Posse da terra e poder: disputas entre Igreja e Estado (original) (raw)

A Igreja e o poder

in AZEVEDO, Carlos Moreira (direção) - História Religiosa de Portugal. Lisboa: Círculo de Leitores, 2000, vol. II, p. 135-185, 2000

As RELAÇÕES ENTRE A IGREJA E o ESTADO não se podem continuar a pensar como se as duas esferas fossem internamente coesas e homogéneas, isentas de uma complexa rede de hierarquias internas e conflitos de facções e de indivíduos, nem como se tivessem de si próprias uma consciência unitária e de corpo para se oporem com nitidez a estratégias uma da outra. A Igreja era formada por múltiplos organismos e pessoas com pretensões e actuações que não eram em tudo coincidentes e muito menos cooperantes. Ou seja, é equívoca a noção de que há uma Igreja completamente una, sem dissensões e j ogos de interesse, internamente coerente, que tinha uma política sistematizada para regular as suas relações com os outros poderes e para harmonizar as pretensões dos vários grupos e indivíduos que a compunham. A Igreja era um corpo pluricelular, encerrando diversos grupos e indivíduos com uma cultura heteróclita, uma formação moral e religiosa muito diferenciada, uma origem social profundamente diversificada e que competiam entre si por recursos. Dois excelentes campos de observação desta realidade são os inúmeros conflitos internos e o posicionamento deste corpo nas conjunturas específicas de 1580 e 1640. E inegável, quando se observa de perto o funcionamento concreto da esfera eclesiástica, um estado latente e permanente de belicosidade interna, uma contínua proliferação de querelas, que são indissociáveis do modo como se compunha. Esses conflitos foram de índole variada e afectaram todos os níveis do corpo eclesiástico, não só internamente, como ainda nas próprias relações da Igreja portuguesa com Roma:

CONFLITO ENTRE IGREJA E MAÇONARIA NO APAGAR DAS LUZES IMPERIAIS: A QUESTÃO RELIGIOSA DENTRO DE UM ESTADO CATÓLICO

Revista Ius et Iustitia, 2018

Resumo: A união entre Igreja e Estado no período imperial brasileiro limitou a liberdade religiosa, e dentro desta relação a Igreja está presente em toda a estrutura social. Apesar deste aparente absolutismo atribuído à Igreja, é nesse período que ocorre a chamada Questão Religiosa, conflito de normas Canônicas e Civis, embate que envolveu membros do Clero, a Maçonaria e a Coroa e deu-se pela tentativa por parte de certos membros do clero de aplicar a condenação papal à Maçonaria em território brasileiro. O conflito desencadeou brigas entre a imprensa Católica e Maçônica, interditos à Irmandades e Ordens terceiras e processos judiciais, foi um golpe nas relações Igreja e Estado, e a condenação dos bispos a frente do movimento à prisão alterou o trato da Igreja para com o Estado, apesar da anistia concedida em 1875.

Igreja e Estado Militantes

New Covenant Publications International Ltd, 2020

A guerra tem importância crucial para o Estado. É o reino da vida e da morte. Dela depende a conservação ou a ruína do império. Urge bem regulá-Ia. Quem não reflete seriamente sobre o assunto evidencia uma indiferença condenável pela conservação ou pela perda do que mais se preza. Isso não deve ocorrer entre nós. A arte da guerra implica cinco fatores principais, que devem ser o objeto de nossa contínua meditação e de todo o nosso cuidado, como fazem os grandes artistas ao iniciarem uma obraprima. Eles têm sempre em mente o objetivo a que visam, e aproveitam tudo o que vêem e ouvem, esforçando-se para adquirir novos conhecimentos e todos os subsídios que possam conduzi-los ao êxito. Se quisermos que a glória e o sucesso acompanhem nossas armas, jamais devemos perder de vista os seguintes fatores: a doutrina, o tempo, o espaço, o comando, a disciplina. A doutrina engendra a unidade de pensamento; inspira-nos uma mesma maneira de viver e de morrer, tornando-nos intrépidos e inquebrantáveis diante dos infortúnios e da morte.… Palavras-chave: igreja e estado, guerra militar, exército, luta, guerra mundial, história da guerra, conflito, política, história da igreja, direito constitucional, direito religioso, liberdade religiosa, catolicismo, ditadura, ditadura militar, igreja militante, democracia, domínio do papado, idade das trevas, grande despertar, armas, confronto, resistência, revolução

