Epistemologia e Didática: reflexões sobre as dificuldades para o estabelecimento do objeto epistêmico da Didática diante de critérios epistemológicos cientificistas (original) (raw)
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Questões epistemológicas no campo da didática
Revista e-Curriculum, 2021
O texto tem por objetivo identificar e discutir nuances da relação entre epistemologia e didática com atenção especial para continuidades e rupturas evidenciadas nas últimas décadas. A primeira parte do texto analisa o estatuto epistemológico da didática a partir da Didática Magna de Comenius. Segue-se uma reflexão sobre momentos na formação do autor, como exemplo da historicidade das didáticas e das epistemologias que as orientam. O terceiro tópico identifica lugares de resistências epistemológicas na América Latina. Na tentativa de síntese, são apontados caminhos para a construção epistemológica na didática: o cultivo de uma atitude de humildade e vigilância, o reconhecimento da historicidade e da contextualidade das epistemologias e a necessidade de assunção de autoria epistêmica. A conclusão aponta perspectivas de continuidade do diálogo sobre o tema.
Epistemologia Da Prática Como Abordagem Da Didática
2016
Este trabalho intenta relacionar a epistemologia da pratica, conceito originario das discussoes acerca da profissionalizacao docente, com a Didatica, campo de pesquisa e ensino da Pedagogia – entendida como Ciencia da Educacao. Esta relacao e feita por meio da filosofia, valendo-se da reflexao que a ela e peculiar, assim como de sua literatura. O conceito central em analise, a epistemologia da pratica, e concebido como forma de entender-se com a pratica, ideia oriunda da leitura que Heidegger faz do termo “epistemologia”. A Didatica, entendida como estudo do ensino em situacao pode operar no campo de estudos da educacao como esforco teorico de observar a pratica a partir de outro ponto de vista: nesse caso, a partir da propria pratica. Isso da ao conceito em analise novo sentido de investigacao, na medida em que a compreensao da pratica e feita a partir de seu interior, ou seja, do ponto de vista do ator do processo.
Obstáculos Epistemológicos – Uma Reflexão Sobre O Conteúdo De Eletrodinâmica Nos Livros Didáticos
Educação e Tecnologias: Experiências, Desafios e Perspectivas 2, 2019
1. Educação. 2. Inovações educacionais. 3. Tecnologia educacional. I. Ferreira, Gabriella Rossetti. II. Série. CDD 370.9 Elaborado por Maurício Amormino Júnior-CRB6/2422 O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores. 2019 Permitido o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.
Epistemologia e Gramática Filosófica
Analytica - Revista de Filosofia, 2016
Man wird oft von einem Wort behext. Z. B. vom Wort "wissen". Wittgenstein, Über Gewissheit, § 435. 1. A filosofia costuma ser louvada por suas ideias e ironizada por suas técnicas. Parecem preciosos os gestos largos, o apreço aos princípios, mas de pouca valia o trabalho minudente, sendo depreciadas as técnicas por que logramos alcançar alguma posição elevada. Não sendo a elevação sempre evidente ou garantida, o recurso a expedientes especiosos pode fazer as vezes de profundidade. Por isso, não sendo óbvia ao não iniciado a diferença entre a firula e o drible, a filosofia facilmente se prestaria à galhofa, sobretudo quando se volta aos detalhes, aparentemente insignificantes, ou seja, sobretudo quando se encontra em seu elemento. E isso desde os primórdios. Em um fragmento do comediógrafo Epícrates, alegres jovens atenienses, supervisionados por Platão, aparecem nos ginásios da Academia, debruçados sobre distinções as mais finas, ocupados em classificar em gênero a abóbora, se arbusto, gramínea ou legume-com o que, vingando-se, o público debochava do trabalho da divisão dialética, tão bem exemplificado n'O Sofista, por meio do qual se procurava estabelecer quais ideias se comunicam entre si e quais se excluem, bem como compreender o princípio em virtude do qual se comunicariam, isto é, o próprio "ser" e, logo, as regras próprias das ligações de predicação possíveis, os princípios mesmos da identidade e da diferença. 