Motos e carros: percursos e pilotos à margem da legalidade (original) (raw)

Entre corpos abjetos e zonas de monstruosidade: traçados e passeios pela legislação

O presente trabalho consiste na análise crítica de normatizações e legislações referentes a sujeitos transexuais e travestis, no território brasileiro, contabilizando sessenta e um documentos, compreendidos entre 1997 e março de 2014. Ademais de podermos pensar o dispositivo da transexualidade que aparece como uma tentativa de docilizar corpos não-binários, domesticar sexualidades através da sua nomeação e reconhecimento social, reconhecimento este construído por um diagnóstico de transtorno de identidade de gênero. Que além de patologizar e psiquiatrizar vivências não normativas, destitui o sujeito trans* da autonomia sobre seu corpo, deslegitima sua identidade e o violenta de várias formas, até fixá-lo em padrões merecedores de políticas e direitos. A análise dos documentos apontou como conteúdo dois elementos centrais: uso do nome social e normas técnicas de patologização. Os discursos variam e ao mesmo tempo se assemelham, mostrando incongruências internas e reproduções errôneas (mas podemos falar em originalidade? E serão erros mesmo?). Dessa forma, criam-se alguns Frankensteins que podem ser potências, podem produzir anulações ou zonas de monstruosidade. Seja como abjeto, monstros ou ciborgues, as identidades trans* tencionam constantemente fronteiras e dialogam com o anômalo e as subjetividades nômades ao mesmo tempo em que oscilam entre discursos e figurações normatizadoras. Palavras-chave: Abjeto. Monstro. Ciborgue. Transgêneros. Judicialisation.

Percepção de risco e velocidade: a lei e os motoristas

Psicologia: ciência e …, 2007

Este artigo focaliza o excesso de velocidade no trânsito urbano e analisa o impacto da legislação sobre a percepção e o comportamento dos motoristas. O ponto de partida para a análise foram os textos legais sobre limites de velocidade: o Código de Trânsito Brasileiro de 1997, a legislação estadual, que modificou o enquadramento das vias no Paraná, e, em conseqüência, afetou as determinações relativas ao excesso de velocidade, e a Lei Federal de 2006, que modificou os limites de velocidade. Os textos legais apresentam ambivalências, que distorcem o conceito de limite e podem reforçar percepções inadequadas de que "correr moderadamente" não oferece risco. Isso se deve às constantes mudanças na legislação e à divulgação confusa, que permite que os motoristas reinterpretem a lei, identificando velocidades máximas conforme seu próprio entendimento. A placa de sinalização perde a função de estímulo discriminativo e torna-se incapaz de orientar um comportamento adequado e compatível com um trânsito seguro, o que potencializa os riscos. Recomenda-se que os textos legais sejam inequívocos, a fim de impedir outras interpretações, e fixem o limite único, a partir do qual todo excesso seja considerado gravíssimo. Palavras-chave: subjetividade e trânsito, percepção de risco, excesso de velocidade.

Motos, adesivos, circulação

seLecT, 2019

Trabalhos de João Loureiro comentam as coisas do mundo em simulações esquemáticas, com humor e acidez

Motoristas De Caminhao No Brasil Um Atravessamento No Tempo e No Espaco

2017

Agradeço à minha mãe Silvana Tagliati pelas inúmeras conversas motivadoras ao telefone, que acreditou em mim mais que eu mesma; e à minha segunda mãe Lígia, pelos sábios conselhos. Aos amigos pelas críticas construtivas e conversas inspiradoras. Um agradecimento especial à amiga e parceira Alexandra, que em tempos incertos, me forneceu um porto seguro; à Elisa e Heloísa, que estiveram sempre presentes e me ajudaram como puderam a finalizar esse trabalho. À minha prima Stefani, que me deu força e cumplicidade em todos esses anos da graduação. Ao meu amigo e companheiro Dario, que pacientemente me ouviu falar sobre essa pesquisa por meses, sempre me dando muito apoio e encorajamento. Ao meu pai, que incentivou meu hábito de leitura. À minha orientadora, professora Carmen Rial, que em me deu autonomia enquanto pesquisadora, se disponibilizou mesmo em outros países e em nenhum momento me desencorajou, e ao meu coorientador, Alex Vailati, pelas sugestões bibliográficas e críticas enriquecedoras. Não posso deixar de agradecer à minha família materna, que sempre viu em mim um grande potencial. À minha avó Cerlene, que dizem ser analfabeta, mas sabe ler a vida melhor que todos nós. Às minhas tias Simone e Sílvia, que são meu exemploassim como minha mãe e avóde força, humildade e generosidade. As grandes mulheres da minha vida. "Cambia lo superficial Cambia también lo profundo Cambia el modo de pensar Cambia todo en este mundo [...] Pero no cambia mi amor Por más lejo que me encuentre Ni el recuerdo ni el dolor De mi pueblo y de mi gente" Mercedes Sosa RESUMO O presente trabalho trata de uma pesquisa sobre como a compressão tempo-espaço, intensificada pelos processos de globalizações, interfere nas dinâmicas da categoria de profissionais motoristas de caminhão. Tem como centralidade as significações que são dadas ao tempo e ao espaço a partir da forma como os caminhoneiros se relacionam com eles. Através de entrevistas semi-estruturadas realizadas com sete motoristas, pôde-se constatar que há uma grande distinção dentro da categoria entre profissionais autônomos e empregados, e que essa pesquisa não seria possível sem levar em consideração tais diferenciações. O trabalho ainda leva em consideração a categoria de motorista-urbano ou rodoviário-, aspectos geracionais, os estudos sobre fluxos de pessoas e mercadorias, e a subjetividade de cada profissional entrevistado. É notório também as dificuldades que a pesquisadora enfrentou em campo por questões relacionadas ao gênero.

