IGREJA, CAMPESINATO E LUTA PELA TERRA NO BRASIL (original) (raw)

DAS LIGAS AO MST: LUTA PELA TERRA E A TERRITORIALIDADE CAMPONESA

Revista Geográfica de América Central , 2011

Diversos são os movimentos de luta pela terra e na terra no Brasil, com diferentes estratégias de atuação, princípios políticos e formas de surgimento. No interior desses movimentos, camponeses e trabalhadores desempregados enxergam a possibilidade de ter a terra para trabalhar e manter, de forma mínina, as condições necessárias para sua sobrevivência e reprodução social. As primeiras lutas camponesas organizadas, com proporção nacional ocorreram nas décadas de 1950/60 com as Ligas Camponesas formadas no Nordeste brasileiro. Até 1964 as Ligas atuaram em 14 estados brasileiros, reunindo e organizando milhares de camponeses. As Ligas estavam prestes a se transformar em uma organização política mais forte, conseqüente e com um programa que extrapolava a questão agrária, até que veio o golpe militar e elas foram destroçadas. Porém a luta pela terra não cessou e a garra, a determinação dos camponeses integrantes das Ligas estão presentes hoje no Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, que se considera herdeiro natural daquela histórica organização. Pretendemos, portanto, analisar o sentido da luta pela terra desde as Ligas até o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra. A análise de documentos históricos e material bibliográfico constituem-se na metodologia da pesquisa.

A INFÂNCIA SEM TERRA EM MOVIMENTO NA LUTA POR ESCOLA, TERRA E DIGNIDADE

RESUMO: Na consolidação do projeto educativo-político do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Infância Sem Terra torna-se um dos pilares da subjetividade política das crianças acampadas e assentadas, resultado de um processo permanente de debate político, estudo e aprofundamento teórico sobre o significado da infância Sem Terra articulada à práxis política do MST. No presente escrito nos interessa apresentar alguns elementos reflexivos do processo de consolidação da Infância Sem Terra na organicidade do MST e o papel desempenhado pelos Sem Terrinha na histórica luta por escola, terra e dignidade que perpassa a resistência camponesa não só no Brasil, mas em toda América Latina. Organizamos o escrito em quatro seções: na primeira, apresentamos a essência do projeto educativo do MST na ruptura das cercas do latifúndio do saber e do conhecimento. Em seguida, adentramos à abordagem da Infância Sem Terra e a educação das crianças Sem Terrinha. Na terceira seção, apresentamos a experiência educativo-pedagógica das Cirandas Infantis e seu papel na subjetividade política dos Sem Terrinha. Finalizamos nossa reflexão destacando os avanços, os desafios e as bandeiras de 1 O presente artigo é resultado da pesquisa realizada durante a Especialização em Desenvolvimento Sustentável e Educação do Campo -Residência Agrária, realizada na Universidade Federal do Ceará (UFC) campus Cariri. 2 Socióloga e doutora em Estudos Latino-Americanos. Docente no Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGS), no Mestrado Acadêmico Intercampi em Educação e Ensino , fev./jun. 2018 luta que impulsam a práxis política dos Sem Terrinha na perspectiva da Infância Sem Terra no movimento da práxis educativo-política do MST. Realizamos pesquisa documental, com a análise de documentos produzidos pelo Setor de Educação do MST e que estruturam a concepção da Infância Sem Terra e as diretrizes filosóficas e pedagógicas de sua proposta educativa. Também realizamos pesquisa de campo em áreas de assentamento na microrregião dos Sertões de Crateús, Ceará.

