As Gramáticas Latinas Como Corpora Para Os Estudos Da Variação e Mudança Linguística Na Obra Serafim Da Silva Neto (original) (raw)
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RESUMO O objetivo deste artigo é demonstrar o quanto e como as gramáticas latinas serviram de objetos textuais de análise para que Serafim da Silva Neto (1917-1960), no conjunto de sua obra, apresentasse subsídios para a configuração de uma teoria sobre a variação e a mudança linguística, entre os anos 40 e 50 do século XX, portanto, 20 anos antes e independentemente dos estudos a que modernamente denominamos Sociolinguística (MORAES, 2015), disciplina autônoma em que se investigam as relações da língua com a sociedade. Com isso, procuramos explorar o horizonte de retrospecção de Silva Neto para, à luz da história, esclarecer como ele construiu conceitos a respeito da variação e mudança linguísticas a partir de sua prática filológica latina, tendo como base os corpora dos quais extraiu importantes dados na construção de seus argumentos sobre a heterogeneidade linguística. ABSTRACT The purpose of this article is to demonstrate how and how Latin grammars served as textual objects analysis for Serafim da Silva Neto (1917-1960), in all of his work, present grants for setting up a theory of variation and linguistic change, between 40 and 50 of the twentieth century, so 20 years before and independently of the studies modernly call Sociolinguistics 1 O presente artigo é uma versão ligeiramente modificada do capítulo cinco (cap. 05) de nossa tese de doutoramento intitulada Unidade na diversidade: as ideias de Serafim da Silva Neto como subsídios para a constituição de uma teoria da variação linguística. A obra pode ser acessada pelo seguinte endereço eletrônico: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/8/8142/tde-23032016-131430/pt-br.php. Para o presente estudo, o escopo foi reduzido. 2 Doutor pela Universidade de São Paulo-USP. É vice-líder do GT Gramáticas: História, descrição e discurso – CNPq.
método de pesquisa e análise da variação e mudança linguísticas em Grammaticas da Lingua Portugueza
Domínios de Lingu@gem, 2022
Pesquisas desenvolvidas por Moraes (2017a, 2017b, 2020, 2021a [no prelo], 2021b [no prelo) mostram como, do ponto de vista histórico, pode ser produtiva a abordagem da variação e da mudança linguística em lugares como as gramáticas. Instrumentos linguísticos (AUROUX 1992, 1998), a princípio, voltados não apenas para a descrição da língua, mas também para o apagamento das variedades e para o nivelamento ou homogeneização das falas não oficiais; as gramáticas, entretanto, vistas em seu conjunto (corpus), mostram-se, nesta nova perspectiva proposta, como repositório de diferentes e sucessivas sincronias pretéritas. É interessante observar que, vistas a partir de uma nova perspectiva histórica e historiográfica, portanto, com os contornos de um novo objeto a ser explorado nos limites da Linguística Histórica, as diversas vozes que os gramáticos intentaram, em seu tempo, e ao longo dos séculos, silenciar, a partir de negativas atitudes linguísticas (HALLIDAY et al. 1976; LEITE 2005), por...
Unidade na diversidade: as ideias de Serafim da Silva Neto como subsídios para a constituição de uma teoria da variação linguística VERSÃO CORRIGIDA São Paulo 2016 DEDICATÓRIA Dedico este estudo à minha família, com amor, admiração e gratidão pela compreensão, carinho, presença e incansável apoio ao longo do período de elaboração deste trabalho. Em especial... À Valéria, minha esposa, que acreditou quando eu disse que conseguiríamos... Conseguimos mais uma vez, meu amor! À Fernandinha, que, desde muito pequena, soube dividir o papai com as pesquisas... Ao vô Néo, seu Manoel Araujo, nascido em 1917, que aos 98 anos nos surpreende e nos inspira com seu vigor de vida; e ao meu pai, Jorge de Moraes, que, durante o processo de elaboração desta tese, passou por uma delicada cirurgia cardíaca, cuja recuperação, graças a Deus, nos surpreendeu positivamente. Cada um, a seu modo, aproxima-se do meu objeto de pesquisa. Os mais íntimos saberão por que. 6 AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus, por me reservar esta grande preparação intelectual, em uma das maiores Universidades do país. À Profa. Dra. Marli Quadros Leite, pela orientação segura, pelos anos de convivência em que muito ensinou, contribuiu e apoiou para o meu crescimento científico e intelectual. Durante todo esse processo, também agradeço pela amizade e pela confiança em mim depositadas. Ao Prof. Dr. Carlos da Costa Assunção, pela atenção dispensada e segura orientação durante minha estada como bolsista do Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior (PDSE) na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro-Vila Real, Portugal, e também como membro de meu exame de qualificação. À Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH-USP), pela oportunidade de realização do curso de mestrado e, agora, doutorado. À Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela concessão da bolsa de doutoramento e pelo apoio financeiro para a realização desta pesquisa, inclusive no período de três meses durante meu estágio no exterior (PDSE),
Serafim da Silva Neto 1917 1960 e a Filologia Brasileira
As pessoas que listo a seguir estiveram, de um modo ou de outro, envolvidas no processo de elaboração deste trabalho. Entre as diferentes razões que me levam a lhes dizer "muito obrigada", destaco apenas as mais prosaicas e óbvias, já que, aquelas mais importantes, a gente jamais consegue agradecer suficientemente. Agradeço, então: À Cristina Altman, pela orientação bastante próxima e constante e pelas oportunidades frequentes de aperfeiçoamento que tem proporcionado, a mim e às demais participantes do Grupo de Estudos em Historiografia da Linguística Brasileira da USP, desde a sua criação, em 1993.
