Arquivo, memória e testemunho: Os altares espontâneos na pandemia (original) (raw)
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Altares espontâneos de memória: entre ruínas e reivindicações
Nostalgias e memórias no tempo das mídias, 2020
Analisam-se aspectos da memorialização em redes sociais durante a pandemia da Covid-19, utilizando-se da categoria altares espontâneos: elaboração de artefatos em rituais públicos de luto diante de mortes inesperadas e consideradas injustas, ruínas que propiciam a recordação da experiência. Os altares são ao mesmo tempo matéria que conserva a memória dos fatos, expressão das emoções, demanda de mudanças sociais e de reconhecimento da dor. Eles geram respostas emocionais, propiciando agência, percepções e relações sociais. Na vinculação entre o objeto e os sujeitos se revela a resposta e a ação política implícita no fato da sua criação. A partir de estudo de caso relativo a Colômbia, investiga-se a experiência memorialística relacionada aos altares espontâneos, sua dimensão vestigial, a porosidade entre as esferas pública e privada e o trabalho de luto.
Memorial do convento ou a memória que resgata os esquecidos
Revista Crioula, 2016
Este artigo tem como objetivo levantar algumas reflexões acerca dos "ausentes da história", tema do filósofo Paul Ricoeur, bem como sobre a questão da corveia anônima, discutida por Walter Benjamin, presentes no romance Memorial do convento de José Saramago.
Testemunhos Pandemia: na construção de uma memória por vir
Marcas da memória: violência de Estado e estado de violência, 2024
Este ensaio é fruto do trabalho do Coletivo Testemunhos da Pandemia que atuou na escuta clínica, na produção de testemunhos e de memórias, no Brasil, durante a pandemia de Covid-19. Preparado para ser apresentado no evento Marcas da Memória realizado em 2023, este ensaio ganhou corpo com a publicação nos anais do evento em 2024. // Marcas da Memória - Violência de estado e estado de violência: corpos e(m) resistência – Volume 2 / Organizadoras: Andréia da Silva Daltoé, Giovanna Benedetto Flores, Juliana da Silveira e Nadia Neckel. 1. ed. — Campinas, SP : Pontes Editores, 2024.
Relicários Ou Cadernos De Recordação: Suportes De Memória, Testemunhos De Amizade
Cadernos de História da Educação, 2011
Esse artigo analisa três relicários também chamados de cadernos de recordação, material que reúne mensagens de colegas de classe, remetidas à dona do caderno, geralmente ao final do curso primário. A intenção foi compreender as especificidades dessa prática de escrita que circulava durante os anos setenta e oitenta do século XX, entre os alunos da Escola Estadual Melo Viana-Carangola-MG e se apresenta como um produto escolar da época. Neste estudo, os relicários são tomados tanto como suporte de escrita, o que conduz à análise da materialidade do artefato, quanto como suporte de memória, o que permite se perceba os sentidos atribuídos às relações estabelecidas no tempo da escola. Neste material estão presentes manifestações em torno da amizade, do companheirismo e das saudades. Os versos, poesias e poemas se afirmam como produções que marcam a escola como espaço de produção de subjetividade. Assim, a prática de produção dos relicários surge como uma estratégia de difusão de valores e comportamentos, e a escrita passa a ser um instrumento de veiculação de princípios de formação de identidade. Foi encontrado também um tipo de escrita mais livre e irreverente que aparece como resposta às normas de organização que regem a escola. Essa análise possibilitou considerar a vida escolar e as posições assumidas pelos alunos ao longo do processo de escolarização. Palavras chave: escrita escolar, suportes de escrita, cadernos de recordação, práticas de escrita.
Arquivo, Testemunho e Profanação
O trabalho de Carla Filipe tem privilegiado a apropriação de objetos quotidianos, que são deslocados para o espaço expositivo e trabalhados como o material das suas composições. Se um eco inevitável do readymade de Duchamp se faz ouvir num extremo possível da sua genealogia, já que os objetos das suas instalações iniciam com elas uma segunda vida, decidida pela própria artista, depois de uma existência dedicada à sua função utilitária, ulteriores desenvolvimentos da estratégia do readymade podem ser convocados para esta linha genealógica com um século de manifestações. Comum a muitos desenvolvimentos é a perceção de que estes objetos apropriados transportam consigo uma carga ideológica implícita, pelo que o seu reenquadramento através de um contexto artístico permite detonar a pretensa naturalização dessa ideologia subjacente, como Roland Barthes o demonstrou há muito. Mais recentemente vários artistas têm trabalhado com estes objetos apropriados enquanto conjuntos, grupos ou coleções formados por diversos saberes. Se este modelo de organização disciplinar implica um arquivo e consequentemente este determina o que pode ser dito ou visto, como Michel Foucault definiu, estes artistas estão interessados em experimentar o que não pode ser dito pelo arquivo, pelo que apropriam o seu indizível para o manifestar. É de facto a partir destes dois signoso arquivo e o indizível -que podemos analisar muitos trabalhos de Carla Filipe e em particular da cauda à cabeça, embora este convoque outros aspetos menos declarados da sua obra, como a exposição enquanto medium, mas nem por isso menos latentes e significativos. Pelos Caminhos de Ferro que tinham aberto a Península, rompiam cada dia, descendo da França e da Alemanha (através da França), torrentes de coisas novas, ideias, sistemas, estéticas, formas, sentimentos, interesses humanitários. Cada manhã trazia a sua revelação, como um sol que fosse novo.
