O significado musical de tonus em Isidoro de Sevilha (original) (raw)
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O Silêncio como Tensão e Presença na Música Víbora
Anais XII EHA , 2017
É em um contexto que abraça as múltiplas formas de representação do silêncio que aqui se objetiva analisar a música Víbora, de Tulipa Ruiz. A canção retrata, na sua letra, a fala de uma mulher que se descobre traída, enganada, e que vocifera sentimentos de rejeição. Mas de modo mais atento, percebemos que além disso, a música se dá em forma de diálogo. O eu-lírico não se manifesta de modo aleatório, e sim se dirige especificamente, e de modo bem direto a um homem, de quem cobra uma postura diferente, honesta. Existe alguém que, em silêncio, ouve – e por meio deste calar que acolhe as acusações, emerge a presença de um segundo ente nesta música, tensionado pelo diálogo. Essa presença se explicita, mas ainda de modo bem sutil, nos momentos em que na trilha surgem pequenas intervenções: risadas de desdém, suspiros e um backing vocal muito discreto. Quem dá vida a esse segundo personagem é Criolo, quem assina a música em coautoria com Tulipa. É ele quem, de certo modo, dialoga em silêncio, e cuja presença marcadamente cria uma tensão.
Níveis de significação musical em Uirapuru de Heitor Villa-Lobos
Resumo: Este trabalho apresenta parte da discussão teórica e resultados de análise parciais da pesquisa de doutorado do autor, em andamento na Universidade Federal do Paraná (UFPR), cujo objeto são os poemas sinfônicos indianistas de Heitor Villa-Lobos (1887-1959). Aborda-se o poema sinfônico Uirapuru (1917) a partir da questão do significado em música. A perspectiva adotada é essencialmente semiótica com bases filosófico-epistemológicas que seguem uma linha hermenêutica, utilizando para isso as teorias das tópicas musicais e da narratividade. Inicialmente, apresenta-se a teoria da narratividade de Grabócz, principalmente a questão dos níveis de significado propostos pela autora, inspirada na semiótica Greimasiana. De acordo com a teoria, são propostas três categorias para analisar os níveis de significado em música: sema, no nível do motivo, classema, no nível do tema, e isotopia, no nível da seção formal. Na sequência, analisa-se um trecho de Uirapuru, entre os compassos 227 e 340, através da teoria exposta. Como resultado, é proposta uma interpretação de tópicas operando nos níveis do motivo (sema), do tema (classema) sendo que suas interações formam uma isotopia que compreende o trecho inteiro, denominado de tópica " dança primitiva ". Abstract: This paper presents part of the theoretical discussion and analysis of partial results from the author's doctoral research in progress at the Federal University of Paraná (UFPR), whose object are the Indianist symphonic poems by Heitor Villa-Lobos (1887-1959). It addresses the the symphonic poem Uirapuru (1917) through the issue of meaning in music. The perspective adopted is essentially semiotic with philosophical and epistemological bases following a hermeneutic line, making use of the theories of musical topics and narrative. Initially, we present Grabócz's theory of narrative, especially the issue of levels of meaning proposed by the author, inspired by the greimasian semiotics. According to the theory, three categories to analyze the levels of meaning in music are proposed: seme, the motif level, classeme, the theme level, and isotopy, at the level of formal section. Next, we analyze one segment of Uirapuru, between bars 227 and 340, by means of the exposed theory. As a result, we propose an interpretation of topics operating at the levels of the motif (seme), the theme 1 Orientador: Prof. Dr. Norton Eloy Dudeque. Agência de fomento: CAPES.
