti cas de dis cri mi na ção po si ti va para o com ba te ao ra cis mo no Bra sil. Tra ta-se de tex to den so e com ple xo, cons tru í do a par tir de múl ti plas re fe rên ci as a di ver sos as pec tos das cul tu ras ne gras-da li te ra tu ra à mú si ca-no mun do de lín gua in gle sa, o que o tor na, por ve zes, de le i tu ra di fí cil. Por ou tro lado, seu ar gu men to cen tral tem enor me ape lo e po der de se du ção, des de que se or ga ni za a partir da uti li za ção de al guns con ce i tos-cha ve que se mos tram ex trema men te es cla re ce do res para a com pre en são dos pro ces sos de racialização no Oci den te, bem como de suas im pli ca ções po lí ti cas e cul tu ra is. O pri me i ro de les é a no ção de diás po ra que se con cre ti za de for ma bela no tí tu lo do li vro-o Atlân ti co Ne gro. Para Gil roy, as cul tu ras e iden ti da des ne gras são in dis so ciá ve is da ex pe riên cia da es cra vi dão mo der na e de sua he ran ça ra ci a li za da es pa lha da pelo Atlân ti co. É na me mó ria da es cra vi dão e na ex pe riên cia do ra cis mo e do ter ror ra ci al que mu i tas ve zes lhe su ce deu que se fun da po li tica men te a iden ti da de cul tu ral dos ne gros no Oci den te. Se gun do Gil roy, a dis cus são con tem po râ nea so bre a diás pora ne gra te ria sur gi do como uma res pos ta di re ta "aos ga nhos trans-locais ad vin dos do mo vi men to Black Po wer du ran te a Gu erra Fria" (p. 17), mas te ria ra pi da men te evo lu í do para uma con testa ção das for mas es sen ci a lis tas de pen sar as cul tu ras e iden ti da de