Crônica e romance: imagens da cidade (original) (raw)
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Cespuc Crônica e romance: imagens da cidade
Refletir sobre os gêneros que se encenam no corpo do romance é lançar uma luz sobre sua configuração no cenário da modernidade, principalmente, com o advento do romantismo francês. Esse contexto revela que, já na formação de uma das tendências mais fortes do romance, a do romance-folhetim, esse gênero transitou num espaço de confluência de produções textuais. Referimo-nos ao espaço do jornal, que acolheu vários gêneros, dentre eles, a crônica e o romance folhetim.
Narrativas fotográficas sobre a cidade
Revista Brasileira de História - Vol. 27 N. 53, 2007
Este artigo traça relações entre fotografia e narrativa, fotografia e coleção. Consideram-se os álbuns fotográficos enquanto coleção que apresenta uma determinada narrativa configurada pelo ordenamento das imagens fotográficas no seu interior. A partir da leitura visual de um álbum de vistas da cidade de Porto Alegre, propõe-se uma metodologia de abordagem dos álbuns e imagens fotográficas que busca tecer uma narrativa ensejando sentidos precisos, procurando dar a ver uma cidade de feições modernas.
Cidades literárias, realidades traumáticas
As cidades fictícias de Macondo e Nova Córdoba, construídas respectivamente na literatura de Gabriel Garcia Marquez (Cem Anos de Solidão) e Alejo Carpentier (O Recurso do Método), revelam o viés traumático do processo de urbanização e modernização na América Latina no século XX. Marcado por grande violência, seja no âmbito econômico, social, político e simbólico-discursivo, esse processo gerou duas dinâmicas distintas: de adestramento para o esquecimento nas formações sociais reais, e de existência na memória literária, na qual ficou guardado como vestígio simultaneamente histórico e imaginário. Palavras-Chave: cidades literárias – modernização traumática – memória/esquecimento
Imagens urbanas nas crônicas de Drummond para o Correio da Manhã
Imagens urbanas nas crônicas de Drummond para o Correio da Manhã, 2023
Pesquisa iniciada em 2014, com a elaboração do projeto apresentado na seleção de doutorado para o Programa de Pós-Graduação em Literatura, Cultura e Contemporaneidade, e previa o estudo das obras Fala, amendoeira (1957) e A bolsa & a vida (1962), ambas pertencentes à produção cronística de Carlos Drummond de Andrade. Após o ingresso para o doutorado a investigação ampliou-se para o estudo da representação da cidade na coluna intitulada “Imagens”, publicada no jornal Correio da Manhã, do Rio de Janeiro, entre os anos de 1954 e 1968, por Carlos Drummond de Andrade.
A escrita por imagens da cidade em Carlos Drummond de Andrade
Revista do Sell, 2016
O objetivo deste trabalho é investigar pressupostos teóricos que contribuam com a discussão de aspectos significantes no que diz respeito à representação de um pensamento por imagens relacionadas à memória dos espaços das cidades na obra de Carlos Drummond de Andrade. Para isso, serão elencadas crônicas publicadas inicialmente no jornal Correio da Manhã, que circulavam ao título geral de “Imagens”, além de mencionar a poesia do escritor itabirano, que será evocada na medida em que sua escrita repercuta na constatação da produção de uma escrita por imagens. Tais textos serão analisados com o intuito de examinar a construção de imagens poéticas relacionadas, sobretudo, à experiência urbana. Nesse sentido, para amparar o enfoque aqui apresentado, partirei de algumas considerações teóricas discutidas por Walter Benjamin (Benjamin,1994) no ensaio Sobre o conceito de história e alguns fragmentos pertencentes ao livro Passagens (2006), bem como provocar um diálogo com Octavio Paz, a partir...
A ruína na cidade através da literatura e da fotografia
Scripta
Este artigo analisa o processo de modernização do espaço urbano através de uma leitura de textos literários que apresentam a cidade como um cenário em ruínas. São incluídas fotografias de ruínas urbanas para compor junto à literatura, reflexões sobre o processo de degradação da paisagem citadina. Como modo de compreender a relação da experiência do sujeito na cidade, deve-se refletir sobre a destruição da memória de construções abandonadas, como as ruínas habitadas em Havana, descritas no conto Uma arte de fazer ruínas de Antonio José Ponte. Além disso, outras descrições literárias também contribuem como forma de observar o processo de destruição de antigas construções. Convém observar que as fotografias ilustram nesta apresentação as produções literárias sobre a ruína na cidade. Por exemplo, as fotografias de Robert Polidori que registra Havana, revelando os vestígios de uma arquitetura abandonada, de espaços que resistem ao tempo como forma de abrigo da vida humana. De modo simila...
