A arte e a (re)criação da paisagem (original) (raw)

Arte e paisagem

PÓS: Revista do Programa de Pós-graduação em Artes da EBA/UFMG

Este artigo revisita a noção de paisagem sob diferentes perspectivas, motivado em mover fronteiras conceituais por vezes muito rígidas e excludentes. Nesse movimento, um horizonte nos aproxima de outras percepções que sinalizam ser a paisagem uma experiência sensível do espaço. Nesse desejo de expansão conceitual, o estudo procura tocar em cosmogonias ameríndias com base nos escritos dos autores indígenas Ailton Krenak e David Kopenawa. Por fim, a partir de dois projetos artísticos interessados no enlace com a paisagem urbana, a vídeo-projeção Le petit pont, de Karina Dias, e BR-3, espetáculo do Teatro da Vertigem, procura-se evidenciar como a arte contemporânea repensa a noção de paisagem num exercício de reencontrar a terra: olhar a árvore, olhar o rio, olhar o céu.

Arte e Paisagem: uma união instável e sempre renovada

Paisagem e Ambiente, 2010

O assunto tratado neste artigo é a realização in situ, ou seja, a materialização da relação entre arte e paisagem. Tal relacionamento é aqui entendido como fusão entre os dois termos: não se trata, portanto, da paisagem como tema da arte, tampouco da arte aplicada sobre a paisagem, mas da arte que se faz com a paisagem e da paisagem que se expressa como arte. São apresentadas, primeiramente, considerações sobre a necessária, possível e oportuna relação entre arte e paisagem. Em seguida são apresentados oito trabalhos idealizados por estudantes do curso de graduação da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, como parte das atividades de uma disciplina optativa oferecida no segundo semestre de 2005, que adotou como diretriz a inextricabilidade da relação entre arte e paisagem.

Sobre paisagem e representação

Resumo Termo de crucial importância em âmbitos tão variados como na geografia, nas artes visuais e na cosmologia, a palavra “paisagem” parece ir muito além do que diz sua etimologia, e mesmo do que narra sua história. Mas ainda que suas possibilidades de significação se prestem a renovados desdobramentos, sua condição de representação parece não se abrir a qualquer questionamento. As reflexões que se seguem se enraízam principalmente no solo das artes visuais, e buscam examinar justamente a premissa da inseparabilidade entre paisagem e representação. O foco destas considerações recai antes de tudo sobre a Land Art, especialmente sobre Robert Smithson. Há também a presença de Martin Heidegger no que tange a questão da representação, tão decisiva no âmbito da filosofia. Este breve estudo não pretende ser abrangente, ou mesmo “mapear” o problema, mas tão somente indicar algumas brechas abertas pela arte na supostamente sólida juntura que une paisagem e representação. Palavras-chave Paisagem – representação – Land Art – Martin Heidegger Abstract As a fundamental term in areas as diverse as geography, visual arts and cosmology, the word ‘landscape’ seems to go far beyond its etymology and its history. Although its possible meanings allow new unfoldings, its representational status does not seem subjected to any questioning. Rooted in the visual arts, the present reflexions examine the presupposed inseparability between landscape and representation. These considerations focus primarily on Land Art, especially on the work of Robert Smithson. In order to tackle the issue of representation, I am also making use of Martin Heidegger’s seminal philosophical ideas. This brief study is not intended to be comprehensive or even to "map" the problem. It aims rather to point out some loopholes open by art in what is assumed to be a solid bond between landscape and representation. Key-words Landscape – representation – Land Art – Martin Heidegger

A paisagem como rede de dramaturgias

Repertório

O presente artigo se dedica a examinar a noção de paisagem sob diferentes perspectivas e os modos de compreendê-la como dramaturgia nas artes da cena. A paisagem, tradicionalmente associada àquilo que o olhar humano é capaz de abarcar, tem mobilizado especial interesse na contemporaneidade, especialmente por possibilitar um modo de pensar a complexidade e multidimensionalidade dos fenômenos sociais do nosso tempo. Nesse sentido, configura-se como um conceito operatório na análise de parte da produção teatral brasileira contemporânea que, de modo acentuado desde a década de 1990, se interessa por um diálogo composicional fora do edifício teatral institucionalizado, ou seja, dirige-se ao mundo a céu aberto. As reflexões são tecidas tomando como exemplo algumas encenações, tais como Bom Retiro 958m (2012), Dias Felizes (1993), BR-3 (2006) e recorre aos estudos de pesquisadores como Besse (2014), Cauquelin (2007), Dias (2010) e Ingold (2015). Ao refletir sobre a paisagem como represen...

