Manuais didáticos de história e identidades (original) (raw)

Tomando os manuais didáticos da disciplina de História como objeto de estudo, esta comunicação pretende apresentar uma trajetória possível na investigação das relações entre a produção didática e a circulação de modelos identitários, entendendo o manual didático como meio de comunicação e o autor (ou a autoria) como mediador cultural. Estas considerações fazem parte das reflexões iniciais de pesquisa para doutoramento sob o título "Quem somos nós? Apropriações e representações sobre a identidade nacional em manuais didáticos (1971-2007)" que desenvolvemos junto ao Programa de Pós-graduação "História e Sociedade" da UNESP/Assis. 1. Um objeto em circulação Vinculado ao poder instituído desde suas origens, não por acaso o desabrochar da produção didática nacional-centrada, em primeiro plano, nas disciplinas de História e Geografia-, coincide com o momento da procura pelos fundamentos da nação brasileira, na segunda metade do século XIX. Dessa forma, a produção didática compartilha com a historiografia deste período, a "invenção"-seleção de acontecimentos, ordenação em períodos encadeados e coerentes (BITTENCOURT, p. 147)-do que entendemos, ainda hoje, por História do Brasil. Embora delegando a produção a empresários particulares, o Estado brasileiro exerceu uma constante vigilância sobre a produção didática. Desde os anos 1930, com a centralização da política educacional no Ministério da Educação e Saúde (MES), foram se multiplicando as siglas de órgãos envolvidos direta ou indiretamente com a produção de livros didáticos. Mais recentemente o PNLD (Programa Nacional do Livro Didático) tem chamado a atenção dos pesquisadores, não só por envolver cifras astronômicas, mas por revelar demandas e apropriações culturais entre os diversos sujeitos envolvidos: o Estado, as universidades públicas, editoras privadas, autores, professores da rede pública, estudantes e a sociedade em geral (imprensa, pais de alunos, políticos) que se envolve, ainda que esporadicamente, questionando critérios de avaliação, conforme valores mais ou menos arraigados possam estar colocados em xeque.