2 volume 20 número 1 2016 EpistEmoloGia E Gramática FilosóFica Na superfície, o público leria o profundo como anedótico ou inútil, sem que, por contraposição, devamos sempre supor profundo o que nesse trabalho pode haver de ocioso, repetitivo e deveras chato. A filosofia, com sua especial atenção à linguagem, tende a padecer incompreensão semelhante à sofrida pela linguística de feição antropológica, que, ao procurar ver a "diversidade de usos de que se reveste cada lugar, diversidade movida por razões históricas, sociais e até políticas", tem retido de seu trabalho o arco de nominações por que nos envolve "a névoa, ou neblina, ou librina, ou neve, ou nevoeiro, ou nuveiro, ou quantos outros nomes que a lexicologia regional queira dar a esse fenômeno atmosférico". Ora, mais que meramente fazer registros, a linguística desfia os mistérios por que a língua, diferenciando-se em seus usos, articula em um sistema comum um conjunto de variedades de manifestação, de modo que nada tem de trivial o que "dá ao falante o direito de (...) escolher se compra uma galinha d'angola, uma pintada, uma cocar, uma guiné, uma tô fraco, uma capote, uma angolista, uma picote"; ou o que, decalcando preconceitos da realidade dura da prostituição, "dá-lhe a possibilidade de utilizar dama, mulher dama, varredeira, varre-rua, mulher da vida, mulher de vida livre, mulher de vida fácil, rameira, prima e muitas outras denominações". 3 O trabalho do filósofo, então, não sendo a repetição ou a aplicação de meras técnicas, por sofisticadas que o sejam, tende a articular recursos, conformar vocabulários, selecionar ou recusar temas, o que se manifesta em um modo argumentado de fazer escolhas e superar dificuldades. Ou seja, o trabalho do filósofo tende a constituir-se como obra. Em sendo assim, traça caminhos, configura-se em métodos, desenha um estilo por que se entrelaçam temas reiterados e procedimentos recorrentes. Lembrando Ubirajara Rebouças, poderíamos dizer de forma ainda mais radical: a obra é filosófica se comporta uma démarche. Não se deve supor, por conta disso, que precisem ou mesmo devam constituir sistemas. Apenas não devem resultar, sistemáticas ou não, da aplicação ociosa de um patois a qualquer tema (como quando adoecíamos aqui e alhures de hegelianismo), e sim constituir critérios para discernir o profundo do especioso, para a preservação ou mudança de posições, para a decantação do duradouro sobre o passageiro e inclusive para a colaboração empreendida pelos pro-3 CARDOSO,
Ciências da Educação: que estatuto epistemológico?
2011
O objectivo deste texto e contribuir para um esclarecimento do conceito de Ciencias da Educacao, tomando como ponto de partida os proprios conceitos de Educacao e de Ciencia (Ciencias Humanas), e terminando com o acentuar de algumas exigencias a que elas tem de se submeter e dos obstaculos epistemologicos que elas devem superar, de modo a garantirem a sua identidade e a conseguirem afirmar-se na comunidade cientifica e na sociedade em geral, como ciencias rigorosas, necessarias, uteis e com futuro.
Filosofia e Educação
O texto tem como objetivo desenvolver reflexão atualizada em relação à pedagogia das competências como tendência pós-moderna à luz da pedagogia histórico-crítica. É apresentado em três partes além da introdução e conclusão. Na primeira, pretende-se caracterizar a pedagogia histórico-crítica; segunda, algumas críticas à pedagogia das competências; terceira, revelar a relação entre a pedagogia das competências e a educação do estado de São Paulo; na conclusão, a necessidade urgente de resgatar a concepção de educação pautada na totalidade, superação da visão individualista, defesa dos interesses planetários e universais, as questões éticas, ambientais, justiça social e valorização da vida.
