Os estrangeirismos e os empréstimos no português falado em Moçambique (original) (raw)

Os estrangeirismos e os empréstimos no português falado em Moçambique Foreignness and borrowings in the Portuguese spoken in Mozambique

Resumo: Este trabalho é uma reflexão sobre a situação do português em Moçambique, especialmente na questão da variação e mudança linguística que se processa a partir de estrangeirismos e empréstimos. O português convive com mais de vinte línguas banto e duas asiáticas, o que permite contato entre elas. O português é língua oficial e não é materna para a maioria dos moçambicanos. Assim, pretendemos identificar e apresentar os estrangeirismos e empréstimos fenômeno que se verifica mais nos mídias. Descreveremos a integração dessas "novas" palavras no português moçambicano bem como o seu valor semântico. O corpus é composto por 27 cartas de opinião recolhidas no jornal "Notícias", em 2010 e 2011, o qual foi inserido no programa Lexico-3. Da pesquisa, se concluiu que a maior parte dos empréstimos e estrangeirismos provém das línguas banto bem como do inglês. A integração dessas palavras segue as regras gramaticais do português, havendo dificuldades em muitos casos, n...

Breve estudo sobre os usos dos termos empréstimo e estrangeirismo na tradição linguística em língua portuguesa

2020

Na literatura linguistica tradicional em lingua portuguesa, em capitulos e obras dedicados a Lexicologia, encontram-se diferentes usos e definicoes para os termos emprestimo e estrangeirismo. Tais conceitos estao relacionados ao processo neologico pelo qual uma unidade lexical de um sistema linguistico passa a fazer a parte do lexico de outra lingua, de maneira provisoria ou definitiva. Esse fenomeno de ampliacao lexical e, segundo Alves (2002), chamado de neologia por emprestimo. Imprecisoes terminologicas aparecem com o uso de estrangeirismo: para a maioria dos pesquisadores, e o ponto de partida do processo, mas ha estudiosos que consideram estrangeirismo nao so a primeira etapa, como o processo e seu resultado, caracterizando-o como sinonimo de emprestimo. Existe tambem quem argumente que, enquanto o elemento for sentido como estrangeiro, sera tido como estrangeirismo. Com base em teorias e pesquisas de autores como Guilbert (1973), Biderman (2001), Alves (2002), Carvalho (2010)...

Empréstimos do Português na língua Mehináku (Arawak)

Estudos Linguísticos (São Paulo. 1978), 2020

Com a colonização do país e, consequentemente, a mistura de povos etnicamente diferentes, muitas foram as mudanças, de caráter diverso e assimétrico, sofridas pelas línguas em contato. Ao longo da trajetória histórica e política do Brasil, por exemplo, muito se tem discutido a respeito dos processos linguísticos oriundos desse contato, bem como sua implicação para os sistemas das línguas em convívio. Tais estudos, em sua maioria, versam em analisar o sistema do Português e o modo como ele foi influenciado pelas línguas com as quais conviveu. Tomando um sentido contrário, neste trabalho buscaremos refletir a respeito de como se dão os empréstimos linguísticos do português na língua Mehináku (Arawak), a fim de traçar um panorama geral dos tipos mais comuns de empréstimos linguísticos presentes neste idioma.

A dinâmica do português brasileiro na imprensa escrita: o caso de empréstimos e estrangeirismos lexicais

A Cor das Letras, 2017

Resumo: A criação lexical ocorre cotidianamente nas várias situações de uso da língua, inclusive nos textos que circulam na imprensa escrita, sendo, portanto, importante meio para observação da forma como se processam fenômenos linguísticos denominados estrangeirismos ou empréstimos. A partir da revisão bibliográfica de autores como Alves (1990), Bechara (2009), Carvalho (2009), Correia e Barcellos Almeida (2012) e Timbane (2013a), objetiva-se discutir as diferenças entre os conceitos apresentados e refletir sobre a importância desses fenômenos na manutenção da língua, pretendendo identificar e compreender a formação de neologismos. Do Jornal do Tocantins, foram analisados 20 textos dos gêneros notícia e artigo de opinião que divulgaram atualidades sobre as olimpíadas Rio-2016, sendo possível identificar 25 casos de manifestações neológicas, sendo 12 de neologismos formais e 13 de neologismos por empréstimos. A partir da pesquisa, pode-se perceber que os esportes paraolímpicos criaram novos nomes para esportes novos, sendo a maioria dos estrangeirismos provenientes do inglês. Os neologismos são responsáveis pela dinâmica lexical e a mudança semântica das palavras já existentes. Conclui-se, ainda, que a língua tem uma dinâmica que acompanha os acontecimentos da sociedade, da evolução tecnológica e, ao longo do tempo, há tendência de desneologização lexical.

