A Cor de um Crime" nos Arquivos da Memória (São Paulo, século XIX) (original) (raw)
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Sexualidade e Cor Em Becos Da Memória, De Conceição Evaristo
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O romance Becos da memória (2013), da escritora afro-brasileira Conceição Evaristo, é composto por uma colcha narrativa em que há um entrelaçamento de memórias coletivas e individuais de moradores de uma favela em processo de demolição. Ao que se pode induzir, o contexto histórico remete ao início do século XX. A narradora-personagem Maria-Nova tece os fios soltos da narrativa, ao tempo em que vai ressignificando as memórias que envolvem sua história de vida e a dos outros moradores. Nessa conjuntura, este trabalho intenciona esquadrinhar as vivências da personagem Dora, afim de (des)construir as imagens estereotipadas dos negros como aqueles detentores de um apetite sexual selvagem “só corpo, sem mente” (HOOKS, 1995, p.449). A pesquisa é fundamentada na visão de Bell Hooks (1995), Stuart Hall (2003) e Frantz Fanon (2008). A personagem Dora representa a mulher negra empoderada, consciente da sua negritude, através dela pretendemos esquadrinhar a representatividade da mulher negra na...
A construção estética e cultural do crime em Coivara da Memória
2016
This paper attempts to investigate the crime in the work of Coivara da Memória, or, so to speak, to analyze how the offense is built aesthetically and culturally in this novel. Consequently, the objective is to understand what the identity of the narrator-protagonist, his place, in short, how this narrative is structured. The discussion will be guided by the concept of "archive fever" (mal de arquivo) (Derrida), which is the breakdown of memory through the ambivalence of remembering and forgetting. This is because the narrator through the process reminiscent unbinds and archives the coivaras of his life and wants to write a book about himself in an attempt to atone for his own fault. We also use the concept of third space, as the voice of the narrator is a subject marginalized. To this end, the research presents itself in three chapters, the first is to focus the reception of the work of Francisco Dantas and his critical fortune, but also makes a presentation of the narrat...
O Escravo Negro Nos Cárceres De Porto Alegre: Sugestões De Uma Documentação Do Século XIX
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O artigo enfoca o tratamento reservado aos escravos negros nas prisões de Porto Alegre, na primeira metade do século XIX. A fonte principal do trabalho consiste nos relatórios apresentados por Comissões, nomeadas pelo Presidente da Província, em 1831, para inspecionar os cárceres e estabelecimentos públicos de caridade de Porto Alegre. MMB
Memórias Da Mestria: As Artes e Os Ofícios Dos “Homens De Cor”
A Cor das Letras, 2017
Este trabalho discute o ensino para as Artes e para os Ofícios no Brasil do século XIX, destacando a Bahia. Por intermédio da pesquisa em fon- tes documentais, bibliografia de referência e entrevistas, tenta-se demons- trar como as classes abastadas pensaram a educação dos pobres, no intuito de aplacar conflitos sociais e preparar mão de obra qualificada para o fomen- to da indústria. Por outro lado, pôde-se constatar que negros e mulatos, li- bertos ou escravos, se utilizaram da prática do ofício como forma de alcançar melhores condições de vida.
Memória: Deslumbre e horror no Rio do século XIX
Revista Pesquisa Fapesp, 2024
Pinturas de dois artistas que acompanharam Darwin na viagem do Beagle registraram a exuberância da natureza e os contrastes sociais do Brasil. Disponível em https://revistapesquisa.fapesp.br/deslumbre-e-horror-no-rio-do-seculo-xix/
Historia e Memória no romance Um defeito de cor * History and Memory in the novel Um defeito de cor
Revista Izquierdas, 2016
Resumo: O presente artigo propõe que Um defeito de cor [2006] (2010) da escritora brasileira Ana Maria Gonçalves oferece uma metáfora do Brasil por meio de construções simbólicas que se sobrepõem ao estritamente literário e dialogam com aspectos históricos, culturais e literários que formam a multifacetada sociedade brasileira. Neste sentido, consideramos que a personagem histórica Luísa Mahin representa uma metáfora de um Brasil contemporâneo, pois sua história pessoal sintetiza a emancipação do coletivo de mulheres negras. Abstract: This paper proposes a color defect [2006] (2010) offers a metaphor of Brazil through symbolic constructions overlapping the strictly literary and dialogue with historical, cultural and literary aspects that make up the multifaceted Brazilian society. In this sense, we consider that the historical character Luísa Mahin is a metaphor of a contemporary Brazil because his personal history epitomizes the emancipation of the group of black women
Introdução do livro "A Cor da História e a História da Cor"
A Cor da História & a História da Cor, 2022
Este livro, A cor da história & a história da cor, abre a Coleção Novos Rumos para a História do Direito, e nasceu dos sonhos de liberdade de homens e mulheres negras, inspirados pelas memórias, histórias e legado dos ancestrais em África e na Diáspora. A proposta é apresentar diversas temáticas da História e da História do Direito, em uma perspectiva afro-referenciada e baseada na categoria teórico-metodológica da intersubjetivação , por meio de vozes de pesquisadoras/es negras e negros, rompendo com o racismo epistêmico e o epistemicídio que marcam as ciências jurídicas na experiência brasileira. Essa iniciativa faz-se necessária, uma vez que o projeto de modernidade ocidental apagou em grande medida das ciências jurídicas, além dos conhecimentos, as trajetórias de pessoas negras que os produzem.