Significação das tonalidades na obra de Ludwig van Beethoven
Revista 4'33, 2020
[English below]: A discussão sobre o valor expressivo dos modos (ou, mais tarde, tons) remonta aos dias de Platão e Aristóteles. Mesmo com a atribuição de significados presente na teoria e estética musical tanto no início como no declínio do sistema tonal, não existe um consenso pleno entre os estudiosos sobre qual sentido deveria ser atribuído a um modo (Dórico, Lídio, etc.) ou a uma tonalidade (Dó maior, Ré menor, etc). A divergência entre os estudiosos nunca permitiu a criação de uma teoria universal da semântica dos modos e das tonalidades, tal como ocorre num dicionário ou léxico. Tendo isso em mente, é crucial estar consciente da semântica dos modos ao interpretar composições da common practice. No caso de Beethoven a sua profunda sensibilidade sobre a expressão tonal, assim como a sua consciência (também histórica) dos significados das to-nalidades são muito bem documentadas. Em sua última fase criativa, Beethoven também procurou aplicar modos gregos em suas composições (por exemplo, na sua Missa solemnis, ou Quarteto op. 132). Contudo, ao lado das propriedades expressivas de cada tonalidade ou modo, em numerosas obras de Beethoven era mais frequente a organização da sequência de tonalidades ou o resultado do contraste entre elas, que permitia, por meio de sua expressão, produzir significados. O objetivo deste artigo será, então, considerar os possíveis fatores importantes para Beethoven que formaram a sua consciência da ex-pressão tonal. The discussion about the expressive value of modes (or, later, keys) goes back to the days of Plato and Aristotle. Even though the attribution of meanings has been present in theory and aesthetics of music both at the beginning and in the decline of tonal system, there is no full consensus among the authors as to which meaning should be attributed to a mode (Doric, Lydian, etc.) or to a key (C major, D minor, etc.). The divergence among scholars never allowed the creation of a universal theory of the semantics of modes and tones, as occurs, for example, in a dictionary or lexicon. Bearing this in mind, it is crucial to be aware of the semantics of keys, while interpreting compositions from the common practice period. In the case of Beethoven, his profound sensitivity to tonal expression, as well as his awareness (also historical) of the meaning of keys, are well-documented. In his last creative phase, Beethoven also sought to apply Church modes in his works (for example, in his Missa solemnis, or String Quartet Op. 132). However, alongside the expressive characteristics of each key or mode, in many works of Beethoven it is more frequently an organization of the sequence of keys, or contrast between them, that participates in the creation of expressive meanings. Therefore, the purpose of this article will be to consider the possible factors important to Beethoven that formed his awareness of tonal expression.
Sinestesia e a Construção de Significação Musical
Este trabalho investiga a relação entre a sinestesia e a significação musical, analisando como a transposição de sensações atua nas remissões extrínsecas à estrutura musical. Verificou-se como se podem encontrar sinais da atuação da sinestesia nas três dimensões do objeto simbólico definidas por Nattiez/Molino: dimensões poiética, neutra e estésica. Procurou-se definir e diferenciar os conceitos de sensação, percepção e sinestesia, analisando também a relação entre a sinestesia como condição neurológica e a metáfora sinestésica. Investigou-se a sinestesia como forma de escuta, propondo uma escuta sinestésica consciente, que se acrescentaria à forma de escuta a partir das expectativas estilísticas proposta por Leonard Meyer. Para exemplificar tal escuta, fez-se a descrição de uma escuta sinestésica da obra Baku-Pari, de Guilherme Nascimento. Foi realizada uma análise da relação entre os elementos apontados na escuta sinestésica e a estrutura da obra, procurando estabelecer pontos de interseção entre os níveis neutro e estésico. Em entrevista com o compositor, procurou-se identificar elementos sinestésicos no discurso sobre seu processo criativo. Verificou-se também se ouvintes leigos, participantes de corais amadores utilizam referências sinestésicas na descrição de suas escutas musicais e se há convergência nas sinestesias percebidas, ou seja, até que ponto as sinestesias são compartilhadas ou são subjetivas.
A tonalidade em suspensão: a música em Dubliners de James Joyce
Through a survey of the critical fortune and the close reading of James Joyce's work, this research investigates the employment of music in Dubliners, both in form and in content. Concerning the formal uses, some strategies common to poetry stand out, such as assonances, alliteration, rhythm, metric, onomatopoeia, apart from more complex structural elements, inherent of musical language, such as leitmotiv, counterpoint, as well as theme and variation. The dissolution of causality and the distinct manner to deal with tension, aiming the building of the plot, resembles some musical resources used by the modernists that produced the gradual dismantling of the tonal system. Concerning the musical uses that act directly on the content, the allusions to musical pieces stand out and play a decisive role in building the atmosphere, constructing characters, and developing the plot. The hypothesis of this study is that the use of musical elements in Joyce's text is directly connected with the thematic recurrences of death, paralysis, Irish historical context, love, sexuality, and Celtic culture. The rapprochement between music and literature is seminal in Dubliners and Joyce is going to largely develop it in later works, in which the transformation of musical elements intersect with the words.