Religião e poder estatal no Brasil: da Colônia à República

Plura, 2021

O objetivo do artigo é pontuar como se deu a relação entre o poder estatal e a religião nas Constituições brasileiras, desde o período colonial até a Constituição Federal de 198 relação Igreja e Estado não ocorreu uniformemente no Brasil. Ao contrário, as várias Constituições nacionais mantiveram vínculos e criaram rupturas entre uma Constituição e outra, sustentando a tensão entre os ideais separatistas e os confessionais na Igreja e Estado. A primeira seção com a sociedade, a partir de Durkheim e Eliade. A segunda, retomará o conceito de poder estatal a partir da teoria geral do Estado, de Hobbes e Rousseau. A te ção, analisará a relação entre religião e Estado brasileiro a partir das suas Constituições federais ao longo da história do Brasil.

Bispos, terras e reis

Roda da Fortuna, 2021

O objetivo deste artigo é analisar de que maneira grupos de origem escandinava inseriram-se nas dinâmicas de poder local e do reino da Inglaterra no século X. Para tanto, tomaremos como referência duas personagens aparentadas, da região da Danelaw e de descendência escandinava, que ascenderam a posições importantes na Igreja inglesa: Oda, bispo de Ramsbury e arcebispo de Canterbury e Oswald, bispo de Worcester, arcebispo de York e sobrinho de Oda. Sua participação em charters régios e locais e em círculos próximos à casa de Wessex fornecem-nos bons indícios de como pessoas de família escandinava vinham a integrar-se às lógicas de poder pré-existentes. Levaremos em consideração, ainda, o papel desses clérigos na reforma monástica na ilha e em como a vinculação a monarcas anglo-saxões contribuiu a favor deles. -------- The aim of this article is to analyse the ways in which Scandinavian groups become inserted in dynamics of local power and of Kingdom of England in the 10th Century. To do so, it will be taken as references two kin related characters, from Danelaw region and from Scandinavian ancestry, which ascended to important offices in English Church: Oda, bishop of Ramsbury and archbishop of Canterbury and Oswald, bishop of Worcester, archbishop of York and Oda's nephew. Their involvement in royal and local charters and in closer circles to Wessex house provide us supporting evidence of how people from Scandinavian family become inserted in pre-existent dynamics of power. It will be also take into consideration the role played by theses clergy in monastic movement at the island and how the entailment to Anglo-Saxon monarchs contributed in their favour.

Bispos e reis : Oposições em torno de bens e jurisdições temporais

Lusitânia Sacra, 2003

Portadora de uma mensagem evangélica, a Igreja ensina o desprendimento das riquezas, a renúncia aos bens materiais, o espírito da pobreza. Mas porque ela é uma sociedade de homens, não escapa ao peso do temporal". "O episcopado medieval retira da riqueza uma parte do seu poder. Pelo domínio do solo ele está integrado na sociedade feudal". "O enfraquecimento da autoridade temporal do bispo na sua cidade, na qual cessa de ser o senhor incontestado, é um dos traços marcantes da história do episcopado medieval. Mas tal não significa um afastamento da vida política, administrativa ou judicial por parte dos prelados. Se se tornam menos poderosos na sua cidade, é junto dos grandes, dos reis que eles encontram doravante o campo privilegiado para as suas ambições, o seu sentido político e a sua cultura de juristas. Passagem da acção política local para o teatro mais vasto do reino. Os órgãos dos emergentes Estados são cada vez mais o lugar de eleição dos bispos que já não dedicam todo o seu tempo às funções pastorais". Numa tradução livre, todas estas asserções são da autoria de Jean Gaudement 1 . * Esta nota de reflexão foi apresentada no Seminário sobre o "Clero Secular na Idade Média", organizado pelo Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica de Lisboa, na sessão sobre "Bispos e reis: convergências e oposições", que esteve a cargo do Doutor