A cidade contemporânea é um artefacto cultural em constante mutação, o resultado de forças históricas e de dinâmicas sócio-culturais díspares. Diferentes usos e representações do espaço ajudam a compor este habitat, simultaneamente vibrante e complexo. O espaço metropolitano é, por isso, lugar de contendas de natureza simbólica, colisões entre visões e apropriações do território que nem sempre convivem harmoniosamente. Afirmando-se como terreno híbrido que abriga diferentes actores e interesses, o Bairro Alto lisboeta é um bom exemplo destas dinâmicas conflituais. Neste artigo pretende-se reflectir sobre as linguagens visuais ilegais que nos últimos anos foram preenchendo a paisagem deste local, suscitando a atenção dos media e medidas políticas e urbanísticas por parte dos poderes públicos. Este é um lugar histórico da cidade, uma atracção turística que exige preservação e dificilmente suporta intervenções que interfiram nesta imagem fabricada. O graffiti e a street art executados neste bairro são, neste artigo, entendidos como exercícios estéticos e políticos, recursos expressivos tomados por diferentes actores numa cidade em constante negociação.
Pessoa Plural—A Journal of Fernando Pessoa Studies, 2022
Garcia, José Luís, "Linha de cor e “colonização-crime” em Mário Domingues: A série “Para a história da colonização portuguesa” (junho-julho 1922)" (2022). Pessoa Plural—A Journal of Fernando Pessoa Studies. Brown Digital Repository. Brown University Library. https://doi.org/10.26300/2jfx-n187 Is Part of: Pessoa Plural―A Journal of Fernando Pessoa Studies, Issue 22 José Luís Garcia Linha de cor e “colonização-crime” em Mário Domingues: a série “Para a história da colonização portuguesa” (junho-julho 1922) [Color line and “colonization-crime” in Mário Domingues: the series “For the history of Portuguese colonization" (June-July 1922)] https://doi.org/10.26300/2jfx-n187 RESUMO O presente ensaio incide a sua atenção principal na série de artigos de junho-julho de 1922 “Para a história da colonização portuguesa”, cem anos depois de serem publicados no jornal diário anarcossindicalista A Batalha, da autoria do escritor e jornalista Mário Domingues, natural da ilha do Príncipe. Da leitura que realizo àqueles textos, e sem dispensar o estabelecimento de ligações com outros do mesmo período, é possível sustentar quatro grandes noções. A primeira é que Mário Domingues, na década de 1920 e na sua ação enquanto publicista, se encontra perfilado com a luta do movimento negro que, na conjuntura de finais do século XIX e inícios do século XX, emergiu internacionalmente e, também, em Portugal. A segunda é que proporcionou perspetivas coerentes com a “linha de cor” de Du Bois na denúncia da condição política, social e psicológica dos negros e da sua história específica associada à escravatura, ao tráfico de escravos e à colonização. A terceira diz respeito à compreensão da dominação colonial moderna como “colonização-crime”. Finalmente, foi um pioneiro da defesa do ideal da independência para África num prisma confederal. ABSTRACT This essay focuses on the series of articles from June-July 1922 “Para a história da colonização portuguesa” [For the history of Portuguese colonization], one hundred years after their publication in the anarcho-syndicalist daily newspaper A Batalha, authored by the writer and journalist Mário Domingues, born on the island of Príncipe. Those texts allow the reading―and without dismissing the establishment of connections with others from the same period―from which it is possible to sustain four major notions. The first is that Mário Domingues, in the 1920s and his action as a publicist, is profiled with the struggle of the black movement that, in the scope of the late 19th century and early 