Entre dois mundos (original) (raw)
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Novos Debates, 2021
Com vista a reflexões em torno da morte e do morrer na sociedade ocidental no contexto da pandemia da COVID-19 e de suas consequências, o presente ensaio articula reflexões a respeito das significações sociais da morte e das classificações mortuárias operantes dentre estas. Nesse sentido, também se discute a maneira como as diferentes cosmologias indígenas Bororo, Araweté, Kaxinawá e Sanöma Yanomami operam algumas de suas concepções a respeito da morte e do morrer. Enfim, também discute-se a maneira como a pandemia da COVID-19 explicitou a forma como as representações sociais em torno da morte e do morrer da sociedade industrial hegemônica são tomadas como universais.
A GUERRA DOS MUNDOS (1898) É PROVAVELMENTE A PRIMEIRA HISTÓRIA de invasão da Terra. Até então, existiam histórias em que ela era visitada por seres de outros planetas que vinham meramente no papel de observadores filosóficos, como em Micrômegas (1752) de Voltaire. Foi Wells quem teve a ideia de dar a esses habitantes alienígenas uma civilização e uma tecnologia comparáveis às nossas e, em alguns aspectos, superiores; e de colocá-los contra nós na disputa pelo espaço vital de que precisavam, quando viram esgotados os recursos do seu próprio planeta. Além disso, nas longas descrições do segundo capítulo do Livro II do romance, Wells lhes deu um caráter essencial de estranheza. Embora ele enfatize que os habitantes da Terra e os de Marte estão simplesmente em pontos diferentes da escala evolutiva, o modo como estes últimos são descritos tem a clara intenção de provocar estranhamento e repulsa. Os marcianos de Wells são o primeiro retrato do alienígena como encarnação do Outro, do Estranho, de tudo que representa o nosso medo diante do desconhecido, e principalmente de um desconhecido que nos provoca repulsa. Nesse sentido, A guerra dos mundos trouxe aos leitores da época uma vigorosa e verossímil descrição literária de um Monstro Legião, um monstro que, ao contrário do monstro de Frankenstein, não é INTRODUÇÃO EM MEADOS DO SÉCULO XVII, UM HOLANDÊS, FILHO DE UM CESTEIRO, fez uma descoberta alarmante. Seu nome era Antony van Leeuwenhoek. Ele havia polido suas próprias lentes e construído um microscópio. Enquanto Galileu observava as estrelas e Isaac Newton media a órbita da Lua, Van Leeuwenhoek olhava na direção oposta, para o diminuto. Ao observar uma gota d'água de um lago, ele a descobriu cheia de seres vivos, de "animálculos": "Nestes últimos eu vi duas perninhas próximas à cabeça e duas pequenas barbatanas na parte traseira do corpo [...] E o movimento da maioria desses animálculos na água era tão veloz e tão diverso, para cima, para baixo, em todas as direções, que era maravilhoso de se ver...". Finalmente, alguém descobrira vida desconhecida! Muito antes do século XVII, a mente humana fora fartamente povoada por duendes de todos os tipos, e continua sendo. Ali não faltam fantasmas e vampiros. Mas descobrir esses "animálculos" minúsculos, secretos, aparentemente hostis, numa gota d'água era algo novo e perturbador. A água! A água, o símbolo da pureza, infestada por criaturas nunca antes sonhadas! Lá se ia a paz de espírito, e dávamos mais um passo em direção ao nosso neurótico mundo moderno.
