Historiografias e historiofotias da paisagem (original) (raw)

A paisagem como fonte histórica e como produtora de memória

História Revista, 2015

O objetivo deste artigo é realizar uma discussão sobre o uso da paisagem como fonte para a história, bem como sua elaboração na produção de memória. A sociedade produz e reproduz o seu espaço de acordo com as suas necessidades e com os recursos técnicos e econômicos de que dispõe. À medida que ela vai se modificando, marcas e heranças das atividades econômicas do passado vão se registrando na paisagem. Produzida historicamente pelos homens, segundo a sua organização social, o seu grau de cultura e o seu aparato tecnológico, a paisagem é o reflexo da organização social e de condições naturais particulares. Portando, constitui-se em um espaço natural, social e histórico. Para a sustentação destes argumentos, utilizaremos a metodologia da História da Ambiental. Ao fazer uma análise histórica das paisagens, consideramos que elas são sistemas abertos, submetidos permanentemente a fatores aleatórios – entre os quais os variados tipos de ação humana. A paisagem é o lugar de projeções e sim...

A GEOGRAFIA COM PIVÔ DA HISTÓRIA

RESUMO 1) INTRODUÇÃO Para o autor, os últimos 400 anos anteriores ao ano de 1900 poderá ser conhecido como a Época Colombina. Ele a define como a época na qual a exploração geográfica havia se encerrando e as possibilidades de descobertas substanciais de novas terras se esgotaram. Além disso, no início do século XX as conquistas políticas se consolidaram rapidamente e de modo quase absoluto. Na Europa, nas Américas, na África ou na Austrália qualquer pretensão de apropriação territorial só seria possível por meio de guerras. E na Ásia observa-se as últimas disputas iniciadas entre os marinheiros Vasco da Gama e os cavaleiros Cossacos. Para Mackinder, a época colombina se caracteriza pela expansão europeia contra resistências desprezíveis. Já a expansão da Cristandade na idade média sofreu alguma oposição do mundo bárbaro. Porém na época pós-colombina, o sistema político seria fechado e sua esfera de ação seria o mundo inteiro. As explosões de forças sociais passariam a ter impacto e reflexos de abrangência mundial. Pela primeira vez na história, a abrangência mundial de tal sistema político permitiria estabelecer uma correlação de causalidade, ou mesmo de determinação, das características geográficas sobre a história universal. Em outras palavras, é possível buscar uma fórmula que tente expressar, em certa medida, alguns aspectos de causa e consequências entre a geografia e a história internacional. 2) OBJETIVOS DO AUTOR: O autor diz que se propõe a descrever as características físicas do mundo que impulsionam a ação de Londres, enquanto potência mundial. Além disso, procura fazer uma análise das principais fases históricas nas quais a geografia tem um papel relevante associado aos rumos tomados pelo curso histórico. Para Mackinder o curso tomado pela história é resultado da iniciativa do homem, mas é a natureza que orienta as decisões. Afirma o autor que pressão exercida por uma tribulação comum e a necessidade de se opor a forças externas são elementos fundamentais para se forjar a ideias de nação e para ele, a Europa e história europeia está subordinada à Ásia e a história asiática, e a civilização europeia é produto das lutas seculares contra as invasões asiáticas. 3) RELAÇÃO ENTRE AS CARACTERÍSTICAS GEOGRÁFICAS E AS DISPUTAS POLÍTICAS E MOVIMENTOS POPULACIONAIS 3.1) Condições climáticas Buscando estabelecer esta relação entre o mundo físico e político, Mackinder descreve o contraste do mapa mundial, em que a Europa ocupa a metade do continente enquanto as potências ocidentais ocupam territórios relativamente reduzidos.

A índole dialógica da paisagem

Caderno de Geografia

Tendo como objeto empírico as relações dialógicas inerentes ao processo de implementação de projetos urbanos em fase inicial, o presente artigo tem por objetivo defender a índole dialógica da paisagem; defender que essa categoria geográfica é ontologicamente dialógica. Defendemos que uma abordagem dialógica da paisagem nos permitirá refletir, por exemplo, sobre a relação paisagem-poder extrapolando a dicotomia, que tem tomado esse debate, entre paisagem hegemônica e contra-hegemônica. Permitirá, num mesmo movimento, extrapolar o fetichismo da rebeldia que tem tomado os debates que revelam a mobilização de elementos da paisagem como forma de contestação e canal para reivindicações públicas frente a projetos urbanos em fase inicial; extrapolar a relação entre resistência e paisagem em direção ao entendimento de uma índole responsiva e, logo, dialógica da paisagem.

