A etnoecologia: uma ciência pós-normal que estuda as sabedorias tradicionais (original) (raw)

Onde ecossistemas, pessoas e saúde se encontram

Sustentabilidade em Debate

As mudanças ambientais antrópicas despertaram a atenção para a importância dos ecossistemas como fundamentais para sustentar a saúde e o bem-estar humanos. Várias escolas de pensamento e campos de atuação em pesquisa e ação buscam compreender a saúde e os fenômenos sociais e ecológicos associados. Apresentamos 18 desses campos de atuação destacando seus elementos comuns e divergências. Eles convergem em torno do cruzamento de fronteiras disciplinares e na aplicação do pensamento sistêmico, enquanto as principais diferenças são encontradas nas metodologias, nos enfoques de pesquisa e no enquadramento dos problemas. Embora os campos busquem promover a saúde pelos caminhos sustentáveis e equitativos, as abordagens despolitizadas e a-históricas continuam sendo parte da prática padrão. Pesquisas futuras requerem um compromisso maior na avaliação das nossas próprias condutas como atores políticos e na promoção de novos espaços de discussões sobre a dinâmica de poder, a fim de (re)centrali...

Entrelaçamentos

dObra[s] – revista da Associação Brasileira de Estudos de Pesquisas em Moda, 2021

As duas primeiras décadas do século XXI consistem em um período fértil para refletirmos sobre a diversidade de representações e estéticas corporais no contexto da comunicação midiática de marcas plus size, sejam elas globais ou locais. Abordamos, neste artigo, os entrelaçamentos da moda com a biopolítica, com o objetivo de problematizar como marcas de moda plus size, ao visibilizarem o corpo gordo, evidenciam a constituição de biopolíticas bastante afeitas às lógicas de mercado – o que denominamos biopolíticas do consumo. Para tanto, analisamos a comunicação de duas marcas de moda plus size, Savage X Fenty e Rainha Nagô, a fim de identificar características das biopolíticas do consumo contemporâneas em contextos marcários distintos. Para fundamentar teoricamente nossas reflexões, mobilizamos autores que se dedicam aos estudos de Consumo, Comunicação, Moda e Biopolítica. Quanto aos resultados alcançados, as biopolíticas do consumo manifestam-se na moda plus size entre o controle e o ...

Por um corpo cênico ecopoético

2015

O presente artigo realiza uma reflexao sobre o lugar do corpo do ator na contemporaneidade. Convida a pensar a corporeidade desde uma perspectiva transdisciplinar, derridiana, pos-estruturalista e complexa, analisando-a como construcao antropocentrica que legitima o lugar do humano em detrimento da natureza e propoe o desenvolvimento de uma corporeidade mais-do-que-humana que leve a um corpo cenico ecopoetico articulador de sustentTexto realizado a partir da comunicacao na mesa Transdisciplinaridades e outros corpos.abilidade.

Novos Pensamentos & Reflexões Emergentes - Editorial

DATJournal, 2018

Editorial Esta edição especial do DAT Journal considera o pensa-mento do Sul. Ela parte da seguinte indagação: "No lugar em que a prática é constituída como investigação, como seriam as vozes do Sul na pesquisa em Arte e Design?" Em 2009, Raewyn Connell publicou um livro chamado Southern Theory (Teoria do Sul). Respondendo às crescen-tes preocupações sobre a maneira pela qual o Norte Global domina o modo como o discurso é moldado e disseminado, a autora questiona a validade de representar o conhecimento global a partir de uma perspectiva essencialmente cosmopo-lita. A crítica de Connell desafiou as percepções de que o Sul Global era periférico. Mas, afinal, o que é esse tal Sul Global e como isso afe-ta o conhecimento? Srinivas Aravamundan argumenta que Norte e Sul são "ontologias relacionais e dialéticas, e não ab-solutas" 1 , e Anthony Gardner sugere que o processo de cons-trução de conhecimento do Sul é essencialmente "um modo de questionamento (...) tanto analítico quanto catalítico." 2 Certamente, poucos pesquisadores entendem a ideia do Sul meramente como uma localização geográfica. De fato, se as-sim fosse, então "Sul" seria um equívoco, porque muitas das populações indígenas no hemisfério sul se veem no centro do mundo em que vivem. 3 Dito isto, é preciso considerar que certas populações con-sideradas "do Sul" têm características distintas. Além dos pro-cessos de negociação da descolonização, países como a Nova Zelândia e muitas nações do Pacífico têm tradições acadêmi-cas que enfrentam desafios históricos e contínuos, incluindo o triunfo do individualismo sobre a responsabilidade coletiva, a revogação do respeito pelo conhecimento e influência ances-trais, a remoção das dimensões genealógicas e cosmológicas da Sérgio Nesteriuk, Welby Ings Novos Pensamentos & Reflexões Emergentes Prática enquanto pesquisa em arte, design e tecnologia

