O Estado Novo e as críticas a Machado de Assis na primeira metade dos anos 1940 (original) (raw)
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Vozes da imprensa: Machado de Assis e a rede de cronistas nos inícios da República
2023
da qual sou aluno desde 2004, dividido entre os edifícios da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas e as arcadas da Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Devo à educação pública todas as oportunidades que tive na vida. Ao Instituto Federal, de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo, por me oferecer as melhores condições para o desenvolvimento desta pesquisa. É, para mim, uma honra compor o quadro de docentes dessa instituição. À Sorbonne Université, que me recebeu para o período de estágio doutoral. Minha estadia na instituição foi fundamental para o amadurecimento e desenvolvimento desta pesquisa. Aos meus pais, Vilma e Raimundo, que me ofereceram tudo que puderam e nunca deixaram de me apoiar. Ao meu irmão, Phelipe, que partilha comigo das experiências de uma vida inteira. À Júlia, que esteve comigo durante esse período. Sua inesgotável empatia e sua escuta interessada foram fundamentais nos últimos anos. Ao Hélio, querido orientador, a quem devo a minha jornada como pesquisador. Tive a felicidade de contar com sua direção precisa, seu rigor acadêmico e profunda generosidade desde a primeira aula no curso de Literatura Brasileira, na graduação, até o presente momento. À professora Lúcia Granja, cuja obra inspirou sobremaneira este trabalho. Agradeço especialmente por ter acompanhado o desenvolvimento da pesquisa ao longo do tempo. Ao professor Michel Riaudel, que me recebeu calorosamente em Paris e generosamente possibilitou que eu participasse ativamente das atividades acadêmicas. Sua dedicação à literatura e à cultura brasileiras é inspiradora. Aos amigos machadianos, que contribuíram para tornar essa caminhada mais leve:
Machado de Assis e a crítica musical n'O Futuro (1862-1863)
De setembro de 1862 a julho de 1863, Machado de Assis foi um dos colaboradores mais assíduos da revista luso-brasileira O Futuro, editada por Faustino Xavier de Novais. Era O Futuro um periódico literário, mas também divulgador de outras artes. Ao final de cada número, trazia a seção “Crônica”, destinada a comentar os fatos marcantes da vida intelectual. Machado assinou dezesseis das vinte crônicas publicadas nessa seção. Em oito delas, a função do cronista muito se aproximou da de um crítico de música – alguém atento à cena musical, aos artistas e seus projetos, à habilidade e à técnica dos intérpretes. Apresentar e comentar essa parte menos conhecida da produção machadiana é o objetivo deste trabalho. Em razão dos limites de uma comunicação, nos restringiremos aos dois músicos que receberam maior atenção por parte de Machado nas crônicas d’O Futuro: o pianista Artur Napoleão e o clarinetista Rafael Croner, ambos portugueses.
Criação literária no outono do escravismo : Machado de Assis
2013
Ao longo dos quatro anos de doutoramento fui desempregado, garçom, professor universitário, bolsista, bolsista de doutorado-sanduíche, garçom outra vez, bolsista outra vez. A instabilidade material e as constantes mudanças ocorridas nesse período foram minoradas pelo trabalho de diversas pessoas e instituições, que ajudaram no bom andamento da pesquisa e na realização desta tese. Como acontece com todo o trabalho intelectual, ela é resultado de um trabalho coletivo, do qual me sinto orgulhoso de fazer parte. Agradeço aos professores Antônio Marcos Vieira Sanseverino e Rejane Pivetta, pela preciosa banca de qualificação; aos professores José Pertille e Cláudia Caymmi, que me receberam em seus grupos de estudo sobre Hegel e Walter Benjamin; aos professores Homero Viseu Araújo e Maria da Glória Bordini, que leram artigos e discutiram ideias; à professora Gínia Maria Gomes, há tantos anos doando seu generoso e inestimável incentivo; a José Canísio Sher, pela diligência com que trabalha na secretaria da pós-graduação em Letras. Além de Antônio, Homero