Violência, cidadania e medo: vivências urbanas em Fortaleza (original) (raw)

História de vida, tráfico e violência nas periferias de Fortaleza-CE

Conhecer, 2021

Palavras-chave jovem; tráfico; periferia; crime; estado do ceará. Este artigo tem por objetivo explorar sociologicamente a história de vida e as experiências de Reginaldo-adolescente da periferia cearense que, no período de realização do estudo, se encontrava em uma das instituições que compõem a rede do sistema socioeducativo de Fortaleza-CE-relativas aos processos sociais e às trajetórias individuais de engajamento em atividades ilegais. A partir de uma pesquisa de campo, que envolveu observações etnográficas, aplicação de questionários, entrevistas semiestruturadas e tessitura de fragmentos de uma história de vida, refletimos, sob um ponto de vista qualitativo dos dados levantados, a respeito das situações sociais e pessoais que conduzem os jovens moradores das periferias cearenses ao chamado "mundo do crime" e que os mantêm vinculados e dedicados a coletivos criminais. Sob essa perspectiva, o texto discorre sobre os percalços e conflitos da ascensão e queda de jovens traficantes de drogas na capital cearense, assim como sobre as recentes transformações do arranjo criminal no Estado do Ceará e as possibilidades de construção de trajetórias desvinculadas de um mundo fora da lei no qual muitos de nossos jovens aprendem a se movimentar desde cedo.

Insegurança e medo na vida urbana

Griot : Revista de Filosofia

O presente artigo visa oferecer apontamentos em relação à questão da insegurança e do medo na vida urbana. Condição constitutiva de muitas, se não todas, as sociedades contemporâneas, o medo e a insegurança no espaço urbano, ou ainda, no espaço público, são aqui analisados a partir de dois pensadores. O sociólogo Zygmunt Bauman está presente na medida em que considera o medo aspecto constituinte em duas dimensões da vida: na fragilidade e contingência humanas perante à natureza e na própria sociedade constituída por normas e regras. Já o filósofo Giorgio Agamben é aqui enfatizado em duas oportunidades. A primeira, ao apresentar a impossibilidade de experiências feitas pelos humanos no contexto das sociedades atuais. A segunda ao apontar as sociedades contemporâneas como seguindo o paradigma do campo de concentração. A partir destes dois autores, se constata a necessidade do resgate da experiência pública, da ressignificação da economia e da revaloração da economia-política.

A cidade de João Pessoa sob a ótica dos medos corriqueiros: configurações urbanas, sociais e emocionais

REVISTA CIÊNCIAS DA SOCIEDADE

O artigo discute a cidade de João Pessoa a partir do projeto de pesquisa Medos Corriqueiros, de modo a acessar o mosaico científico construído sob a ótica do medo e dos medos corriqueiros. A composição deste mosaico comporta uma leitura contextual analítica da cidade, que indica as suas configurações urbanas, sociais e emocionais e possibilita desvendar os seus mapas simbólicos e a sua cultura emotiva.

Morfologia urbana, segurança pública e a sensação de medo em Brasília, Distrito Federal

Desenho Urbano Sustentável Participativo para a Cidade Resiliente: estratégias para políticas públicas contra violência

