DA LITERATURA COMO (PARTICIP)AÇÃO POLÍTICA: MODERNIDADE, UTOPIA E FICÇÃO DISTÓPICA (original) (raw)
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TEORIA CRÍTICA E LITERATURA: A DISTOPIA COMO FERRAMENTA DE ANÁLISE RADICAL DA MODERNIDADE
Este artigo procura propor que o gênero literário conhecido como distopia se configura, a partir do prisma da teoria crítica da sociedade, como ferramenta de análise radical da modernidade. Para tanto, é feita uma breve caracterização do que seria tal gênero literário a partir das noções de horizonte utópico e função distópica. A partir daí se elegem três obras distópicas para pôr a prova tal argumentação: 1984, de Orwell; Fahrenheit 451, de Bradbury; e Admirável Mundo Novo, de Huxley. Destacando algumas características destes livros, é possível lançar luz acerca de traços marcantes do nosso contemporâneo, tais quais: as formas de controle da subjetividade, a configuração hipertecnológica da atual sociedade e a dinâmica de submissão da cultura à civilização. Afirma-se, deste modo, a literatura como dispositivo a partir do qual se torna possível realizar uma crítica das forças que constituem o presente. Estas distopias são, pois, formas de resistência face aos efeitos de barbárie cada vez mais presentes no tecido social. Palavras-chave: Teoria Crítica. Literatura. Distopia. Modernidade. Barbárie.
DIÁSPORA, ESPAÇO E LITERATURA: ALGUNS CAMINHOS TEÓRICOS
RESUMO: Este artigo aponta caminhos para a análise de textos literários contemporâneos, produzidos em língua inglesa, lidos no campo dos estudos diaspóricos, que emergiram recentemente como viés teórico-interpretativo. Para isso, procuramos delimitar o conceito de diáspora a partir de uma perspectiva espacial e estabelecemos critérios para a literatura produzida por escritores de comunidades diaspóricas. Examinamos, ainda, a noção de espaço literário como fundamento que alicerça o que denominamos "espaço literário diaspórico".
TEMPOS DE MULHERES: UTOPIAS E DISTOPIAS FEMINISTAS NA LITERATURA E HISTÓRIA
Revista de Literatura, História e Memória, 2022
Com base nas leituras de Virginia Woolf, Rita Schmidt, Zahidé Muzart e Ildney Cavalcanti, este artigo tem como objetivo explorar aspectos referentes à escrita e publicação de obras de autoria feminina entre os séculos XIX e XX. Assim como compreender as nuances que envolvem o estigma do gênero literário romance e a presença e ausência de mulheres no cânone literário. A partir destas leituras, buscamos situar no tempo as obras de escritoras como Emília de Freitas, Charlotte Perkins Gilman, Margaret Atwood e Octavia Butler, analisando suas visões de futuro e deslugares possíveis ou impossíveis, a partir do fio condutor entre literatura, história do feminismo e teoria da história.
Saeculum: revista de História, 2017
O futurismo, enquanto vanguarda estética, está estreitamente entrelaçado com o conceito de modernismo. O modernismo enquanto movimento literário foi bastante expressivo e abarcou manifestações políticas, teorias e grupos sociais, ocorrendo em diferentes lugares e momentos. Alguns manifestos lançados no começo do século XX eram feitos através de redes de intelectuais, que tinham em comum o gosto pela discussão de teorias e correntes estéticas. Essas ideias circulavam rapidamente em diferentes países. Modernismo e futurismo representam um novo olhar para a arte, bem como suas funções. Desse modo, o escopo deste artigo é analisar os debates e polêmicas literárias em torno da temática do futurismo na imprensa carioca, em um contexto anterior ao da Semana de Arte Moderna em 1922.
Como as distopias nascem? Literatura distópica contemporânea e a política brasileira
Literatura e Autoritarismo
Neste artigo, propomos um breve passeio por um pequeno excerto da literatura distópica contemporânea, a partir do qual estabelecemos pontos de contato entre o contexto político atual, em que repetidamente presenciamos a assunção ao poder de candidatos de extrema direita ou extrema esquerda que, semelhantemente, legitimam diferentes formas de violência contra opositores e posicionamentos ideológicos divergentes, no que tange às crises democráticas, ao recrudescimento do capitalismo liberal e à exceção como técnica de governo, e obras como Cadáver Exquisito (2017) de Agustina Bazterrica, Nación Vacuna (2017) de Fernanda Garcia Lao, The Handmaid's Tale (1985) de Margaret Atwood e Soumission (2015) de Michel Houellebecq.