Por caminhos há muito percorridos: um itinerário do Contrabando sobre rodas

2018

Na decada de 70 do sec. XX sentiram-se os primeiros sinais contra a cultura do ritmo ‘acelerado’ onde dominava a quantidade evidenciando os instintos consumistas que tinham como consequencia, imediatamente visivel, a degradacao galopante do patrimonio construido e ambiental. Com o surgimento do movimento slow nos anos 80, paulatinamente, a qualidade torna-se mais importante que a quantidade, respondendo a varios problemas que afligiam o turismo e os destinos turisticos: a deterioracao das condicoes ambientais, a massificacao, a artificializacao e a globalizacao uniformizadora. O slow tourism, forma de viajar onde o turista se integra no destino, interage com os seus habitantes, respeitando a natureza e a identidade cultural dos lugares e reduz a pegada ecologica, comeca a ser um segmento de mercado em desenvolvimento, investindo-se na diversificacao de oferta. Esta nova geracao de produtos turisticos, em que o ‘slow is beautiful’, encontra-se associada, muitas vezes, as caminhadas e...

Jovens, percursos e atividades arriscadas nas corridas ilegais de carros: o risco como componente identitário

Mediações - Revista de Ciências Sociais, 2015

Pretende-se trazer algumas reflexões sobre as práticas das corridas ilegais de carros e motos (“rachas”) entre jovens de segmentos populares. O conhecimento transmitido ? “saber-fazer” ? nesse universo abre a esses jovens a possibilidade (precária) de uma atividade ou de um ofício que os potencializa, como indivíduos, grupo ou coletivo, para enfrentar, sobretudo, o desprestígio e a invisibilidade sociais, mas também a instabilidade profissional. No mundo dos motores e da velocidade, dentro dos limites fluidos entre lazer e trabalho, a experiência sensorial intensa potencializa contra as pressões e incertezas do cotidiano. Nas inter-relações de classe, de geração e de gênero, o risco torna-se, em tais práticas, um componente de construção identitária e de reconhecimento, além de poder ser uma forma de ganhar a vida.

Ingresso, permanência e abandono na profissão de motoboys: constituição de si e da profissão

Laboreal, 2015

Un nombre restreint de recherches a analysé l'activité des courriers motocyclistes, les conditions et formes d'organisation du travail auxquelles ils se confrontent et leurs effets sur les travailleurs. Et peu ont étudié les caractéristiques des personnes qui exercent la profession. La recherche présentée dans cet article a analysé l'entrée, la permanence et l'abandon du travail dans cette profession et les effets subjectifs et collectifs de ces parcours. L'étude, quanti-qualitative, a engagé 189 sujets et a recouru à des dispositifs théorico-méthodologiques guidés par l'Ergologie-tout en mobilisant l'Ergonomie de l'Activité, la Psychodynamique du Travail et la Clinique de l'Activité. Les résultats révèlent des aspects décisifs pour entrer, rester ou quitter la profession: caractéristiques de l'activité, conditions de vie des travailleurs, réseaux de relations personnelles et sociales, et possibilité de production de soi-même par le travail. On conclut que la diversité des parcours empêche la consolidation du collectif professionnel. Des impératifs en résultent pour les organismes publics sur le plan des politiques