A crônica enquanto gênero testemunhal da cidade
Trabalho apresentado no Seminário “Humanidades em Contexto: saberes e interpretações”, na Universidade Federal de Mato Grosso, 2014
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo investigar os determinantes históricos e conceituais do gênero literário crônica. Partimos da hipótese de que tais determinantes nos permitem reconhecer neste formato uma criação cujo olhar privilegia as temáticas típicas da urbis. Gênero híbrido, fruto de um diálogo entre o jornalismo e a literatura, a crônica retém da linguagem literária o apuro estético e do registro midiático, a preocupação com a documentação da realidade em sua conformação atual. Do grego chronos, ela está indissociavelmente ligada a seu tempo, às demandas do cotidiano, às transformações que se dão no meio social. Podemos dizer, de outro modo, que a crônica é passível de ser conceitualmente pensada em seu caráter documental, enquanto instrumento de investigação histórica. Estamos diante de um formato textual que depura os fatos ordinários tecendo uma memória social propensa a remontar épocas. Tendo sua origem ainda na Idade Média, é no entanto, à sua fixação moderna e citadina que lançamos nosso olhar, com o intuito de compreender como opera enquanto gênero testemunhal do espaço urbano. Para tanto, percorremos um caminho interdisciplinar, agregando recursos teóricos dos estudos jornalísticos, literários e históricos. Consideramos que tomar a crônica como objeto de reflexão científica é problematizar as balizas fundantes dos campos em questão, alargando searas e promovendo diálogos epistemológicos. Palavras-chave: Crônica. Cidade. Jornalismo. Literatura.
A cidade contemporânea afigura-se um território onde as imagens conquistam um peso importante na forma como nos relacionamos socialmente, como entendemos o meio em nosso redor e nos orientamos nele. Nesta paisagem urbana descobrimos a publicidade, a propaganda política, a videovigilância ou arte pública oficial, tal como nos surpreendemos continuamente pelo poder disruptivo de gramáticas subversivas representadas pelo graffiti, pela street art ou por determinados estilos juvenis espectaculares. A cultura visual urbana constitui, por isso, um agregado complexo de dispositivos erigidos e mantidos por diferentes agentes sociais. Exige-se, por isso, um olhar mais denso, analiticamente mais consistente, à forma como socialmente é construído este campo do visível. Este é o principal objectivo desta obra. Aqui reunimos o testemunho de investigadores de diversas áreas disciplinares que se debruçam sobre várias cidades e continentes, debatendo e teorizando o papel actualmente desempenhado pela imagem, pela comunicação visual e visualidade na metrópole
Rio de Millôr: crônicas de uma cidade
REVISTA DE LITERATURA, HISTÓRIA E MEMÓRIA (UNIOESTE), 2008
As crônicas millorianas expuseram uma identidade urbana carioca, construindo uma memória da cidade, ou melhor, uma identidade do Rio de Janeiro enquanto metonímia do Brasil. Henry Rousso (2002) destaca que a memória coletiva é uma reconstrução psíquica e intelectual que acarreta de fato uma representação seletiva do passado, o qual não é apenas do indivíduo, mas de um indivíduo inserido num contexto familiar, social, nacional. Neves (1995) observa, nas crônicas, um deslizamento discursivo expressivo da capitalidade do Rio de Janeiro, já que, muitas vezes, Brasil e Rio de Janeiro são termos intercambiáveis. Seja como for, a crônica tem como especificidades as recriações da língua e da estética visual, a síntese da realidade cotidiana, a interlocução com o público, a intromissão na vida privada e nas relações de poder, o contato com a rua, entre outras intersecções. Portanto, as crônicas de Millôr se intrometem nas questões cotidianas, no comportamento da cidade e de seus personagens, nas relações políticas, nas redes de sociabilidade.