Aspectos da história da paisagem e do paisagismo do Recife

Anais Seminario De Historia Da Cidade E Do Urbanismo, 2012

A história da paisagem do Recife revela fases da evolução da ocupação humana sobre os ecossistemas naturais -águas ribeirinhas e marítimas, restinga, manguezal e a Mata Atlântica. Essa ocupação vai mostrando, paulatinamente, como aconteceu a formação de uma paisagem urbana contendo além dos elementos naturais, as edificações, pontes, fortes, muralhas e espaços públicos. A descrição dessas alterações no sítio primitivo, obedeceu a observações em mapas históricos, iconografias e desenhos de paisagens que representassem momentos expressivos e pontuais. Procediam assim de ações espontâneas e de projetos de cunho paisagístico ocorridos no intervalo que vai do século XVII durante o governo do holandês Mauricio de Nassau até a atuação do paisagista Roberto Burle Marx na década de 1930. Também foram levados em conta os relatos de visitantes estrangeiros e de estudiosos em diferentes períodos. O conteúdo da pesquisa constitui material para a identificação de unidades de paisagem que permaneceram e precisam ser conservadas como referências históricas. As unidades de paisagem são recortes significativos que retém atributos e valores a serem preservados porque perpetuaram ao longo do tempo as ações primitivas do homem na paisagem natural, no sitio, com determinado tipo de constituição física, caracterizando assim combinações especificas de componentes sociais e físicos do Recife. Os jardins projetados pelo paisagista Burle Marx constituem expressões artísticas do paisagismo brasileiro e caracterizam paisagens diferenciadas no Recife.

Paleontologia e paisagem.

2015

O segundo capítulo - Paleontologia e Paisagem - oferece um diálogo dentro da perspectiva da Paleontologia, não prescindindo da presença humana, tratando de tempos recuados, em que o Homem não estava presente na Terra. Abre-se, neste capítulo, o termo ‘’paisagem’’ na acepção das ciências naturais, colocando a paisagem, no sentido metafórico, como um agente formativo de organismos em seu ambiente. Este capítulo foi idealizado de modo a corroborar no entendimento da ‘’evolução’’ dos organismos em seus respectivos ambientes. Neste eixo temático, parte-se de indagações relacionadas à origem e ao processo evolutivo ‘’condicionado’’. Parte-se, de questões, como, por exemplo, da existência de organismos mais ou menos evoluídos. Ou mais ou menos adaptados aos seus ambientes. Ou, também, questões relacionadas a formações continentais e a origem/modificação das espécies existentes nos continentes.

Arqueologia, comunidades e histórias da paisagem

2021

Este artigo é resultado de parte do esforço da equipe do Laboratório de Arqueologia e Estudo da Paisagem da UFVJM ao trabalhar em conjunto com a comunidade local (e regional) onde atua, para além da Extensão ou Extroversão, mas de maneira colaborativa entendendo a comunidade como coprodutora de conhecimentos. Nessa perspectiva, partimos do conceito de Paisagem para a compreensão das vivências e experiências das pessoas em Felício dos Santos e suas relações com os bens arqueológicos com os quais convivem cotidianamente e organizam narrativas sobre origens, sentidos e possibilidades de vida. Iniciamos a discussão com a apresentação das características fisiográficas e dos dados arqueológicos obtidos pelas investigações, para em seguida discutirmos as narrativas locais que envolvem essa multiplicidade de saberes, tanto na materialidade quanto na imaterialidade. O objetivo é sublinhar o quanto os bens arqueológicos e os marcos da paisagem estão e são presentes na vida das pessoas de modo...

A FOTOGRAFIA NA HISTÓRIA EM QUADRINHOS

Este trabalho busca investigar as relações entre fotografia e histórias em quadrinhos, a partir do estudo de três casos em que essas relações apresentam-se de forma particular: são as obras 'Maus', de Art Spiegelman, 'Valsa com Bashir', de Ari Folman e David Polonsky; e 'O fotógrafo', de Didier Lefèvre, Emmanuel Guibert e Frédéric Lemercier. O objetivo é compreender a noção de Weltliteratur proposta por Goethe dentro de uma perspectiva contemporânea, em que a totalização da literatura dá-se não apenas pela aventura através da alteridade idiomática e cultural, mas também pelo cruzamento das mais diferentes linguagens narrativas. Este estudo, portanto, quer oferecer um modelo para a análise de obras multimodais para as quais, justamente por serem novidade, ainda não se tem uma teoria sólida.

Conversas com a paisagem

EDUFES, 2013

"Viajar, transitar, percorrer, transladar, caminhar, deslocar, seguir, passar, perceber, refletir, analisar, conhecer, conversar. Cada uma dessas palavras manifesta o desejo de encontrar um território ao qual pertenço, mas que, ao mesmo tempo, sinto não ser o meu" – é o sentimento que perpassa essa obra de fotografias de viagens.

SEDUÇÃO E DESAFIOS DA BIOGRAFIA NA HISTÓRIA

Este trabalho se propõe a discutir alguns problemas que perpassam a escrita biográfica e a análise de trajetórias individuais no campo da história, buscando trazer à discussão o leque de alternativas metodológicas que são possíveis ao historiador ao investigar um problema a partir do estudo de uma vida, bem como os desafios a serem transpostos ao longo deste percurso.