Povo Filho Das Águas (original) (raw)

O Povo das Dunas

Sumário O elemento constituinte e determinante da realidade da Costa da Caparica é o humilde grão de areia. Melhor, o conjunto de muitos grãos de areia. Este artigo tenta apresentar a forma como a realidade dunar da Costa da Caparica determinou o estabelecimento de uma comunidade de pescadores da tradicional Arte-Xávega e de como, com base nela, a realidade humana veio a desenvolver-se para aquilo que conhecemos hoje. A realidade presente, em 2012, enfrenta, por sua vez, diversos desafios, o maior dos quais, é, sem dúvida, o desaparecimento da areia e com ela, as defesas naturais da cidade contra o avanço do mar. Mas quem são hoje as forças sociais ativas na cidade, quem é o Povo das Dunas? Abstract The most important element of the Costa da Caparica is the humble sand grain, or the ensemble of many grains. This article tries to explain how the dunes of Costa da Caparica determined the establishment of a fishing community of the traditional Arte-Xávega", and how from this starting point the human reality has developed to the city we know today. The present reality, in 2012, is facing several changes, the biggest of them the disappearance of the very same sand grains, which are the natural defense against the advance of the sea. However, who are today the social forces in place? Who is presently the People of the Dunes? A presença humana nos areais da Costa da Caparica é atribuída por diferentes autores ao estabelecimento de comunidades de pescadores no início do século XVIII. 1 Artigo apresentado no Colóquio Saberes Interculturais -Ambiente e Gentes do Litoral: Brasil, Moçambique e Portugal a 19 de maio 2012. 2 Podemos encontrar em Mário Silva Neves o relato de como se encontraram na Costa da Caparica companhas oriundas do norte, da zona de Ílhavo, com companhas oriundas do sul, do Algarve, que, num primeiro momento marcadas pela sazonalidade e com o cuidado de incendiar as cabanas construídas à partida, com receio da outra comunidade as usar (Neves, 2002), (Neves, 2008) . Segundo este autor, baseado na sua investigação, na Torre do Tombo e em manuscritos paroquiais do arquivo da Igreja de Nossa Senhora do Monte da Caparica, seria após o início do século XVIII que estas comunidades se viriam a fixar, mantendo a sua rivalidade, como de resto, bem ilustra com a inserção de uma publicação do Jornal da Catalunha, de 1740, intitulado "NOVA RELAÇAÕ DA BATALHA NAVAL, QUE TIVERAM OS ALGARVIOS COM OS SAVEIROS nos Mares, que confinaõ com o celebrado Paiz da Trafaria" (Neves, 2008, pp. 66-69). Francisco Silva, diretor do Centro de Arqueologia de Almada, numa comunicação no 1º Encontro sobre Património de Almada e Seixal, que decorre ao mesmo tempo deste Colóquio, num artigo a publicar em breve, apresenta uma carta militar da Península de Setúbal datada de 1816 onde, sob a denominação "Cabanas da Costa" se podem já ver dois grupos habitacionais separados, um a norte e outro a sul, composto de cabanas, apresentando quatro edifícios de alvenaria, além da igreja. Estes autores são corroborados por vários outros, nomeadamente por Henrique Souto, que tem desenvolvido um trabalho destacado no domínio da pesca tradicional e das suas comunidades (Souto, 2003). Porém, antes de abordar esta tradicional oposição norte-sul da Costa da Caparica, presente, como vimos, desde a sua formação no início do século XVIII, atentemos nas razões da sua fundação, ou seja, nas razões que levaram comunidadescompanhasde Arte-Xávega a saírem dos seus locais originais, deslocando-se para outros. Na verdade, se por um lado a realidade geográfica dunar da Costa da Caparica, propícia à faina da Arte-Xávega, sem um solo arenoso não seria possível a fixação daquelas comunidades pois não seria possível pescar daquela forma, por outro lado, é também a areia que determina a saída das companhas da zona de Aveiro, mais propriamente o assoreamento das suas

O Inimigo Do Povo

Aurora Revista De Arte Midia E Politica Issn 1982 6672, 2007

Que simpático rato! Não tem nada de repelente ou tétrico ou nojento. E-para dizer tudo-Há homens menos inofensivos."

Peço Água

The importance of water for life and the importance to create a mentality of water productivity among the livestock farmers. The World does not suffer from an energy crisis, but of water. Water shall be a determinant factor for the international trade, mainly for meats.