Entre Mundos e ALmas , 2024
A vida narrada em um conto de fadas. Entre mundos e almas é uma narrativa de uma alma ou de muitas em busca de paz
Arte ConTexto, 2013
Deter-se sobre algumas das obras que compõem a série "A paixão faz das pedras inertes, um drama" 2 (2010-2011) do artista Ismael Monticelli é adentrar em pequenos mundos, onde o espaço em que o ar ocupa apresenta-se compartimentado por placas de vidro. Essas superfícies vítreas, que possuem 30 cm2, estão posicionadas de forma equidistante sobre uma base de madeira, estabelecendo um sistema de medida para o ambiente em número de placas. A contagem das mesmas estabelece o quão distante se está da outra face da estrutura. Ainda por outras razões, o vidro se constitui como elemento importante nos trabalhos de Ismael, como o seu caráter ficcional: parece ser imaterial, mas não se pode atravessá-lo; parece translúcido, mas quando muitas placas estão sobrepostas surge uma espécie de névoa. O artista comenta que, ao elaborar os trabalhos, percebeu "o quanto o vidro pode ser um material enganoso" (MONTICELLI, 2013). Ele [...] "possui uma potência de construção de ficção, de ilusão, de algo que parece, mas não é" (MONTICELLI, 2013). Além disso, a estrutura construída com as placas de vidro permite dar espessura ao ar, outro elemento que muitas vezes nos passa despercebido. Conforme o artista (MONTICELLI, 2010, p.36): "Existe a materialização de alguma coisa, uma espécie de substância, uma densidade, provida pelo sequenciamento de placas de vidro, onde estas são visualizadas, em seu conjunto, como uma massa cúbica, semitransparente".
Ao tornar-se herdeiro do trono brasileiro, dom Pedro de Alcântara tinha apenas 5 anos de idade. Conforme determinava a Constituição de 1824, para governar o país, no dia 7 de abril de 1831, foi organizada uma regência Trina Provisória, constituída pelos senadores Nicolau Vergueiro e Joaquim Carneiro de Campos e pelo brigadeiro Francisco de Lima e Silva. Como a Assembleia Geral estava em recesso, à medida teria efeito só até o reinício das atividades parlamentares. Findo o recesso, a Assembleia elegeu uma Regência Trina Permanente em 17 de Junho de 1831. Para integrá-la, foram escolhidos José Carvalho, João Bráulio Muniz e, novamente, o brigadeiro Francisco de Lima e Silva. Tudo parecia correr de acordo com o previsto pela Constituição. No entanto, o país que dom Pedro I deixara para trás ao retornar para Portugal em 7 de abril passaria por um período marcado por motins e sedições em diversas províncias. Com a criação da Regência, tinha início um dos períodos mais turbulentos da história do Brasil.
Temáticas, 2023
Este artigo se ocupa de diferentes modos de convergência entre o outro mundo e o mundo material no município de Caldas (MG). A partir de minha (com) vivência junto à população local, percebi que as múltiplas formas de interação entre estes mundos se tecem nas cotidianidades e fazem parte de um mesmo sistema simbólico, o catolicismo popular. Nesse sentido, emergem várias práticas que extrapolam os limites da doutrina oficial e não são entendidos pelas pessoas como desvios, como os benzimentos ou como adivinhações. Desfilam, ainda, determinados agentes que se manifestam diariamente como os santos, o Diabo e as assombrações. Desta maneira, o caminho metodológico proposto segue por uma apresentação do lugar, pela discussão do catolicismo popular e, por último, por um recorte sobre duas categorias deste sistema simbólico, as assombrações e os benzimentos. Para o recorte deste trabalho, propus analisar, dentro deste sistema simbólico, as assombrações e os benzimentos enquanto categorias emblemáticas do catolicismo popular local. Acerca dos métodos, procurei utilizar a observação participante, como forma de coletar dados etnográficos relevantes, aliada à história oral, o que possibilitou a confecção e análise de entrevistas com os moradores locais.
2022
Volume da coleção Memórias de Paisagens. Contém relatos de trabalhos de campo com abordagem sobre paisagens sociais a partir da experiência arqueológica, transitando pelos campos da história e da antropologia. Destaca-se os relatos sobre as pesquisas realizadas na região de Vassouras, no Vale do Paraíba (RJ), entre os anos de 1999 e 2002, além de trabalhos no Vale do Jequitinhonha (MG), São Sebastião (SP), entre outros. Agostini, Camilla. Entre lugares. Coleção Memórias de Paisagens. Rio de Janeiro: Paisagens Híbridas, 2022.
2014
A experiencia advinda de uma determinada historia de vida revela a potencia da propria dimensao cotidiana desse vivido, como possivel ponto de partida para a busca de novas formas de compreensao do mundo em que vivemos. Partindo desse pressuposto, neste artigo e tracado um breve relato da trajetoria academica e profissional do autor, relacionando-a a sua condicao presente de constante trânsito entre a metropole paulistana e a carioca. Paralelamente, constitui-se como um convite a outras leituras e possibilidades a respeito do fenomeno urbano e seus desdobramentos.