O estatuto da música tonal em Susanne Langer
Argumentos - Revista de Filosofia
Este artigo tem como objetivo entender em que termos a música, para Susanne Langer, é interpretada à luz de uma Filosofia das Formas Simbólicas. Esta expressão, por sua vez, é a que designa o programa teórico de seu mestre, Ernst Cassirer. A teoria da arte que Langer propõe, em Filosofia em nova chave e em Sentimento e Forma, se pretende uma continuidade da crítica da cultura empreendida por Cassirer, a qual se fundamenta na ideia de que, uma vez demonstrada a necessidade do simbolismo ( função psicológica sem a qual não há cultura), cabe à filosofia compreender e acompanhar o desenvolvimento histórico dos modos de manifestação do Espírito. A música, enquanto a mais abstrata das artes, é um modo particular de simbolismo cujo amadurecimento de sua forma interna desemboca no que chamamos hoje de música tonal. O tonalismo é o estágio em que a música atinge sua maior idade justamente por ter se mostrado capaz de operar a partir de leis próprias, sendo assim, o resultado de um longo pro...
A Sinestesia e a Construção de Significação Musical
Este trabalho investiga a relação entre a sinestesia e a significação musical, analisando como a transposição de sensações atua nas remissões extrínsecas à estrutura musical. Verificou-se como se podem encontrar sinais da atuação da sinestesia nas três dimensões do objeto simbólico definidas por Nattiez/Molino: dimensões poiética, neutra e estésica. Procurou-se definir e diferenciar os conceitos de sensação, percepção e sinestesia, analisando também a relação entre a sinestesia como condição neurológica e a metáfora sinestésica. Investigou-se a sinestesia como forma de escuta, propondo uma escuta sinestésica consciente, que se acrescentaria à forma de escuta a partir das expectativas estilísticas proposta por Leonard Meyer. Para exemplificar tal escuta, fez-se a descrição de uma escuta sinestésica da obra Baku-Pari, de Guilherme Nascimento. Foi realizada uma análise da relação entre os elementos apontados na escuta sinestésica e a estrutura da obra, procurando estabelecer pontos de interseção entre os níveis neutro e estésico. Em entrevista com o compositor, procurou-se identificar elementos sinestésicos no discurso sobre seu processo criativo. Verificou-se também se ouvintes leigos, participantes de corais amadores utilizam referências sinestésicas na descrição de suas escutas musicais e se há convergência nas sinestesias percebidas, ou seja, até que ponto as sinestesias são compartilhadas ou são subjetivas.
Apontamentos para um estudo do significado musical na obra de Tiganá Santana_ Marcos Santos
2016
O presente trabalho tem como eixo central a reflexão acerca das reações comportamentais, neste caso pessoais, ocorridas perante a escuta do album “Tempo e Magma”1 do compositor e cantor baiano Tiganá Santana, utilizando como suporte teórico os princípios encontrados na ideia de Significado Musical desenvolvida por Leonard Meyer (1918-2007). Nesse sentido, buscou-se analisar neste álbum a faixa intitulada Congo – Angola – Bahia, com intuito de melhor compreender as teias que envolve esta prática musical então capaz de gerar aos ouvidos não preparados o que Meyer chama de “frustração de expectativas”. Assim, para que este trabalho pudesse ser desenvolvido, dois fatores principais fizeram parte do processo de reflexão: 1º- a percepção da educação musical enquanto potencializador e reprodutora de práticas de escuta hegemônica, centrada no repertório euro-estadunidense; 2º- a compreensão da obra de Tiganá como elemento transgressor de um discurso musical único, que se distancia destas formas padronizadas de composição, ao passo em que aponta um outro caminho musical para o ouvinte não habituado à tal sonoridade.
THOMSON, Willian. O problema da tonalidade na musica primitiva e na pré-barroca
Durante a primeira metade de nosso século, o termo "tonalidade" tornou-se impreciso a ponto de atuar mais como um estímulo emocional do que como uma descrição acurada de eventos musicais. Em um caso, ele funciona como uma expressão vaga para coerência musical; em outro contexto ele implica não-progressividade ou pedantismo/formalismo. Uma vez que um termo usual tornou-se estabelecido como em um vocabulário profissional, cada pessoa que o profere acrescenta-lhe seu próprio conjunto de sentidos sem considerar sistematicamente as conseqüências que se seguem dessa interpretação pessoal. Eu não proponho que isso seja considerado um vezo lingüístico particularmente perigoso. Essa é a evolução normal de qualquer palavra que foi levada à vanguarda paras polêmicas musicais durantes nosso meio século experimental. Entretanto, parece razoável desejar uma mais precisa compreensão de qualquer palavra que esteja tão fortemente incorporada em nossa compreensão da música.