Retórica e Poética (original) (raw)
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Resumo: A retórica, entendida como a capacidade de produzir persuasão, trará uma questão para a filosofia de como enquadrá-la dentre as demais artes, e antes, se ela pode realmente ser considerada arte. Essa dificuldade será aqui abordada nas suas três perspectivas principais, a platônica, que a toma como maligna, e que, portanto nem arte é; a de Górgias, para quem ela seria não só benéfica, mas a mais fundamental das capacidades humanas; e a aristotélica, que a considera neutra valorativamente, essencialmente instrumental como toda arte.
Cadernos de Pesquisa do CDHIS
Este artigo discute alguns aspectos da incorporação do âmbito histórico no romance a partir de um breve exame da obra The Antiquary (1816), de Walter Scott. Para isso, propõe-se um recorte histórico-temático que assume, por um lado, a permanência fragmentada da Retórica na Europa do século XVIII e de toda uma tradição de subgêneros narrativos vinculados a ela; e, por outro, um crescente mercado de bens culturais a que se vinculam noções como “originalidade”, “propriedade intelectual”, “autoria/autoridade”, entre outras (Cf. WATT, 2007, p. 15; HANSEN, 2008, p. 213). Relendo a clássica noção lukacsiana da “natureza descontínuo-heterogênea” do romance (LUKÁCS, 2000, p. 101), propõe-se aqui que o protagonismo do antiquário na obra de Scott logra articular passado e presente por um viés intencionalmente paradoxal, figurando o perspectivismo histórico que é a base do romance moderno. Palavras-chave: Romance histórico; Retórica; Walter Scott.
Ensaios Filosóficos, 2010
Os diálogos que explicitam a filosofia platônica, sempre demonstram bastante proficuidade para o estudo acerca do Belo, no Fedro; tendo em vista que diversos tratados filosóficos que abordam muitas vezes temas comuns e muito caros à humanidade – como questões ligadas ao sentido da vida, da existência e principalmente do amor à sabedoria. Nesse sentido, se por um lado à filosofia abre um leque de possibilidades de entendimento e discussão de um tema através de sua abordagem profunda, de outro a leitura de Platão se encarrega de apresentar o vivido e o pensamento grego antigo – demonstrados na forma de arte, dando as suas questões a flexibilidade, mobilidade e erudição, características da dialética platônica. É com vistas a contribuirmos ainda mais na ampliação desse debate, que este trabalho pretende ser um estudo sobre a possibilidade de interpretar Fedro de Platão e os demais temas que o abrangem, tais como o amor, a erótica, a alma, a teoria das idéias, as manias divinas e seus enclaves; pois acreditamos que, no que diz respeito aos aspectos da filosofia antiga, Platão faz parte do cerne do seu desvelamento, sendo um dos que melhor traduz os conceitos filosóficos de sua época.
Principia, 2008
8 Questão vital para todo o conjunto da Exegese e da Hermenêutica de um texto antigo, a crítica textual, mas sobretudo o uso de um método crítico, é indispensável, se bem utilizado, quando se trata das Sagradas Escrituras. Diversos estudos críticos já foram citados, acerca da leitura crítica dos Padres e da leitura crítica 'en soi même'; recordo para o período da leitura crítica dos Padres Latinos, ou seja, durante a evolução da Vetus Latina, antes da aparição da Vulgata ou após, como texto que se impõe em todo o Ocidente:
Políticas Poéticas do Discurso
2018
Resumo: As potencialidades de poéticas que evidenciam contextualidades sociais e conjunturas políticas disparam um senso de possibilidade que funciona como oxigenação de práticas e procedimentos em arte. A partir da análise de trabalhos específicos de artistas do som-dentro do que ficou conhecido como arte sonora-articularemos reverberações de sentido desde circunstâncias de poder e silencia-mento em práticas sociais contemporâneas. O texto traz trabalhos recentes desenvolvidos na pesquisa de doutorado em andamento e busca aberturas a partir da ativação de camadas de sentido estético. Palavras-Chave arte sonora, performance, instalação multimídia, arte política, discurso. Abstract The potentialities of poetics that demonstrate social contextualities and political conjunctures trigger a sense of possibility that functions as oxygenation of practices and procedures in art. From the analysis of specific works of sound artists-within what has become known as sound art-we will articulate reverberations of meaning from circumstances of power and silencing in contemporary social practices. The text brings recent work developed in the doctoral research in progress and seeks openings from the activation of layers