Realismo e Naturalismo No Brasil À Luz De" Narrar Ou Descrever?" De Georgy Lukács (original) (raw)
2007, Língua, Literatura e Ensino-ISSN 1981- …
RESUMO: No presente trabalho busca-se entender, à luz do aparato crítico fornecido por Georgy Lukács no ensaio "Narrar ou Descrever?", a forma como se configuraram as principais distinções entre as estéticas realista e naturalista no romance brasileiro. Para isso, foram selecionadas obras consideradas paradigmáticas do período: Memórias Póstumas de Brás Cubas e Quincas Borba, de Machado de Assis, e O Cortiço, de Aluísio Azevedo. Palavras-chave:1.Literatura Brasileira-2. Realismo-3. Naturalismo A distinção entre Realismo e Naturalismo coloca, ainda hoje, problemas fundamentais. Os debates que envolveram importantes teóricos marxistas por volta dos anos 30 colaboraram de maneira decisiva para a crítica da posteridade. Naqueles idos, o interesse acerca do tema Literatura e Revolução, e o que deveria ser a estética própria de uma sociedade marcada pelos pressupostos da socialização do trabalho e do fim da opressão, colocava em xeque as produções soviéticas, que pareciam assumir, nos dizeres de Lukács, o tom e o esquematismo das "mal vistas" obras naturalistas. Muito do debate produzido neste período contribuiu para um maior entendimento das estéticas Realista e Naturalista. No nosso caso, por entender a atualidade de tal questão, buscaremos compreender o quanto o Realismo e o Naturalismo se manifestaram enquanto concepção literária aqui no Brasil (mesmo não se estabelecendo, à época, confrontos tão explícitos ou programáticos) e, para isso,utilizaremos como ponto de partida basicamente três romances representativos do período: Memórias Póstumas de Brás Cubas e Quincas Borba, de Machado de Assis, e O Cortiço, de Aluísio Azevedo. A partir dessas obras, nos apoiaremos, principalmente, no aparato crítico de Geogy Lukács (figura central, à época, na delimitação deste problema). O problema do Real-conhecimento e experiência De início, podemos dizer que há uma necessidade comum que se estrutura enquanto centro da diferenciação entre Realismo e Naturalismo: ambos possuem uma espécie de compromentimento com o real.