Desenho urbano sustentável participativo para a cidade resiliente: estratégias para políticas públicas contra a violência crimes violentos com lesão e intenção no período de 2011 a 2019. De acordo com a base de dados da Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (PDAD, 2018), foram usados, também, dados da percepção dos moradores em relação à área arborizada das cinco Regiões Administrativas com o Plano Piloto como referência, pois é o ponto de chegada e partida de 75% da população do DF. O terceiro capítulo, denominado "DF verde: correlações entre o verde urbano, morfologia e indicadores", apresenta os dados que relacionam a extensão da cobertura vegetal arbórea-arbustiva presente nos núcleos urbanos das RA à sua população urbana, assim como a extensão da cobertura arbórea-arbustiva urbana por RA e a correlação entre verde e renda para o Distrito Federal, discutindose, portanto, a temática da equidade verde. O quarto capítulo, denominado "Ilhas de Calor, morfologia criminogênica e a sensação de medo", apresenta uma série histórica espacializada das tentativas de homicídios e seleciona os espaços considerados "hotspots" dessa modalidade criminal, que representa agressão, lesão corporal e ferimentos intencionais, para, finalmente, entender como esses atributos influenciam a sensação de medo da morfologia e da conectividade desses hotspots de violência a fim de apresentar os atributos que influenciam na concentração da ocorrência de crimes dessa natureza. O quinto capítulo, denominado "Paisagismo participativo: o caso do Paranoá Park", apresenta as estratégias tradicionais de arborização das áreas centrais de Brasília-que conjugam áreas extensivas com espécies de grande porte. Apresenta também a análise do projeto de extensão "Arborização comunitária do Paranoá Parque", que exibe agenda de projeto para o contexto do bairro e para regeneração paisagística e os benefícios proporcionados à saúde dos residentes, discorrendo sobre os benefícios bioclimáticos de conforto térmico, visual e acústico. No sexto capítulo, denominado "A importância da educação para a sustentabilidade no desenho urbano das cidades: antes, durante e depois", pretende-se delimitar as principais características de uma atuação consciente no planejamento urbano sustentável, que, em essência, promovam ações rumo à justiça social no espaço da cidade e se adaptem como ferramentas de cidadania socioambiental no longo prazo. São propostas de ações de/em educação ambiental e princípios de sustentabilidade em três etapas do projeto urbano: sendo a primeira (o antes) ao desenho urbano; a segunda (o durante), o desenvolvimento do desenho; e a última (o depois), a execução do planejamento das cidades e seus desdobramentos pautados na política e ações de desenvolvimento sustentável e educação ambiental.

Participação e impotência: a busca pela esperança na periferia de Fortaleza, Brasil

ILUMINURAS, 2014

A contínua influência do desenvolvimento participativo, tanto na teoria quanto na prática, destaca o valor de processos de desenvolvimento democráticos e inclusivos. Porém, apesar da sua influência através os anos, a participação ainda encontra os desafios de definir, promover e se tornar um fenômeno empoderador. Aqui reside o “baixo-ventre” teórico de participação porque ela é inextricavelmente ligada à distribuição de poder em qualquer comunidade. Esse artigo explora uma metodologia que busca quebrar laços de poder entre os mais pobres e proporcionar canais alternativos de acesso a serviços públicos para os quais os residentes são elegíveis devido ao seu status de cidadão. Buscamos também um entendimento mais profundo de como a participação cresce, como é alimentada pelo capital social e como ela cria sua própria dinâmica interna. Dessa forma, nós concluímos que as sementes de participação existem em qualquer grupo social e que a participação é um fenômeno interno. Ela não é um pr...

Comunidade Raízes da Praia: uma experiência de práticas insurgentes na cidade de Fortaleza

Revista de Direito da Cidade

Este artigo trata de uma reflexão teórica e processual a respeito de práticas insurgentes, constituídas pela Ocupação Raízes da Praia, hoje uma comunidade, localizada na orla de Fortaleza, Ceará. O artigo é uma reflexão possibilitada pelo trabalho de assessoria técnica desenvolvida pelo grupo do Programa de Educação Tutorial do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Ceará (ArqPET UFC). Ao longo do texto será descrito o histórico dos 09 anos de ocupação da Comunidade, traçando a dimensão do planejamento popular desenvolvido pelos moradores, com os movimentos urbanos e assessorias, como experiência social potente para solucionar a questão da moradia. Ademais, a reflexão interpreta a capacidade de gestão e produção espacial da Comunidade como uma instância de prática insurgente. Configuram como métodos: plano de ações projetuais, observação participante realizada ao longo de 03 anos e meio de atividade de extensão acadêmica de apoio a Comunidade Raízes da Praia, a...