of aesthetic sense. Keywords sound art, performance, multimedia installation, political art, discourse. A constituição de sentidos estéticos é dinami-zada por meio dos contextos culturais nos quais a experiência artística tem lugar. As poéticas que articulam esses sentidos versam sobre as subjetivi-dades próprias à contemporaneidade que comparti-lhamos. É através da ressignificação dos estímulos e elementos que nos rodeiam, que as proposições se configuram. "Essa reciclagem de sons, imagens ou formas implica uma navegação incessante pelos meandros da história cultural-navegação que aca-ba se tornando o próprio tema da prática artística" (BOURRIAUD, 2009b: 15). Os espaços fronteiriços, de mescla dos meios, que caracterizam os circuitos de arte contemporâ-nea, tornam significativos procedimentos que apre-sentam o som como aglutinador de processos esté-ticos, em especial por sua característica englobante. "O som me envolve de perto no que vejo; puxa o visto para mim enquanto me agarra pelos ouvidos" (VOEGELIN, 2010:11) 2. A experiência sonora abarca as circunstâncias dos contextos de sua própria frui-ção. Isso traz consequências poéticas significativas e anuncia soluções estéticas pertinentes às instân-cias corpóreas a partir das quais tais experiências adquirem significado no sistema de arte. Pois ao contrário de outros órgãos dos sentidos, os ouvidos são expostos e vulneráveis. Os olhos podem ser fechados, se quisermos; os ouvidos não, estão sempre abertos. Os olhos podem
Tensões Mundiais, 2019
Práticas poéticas: juventude, violência e insegurança em Fortaleza franCisCo rôMulo do nasCiMenTo silva Geovani JaCó de freiTas RESUMO: Este artigo tem como objetivo compreender, a partir da percepção dos jovens envolvidos em práticas culturais coletivas de re-existência, a atuação de agentes do Grupo de Operações Especiais / GOE da Guarda Municipal que
Revista Textos Linguisticos, 2009
Neste ensaio, tratamos de trazer à tona a retórica aristotélica a partir da obra de Perelman e Olbrechts-Tyteca, "Tratado da argumentação-A nova retótica" (1996). Nessa obra de grande fôlego, a "arte de persuadir" é revisitada sob uma ótica dialógica e pragmática, o que a aproxima do pensamento de Bakhtin sobre discurso e enunciação. Ao comparar o enunciado verbal concreto ao entimema retórico, Voloshinov/Bakhtin (1976), pareciam já sinalizar para as ciências humanas, e em especial para a lingüística, o lugar epistemológico de suas investigações.
aristotélica, uma segunda escola gramatical, a língua é, por convenção de agrupamentos humanos, analogia, regularidade, proporção, enfim ratio, razão.
O livro História e Retórica, realizado para a coleção Escrever e pensar com a História, visa apresentaro os debates em torno à escrita e à reflexão sobre o conhecimento histórico colocando no centro de sua atenção as relações entre história e retórica. Partimos da consideração de que o problema que a retórica coloca para a historiografia é a consideração da linguagem, em suas mais diversas formas, na representação, na composição e na pesquisa históricas. A linguagem estaria presente não apenas no momento em que o historiador se põe a escrever o resultado de sua pesquisa mas também no modo como ele figura ou conceitualiza sua história, ligando os eventos e dando sentido à sua narrativa. Dessa forma, refletir sobre história e retórica signifca pensar sobre a relação entre o texto e a realidade histórica, o estatuto da história enquanto um conhecimento válido e as funções do conhecimento histórico nas diversas configurações sociais que ele já. O livro se estrutura em três capítulos. No primeiro, apresentamos a história e os principais elementos que constituem a retórica clássica, assim como procuramos demonstrar as discussões entre história e oratória assim como entre história e poética. No segundo, refletimos sobre a constituição da historiografia enquanto ciência, a dificuldade que ela (ainda) possui para se relacionar com o mundo histórico, o qual acaba por dotar de sentido através das concepções prévias que guiam o trabalho do historiador. Vemos, assim, como a constituição da história científica ocorreu sobre um progressivo esquecimento do problema da linguagem e, por conseguinte, também da retórica. O terceiro capítulo procura mapear a retomada da retórica no século XX e as implicações que ela trouxe para a compreensão da historiografia sob a forma do "giro linguístico", refletindo novamente sobre o que significam as pretensões de cientificidade do discurso histórico e a relação entre as palavras e o mundo.
Tradução do primeiro ensaio de Figures III de Gérard Genette, Poetique et Histoire