A luta pela terra e a renovação da orientação pastoral da Igreja no Brasil

Vivências solidárias na busca pela terra [livro eletrônico] : Irmãs Missionárias Scalabrinianas juntos aos migrantes sem-terra, 2024

Por cerca de 50 anos, desde 1971, as Irmãs Missionárias Scalabrinianas (MSCS) participaram diretamente na luta por vida, pão e dignidade junto aos migrantes sem-terra, em 11 estados do Brasil. Memórias daquela atuação missionária da Irmãs MSCS estão sendo publicadas agora no livro Vivências solidárias na busca pela terra. Irmãs Missionárias Scalabrinianas junto aos migrantes sem-terra. A Obra foi organizada pelo Centro Scalabriniano de Estudos Migratórios – CSEM, com participação de dezenas de Irmãs que atuaram junto a trabalhadoras e trabalhadores sem-terra, em contexto urbano, como foi nas periferias de Goiânia – GO ou em Cariacica, ES, por exemplo; ou em contexto rural, em Goiás, no Rio Grande do Sul, no Mato Grosso do Sul, entre outros estados. Com a assessoria da teóloga Carmem Lussi e do historiador Sergio Coutinho, centenas de páginas de narrativas da atuação das Irmãs MSCS foram organizadas nessa publicação que, além de resgatar o significado daquelas vivências, reforça a comunhão e solidariedade pela causa da vida com dignidade para todos e todas, com ênfase na busca por terra, com justiça e dignidade, no Brasil. Na introdução, o historiador Sergio Coutinho afirma que o trabalho das Irmãs Missionárias Scalabrinianas junto aos trabalhadores sem-terra, resgatado nesse volume, se destaca porque entrelaça a memória com a história e o reconhecimento emerge como elemento transformador. “A memória, encarnada não apenas como um arquivo do passado, mas como uma força ativa na construção de significado, torna-se uma ferramenta crucial para dar voz aos marginalizados, resgatar narrativas silenciadas e redefinir histórias coletivas. O reconhecimento, por sua vez, emerge como um ato ético e político, possibilitando a valorização das experiências daqueles que foram historicamente excluídos. As Irmãs Missionárias Scalabrinianas, ao trabalharem junto aos migrantes sem-terra, não apenas testemunharam as lutas dessas comunidades, mas também se comprometeram com o reconhecimento de suas dignidades, buscando transformações sociais e históricas profundas”. Nos 40 anos do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – MST, a Congregação oferece mais uma contribuição aos migrantes sem-terra com esta publicação que reconhece, nas narrativas e nas memórias dos fatos e significados de décadas de colaboração, a importância e a grandeza da caminhada que ora é celebrada.

Igreja e Estado: participação versus instrumentação

Igreja e Estado: participação versus instrumentação, 2022

Este ensaio pretende discutir com base na obra "O contrato social" de Rousseau os prováveis cenários e suas implicações da relação entre Igreja e Estado. Conclui que Rousseau não pôde enxergar no cristianismo da origem, muito menos no cristianismo de seu tempo contribuição relevante para o corpo político da sociedade, a não ser de instrumentação mútua.

“A lei e o profeta”: igreja, hierarquia e poder

Religare: Revista do Programa de Pós-Graduação em Ciências das Religiões da UFPB, 2019

No artigo, A “Lei e o Profeta”: Igreja Hierarquia e Poder, discutimos a inserção de frei Jerônimo líder religioso no campo da política partidária, analisando as relações que marcaram essa arriscada aventura. Abordamos nessa pesquisa os seguintes temas: Igreja, hierarquia e poder; Mito, ritual e autonomia religiosa; Carisma, dom e aliança; Desregulamentação e dessecularização religiosas, a partir de análise desses fatos, abordamos a complexidade que sempre envolve a relação entre religião e política.