A paisagem e sua dimensão estética

Princípios (Revista de Filosofia), 2018

Os estudos que se dedicam à paisagem a compreendem como a materialização de relações entre o homem e o território. Por outro lado, a noção de paisagem abriga, desde sua origem, uma conotação estética, pensada como discurso valorativo da natureza. Assim, o objetivo desse artigo é mostrar a paisagem como categoria do pensamento e parte do campo reflexivo da disciplina Estética. Serão mencionados escritos de determinados filósofos empenhados em interpretar a paisagem em sua dimensão estética. Dentre eles, pode-se citar Georg Simmel, Augustin Berque e Arnold Berleant. Busca-se ampliar sua noção para além das transformações sociais do espaço, celebrando as maneiras sensíveis de apreensão da natureza. Pretende-se, ainda, compreender a noção de pai- sagem formulada no Renascimento e, especialmente, no final do século XVIII, pondo luz em algumas obras literárias de Goethe, tais como Os sofrimentos do jovem Werther e Escritos sobre arte.

Entre vidraça e paisagem: o lugar da arte e do mundo depois da fotografia

Revista Do Coloquio De Arte E Pesquisa Do Ppga Ufes, 2013

Resumo: A partir da percepção da duplicação do real em imagem, produzida pelo advento das imagens técnicas, o texto procura problematizar o 'lugar' da arte como questão central enfrentada inicialmente pelos artistas da land art norte-americana em sua divisão-ou multiplicação-da realidade do trabalho em sua instalação efetiva e seu registro fotográfico. Com a elaboração do par conceitual (dialético) site specific/nonsite e sua percepção acentuada da realidade em aproximação à imagem fotográfica, Robert Smithson aparece como figura central do enfrentamento simultaneamente poético e teórico do problema. Por fim, a análise se detém sobre momentos de emergência do paradigma fotográfico na obra de artistas direta ou indiretamente ligados a land art, e sua oposição dialética à vertente que dava sequência à afirmação da materialidade bruta do trabalho transposta radicalmente para o interior da galeria.

A paisagem e a morte

2018

Tendo o espectro da morte como eixo condutor das refl exoes, o presente artigo, explora as multiplas possibilidades interpretativas para dimensionar como a fi nitude diferentes processo de perecimento da vida se manifestam na paisagem. As questoes de ordem etica, estetica e simbolica sao tratadas como pontos de infl exao para pensar cultura e natureza e arte e paisagem.

Corpo, arte e paisagem

No Rio de Janeiro, viu as senhoras brasileiras colocarem nos cabelos pequenas bolas de gaze contendo cada uma delas um vaga-lume, o que lhes fazia uma coifa de estrelas. Destruiu no Uruguai os formigueiros, e no Paraguai um certo bichinho, que ocupa com as patas um diâmetro de um terço de vara, e ataca o homem por meio dos próprios pelos, que lhe atira em cima, e que se cravam na carne, produzindo pústulas. No rio Arinos, afluente do Tocantins, nas matas virgens do norte de Diamantina, verificou a existência do terrível povo-morcego, os murcilagos, homens que nascem com os cabelos brancos e os olhos vermelhos, habitam os bosques sombrios, dormem de dia, acordam de noite e pescam e caçam nas trevas, vendo melhor do que quando há lua. 1 3

Conversas com a paisagem

EDUFES, 2013

"Viajar, transitar, percorrer, transladar, caminhar, deslocar, seguir, passar, perceber, refletir, analisar, conhecer, conversar. Cada uma dessas palavras manifesta o desejo de encontrar um território ao qual pertenço, mas que, ao mesmo tempo, sinto não ser o meu" – é o sentimento que perpassa essa obra de fotografias de viagens.