Incursões Biopolíticas: o poder jovem nas tramas da arena pública

Orientadora: Profª.Drª. Nair Iracema Silveira dos Santos Porto Alegre 2011 AGRADECIMENTOS À professora Nair, minha caríssima orientadora, pelo auxílio e amizade que tornaram essa pesquisa um bom encontro. Às minhas colegas de pesquisa, Ana, Lúcia, Guilene e Irene, pela escuta nos momentos em que essa dissertação era apenas um rascunho de ideias. Aos meus queridos colegas filósofos, Leonardo, Marden, Valéria, Juliana, Fábio, Anelise, Willian, Mariano, Caio e Roberto, pela amizade e belíssimas trocas de ideias. À minha querida companheira, Nola, pela paciência e ouvido atento às minhas inquietudes, pelo amor e apoio nos momentos em que mais precisei. Aos meus pais, Vera e Mario, pela vida que me deram. Às minhas irmãs e sobrinhos, pelo apoio e fé que sempre depositaram em mim. À professora Gislei e a amiga Júlia, pela sensibilidade ao lidar com a problemática dos jovens. Aos meus queridos colegas conexionistas, que provaram que a Universidade pode ser realmente transformadora e plural. Ao Comitê de Resistência Popular da Restinga, um espaço de luta, amizade e utopia, um lugar que me fez ver o mundo de outro modo.

O MEIO AMBIENTE E SEUS ELEMENTOS NATURAIS: Uma visão sobre os direitos difusos

Presente artigo tem como objeto demonstrar a importância dos elementos do meio ambiente natural: água; atmosfera; e solo, para o desenvolvimento pleno das espécies vivas do planeta, em especial o ser humano. Sendo que a preservação que a partir daí se impõe para o equilíbrio ambiental deste verdadeiro patrimônio natural, em face da degradação que vem sofrendo sob todos os ângulos, é fruto da ganância econômica. Tanto assim, o interesse maior em nível mundial, tem-se verificado em função da flora, pela importância estratégica que desperta, por ser ao mesmo tempo fonte de subsistência e medicinal, muito embora a água seja a mais propalada pela importância sobre o solo e a atmosfera. Segue-se a ela a fauna, por se tratar de espécies exôticas e facilmente transportáveis pelos denominados traficantes internacionais de animais, cujas somas pecuniárias resultam em lucros inimagináveis, que estão a merecer maior proteção das nações.

