Provar algo não significa convencer o público: lições de pensadoras 'feministas' do século XVII (original) (raw)

Falas que educam: lições feministas para um mundo melhor

Falas que educam: lições feministas para um mundo melhor 1 Eliane Gonçalves 2 Inicio esta apresentação, agradecendo às entidades promotoras do evento, na pessoa do professor Flávio Alves, da Adufg, que me fez pessoalmente o convite para esta mesa e à Giovana Correa, secretária executiva da Adufg com quem me comuniquei durante a preparação para estar aqui. Saúdo as demais pessoas participantes da mesa e todas que se encontram na audiência: colegas, orientandas/os, amigas/os e demais membros da comunidade interna e externa à UFG. Gostaria, antes de mais nada, de enfatizar que a proposta deste debate se dá em um momento crítico de ameaças aos direitos conquistados e aos processos democráticos, portanto, é de extrema importância. Infelizmente, a semana que passou foi povoada de notícias lamentáveis, vergonhosas e brutais sobre violências e discriminações, tema desta mesa. Tudo o que aconteceu continua repercutindo de modo intenso em nossas agendas políticas e vidas subjetivas. Como antecipei ao Flávio e à Giovana, não falarei propriamente de assédio sexual ou moral, outras pessoas mais qualificadas o farão. Aceitei o convite porque acredito que o debate público pode ajudar a retirar a venda dos nossos olhos; pode nos encaminhar a posições diferentes deslocando-nos de nossos modos de ver, perceber e enfrentar essa dor que é a do sexismo, da violência contra as mulheres, contra o feminino, contra os corpos marcados 1 Fala apresentada no debate sobre Assédio Moral, Sexual e Outras Formas de Discriminação promovido pelas entidades: Adufg Sindicato, Sint-Ifesgo e Associação dos Pós-Graduandos da UFG (APG) em 01/06/2016 no Centro de Eventos da UFG. 2 Professora da Faculdade de Ciências Sociais da UFG, pesquisadora do Sertão, núcleo de estudos e pesquisas em gênero e sexualidade e co-fundadora do Grupo Transas do Corpo, organização feminista (1987). geográfica, sobretudo quando articuladas, interseccionadas, como é o caso da jovem de 16 anos, moradora da favela no Rio de Janeiro, cuja agressão se tornou emblemática, em dias recentes, de uma luta muito antiga.

A História das Mulheres (séc. XX - XXI): entre poder, resistência e subjetivação

Revista Tempo e Argumento, 2019

A História das Mulheres (séc. XX-XXI): entre poder, resistência e subjetivação Resumo Neste artigo, analisamos a potência produtiva e criativa de práticas de resistência na história das mulheres contra os efeitos das relações de poder instituídas que assujeitam e aviltam a vida. Aproximamo-nos dos estudos pós-estruturalistas e dos estudos feministas e destacamos principalmente as contribuições de Michel Foucault no que se refere à noção de resistência e às reflexões de Gilles Deleuze sobre a obra foucaultiana. Entendemos que as práticas de resistência representam um trabalho sobre si e possibilitam a criação de gestos ativos e transgressores capazes de constituir novos modos de existência, novas subjetividades. A análise mostra que as práticas de resistência na história das mulheres, contra os efeitos de poder do mandato patriarcal, são ações que podemos chamar de menores, de desviantes, mas com força para produzir espaços de liberdade; são forças potencializadoras de outras formas de existência, capazes de compor outras formas de vida; vidas que agem em vez de apenas reagir às práticas instituídas. Nesse sentido, afastamo-nos das concepções que veem nas práticas de resistência apenas oposições ou reações ao poder e buscamos ressaltar que as práticas de resistência instauram fissuras, abalos nos modos de vida estabelecidos e potencializam outras formas de existência. O desafio consiste em encontrar mecanismo para ampliar cada vez mais as ressonâncias desses abalos, dessas fissuras.