Revista Teológica Jonathan Edwards, 2022
Resumo: O presente artigo analisa a influência da secularização do campo da política na crise de identidade e legitimidade pela qual passa o Estado Moderno, a saber, a tentativa de ocupar o espaço deixado pela religiãoque foi expulsa da vida públicae tomar para si funções que não correspondem às suas prerrogativas, que deveriam dizer respeito apenas à vida secular. Tal processo era estranho às civilizações antigas e medievais, surgiu com o movimento iluminista ao final da Era Moderna e ganhou impulso com o advento da Revolução Francesa, que tratou de combater a religião e dessacralizar a comunidade. A relevância desse estudo se mostra pela atualidade do tema e pela reflexão apresentada sobre como o reconhecimento da transcendência é importante para o reestabelecimento da ordem civilizacional, que agora encontra-se abalada. A pesquisa traz também exemplos de Estados organizados com base na cosmovisão cristã aplicada à política, assunto que pode nortear debates políticos e teológicos e servir de modelo para o desenvolvimento de novas ideias e novas configurações políticas.
O FORDISMO NA LITERATURA DISTÓPICA: UMA ABORDAGEM TRANSDISCIPLINAR
RESUMO Trata-se de uma pesquisa bibliográfica de abordagem transdisciplinar que cotejará elementos da literatura distópica, com características de algumas teorias administrativas. Para tanto, utilizar-se-á o clássico: “Admirável Mundo Novo”, de Aldous Huxley, verificando as possibilidades de interconexões com o Fordismo e Taylorismo. Busca-se não somente verificar as possibilidades do gênero distópico em ilustrar aspectos das teorias da administração, mas suscitar uma postura de reflexão crítica em relação ao contexto sócio-cultural em que esses modelos administrativos surgiram; pensar nos reflexos negativos decorrentes de paradigmas reducionistas, deterministas e mecanicistas sobre as organizações e a sociedade que se verificam ainda nos dias de hoje, além de propor visões criativas e originais para se pensar possíveis conseqüências negativas desses paradigmas no futuro. Palavras chave: Transdisciplinaridade, Administração, Literatura, Fordismo, Distopia. ABSTRACT This is a bibliographic research based on a transdisciplinary approach that intents to relate elements of dystopian literature with characteristics of some administrative theories. For so, it will be used the classic: "Brave New World" by Aldous Huxley, checking the possibilities of interconnections with Fordism and Taylorism. Besides verifying the possibilities of dystopian literary genre to help illustrate aspects of some theories of Administration, the aim of this work is to encourage an attitude of critical reflection in relation to historical and cultural contexts of which these administrative models emerged, thinking of the negative effects resulting from reductionist, deterministic, and mechanistic paradigms about organizations and society that there are still today, and propose creative insights and original thinking to the possible negative consequences of these paradigms in the future. Key-words: Transdisciplinarity, Administration, Literature, Fordism, Distopia.