A LUTA PELA EDUCAÇÃO DO CAMPO: UMA CONQUISTA EM PROCESSO

A educação do campo é um projeto e, como tal, sua materialização depende do envolvimento dos sujeitos do campo em sua defesa e da síntese do conjunto de corelações de forças presentes na sociedade. O presente trabalho analisa parte desta dinâmica, enfocando o processo protagonizado pelos movimentos sociais do campo para a construção de um modelo de educação que se relacione diretamente com os povos do campo na disputa pela manutenção do seu território. Esta defesa passa pela afirmação dos povos do campo como sujeitos de direitos, que lutam para que o Estado atenda a suas reinvidicações e construam políticas públicas apropriadas à realidade do campo, orientadas na perspectiva de democratização da estrutura fundiária, da economia solidária e da produção agroecológica. Tomamos como bases metodológicas revisão bibliográfica e análise documental, buscando entender quais sujeitos, processos e disputas estão presentes na luta pela educação do campo no estado do Pará. Analisaremos os processos relacionados à educação do campo que se desenvolveram até o ano de 2010. Mostraremos algumas das repercussões deste processo no âmbito da legislação da educação voltada para os povos do campo, nos programas de formação de educadores e nos modelos pedagógicos que estão movimentando os sujeitos do campo.

CAMPANHA DA FRATERNIDADE ECUMÊNICA 2016: compromisso das igrejas com a vida no planeta

2015

O autor inicia fazendo um retrospecto das Campanhas da Fraternidade Ecumenicas realizadas ate o momento, salientando, como e obvio, sua importância para a caminhada ecumenica no Brasil e apontando-as como o maior projeto ecumenico de evangelizacao na America Latina. Um breve paragrafo apresenta as motivacoes de uma Campanha da Fraternidade Ecumenica: a compreensao de que no centro da vivencia ecumenica esta a luta pela justica, e o apelo a todas as pessoas religiosas e de boa vontade para que contribuam para a promocao do dialogo, da justica, da paz e cuidado com a criacao. Em seguida o autor relaciona a CFE 2016 com projetos globais de protecao do planeta: a Misereor, o Conselho Mundial de Igrejas e a enciclica Laudato Si do papa Francisco. O autor apresenta, entao, os dados alarmantes do CONIC na denuncia da carencia de saneamento basico, questao mais especifica trabalhada por essa CFE. Por fim, trata das propostas de enfrentamento do problema com os objetivos da CFE, sugestoes pr...

LEGUMINOSAS CAMPESTRES DO MORRO PEDRA DO LAGARTO, SANTA MARIA, RIO GRANDE DO SUL, BRASIL

O presente trabalho teve como objetivo realizar o levantamento das espécies campestres da família Leguminosae no morro Pedra do Lagarto, distrito de Santo Antão, Santa Maria, Rio Grande do Sul, Brasil, a fim de contribuir para o conhecimento da flora da região central do estado. Tal estudo se faz necessário devido à singularidade fitogeográfica da região de Santa Maria, que se encontra em uma região de tensão ecológica entre os biomas Pampa e Mata Atlântica. Por meio de coletas quinzenais, no período de agosto de 2014 a maio de 2016, foram confirmadas 27 espécies e 17 gêneros, sendo 20 espécies pertencentes à subfamília Faboideae Rudd e sete à Mimosoideae DC. Os gêneros com maior número de espécies são Mimosa L. (seis) e Desmodium Desv. (cinco). Além da lista de espécies, este trabalho fornece dados fenológicos, fotografias e chaves analíticas para identificação dos táxons.

TERRAS E DOAÇÕES – IGREJAS, IRMANDADES E IMIGRANTES POLONESES NO PARANÁ 1

RESUMO: questões relativas ao uso e posse de terras são abordadas nesta pesquisa tendo, como foco de interesse, certas doações realizadas pelo Estado ou por proprietários particulares, em vista da construção de templos e outras destinações religiosas. O ponto de partida é a Irmandade de São José da Água Branca, São Mateus do Sul, PR, criada numa colônia basicamente de poloneses, para, entre outras obrigações, responsabilizar-se pelo " espaço do culto ". Por se tratar de um recorte temático, fazemos um percurso desde o Brasil colonial até meados do século XX; percorremos, igualmente, outros estados brasileiros, embora o enfoque esteja na região centro sul do estado do Paraná. Podemos concluir, através dessa pesquisa, que tal irmandade situa numa região densa da história, conectando aspectos da vida cultural, religiosa e política do país. Está vinculada à etnicidade, ao povoamento, aos rituais, à organização dos homens e mulheres do campo e da cidade, por fim, à ruralidade brasileira.