Corpos dilacerados: violência urbana e o cenário de crescentes conflitos em Fortaleza

Anais da 31ª Reunião Brasileira de Antropologia, 2018

GT 001. A antropologia da morte: perspectivas etnográficas em diálogo. A experiência urbana contemporânea é reveladora de certos perigos. Nesse contexto, a cidade de Fortaleza se converteu em cenário de dramáticos conflitos e múltiplas formas de violência. A crueldade aparece como ritualização das maneiras de matar e fazer sumir os sujeitos em suas margens urbanas. Marcado com uma das mais altas taxas de homicídios do Brasil, a cidade concentra a expansão do uso de armas de fogo, confronto entre bandos armados pelo controle do mercado de drogas e altas taxas de letalidade em seus bairros. Na presente comunicação, objetivamos refletir sobre a rotinização da crueldade e da execução como recurso para operações de poder e potencialização do caráter seletivo e diferenciado da violência. As percepções, as vivências cotidianas, os afetos e as emoções vão sendo impactados com as figurações da violência que afetam a experiência social urbana. Em nossas incursões etnográficas, percebemos que viver em territórios em disputa marca as trajetórias de nossos interlocutores em eventos emblemáticos que modificam a organização simbólica do mundo dessas pessoas inseridas no contexto dos homicídios, massacres e chacinas. A sujeição de corpos subjetivados pelo crime aparece nas narrativas daqueles que consideram o envolvimento com práticas criminais, como condição de vidas matáveis, desvelando a precariedade da vida na cidade de Fortaleza. A pesquisa acompanhou a trajetória de pessoas “envolvidas” com o crime, consideráveis “matáveis”, criou relações e empatias que foram desenvolvidas por observações e vivências nas ruas da cidade. Compreender os processos sociais do extermínio, significa refletir sobre os estigmas que aumentam consideravelmente as possibilidades e as de forma de letalidade. A banalização dessas mortes visa o terror e as suas marcas desencadeiam, em seu desfecho imediato, alterações nas rotinas e redes de sociabilidade. Nos casos específicos das mortes de “envolvidos”, essas se apresentam de modo ritualizado, pois emergem as proibições e liminaridades entre dominantes e sacrificados. Desse modo, se faz cada vez mais urgente refletir sobre os problemas que envolvem as narrativas de vida e morte nas periferias de Fortaleza. Por fim, interessa-nos discutir as problemáticas e dilemas que envolvem pesquisa em contextos marcados pela conflitualidade.

Ecos da violência nas margens de uma sociedade democrática: o caso da periferia de Fortaleza

Sociedade e Cultura, 2016

O trabalho é resultado de investigações etnográficas realizadas em bairros localizados naperiferia de Fortaleza (CE). Essas investigações tiveram como objetivo compreender osefeitos cotidianos e políticos da violência em territórios urbanos. Observamos que, alémda experiência empírica, a violência na periferia pode ser interpretada a partir dos ecosproduzidos na vida social de sujeitos que, em tese, deveriam estar resguardados por instânciasconstitutivas de uma sociedade democrática de direito. Para isso ser compreendido,procuramos saber como as pessoas interpretam e falam da violência nos bairros em queresidem. Encontramos ecos da violência que podem ser percebidos em rumores, medose separações criadas nas comunidades pesquisadas. Seus efeitos reverberam na maneiracomo os moradores interpretam suas ações em uma democracia, compartilhando direitose deveres com pessoas que não se reconhecem como iguais. Em linhas gerais, a cidadaniaé pensada aqui como um problema moral estruturante d...

Praticas poeticas juventude violencia e inseguranca em Fortaleza

Práticas poéticas: juventude, violência e insegurança em Fortaleza franCisCo rôMulo do nasCiMenTo silva Geovani JaCó de freiTas RESUMO: Este artigo tem como objetivo compreender, a partir da percepção dos jovens envolvidos em práticas culturais coletivas de re-existência, a atuação de agentes do Grupo de Operações Especiais / GOE da Guarda Municipal que