A retórica da mulher em polémicas de folhetos de cordel do século XVIII : os discursos apologéticos de Paula da Graça, Gertrudes Margarida de Jesus, L.D.P.G. e outros nomes (quase) anónimos

2009

Um homem pode ir ao fundo do fundo do fundo se for por você Um homem pode tapar os buracos do mundo se for por você Pode inventar qualquer mundo, como um vagabundo se for por você Basta sonhar com você Juntar o suco dos sonhos e encher um açude se for por você A fonte da juventude correndo nas bicas se for por você Bocas passando saúde com beijos nas bocas se for por você Homem também pode amar e abraçar e afagar seu ofício porque Vai habitar o edifício que faz pra você E no aconchego da pele na pele, da carne na carne, entender Que homem foi feito direito, do jeito que é feito o prazer Homem constrói sete usinas usando a energia que vem de você Homem conduz a alegria que sai das turbinas de volta a você E cria o moto-contínuo da noite pro dia se for por você E quando um homem já está de partida, da curva da vida ele vê Que o seu caminho não foi um caminho sozinho porque Sabe que um homem vai fundo e vai fundo e vai fundo se for por você

Protesto: Provocações Teóricas a partir dos Feminismos

Polis (Santiago)

Este ensayo utiliza las protestas feministas y el compromiso feminista en manifestaciones y levantamientos populares como una lente para hacer cinco observaciones sobre la protesta en tiempos turbulentos. Estas observaciones son producto de trabajo de campo con feminismos y otros movimientos sociales en Brasil durante más de dos décadas, una investigación colaborativa con la Colectiva Protesta, que incluye investigadoras de varias partes de las Américas, y una extensa investigación de fuentes secundarias y primarias, las últimas producto de acompañamiento virtual del campo feminista en las Américas. Propongo que una perspectiva feminista nos permite ver que las protestas feministas ayudan a lanzar la última ola de protestas. Luego se discute la participación de activistas feministas y antirracistas en las protestas. El alcance de las luchas sociales articuladas dentro de los feminismos, sugiero, explica su presencia en los levantamientos populares recientes y la influencia significa...

Mulheres à prova: lógicas de verdade e de justiça em narrativas de milagres (Portugal, séc. XIV)

Revista Signum, 2023

As narrativas de milagres e vidas de santos são tipologias documentais que permitem explorar diversas lógicas que estruturam os valores da sociedade cristã. No caso deste artigo, trata-se de aprofundar possibilidades de pesquisa em torno da justiça e da verdade, relativamente a situações que envolvem mulheres postas "à prova". Pretende-se analisar os argumentos que permitem, nas lógicas dos relatos, alcançar a certeza jurídica de que as envolvidas merecem a redenção ou o castigo. O que se prova é tido como verdadeiro. A base documental é constituída pela narrativa da vida de santa Pelágia que se encontra no Manuscrito 01 da Seção de Obras Raras da Biblioteca Central (BCE) da Universidade de Brasília (UnB), conhecido, também, como Flos Sanctorum, produzido em Portugal, no séc. XIV.

Modernas, sim. Feministas, não – breves considerações sobre a emancipação das mulheres em João do Rio e Júlia Lopes de Almeida

Convergência Lusíada, 2024

The so-called Belle Époque in Rio de Janeiro is characterized as a space for fierce public debates about the emergence of modern women. This article analyzes how João do Rio and Júlia Lopes de Almeida supported women's emancipation in line with the ideals of modernity, while also criticizing certain aspects of feminist practices. For this, it is investigated how the literary discourse, throug short stories, chronicles and interviews, acquires pedagogical and moralizing functions in the face of a feminism, which often seemed to put at risk the stability of the family, anchored in the maternal figure.

Mulheres, religião e poder: ensaios feministas

Mandrágora, 2018

Gebara, nesta obra, caracteriza as feministas como mulheres de estirpe, uma vez que todas buscam a liberdade, o espaço e a valorização da mulher. Fato que causa rejeição aos principais lugares religiosos do cristianismo. O feminismo em sua diversidade é parte da luta pelos direitos humanos, uma vez que tem olhar crítico dos espaços em que homens e mulheres ocupam. Questões como violência doméstica sexualidade, maternidade voluntária, liberdade sexual, controle da mortalidade, reivindicações culturais, políticas e sociais, fazem parte das reflexões e das ações feministas. “O feminismo teológico tem uma grande importância na transformação das culturas, na medida em que desobriga as mulheres de obedecerem à ordem estabelecida de certas crenças religiosas patriarcais” (p. 12). Em sua obra busca demonstrar o quanto o poder estabelecido pela religião Católica, fortalece o papel da mulher no espaço privado e garante a hegemonia masculina, como poder estabelecido, conforme as narrativas e o...