PATRIMÓNIO DA ÁGUA NAS COMUNIDADES DA SERRA DOS CANDEEIROS

Resumo: Em virtude de um arrojado plano agronómico promovido pelos monges cistercienses de Alcobaça, entre os finais do século XVII e o curso do século XVIII, a maior mata de folhosas dos coutos, localizada no colo da Serra dos Candeeiros, dá lugar a extensas plantações de olival. Para alcançar este feito o mosteiro desenvolve uma política de colonização de forma a conquistar braços para os trabalhos culturais da oliveira. As populações têm de conviver com condições adversas à vida, nomeadamente a falta de águas de nascente e um solo magro e pedregoso, de que resulta fraca cópia de frutos. O povoamento desenvolve-se em torno das escassas lagoas permanentes que pontuam na charneca serrana. Para além deste recurso, as populações cooperativamente edificam cisternas e poços para recepcionar as águas pluviais. Graças a estas estratégias conseguem obter a água indispensável para os gastos familiares, pecuária de gado miúdo e animais de trabalho, hortas e milheirais. A partir da década de 20 do século transacto o desafogo económico de alguns agregados familiares permite a edificação de cisternas privadas, mas a maioria da população tinha de se contentar com o aproveitamento dos poços comunitários, com a deslocação diária às fontes localizadas na área fértil e ainda celebrar contratos de fornecimento de um cântaro de água diário em troca de géneros e serviços na lavoura do proprietário. Palavras-Chave: Cister, Mosteiro de Alcobaça, Património da Água, Cultura material.

Águas Que Não Correm Mais Pro Mar

As características da Amazônia dependem, em grande medida, da extraordinária abundância e circulação de água. Ainda assim, pressões exercidas pelo desenvolvimento econômico têm comprometido seriamente os recursos hídricos regionais, através da expansão agrícola, da construção de barragens e da mercantilização do meio ambiente. A melhoria da gestão de recursos hídricos está fundamentalmente relacionada a novas bases de produção econômica, padrões tecnológicos e redistribuição de oportunidades sociais. Palavras-chave: Amazônia. Recursos hídricos. Ecologia política.

A Natureza Da Voz É Água

Revista Rascunhos - Caminhos da Pesquisa em Artes Cênicas, 2017

Resumo Relato de experiências vividas no workshop com Maud Robart assistida por Thibaut Garçon, parte do V Interfaces Internacional Intercâmbios em Artes Cênicas: Voz e Rituais. Está organizado por temas e imagens (que envolvem questões ligadas à voz), as quais são expostas segundo o ponto de vista de cada uma das autoras e de acordo com suas práticas pedagógicas, artísticas e espirituais. Essa opção libera-as de um pensamento único, abrindo para eventuais e alvissareiras contradições e embates de idéias, enriquecedoras para a discussão sobre a natureza da voz. Para identificação das vozes de cada uma das autoras, são colocadas as suas iniciais ao início de cada parte.

Água Da Palavra

Metamorfoses - Revista de Estudos Literários Luso-Afro-Brasileiros

Depois de tantas insistidas vezes, é lugar comum dizer das relações de identidade entre Mia Couto e Guimarães Rosa. São infindáveis os escritos que a academia faz multiplicar em acúmulo redundante do tema, já que -- dispensando qualquer singela ou pretenciosa explicação -- o próprio autor moçambicano sempre fala com ternura de sua formação literária, sua meninice de leitor autodidata, a companhia do pai e a vigilância da mãe. Além dos muitos poetas e prosadores africanos que continuam teimando emforcejar com a última flor do Lácio, Mia Couto presta reverência à moderna literatura brasileira e em particular à obra roseana.

A Trama das águas

Horizontes Antropológicos, 2008

Ao descrever a vida dos Suyá, Anthony Seeger (1980) conta que, nas terras baixas da América do Sul, sempre que se ouve música alguma coisa importante está acontecendo, alguma conexão está sendo criada ou recriada entre diferentes domínios da vida, do universo ou do corpo humano e seus espíritos. Mas para entender a música dos Suyá, Seeger precisou se afastar da noção tradicional de "arte", que pensa a música como atividade, antes de tudo, estética. Nas terras baixas, a música é parte fundamental da vida social, não somente uma de suas opções.

Filhos Da Pátria, De João Melo

Revista Crioula, 2009

De Angola, primeiramente publicado em 2001 pela editora Nzila, chega agora ao Brasil, através da editora Record, Filhos da Pátria, de João Melo. Um livro de contos que obriga a revisitação da historia literária daquele país e convida a um passo adiante nas discussões acerca de sua produção literária. Embora ainda não possa ser considerada farta, já é rica a fortuna critica disponível no Brasil acerca das Literaturas Africanas em Língua Portuguesa, que investiga sua estreita relação com a constituição dessas nações em sua luta pela independência. No caso específico de Angola, a literatura desempenhou papel fundamental na criação de narrativas que servissem como cimento social aos "grupos étnicos historicamente diferenciados, integrados em universos culturais distintamente marcados" (CHAVES, 1999, p. 30) que formam o país.

Agua e a Tragedia dos Comuns 1

De um lado a discussão importantíssima sobre a gestão de recursos hídricos no país, principalmente sobre uma visão prospectiva, ou seja a repercussão futura das nossas ações que são feitas na atualidade. O que se discute neste artigo são os modelos baseados em plataformas tecnológicas construídas no passado e que repercutem hoje e possivelmente repercutirão em escala aumentada no futuro.