e Gínia, agradeço a Luis Augusto Fischer, Paulo Seben e Sergius Gonzaga pelas sugestões, colaborações e trocas do período de um ano como colegas de departamento (e pelas aulas ao longo da graduação e pós-graduação), bem como aos meus alunos na graduação em Letras da UFRGS, com quem tanto aprendi. Agradeço a K. David Jackson e sua família, que me receberam em New Haven com gentileza e humanidade. A interlocução humanista de Jackson contribuiu para a concepção do Capítulo I e para o planejamento do Capítulo II. Bella Grigorian, Paul Franks, Paulo Moreira e Moira Fradinger, professores da Yale University, receberam-me como ouvinte em disciplinas ou dialogaram comigo sobre a literatura brasileira. Em New Haven, contei ainda com a convivência e a amizade de Eva Kästle, Larissa Costa da Matta, Lazarre Seymor Simckes e Letícia Guterrez, que deixaram nas memórias deste amigo um sem número de sorrisos e boas histórias. Quero remarcar Larissa e Lazarre, pela paciência e amor com que me ensinaram e ouviram. Devo tanto à inteligência prática e generosa de Ana Flávia Souto de Oliveira, que se tornou impossível agradecer a tudo. Até mesmo o computador no qual boa parte dessa tese foi escrita é parte da sua generosidade. Alexandre Kuciak, Ana Flávia de Oliveira, Fabrício Santos da Costa e Janaína Tatim, em Porto Alegre, e Mateus Bruschi, em Bento Gonçalves, foram em toda a trajetória grandes companheiros. Fabrício Santos da Costa discutiu as linhas gerais da tese em diversas ocasiões. Janaína Tatim fez centenas de preciosos comentários machadófilos, além de me ajudar com a nova ortografia. A ela também devo diálogos, perguntas, incentivos e indicações impossíveis de indicar em notas de rodapé, de tão onipresentes. Os colegas Alexandre Nell, Carla Vianna, Gisélle Razera e Guto Leite, em momentos diferentes, por razões diversas, colaboraram no fazer da tese. No mesmo sentido, deixo referência aos colegas da Associação de Pós-Graduandos da UFRGS, que compreenderam minhas ausências sempre que precisei me dedicar à escrita. A professora Regina Zilberman orientou-me com máxima competência. Foi um enorme privilégio ter contado com sua interlocução. A ela também devo ajudas sem fim em dificuldades junto à burocracia dos órgãos públicos. Gostaria de assinalar ainda o exemplo de trabalho e seriedade que ela dá aos que enfrentam o desafio de fazer da universidade uma instituição consequente e responsável. Em parte do período de pesquisas no Brasil, fui contemplado com bolsa CNPq. Por nove meses, a mesma instituição contemplou-me com bolsa de doutorado-sanduíche na Yale University, em New Haven, Estados Unidos. Ao agradecer ao CNPq, espero contemplar os funcionários que se ocuparam dos meus processos durante o doutorado, todos eles pacientes e amáveis, na tarefa de amparar pesquisadores. Contei sempre com o amor e o apoio de
Machado de Assis e a República de "A Semana
2021
xiii xiv AGRADECIMENTOS "Quando um homem se põe a escrever uma história, sem estar com o olho no dinheiro, mas por simples amor da verdade e do estilo, é natural que despenda cinco anos ou mais no trabalho…" Machado de Assis, "A Semana-22 de março de 1896". E lá se vão mais de cinco anos de trabalho com "A Semana", deixando-me conduzir pelas mãos de um cronista trigueiro. Ao longo desse tempo, descobri e redescobri o amor pelo ofício. Foram anos de diversão, mas também, devo confessar, de incertezas e desafios. Esta etapa só foi concluída por causa do suporte que recebi das pessoas que, de perto ou de longe, foram meu esteio. Agradeço à minha família pelo apoio e amor incondicionais ao longo desta caminhada. Aos meus pais, Nair e José, devo tudo. Obrigada, acima de tudo, por serem meus exemplos de vida. Um abraço especial aos meus irmãos e sobrinhos que sempre me motivaram. Obrigada também aos sogros, Isabel e Cloves, por me adotarem como parte da família e me tratarem como tal. Lá se vão também quase oito anos de IFCH. Não posso deixar de mencionar os colegas e amigos que fizeram desse período um dos melhores de minha vida. Meu particular agradecimento