CONFLITO SOCIOAMBIENTAL E AVALIAÇÃO DE RECUPERAÇÃO DE ÁREA DEGRADADA: NA TRILHA DA COPESQUISA COM COMUNIDADE GARIMPEIRA NA CHAPADA DIAMANTINA, BAHIA (original) (raw)
Incluir as componentes história e política é uma forma coerente de estudar geosistemas, uma vez que a sociedade não é homogênea, muda rapidamente e o seu meio ambiente é espaço de disputa por diferentes apropriações e significações. Na Chapada Diamantina (BA) o garimpo artesanal de diamante desde 1842, predominantemente semimecanizado (com dragas) a partir da década de 1980, constituiu-se como processo tecnogênico crucial, integrante da cultura local e importante fonte de renda. Porém, as modificações ambientais potencializaram preocupações ambientalistas e a proposta de tornar o lugar pólo turístico em substituição da economia mineral, levando à criação de unidades de conservação e à proibição do garimpo na década de 1990. Um garimpo de dragas ressurgiu em 2010 ainda imerso em conflitos, mas com fundamental diferença: recuperação intencional da área degradada. Logo, tornou-se necessário desenvolver uma abordagem sobre o conflito, associando-o às transformações ambientais, incluindo a perspectiva da comunidade garimpeira, de modo que contribua para a sustentabilidade socioambiental. Buscou-se elaborar uma metodologia participativa para estudo de conflito socioambiental envolvendo sujeitos sociais da Chapada Diamantina e recuperação de área degradada pelo garimpo. Foram feitas visitas de campo ao longo do ano 2012, conversas informais com informantes-chave atuantes na região (pesquisadores, lideranças garimpeiras e ambientalistas, funcionários de órgãos minerais e ambientais) e levantamento bibliográfico e documental. Formulou-se proposta metodológica integrando três abordagens: 1) Etnoecologia dos garimpeiros para investigar a visão destes acerca do conflito socioambiental, das modificações do garimpo no ambiente e da recuperação do mesmo; 2) avaliação da recuperação da área degradada promovida pelos garimpeiros no garimpo atual, com foco nos serviços ambientais do solo e da água que são relevantes para favorecimento da recuperação da biota e para mitigar impactos sociais negativos comuns à garimpagem na região; 3) Ecologia Política e História Ambiental do fenômeno no período recente. Relacionam-se os seguintes procedimentos: 1) levantamento bibliográfico e documental sobre aspectos físicos, históricos e políticos da área; 2) entrevistas e mapas mentais com sujeitos sociais envolvidos no conflito, sobretudo com garimpeiros para suprir também a abordagem etnoecológica; 3) análise da qualidade da água atingida pelo garimpo atual e da recomposição do perfil do solo removido por este. Por fim, poderão ser georeferenciados e espacializados áreas de conflito envolvendo o garimpo e modificações ambientais associadas. A importância deste tipo de pesquisa é a corresponsabilização dos sujeitos sociais desde a elaboração da proposta permitindo, além da compreensão do conflito socioambiental e dos fatores determinantes para as modificações da paisagem com foco no período atual, perspectivas de diálogo e de contribuições para a superação do conflito.