Mythos e logos nos diálogos platônicos (original) (raw)
Related papers
Mythos e logos no poema de Parmênides
CONTE, Bruno Loureiro. Mythos e logos no poema de Parmênides. 2010. 138f. Dissertação (Mestrado) -Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2010.
Usos e sentidos de 'mythos' e 'logos' antes de Platão
O presente artigo tem por objetivo determinar o campo semântico dos termos mythos e logos em autores anteriores a Platão. Nos limites destas páginas, seria obviamente impossível fazer um levantamento exaustivo e completo de todas as ocorrências destes termos em tão vasto corpus textual. A solução para este constrangimento metodológico foi limitar a análise a um reduzido número de autores -por assim dizer -'paradigmáticos': Homero, ABSTRACT: This paper intends to determine the semantical field of the words mythos and logos in pre-platonic authors. It would be impossible, within this range, to register every occurrence of these words in such wide textual corpus. The solution to this methodological difficulty was to limit the analysis to a small group of authors, which may be considered paradigms of Greek language: Homer, Hesiod, Pindar, Heraclitus, Parmenides and Xenophanes.
A retórica platônica no diálogo Górgias
Revista Ética e Filosofia Política, 2022
A presente pesquisa busca refletir, a partir do Górgias de Platão, sobre a controversa estratégia que Sócrates utiliza para desqualificar a retórica sofista, definida por ele como uma falsa tékhne no âmbito da justiça. Surpreende neste diálogo a intensa carga dramática aplicada por Platão nas refutações de Sócrates contra as convicções de Górgias, Polo e Cálicles, combinando recursos retóricos, a fim de levá-los à contradição e, assim, “vencer” o debate. O uso da makrologia, da crítica ad hominem, de uma terminologia ambígua e, claro, da vergonha que suscita em seus oponentes, nos apresentam uma face singular do elenchos socrático, que desperta diretamente os protestos e a hostilidade por parte de Polo e Cálicles. Mas o que justifica a forte carga dramática platônica que aproxima a habitual retórica sofista do método usado por Sócrates? O estudo aqui apresentado, apoiando-se no cruzamento tanto das leituras textuais e subtextuais, como das argumentativas e dramáticas no Górgias, vê na genialidade literária platônica um lugar de destaque para uma articulação de sua prática discursiva com a mesma sofística que ele combatia, e que o teria levado à arena do visceral embate político ateniense.
Trabalho apresentado no IV Encontro Nacional de Pesquisa na Graduação em Filosofia da UFPa, realizado do dia 24 a 28 de novembro de 2014, na Universidade Federal do Pará/UFPa. Produzido sob as condições de Comunicação, o presente texto trata do tema abordando, em linhas gerais, as estritas questões delineada no resumo. Esta Comunicação se deu no dia 26 de novembro, Sessão de Comunicação II, Mesa IV - Teoria do Conhecimento.
Eros e Philia na filosofia platônica
Archai: Revista de Estudos sobre as Origens do Pensamento Ocidental, 2014
A navegação consulta e descarregamento dos títulos inseridos nas Bibliotecas Digitais UC Digitalis, UC Pombalina e UC Impactum, pressupõem a aceitação plena e sem reservas dos Termos e Condições de Uso destas Bibliotecas Digitais, disponíveis em https://digitalis.uc.pt/pt-pt/termos. Conforme exposto nos referidos Termos e Condições de Uso, o descarregamento de títulos de acesso restrito requer uma licença válida de autorização devendo o utilizador aceder ao(s) documento(s) a partir de um endereço de IP da instituição detentora da supramencionada licença. Ao utilizador é apenas permitido o descarregamento para uso pessoal, pelo que o emprego do(s) título(s) descarregado(s) para outro fim, designadamente comercial, carece de autorização do respetivo autor ou editor da obra. Na medida em que todas as obras da UC Digitalis se encontram protegidas pelo Código do Direito de Autor e Direitos Conexos e demais legislação aplicável, toda a cópia, parcial ou total, deste documento, nos casos em que é legalmente admitida, deverá conter ou fazer-se acompanhar por este aviso.
Transmutação do mythos e possibilidades linguísticas do logos no poema de Parmênides
Hypnos, 2014
O artigo investiga a relação entre mythos e logos no poema de Parmênides. Os caminhos parmenideanos do Ser e do Não-Ser são interpretados como metáforas estruturadoras, de modo que o elemento mítico – lógica de ambivalência – prepara o surgimento do não-mítico – lógica de não-contradição. A partir da ideia de transmutação do mythos, proposta por Couloubaritsis, sustentamos o argumento de que a aplicação da linguagem mítica ao contexto da busca do ser humano pelo conhecimento consiste na condição de possibilidade para a emergência de distintos níveis linguísticos no poema, dentre eles o discurso significante.
Aspectos Cômicos do diálogo Górgias de Platão
Gêneros Poéticos da Grécia Antiga, 2014
No Górgias, Sócrates se desculpa antecipadamente à personagem homônima, caso ela venha a entender que sua crítica à retórica lhe pareça ser uma ridicularização de sua atividade profissional (462e-463a). A ocorrência do verbo diakōmōidein nesta passagem (literalmente, “fazer comédia de”, 462e7) não é uma escolha acidental de Platão, pois a discussão subsequente entre Sócrates e Polo é de fato permeada de elementos tipicamente cômicos. Todavia, a menção indireta à comédia neste trecho do Górgias não parece indicar apenas que o debate entre as personagens remeta o leitor aos agōnes cômicos, tais como aqueles que conhecemos por meio das peças supérstites de Aristófanes; Platão parece ter em mente aqui, no tratamento da retórica como uma espécie de “lisonja” (kolakeia), uma comédia aristofânica em específico: Os Cavaleiros, encenada no festival das Leneias em 424 a.C. Nela, Aristófanes satiriza a figura do político Cléon (sob a máscara da personagem Paflagônio) e do político democrático em geral, bem como sua relação de dominação e/ou subserviência para com o Povo, representado na peça também como personagem. O objetivo principal desta comunicação, portanto, será mostrar como em Os Cavaleiros encontram-se presentes diversos elementos de caracterização da prática oratória que serão centrais na crítica de Platão à retórica no Górgias, quando ele a define como uma espécie de lisonja (462b-466a). Serão ressaltadas nesta análise tanto as semelhanças de imagens, analogias e metáforas empregadas por ambos os autores (e, em especial, a analogia entre retórica e culinária), quanto os ecos verbais, com o intuito de mostrar como Platão parece se apropriar de elementos da sátira aristofânica na sua reflexão crítica sobre a retórica e a democracia ateniense no Górgias. Se é neste diálogo que se verifica uma das primeiras ocorrências do termo rhētorikē na história da literatura grega, então a comédia Os Cavaleiros de Aristófanes nos oferece, em contrapartida, indícios de que a caracterização da prática oratória como kolakeia precede a abordagem crítica do filósofo.