a Gabriela, Thamires, Juliana, Ligia, Jaqueline, Gabriel, Andrei e à turma História 07, pelos momentos de companheirismo e de suporte. A pós-graduação também me presenteou com pessoas que se fizeram fundamentais na caminhada. Um abraço especial a Daniele e Andrea. Mesmo com a distância intercontinental, vocês se fizeram presentes e me ajudaram a prosseguir. A Raquel G. A. Gomes devo tudo do que de bom se apresenta nesta dissertação. Obrigada pelas conversas diárias, pela visita em terras finlandesas, pelas risadas, pelo ombro sempre amigo e, em suma, pelo apoio. Sem você não teria conseguido chegar até aqui! xv Falando ainda de IFCH, não posso deixar de mencionar os professores que foram parte fundamental da minha formação. Agradeço especialmente a Silvia Hunold Lara, Robert Slenes e Fernando Teixeira que, na graduação e na pós, contribuíram para que eu aprendesse o que era o ofício de historiador e o abraçasse. Um especial agradecimento a Sidney Chalhoub que me guiou desde os primeiros passos dos estudos machadianos e que sempre se mostrou solícito e generoso em suas leituras e conselhos. Obrigada também a Daniela Silveira por se mostrar sempre atenciosa e pelos comentários fundamentais na banca de qualificação. Especial lembrança a Amy Chazkel que, muito gentilmente, me auxiliou desde a elaboração do projeto de pesquisa e sempre me deu indicações preciosas. Meu especial agradecimento ao meu orientador, Jefferson Cano, que aguentou muita insegurança, temores e dúvidas ao longo do percurso. Obrigada pela leitura atenciosa dos meus longos textos e pela paciência com uma orientanda quase sempre aflita. Agradeço ainda os amigos que, mesmo à distância, me ajudaram, torceram por mim e me levaram para longe da vida acadêmica, sempre que necessário. Não cito nomes para que ninguém fique de fora. Special thanks to my friends in Finland, where this dissertation was written. Thanks for making life easier, guys! O agradecimento mais devido deste trabalho é destinado a Raphael Kubo da Costa, que foi e é companheiro no sentido mais amplo do termo. Obrigada por ter estado comigo em todas as etapas e percalços deste trabalho, por ter aguentado muita choradeira, por ter rido comigo de piadas do XIX, por ter se tornado o principal interlocutor e incentivador de minha pesquisa e por ter me dado todo o suporte para que eu concluísse a jornada. Apesar de todas as dificuldades da trilha, nunca me senti sozinha. Amo você! Por fim, gostaria de ressaltar a importância da disponibilização do acervo da Hemeroteca Digital da Biblioteca Nacional, sem o qual esta pesquisa não teria sido possível. xvi "A história é isto. Todos somos os fios do tecido que a mão do tecelão vai compondo, para servir aos olhos vindouros, com os seus vários aspectos morais e políticos. Assim como os há sólidos e brilhantes, assim também os há frouxos e desmaiados, não contando a multidão deles que se perde nas cores de que é feito o fundo do quadro."
Fantasia (1940), Walt Disney e a imprensa no Estado Novo
Revista NEP - Núcleo de Estudos Paranaenses da UFPR
O cinema está inserido nas mediações culturais desde as primeiras décadas do século XX e quando analisado na forma de documento histórico, nos auxilia na compreensão de imagens e representações de seu tempo. Durante o final da década de 1930 e início de 1940, a indústria cinematográfica estadunidense estava quase que inteiramente voltada para os esforços da Segunda Guerra Mundial, assim como para a Política de Boa Vizinhança que os Estados Unidos exerciam na América Latina. Hollywood produzia filmes, séries, animações e propagandas para o governo estadunidense divulgar o American Way of Life no continente. Nesse contexto, Walt Disney atuou como um dos principais embaixadores da Política de Boa Vizinhança no Brasil, quando esteve no país em agosto de 1941, patrocinado pelo Office of the Coordinator of Inter-American Affairs, o OCIAA, para promover o lançamento da animação Fantasia (1940) nas capitais do Rio de Janeiro e São Paulo. O nosso principal objetivo neste trabalho é analisar ...