O cuidado com a diferença

Revista Educacao Especial, 2007

A partir de um posicionamento conceitual em torno da questão da "diferença", tratada como categoria filosófica e como atitude frente ao outro, explora-se essa dimensão em sua riqueza, dificuldade e contradição, apresentando uma breve revisão de aspectos relacionados, tais como a incerteza, a complexidade, o estranho, o cuidado. Dando ênfase a este último, desenvolve-se o pressuposto do necessário diálogo com "o outro", com a alteridade e as relações com a verdade, as separações e as formas de exclusão. Busca-se-ao destacar a necessidade de tomar consciência da existência de outras formas de existir, modos de ver, atitudes e práticas diferenciadas, capacidades insuspeitas-a intensificação de práticas inclusivas que possam acolher o estranho e a transitoriedade, enfrentar o medo e a dor que se apresentam com a alteridade e, assim, potencializando o cuidado com a diferença, e adquirir possibilidades insuspeitadas de aprendizagens. Palavras-chave: Diferença. Cuidado. Incerteza. Complexidade. * Psicóloga, professora, pesquisadora, Doutora em Educação/UFRGS. I. Os desafios da diferença Vivemos os paradoxos e contradições de uma sociedade excludente que se propõe a uma educação inclusiva. O que fazer diante desse desafio? Como enfrentar a estranheza, o espanto, e mesmo o pânico, quando a escola se depara com o(s) sujeito(s) que se apresenta(m) fora da ordem? Quem define o sujeito da ordem? Qual é a ordem desse nosso tempo, de "líquida modernidade"? Como podemos pensar esse convívio com o estranho, com a alteridade, num mundo complexo, em que a universalidade supõe uma ruptura, um engajamento, uma aposta, um risco? Para pensá-lo, começarei examinando uma categoria filosófica que carrega em si a divisão e a alteridade: a diferença1. Sabemos que a diferença faz crescer, é uma oportunidade de sair dos limites, do conhecido, ultrapassar fronteiras, exercer outros olhares, experimentar novas experiências, mesmo quando essas possibilidades e esses impedimentos são constituintes de nossa humana natureza. Esse não é um exercício fascinante apenas, pois a vida com o outro é difícil, e sem o outro é impossível. Convívio inquietante e perturbador com a alteridade, com nossa própria divisão, com o mal-estar da estranheza, o horror e a angústia de nos enfrentarmos com o que está escondido, o secreto, a sombra. Estranhos em nós mesmos, duplos e secretos, tão bem analisados por Freud em O estranho (unheimlich)2 , em que propõe uma forma para explicar a experiência de desorientação, a inquietante estranheza frente ao que somos, ao que acreditamos ser, ao que nos ameaça desde o mais secreto e escondido de nós mesmos. Nas palavras de Kristeva3 : Estranha, também, essa experiência do abismo entre mim e o outro que me choca-nem mesmo o percebo, ele me anula porque talvez o nego. Diante do estrangeiro que recuso e ao qual me identifico ao mesmo tempo, perco os meus limites, não tenho mais continente, as lembranças das experiências em que me haviam deixado cair me submergem, descontrolo-me. Sinto-me "perdida", "vaga", "enevoada". Múltiplas são as variantes do sobrenatural encontro com o outro): todas reiteram a minha dificuldade em me colocar em relação ao outro e refazem o trajeto de identificação-projeção que jaz no fundamento de meu acesso à autonomia. Uma das rupturas mais importantes que balança nosso mundo contemporâneo se refere à revolta em relação ao desejo de universal, aos universais englobantes, deterministas, reducionistas, instalados e fechados. Vivemos a complexidade do singular. Vivemos o desafio da diferença, que provoca desarranjos, rupturas, desordens, deslocamentos, revoluções. Revoluções são atos de movimento que não se dão no vazio, nem acontecem sem luta, sem resistência, sem jogo de oposições.4 É importante definir o conceito de desordem, que não é uma noção simétrica da ordem. Compreende a idéias de álea, contendo também, as idéias de agitação ou de dispersão e quando se Recebido em 02 de setembro de 2007 Aprovado em 06 de novembro de 2007 Edição anterior Página inicial Próxima edição

Pesquisar é estranhar a realidade

Educação em Perspectiva

A produção de conhecimento não é uma linha reta que segue em direção a um inconteste progresso. Ao contrário disso, tal produção sofre contínuas perturbações, no entrelaçamento de saberes, práticas, maneiras de pensar. Certo é que tais questões trouxeram interferência na própria noção de pesquisa científica, sendo que a realidade, vista como sendo um quebra-cabeça a ser decifrado – um código a ser desvendado por meio de ferramentas teórico-metodológicas cada vez mais apuradas – foi assumida como possuindo uma essência imutável a servir de modelo a partir da qual se organizavam todas as variações possíveis. Compreender esse núcleo fundante, essa verdade, ponto da gênese do cosmos, das grandes narrativas e de tudo que o difere, se tornou um projeto, seguramente ambicioso, da ciência moderna em seus desdobramentos em diferentes áreas de conhecimento. Porém, seria possível fazer da dúvida metódica cartesiana um instrumento de questionamento das verdades que a própria modernidade acolheu...

Sobre mundos interiores, paisagens e a natureza do olhar

ON GARDENS : Nature as matter of expression, 2023

Nas relações entre natureza e paisagem, entre natureza e jardim, entre natureza e arte, é possível identificar uma mesma questão, uma área de contraste, alocada, não sem alguma tensão, entre dois movimentos apa- rentemente distintos: de um lado, certa autonomia dos devires próprios da natureza; e, de outro lado, um suposto controle e intencionalidade na ação humana sobre determinada natureza, nas elaborações entendi- das como paisagem, jardim, e nas artes. A partir dessa colocação, pro- pomos uma questão. Se tal tensão pode ser observada na relação entre o ser humano e a natureza, poderá sê-lo também na relação entre o ser humano e a natureza de sua interioridade, de seu pensamento, de seu olhar? Nesse sentido, poderíamos entender também o inconsciente, tal como conceituado na psicologia moderna, como uma forma de natureza em nossa interioridade? É o que tentaremos discutir neste ensaio. PALAVRAS-CHAVE: Natureza, Paisagem, Jardim, Arte, Interioridade.