A impermanência no olhar do fotógrafo-imigrante Haruo Ohara (1909–1999) (original) (raw)
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HAIKAIS FOTOGRÁFICOS: REPRESENTAÇÕES DE NATUREZA NAS IMAGENS DE HARUO OHARA (LONDRINA, 1930-1950)
No Brasil, as fotografias de regiões de fronteira ao longo do século XX apresentam um padrão de natureza produtiva. Em Londrina (PR), Haruo Ohara começou a produzir imagens entre os anos 1930 e 1950 que transcendem essa perspectiva, ressaltando as ambivalências entre produção e destruição. O objetivo deste artigo é compreender esse outro olhar, utilizando como fontes algumas das fotos de Ohara. Sua visão pode ser compreendida a partir de dois eixos explicativos: o lugar social ocupado pelo fotógrafo e as influências da cultura japonesa de caráter pré-migratório. Do ponto de vista teórico e metodológico, as fotografias são compreendidas como representações que estabelecem um duplo corte sobre o espaço e o tempo, como propõe Philippe Dubois.
A MEMÓRIA DO CAFÉ: O OLHAR FOTOGRÁFICO DE HARUO OHARA
Ateliê de História, 2017
Este artigo analisa as fotografias de Haruo Ohara sobre a temática do café. Seu objetivo é decifrar os signos fotográficos implícitos nas suas imagens. Seguindo a proposição metodológica de Boris Kossoy de análise e interpretação das fontes fotográficas, propõe uma desmontagem da imagem fotográfica, no sentido de estabelecer uma relação entre fotografia, memória e História.
Graduation Thesis Archive, PUC Minas, Belo Horizonte, MG, Brazil, 2019
The objective of this thesis is to analise the photographic studio portraits of black Brazilian slaves by photographer Christiano Junior, between 1864 and 1866 in the city of Rio de Janeiro, in order to analise and discuss the hypothesis that AfroBrazilian slaves, when photographed, subverted the slave logics of the system, affirming their human condition, having as theoretical reference the works of Roger Chartier and Sandra Sofia Machado Koutsoukos. The photographer’s look was white, but the look we perceive observing the Picture was the slave’s one. It is by this look, that I define as “return look” to the camera and that represents the cornerstone of my hypothesis, that the portrayed subject expressed his interiority. This “return look” was the mean by which the slave communicated his questioning about his condition, his life and his suffering to the photographer and to the image’s recipient, perpetuating his denouncement as an enslaved human being. The motivation of the research is to demonstrate that slaves were conscious of their identity, recognized themselves as subjects of rights and exercised some resistance against their discrimination. The photographer always tried to extract as much expressivity as possible from his subject, so portraying implied recognizing. This interpretation is based on a broader “clue paradigm”, including abolitionists’ activities, evidences of slaves’ revolts and escapes, their participation in artistic activities, carnival associations, popular and religious festivals. Therefore, the analysis starts from the images’ conceptual interpretation, by means of the cultural historiography studies, utilizing the categories of practices, representations and appropriations to analise images, observing a dichotomy between the white man’s posture and the portrayed slave’s look. Photography, as a cultural object, offered two opposite representations and slaves utilised it as one of the possible resistance practices, making it an instrument of social transformation. A quanti-qualitative methodology has been utilised, articulating it in two plans: bibliographic research of available literature and access to primary sources, as original photographs, papers and magazines.
Estudos de Religião, 2019
Entre 1939 e 1975, o fotógrafo Ken Domon realizou exaustivo levantamento de templos budistas situados no Japão, o que resultou na coletânea fotográfica intitulada "Peregrinação pelos templos antigos". O objetivo deste artigo, que se insere na proposta teórica da História Visual, é abordar a iconografia de Domon como objeto de pesquisa. São perscrutadas as razões que teriam levado esse fotógrafo a dedicar tanto tempo de sua vida a essa peregrinação. Como fontes, além da própria coletânea, são utilizados os ensaios escritos por Domon. Como discussão, sugere-se que o fotógrafo teria apropriado de elementos da ideologia nacionalista japonesa até 1945, ressignificando-os no pós-guerra com o intuito de buscar no Budismo, de seu ponto de vista, a essência da cultura religiosa japonesa. Palavras-chave: Ken Domon. Peregrinação pelos templos antigos. Budismo. Fotografia. Pós-guerra.
Walter Hugo Khouri: a coisa da imagem e a preponderância do afeto
um diretor singular, que atravessa a segunda metade do século XX com uma obra marcadamente pessoal. Dos muitos traços estruturais que podemos eleger para abordar sua filmografia, talvez um possa ser destacado: a singularidade de ser paulistano. Khouri é antes de tudo um cineasta nascido em São Paulo, debatendo-se com as contradições e o isolamento da metrópole no cenário cultural brasileiro. Nenhuma outra origem poderia lhe dar densidade suficiente para criar uma obra extensa, girando em torno de um tema central obsessivo, que passa ao largo das grandes questões sociais que marcam nosso cinema nos anos 60 e 70. Na obra do diretor há um grande ausente, chave para a compreensão de sua singularidade: a questão popular não está no horizonte de seus filmes, nem aparece como móvel recorrente para seus personagens. Os dilemas provocados pela má-consciência na representação da cultura popular, atingem frontalmente a maior parte dos grandes autores do Cinema Brasileiro. Cedo ou tarde, os cineastas nacionais parecem ter a obrigação de dedicar-se a um acerto de contas com a vida cultural e social, existente do lado de lá da fratura social brasileira. Em Khouri, os dilemas de Marcelo e de outros protagonistas, passam ao largo deste excelente móvel para a ação dramática. A grande metrópole e o estilhaçamento das tradições, fornecem-lhe substância para dar corpo à característica 'blasé' de seus personagens, permitindo que estes possam evoluir, sem a exasperação existencial gerada pela exclusão social. Os personagens de Khouri mergulham na vida da metrópole em busca de uma espécie de afirmação sexual que vai além da conquista. O que move estes personagens (e, em particular, Marcelo) é o narcisismo masculino.