Intimidade Pública: Uma análise da correspondência de Machado de Assis entre 1875 e 1882
Intimidade Pública: Uma análise da correspondência de Machado de Assis entre 1875 e 1882, 2019
O cotidiano comunicacional, apreendido dentro de cartas íntimas, revelam uma esfera de existência em determinado momento histórico. O presente trabalho utiliza o cotidiano dentro da correspondência de Machado de Assis (esfera privada), entre 1878 a 1882, como categoria analítica; com o intuito de observar características do século XIX no Brasil (esfera pública), que estão presente nas obra do escritor carioca. Para analisar esse recorte temporal de cartas, primeiramente discuto sobre a verossimilhança proporcionada pela literatura realista e o jornalismo; sendo que ambos entregam ao leitor noções de realidade, mas não são, necessariamente, a cópia perfeita do plano físico da ação. No segundo capítulo, reconstruí alguns aspectos histórico-sociais do século retrasado, que estavam presentes no dia-dia do Brasil. Esses dois capítulos estabelecem pilares teóricos para o último. Com ele analiso 13 cartas da correspondência pessoal de Joaquim Maria Machado de Assis, situadas na época em que o autor lançou o seu primeiro romance realista: Memórias Póstumas de Brás Cubas .
Machado de Assis e o olhar irônico no país dos bacharéis
No artigo, estuda-se a visão crítica de Machado de Assis sobre a cultura jurídica brasileira do seu tempo, tal como expressa em alguns contos e crônicas do autor. Para tanto, apontam-se a relação entre bacharelismo e a figura do medalhão, bem como os problemas de eficácia social do direito, que chegavam à produção legal da ilegalidade em benefício das oligarquias. A ambiguidade entre legalidade e ilegalidade nessa cultura jurídica foi apropriada para fins privados, tendo em vista as dificuldades de aplicação da norma nos diferentes contextos políticos e sociais do Brasil no final da monarquia e início da república.
Machado de Assis e o debate sobre a visão dos escravagistas
2019
This article aims to present José Maria Machado de Assis’s perspectives about 19th Century Brazilian Slave Owner’s property comprehension, as well as about how that group used to relate with the land. We intend to do it, analyzing two administrative procedures of property request from Espirito Santo, a Brazilian province. Machado de Assis worked at the Agriculture ministry and wrote on those files. We also will consider two literary texts from this man of letters.
Niilismo e Concórdia: os leitores de Machado de Assis
Niilismo e Concórdia: os leitores de Machado de Assis, 2018
Em boa medida, quem criou o Machado de Assis que conhecemos foram seus leitores. Diante da imensa fortuna crítica que conta com importantes trabalhos estrangeiros (às vezes esses chegam a suplantar em importância os nacionais), além dos escritos de Roberto Schwarz, cujo empenho de quase toda uma vida se deu a interpretar quem chamou de “mestre na periferia do capitalismo”. Este mesmo crítico, apesar de uma forte contenda com Silviano Santiago a favor de modelos explicativos nacionais contra modelos estrangeiros para explicar a literatura brasileira, sempre contrapõe nossa sociedade a um tipo de liberalismo estrangeiro que nosso país nunca chegou a alcançar. Se essa própria noção de liberalismo pode em muito ser criticada, ainda mais seria sua aplicação a realidade nacional. Esse estrangeirismo na leitura de Machado de Assis transformou-o não em um grande autor, mas em um gigante. Contudo, o século XIX é repleto de lutas sociais importantes, teve autores de grande relevância participando disso (um dos casos paradigmáticos é Sousândrade), e tudo parece se ofuscar frente a presença do “bruxo do Cosme Velho”. Mas não se ofusca só a literatura, mas a complexa sociedade brasileira da segunda metade do século XIX como um todo. O pequeno texto abaixo tende a abrir algumas brechas diante dessa unanimidade machadiana, provocar alguns questionamentos, na análise principalmente dos leitores de Machado e do que se chamou de “autor hipocondríaco”, ou seja, o éthos da escrita machadiana.