20th century, emerged internationally and in Portugal. The second is that it provided perspectives consistent with Du Bois’ “color line” in denouncing the political, social, and psychological condition of the black people and their specific history associated with slavery, slave trade and colonization. The third concerns the understanding of modern colonial domination as “colonization-crime.” Finally, he was a pioneer in advocating the ideal of independence for Africa in a confederal conception. BIBLIOGRAFIA ANDRADE, Mário Pinto de (1997) Origens do Nacionalismo Africano: Continuidade e ruptura nos Movimentos Unitários Emergentes da Luta Contra a Dominação Colonial Portuguesa 1911-1961. Lisboa: Dom Quixote. DU BOIS, W. E. B. (1999 [1903]). The Souls of Black Folk. Edited by H. L. Gates Jr. e T. H. Oliver. New York: Norton & Company. DU BOIS, W. E. B. (2021). “Afro-modernism, expressivism, and the curse of centrality”. African American Political Thought: A Collected History. Chicago: University of Chicago Press. CARVALHO, Ruy Duarte de. (2000). Os Papéis do Inglês. Lisboa: Edições Cotovia. CASTRO, José; GARCIA, José Luís. (1995). “A Batalha e a questão colonial”. Ler História, n.º 27-28, pp. 125-146. CURTO, Diogo Ramada. (2022). “Racismo, trabalho forçado e etnografia”, Electra, n.º 16. https://electramagazine.fundacaoedp.pt/editions/edicao-16 DUARTE, Ricardo Diogo Mainsel. (2022). O Anarquismo e a Arte de Governar: Portugal, Última Década do Século XIX e Primeiras Décadas do Século XX. Tese de doutoramento, Universidade Nova de Lisboa. DOMINGUES, Mário. (1922a). “Pela emancipação da raça negra”. A Batalha, 25 de julho. _____ (1922b). “Vítimas, vítimas e mais vítimas!”. A Batalha, 22 de julho. _____ (1922c). “Como se aniquila uma raça”. A Batalha, 21 de julho. _____ (1922d). “O negro é dócil e trabalhador”. A Batalha, 19 de julho. _____ (1922e). “Em Moçambique”. A Batalha, 18 de julho. _____ (1922f). “A companhia do Nyassa”. A Batalha, 16 de julho. _____ (1922g). “Em Angola. Enterrados vivos”, A Batalha, 14 de julho. _____ (1922h). “A Confederação Africana”. A Batalha, 13 de julho. _____ (1922i). “Um depoimento valioso”. A Batalha, 12 de julho. _____ (1922j). “Um passo em frente”. A Batalha, 9 de julho. _____ (1922k). “Mais assassinatos revoltantes”. A Batalha, 8 de julho. _____ (1922l). “Um documento importante”. A Batalha, 6 de julho. _____ (1922m). “O ideal da independência”, A Batalha, 5 de julho. _____ (1922n). “Três assassinatos bárbaros!”. A Batalha, 3 de julho. _____ (1922o). “A prostituição em Luanda”. A Batalha, 2 de julho. _____ (1922p). “Proezas dum alto-comissário”. A Batalha, 1 de julho. _____ (1922q). “O Negro, vítima secular”. A Batalha, 30 de junho. _____ (1922r). “Rebeldias”. A Batalha, 29 de junho. _____ (1922s). “Posta Restante. Sr. Dr. João de Castro Leader do Partido Africano Lisboa”. A Tarde, 14 de fevereiro. _____ (1921a). “O perigo negro”. Imprensa Livre, 16 de agosto. _____ (1921b). “La eterna traición”. Imprensa Livre, 11 de agosto. _____ (1921c). “A traição dos negros”. Imprensa Livre, 28 de julho. _____ (1921d). “Sobre os acontecimentos de S. Tomé”. A Batalha, 4 de maio. _____ (1921e). “Coisas de estarrecer. O formoso Jardim”. A Batalha, 29 de março. _____ (1919). “Colonização”, A Batalha, 9 de setembro. GARCIA, José Luís. (2022). “Mário Domingues – “Precursor da afirmação negra e do anticolonialismo”. Mário Domingues A Afirmação Negra e a Questão Colonial Textos, 1919-1928. Ensaio e seleção de José Luís Garcia, pp. 11-84. _____ (2017). “The first stirrings of anti-colonial discourse in the Portuguese press”. José Luís Garcia, Chandrika Kaul, Filipa Subtil, e Alexandra Santos (eds.), Media and the Portuguese Empire. Cham: Springer International Publishing, pp. 125-143.