BAGNO, Marcos. Nada na língua é por acaso: por uma pedagogia da variação linguística. São Paulo: Parábola Editorial, 2007. O livro "Nada na língua é por acaso: por uma pedagogia da variação linguística", de Marcos Bagno, consiste em uma das obras que compõem a série Educação Linguística, publicada em 2007, pela Parábola Editorial. Outros livros do autor como Preconceito Linguístico: o que é como se faz (2000); Dramática da língua portuguesa: tradição gramatical, mídia e exclusão social (2001); A língua de Eulália (2001); Linguística da norma (2002) publicados por outras editoras também versam sobre a temática da Variação Linguística com diferentes olhares. Marcos Bagno é professor de Linguística da Universidade de Brasília, UnB. Escritor, poeta e tradutor e vem se dedicando à pesquisa e a ação no campo da educação linguística, com interesse particular no impacto da sociolinguística sobre o ensino. O livro está dividido em duas partes: a primeira com oito capítulos dedicado...
Caligrama: Revista de Estudos Românicos, 2012
Resumo: Estudos diacrônicos têm identificado o final do século do XIX como um momento em que mudanças sintáticas foram implementadas no português brasileiro (PB). Alguns desses estudos foram listados por Tarallo (1993) e por meio deles o autor concluiu que o final do século XIX foi o período em que surgiu a gramática do PB. Apresentamos os resultados de outros dois estudos que se enquadram nesse perfil (CHAVES, 2006; MOREIRA, 2008) e utilizam amostras escritas como fonte de dados, no intuito de mostrar que os resultados podem ser interpretados de outro modo. Argumentamos que mudanças descritas a partir de dados escritos não se implementaram no período apontado, mas anteriormente. Nesse sentido, por extensão, sugerimos que o final do século XIX não é o período em que emerge a gramática do PB. Esse é o momento em que essa gramática se massifica no domínio da escrita, uma vez que inovações linguísticas tornam-se visíveis na escrita quando são bem aceitas na fala. Palavras-chave: Implementação linguística; língua escrita; gramática; português brasileiro; século XIX * Universidade Federal de Minas Gerais.
Resumo: Em 1994 e 2002, John Milton investigou a tradução de novelas da língua inglesa consideradas clássicas no Brasil. O autor concluiu que no país, a representação literária de variedades linguísticas estrangeiras tende a não ser traduzida. Esta pesquisa examina retraduções publicadas entre 2002 e 2014 de uma das obras do corpus das pesquisas de Milton: Wuthering Heights (1847), de Emily Brontë. A investigação encontrou pistas que apontam para uma possível transformação do polissistema brasileiro de literatura traduzida em relação às representações de variedades linguísticas. Fazendo referência à classificação proposta por Rosa (2012), identifico as estratégias e procedimentos adotados pelos tradutores nas obras que consideram a variedade linguística. Por fim, correlaciono tais estratégias e procedimentos a traços linguísticos do vernáculo geral brasileiro, descritos por Bagno (2011). Palavras-chave: Tradução Literária. Variação Linguística. Oralidade. Emily Brontë. Retraduções. LINGUISTIC VARIETIES IN THE BRAZILIAN POLYSYSTEM OF TRANSLATED LITERATURE: CHANGES. Abstract: In 1994 and 2002, John Milton examined the translation of English language novels considered classics in Brazil. The author concluded that the literary representation of linguistic varieties tends not to be translated in the country. This research examines retranslations published between 2002 and 2014 of one of the books in Milton's research corpus: Wuthering Heights (1847), by Emily Brontë. This investigation found clues suggesting a possible transformation of the Brazilian polysystem of translated literature in relation to representations of linguistic varieties. Referring to the classification proposed by Rosa (2012), I identify the strategies and procedures adopted by the translators in the works that consider the linguistic variety. Finally, I make a correlation between such strategies and procedures and linguistic traits of the General Brazilian Vernacular, described by Bagno (2011).