ESPINOSA: UM PENSAMENTO DA ATUALIDADE E DA CRÍTICA À UTOPIA POLÍTICA
Cadernos Espinosanos XXI 158 159 divina, nenhuma escolha é feita por Deus. Por conseguinte, a indiferença da vontade divina exclui o livre-arbítrio. 2. A posição cartesiana acerca da vontade divina pode ser compreendida graças à supressão desde Ockham dos arquétipos no entendimento divino, conforme os quais seriam criados os existentes. Tal supressão veio a significar o fim da distinção ou hierarquia entre as faculdades divinas, surgindo, por conta disso, a tese da unidade absoluta entre essas faculdades. A Ockham coube pôr um fim definitivo à questão dos arquétipos, reduzindo-os a entes de razão, não podendo gozar jamais de existência extramental. Existem apenas as substâncias singulares e criadas imediatamente pela onipotência divina. Deus as conhece enquanto singulares. A realidade existencial do singular consiste na existência exterior ao pensamento; coisas como universais, gêneros e espécies, ideias, essências são reduzidas a nomes. No intelecto humano, elas existem como conhecimento abstraído de nossa experiência dos particulares. Desaparecendo as ideias do intelecto divino e os universais nas coisas, desaparece igualmente a precedência do intelecto à vontade. Ora, se se pensava na conformidade da vontade ao intelecto, porque neste residiriam as essências exemplares segundo as quais somente as coisas existentes seriam criadas, agora, com o fim das ideias arquetípicas e concebida somente a existência real dos indivíduos, Ockham abre um universo em que nenhuma necessidade inteligível se interpõe, mesmo em Deus, entre sua essência e suas obras. (Ver Alessandro Ghisalberti, 6 , capítulos III e VII). 3. Cabe ressaltar que depender de Deus é o mesmo que ter sido criado por ele. Essa é uma observação importante, pois a noção tradicional de criação envolve necessariamente a contingência, finitude ou cessação da coisa criada. Uma vez que Descartes coloca o necessário como dependente de Deus, pode-se inferir que tudo é contingente. Consequentemente, a razão, enquanto conhecedora do necessário, fica em uma situação um tanto desagradável. 4. Por Exemplo, Curley e Beyssade. Não desenvolveremos a solução apresentada por esses célebres autores, mas cuidaremos de apresentar uma alternativa à solução do problema, tendo como núcleo o conceito cartesiano de criação. 5. "Vós me perguntais in quo genere causae Deus disposuit aeternas veritatis [em que gênero de causa Deus dispôs as verdades eternas]? Eu vos respondo que in eodem genere causae [pelo mesmo gênero de causalidade] que ele criou todas as coisas, ou seja, ut efficiens & totalis causa [como causa eficiente e total]" (Descartes 1, AT I, pp. 151-152). 6. Ver também a carta a Clerselier (Descartes 1, AT IX, pp. 210-211). Resumo: Este artigo tenta localizar alguns pontos nos quais pode se embasar a crítica de Espinosa à filosofia política utópica, esta muitas vezes baseada em uma noção transcendente de poder. Fazemos isso dando relevo a algumas noções, como a de experiência e a de indivíduo, além de focalizarmos a importância da noção de conatus no estabelecimento de uma ontologia da atualidade da natureza humana, na qual, do ponto de vista cognitivo, conhecimento imaginativo e racional afirmam ambos a atualidade dessa natureza humana e permitem a proposição de regimes políticos baseados em tal atualidade.
LEITURAS RICOEURIANAS SOBRE IDEOLOGIA E UTOPIA
Entre a popularização e banalização, qual o papel da filosofia? , 2020
Os livros do selo dialética e realidade apresentam resultados de pesquisas desenvolvidas por professores com apresentação de seu conteúdo em formato eletrônico, com licenciamento Creative Commons (BY+NC). O tratamento dialético, busca estabelecer a verdade por meio de argumentos que esclareçam aspectos de interesse para a comunidade acadêmica e para a sociedade de forma geral.
A TRIBU DE ANTROPOFAGIA: PRÁTICAS LETRADAS, COTIDIANO E MODERNISMO(S) EM FORTALEZA (1922 – 1931)
Pretendemos neste trabalho compreender o Movimento Modernista, em Fortaleza, na década de 1920 e início de 1930. Perpassando os temas, as polêmicas, as redes de sociabilidades, a cidade e a produção tanto dos livros como da imprensa na época. Procuramos entender, também, o Modernismo Cearense como uma experiência peculiar a partir de vetores sociais, culturais, econômicos e materiais específicos do nosso próprio contexto. A partir da documentação levantada e da revisão bibliográfica atualizada sobre o assunto percebemos que as interpretações tradicionais geralmente elegem a experiência paulista como um modelo típico ideal para todas as outras experiências modernistas ocorridas pelas cidades brasileiras, hierarquizando e valorando em melhor ou pior dependendo da sua aproximação ou afastamento dos pressupostos paulistas da Semana de Arte de 1922. O que intentamos defender como hipótese central é que toda experiência histórica, em certo sentido, é única e irrepetível, por isso não podemos colocar a experiência modernista cearense numa caixinha esquemática que esmaga, modifica e distorce a empiria das fontes históricas. O Modernismo Paulista foi de um jeito e o Modernismo Cearense foi de outro, nem melhor ou pior, mas específico e peculiar. É dessa forma que podemos entender melhor a sua profusão de propostas e ideias.