FAVELA E OS ESPAÇOS MONUMENTALIZADOS: UM LUGAR DE MEMÓRIA
The purpose of this work is to identify and analyse the structure and the operation of a process which is similar to the concept of "monumentalization". The area under study is part of Morro dos Macacos' favela. The work tries to describe the idea of a monument, its interpretation and applicability to explain non-official monuments in a such stigmatized place, a slum. So, the research also presents a history of Morro dos Macacos and some observations on its inhabitants daily life, and their particularities, to make the public closer to this object.
Revista de História da Arte, 2018
RESUMO Integrado nas atribuições das instituições que antecederam actual Direção-Geral do Património Cultural,* foi possível desenvolver um conjunto de intervenções arqueológicas em quatro casas religiosas de Lisboa, a maior parte das vezes por ser obrigatório acompanhar as obras de reabilitação ou porque era necessário prever os impactos patrimoniais ao nível do subsolo com a realização de sondagens prévias. Apesar das condições de trabalho nem sempre terem sido as mais desejáveis e as zonas de intervenção bastante circunscritas, tendo em conta o potencial científico dos imóveis, os resultados foram importantes originando assim a necessidade de apresentar este primeiro trabalho de síntese, testemunho de como, em qualquer circunstância, a arqueologia tem sempre um papel fundamental tanto na reconstituição da história dos edifícios, como no desvendar do quotidiano daqueles que os habitaram. PALAVRAS-CHAVE ARQUEOLOGIA | ARQUITECTURA | CASAS RELIGIOSAS | LISBOA ABSTRACT Under the aegis of the institution responsible for Portuguese architectural and archaeology heritage, it was possible to do a considerable amount of archaeological work on four religious houses in Lisbon, most of the time because it was necessary to monitor restoration works or prevent impacts in the subsoil. Although the working conditions were not always the most appropriate and the work areas were quite limited, considering the scientific potential of the buildings, we present in this publication a summary of the the main results achieved, showing how in any circumstances archaeology not only plays an essential role in reconstituting a building's history, but also unveils the everyday lives of those who lived in it. KEYWORDS ARCHAEOLOGY | ARCHITECTURE | RELIGIOUS HOUSES | LISBON
Padrões de memória: (Des)Construir o Paço Episcopal de Coimbra através dos brasões de armas da fé
Actas do 4º Congresso Internacional Casa Nobre, 2017
Perante as exigências espaciais inerentes ao acolhimento dos serviços administrativos da cúria diocesana e das áreas residenciais do prelado, o primitivo Paço da Mitra Episcopal de Coimbra foi alvo de sucessivas campanhas materiais, realizadas sempre em consonância com a busca de maior comodidade que a tecnologia de cada época disponibilizava. Ao longo de quase oito séculos, os prelados residenciais conimbricenses, os directos responsáveis pela manutenção do edifício episcopal, foram imprimindo marcas pessoais individualizantes que nos permitem hoje indicar, identificar e determinar as diferentes etapas construtivas efectivadas no monumento. Com o propósito de perpetuar no tempo a memória dos seus principais legados mecenáticos, os bispos de Coimbra estabelecerem como padrões distintivos – não apenas no paço episcopal como também na(s) sé(s), nas igrejas paroquiais e em muitas outras obras coevas promovidas dentro e fora do território diocesano –, um conjunto de emblemas e signos distintivos das suas origens familiares e das funções eclesiásticas alcançadas, os brasões de armas da fé. Recorrendo aos vestígios materiais ainda existentes pretendemos, assim, contextualizar historicamente e analisar artisticamente as diferentes campanhas arquitectónicas realizadas no monumento palaciano através da presença das armas brasonadas episcopais.