INTERLIGAR, ASSESSORAR, DINAMIZAR E VOCALIZAR: A COMISSÃO PASTORAL DA TERRA E SUA RELAÇÃO COM O CAMPESINATO

Anais da XVIII Semana de Pós-Graduação em Ciências Sociais, 2019

Resumo: A Comissão Pastoral da Terra-CPT-é uma organização vinculada à Igreja Católica criada na metade da década de 1970 em meio ao contexto da repressão ditatorial do Regime Militar (1964-1988) e da Conferência de Medellín (1968), onde o episcopado latino-americano decide ter como diretriz básica a construção de uma igreja que assume sua opção de estar posicionada ao lado dos pobres, sendo parte da reverberação dessa diretriz no Brasil a missão de auxiliar as diversas populações rurais brasileiras que eram oprimidas das mais diversas formas: dos posseiros que sofriam ataques de latifundiários expulsando-os de suas terras, passando pelos conflitos entre indígenas e posseiros que brigavam por porções cada vez menores de terra em meio aos latifúndios, e chegando até os casos de violência efetuada por agentes do Estado contra estas populações vulneráveis. O foco deste trabalho é evidenciar as formas com que a CPT auxiliou essas populações, tendo em vista sua proposta: não sendo eles parte das populações afetadas, não seriam eles os agentes da mudança. Propuseram-se desde a reunião de fundação ao papel de auxiliares políticos agindo de quatro formas diferentes. 1-Interligando as diferentes populações e lideranças em escalas locais, regionais e nacionais para que trocassem experiências e articulassem seus movimentos; 2-Assessorando estes agentes conforme o necessário para que as ações pensadas por eles tornassem-se reais e, ao mesmo tempo, defendendo-os por meio das instituições burocrático-legais com o auxílio de advogados associados; 3-Dinamizando o cenário político do meio rural que desde o princípio da ditadura via uma estagnação resultante do sufocamento dos movimentos sociais de luta pela terra do bloco histórico anterior; 4-Vocalizando aos demais componentes da sociedade civil tanto as pautas destes movimentos que vinham sendo represadas por meio de violência institucional e coercitiva quanto levando ao conhecimento público todas as formas de violência sofridas cotidianamente por essas populações-de escravidão a homicídios-, atuando também como um agente de accountability por denunciar o Estado ditatorial para órgãos internacionais por sua omissão em defender a integridade de parte de seus cidadãos ou ainda por ser ele próprio quem os ataca. Palavras-chave: Questão Agrária. Movimentos Sociais. Ditadura Militar. Igreja Católica. INTRODUÇÃO 1 Graduando em Ciências Sociais pela Universidade Federal de São Carlos. Texto desenvolvido a partir de resultados obtidos em pesquisa de iniciação científica financiada pelo programa PIBIC-CNPq.

CAMPONESES E RELIGIOSIDADE NA AMAZÔNIA PARAENSE

Resumo O artigo apresenta uma reflexão acerca da territorialização dos grupos de evangelização na comunidade do Cravo, localizada no município de Concórdia do Pará, nordeste paraense. Em linhas gerais, apresenta-se a relação entre os camponeses e a Igreja em meio ao processo de mudança ideológica do catolicismo no Brasil após a década de 1970. Vislumbrou-se ao longo da pesquisa os grupos de evangelização como uma territoriali-dade que norteia a vida em comunidade, seja nas relações de trabalho, seja nas relações familiares e de vizinhança. Os dados ora apresentados foram coletados em pesquisa de campo e documental realizada entre se-tembro de 2010 e agosto de 2011. Através das histórias da vida, colheu-se depoimentos orais, o que possibilitou compreender a ação dos grupos de evangelização na comunidade e no município de Bujaru. As entrevistas foram complementadas pelas fontes escritas, bem como o folheto semestral com o roteiro dos encontros e o Boletim Somos Irmãos (1986 a 2001).