Fundamentos epistemológicos da ciência Didática: contribuições de Mikhail A. Danilov
Resumo: O propósito deste artigo consiste em apresentar as principais contribuições do didata russo Mikhail A. Danilov (1899-1973) para a consolidação da Didática como ciência indepen-dente. Essas contribuições demarcam-se no que pode ser considerado o núcleo principal das categorias que definem a Didática científica: fundamentos filosóficos, conceito, objeto, leis, princípios científicos e tarefas dessa ciência. O referencial teórico tem sido a Dialética Materialista e a Didática Desenvolvimental. Os procedimentos metodológicos foram a análise crítica das obras do autor, a contextualização de seu pensamento com as fontes filosóficas, assim como com a obra de outros didatas que apresentam preocupações similares às do autor. O resultado foi uma nova síntese do pensamento didático de M.A. Danilov, cotejado com outras fontes e autores. O artigo apresenta as categorias principais da ciência Didática, tornando-se uma ferramenta para a formação pedagógico-didática de estudantes e professores em exercício. Palavras-chave: fundamentos epistemológicos, ciência didática, categorias da didática, Abstract: The aim of this paper was to show the main contributions of the Russian didacti-cian Mikhail A. Danilov (1899-1973) for the consolidation of the Didactic as an independent science. These contributions are shown as the ones that are considered the main nucleus of the categories that can define the Scientific Didactic: philosophical fundamentals, concept, object, laws, scientific principles and tasks of this science. The theoretical referential has been the Materialistic Dialectic and the Developmental Didactic. The methodological proceedings were the critical analysis of the author publications: the contextualization of his thinking with the philosophical sources, as well as publications of other didacticians concerned about the same questions. The result was a new synthesis of the didactic thinking of M.A. Danilov, mixed by other sources and authors. The paper shows the main categories of the Didactic science, becoming a tool for the didactic-pedagogical formation of students and teachers at work.
Didática Transdisciplinar Como Expressão De Uma Fenomenologia Complexa
Revista Inter-Legere, 2016
Neste ensaio, a didática transdisciplinar é reconhecida como expressão de uma fenomenologia complexa, produto de uma tessitura dialógica, complexa e autoeco-organizadora entre sujeito e objeto, que emerge em outro nível de materialidade diferente daquele que lhe deu origem. O conhecimento transdisciplinar emergente no ato didático é tecido nas fronteiras disciplinares, na intersubjetividade dialógica, nos meandros da pluralidade de percepções e significados emergentes, por meio de uma dinâmica complexa e multirreferencial. Para tanto, é necessária a complexificação do ato didático, superadora da fragmentação e do reducionismo dos processos de ensino e aprendizagem, trabalhando, simultaneamente, os diferentes elementos estruturantes da didática, a partir de uma racionalidade aberta nutrida pelos operadores cognitivos do pensar complexo.
2013
Partindo de uma perspetiva crítica – científica e didática - do atual programa de filosofia do ensino secundário, em particular do tema 1, “Descrição da actividade cognoscitiva” e respetivos subtemas, propomo-nos apresentar uma nova proposta de unidade programática de epistemologia centrada em problemas (ou “eixos problemáticos”), designada por “Unidade de epistemologia”. Substituímos os tradicionais “temas/conteúdos” e respetivos “percursos de aprendizagem” por problemas, e respetivas teorias e argumentos, que entendemos (à semelhança de outros autores) serem os conteúdos próprios da filosofia. Substituímos a tradicional abordagem “temática” baseada na transmissão, por uma abordagem “problemática” baseada no diálogo, na discussão e confrontação de argumentos. Aproximamos, assim, a didática da epistemologia da natureza dinâmica do trabalho filosófico, e atribuímos relevância nuclear às competências de problematização e argumentação. Palavras-chave: epistemologia; problema; problematicidade; problematização; teorias; argumentos; eixo problemático; pedagogia ativa; atividade filosófica; ensino da filosofia; conhecimento.