MAPA TECNOLÓGICO PARA REATORES DE TÓRIO NO BRASIL (original) (raw)

O Brasil possui em seu território vastas reservas de tório, um mineral atômico mais leve que o urânio e que também possui a capacidade de ser utilizado como combustível em reatores nucleares. As históricas pressões da geopolítica nuclear desde o final da Segunda Guerra Mundial retardaram, mas não conseguiram impedir que o Brasil dominasse o ciclo completo do combustível urânio, desenvolvendo capacidade técnica autóctone e independência tecnológica no abastecimento de suas usinas. A segunda década do século XXI assiste ao contínuo crescimento mundial da demanda por energia elétrica, que provoca a expansão da geração nucleoelétrica com a construção de novas plantas, consequentemente estimulando o aprimoramento tecnológico. Embora a energia nuclear seja uma energia de base que atende às demandas climáticas de redução do aquecimento global, traz consigo as questões controversas da proliferação nuclear e dos resíduos radioativos. Paralelamente, o cenário geopolítico aponta para mudanças, onde o tradicional cerceamento tecnológico parece reduzir-se diante da formação de fóruns internacionais com colaboração científica e tecnológica internacional em torno do desenvolvimento compartilhado de novos conceitos de reatores nucleares, classificados como de quarta geração pelo Fórum Internacional de Quarta Geração – GIF. Tanto as tecnologias anteriores como os novos modelos podem adotar o ciclo do combustível tório, ao invés do urânio ou urânio-plutônio, com adaptações. O Brasil possui experiência em pesquisa com o tório e considera a energia nuclear estratégica para o País, além de ser membro do GIF. Entretanto, um dos maiores empecilhos para a expansão do investimento em tecnologia nuclear no País é a dificuldade de inclusão da matéria na agenda política, com promoção de amplo debate que possa culminar no estabelecimento de políticas públicas consistentes para Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação na área (PD&I). Neste contexto, surgiu a oportunidade para conceber um mapa tecnológico inédito propondo o desenvolvimento de reatores de tório no Brasil. A ferramenta Mapa Tecnológico sintetiza as informações necessárias para tomada de decisão em um documento único, fornecendo uma visão abrangente, resumida e de fácil compreensão. Mapas tecnológicos têm sido utilizados por países como a China e a Austrália bem como por organizações como a Agência Internacional de Energia Atômica – AIEA para orientar políticas públicas de médio e longo prazo. O presente trabalho propõe um mapa tecnológico para construção de um reator de tório no Brasil, com o objetivo de viabilizar a formulação de políticas públicas específicas que contemplem o desenvolvimento de reatores nucleares no Brasil com tecnologia autóctone utilizando o ciclo do combustível tório.