Os Estrangeirismos No Léxico Português–Uma Perspectiva Diacrónica

fflch.usp.br

Este texto insere-se no domínio lexical, em particular no âmbito dos estrangeirismos, e adopta uma perspectiva diacrónica. O objectivo foi demonstrar que a Língua Portuguesa desde cedo se manifestou receptiva à entrada de palavras estrangeiras e que, por esse motivo, este fenómeno linguístico não é recente. Assim, pretendendo simultaneamente evidenciar o carácter dinâmico da língua, iniciou-se por mostrar que substratos e superstratos são o reflexo não só da História da Língua, mas também da História de vários povos, uma vez que sucessivas vagas foram deixando o seu cunho linguístico na Península Ibérica. Relativamente a os Latinismos mostrou-se que o passado não desvanece, tendo tido os falantes o poder de uma espécie de revitalização anímica aquando da época do Renascimento. Os sessenta anos sob domínio espanhol também tiveram consequências linguísticas, uma vez que se viveu um período em que a Língua Portuguesa e a Língua Castelhana conviviam lado a lado. Os grandes herdeiros da Língua Latina -os italianos -legam à Língua Portuguesa contributos de índole linguística, sobretudo, no domínio artístico. No que concerne aos galicismos e aos anglicismos importa sublinhar que as "importações" são o resultado de uma conjuntura económica, política e, consequentemente, linguística vivida em países onde é falada. Muitos são os puristas que utilizam a língua como estandarte da nação. Mas, afinal, através desta perspectiva histórica, verificamos que a entrada de estrangeirismos é um processo que já vem do passado, sem que por isso houvesse perda de identidade.

Interferências de Línguas Moçambicanas em Português falado em Moçambique

Revista Cientifica Da Uem Serie Letras E Ciencias Sociais, 2012

RESUMO: Quando dois povos entram em contacto durante um período considerável, como é o caso dos portugueses e moçambicanos, entre os vários aspectos, as suas línguas acabam por se influenciar mutuamente (Sapir 1921) através de aparecimento de alguns traços de uma língua no discurso de falantes da outra língua. Em literatura linguística, se o traço linguístico de uma língua que aparece na outra for generalizado, este fenómeno, chama-se empréstimo, mas se for esporádico e (quase) individual, chama-se interferência (Ngunga 2009), pois o processo de aquisição de uma língua não materna implica utilização dos órgãos do aparelho fonador e de processos psicológicos formatados para uso na produção de sons e outras estruturas da língua materna. Este exercício pode resultar no que os professores de línguas chamam de "erros" resultantes de transferência de estruturas da língua materna para a língua alvo (Cardoso 2007). Baseado no método de observação que consistiu na escuta, recolha e sistematização de enunciados produzidos por moçambicanos ao longo de cerca de três décadas, este artigo visa estudar as interferências de línguas moçambicanas na língua portuguesa nas áreas fonética, fonológica, sintáctica e semântica. Os resultados desta investigação mostram que o surgimento inadvertido de traços das línguas moçambicanas no Português pode afectar o processo de comunicação nesta língua. Por isso, o texto sugere algumas estratégias para ajudar o professor a encontrar possíveis exercícios para minimizar as dificuldades de aprendizagem de Português como língua não materna por alunos moçambicanos.

O uso de estrangeirismos em manuais de língua materna

2008

No início do século XXI, aquando do lançamento do Dicionário da Academia das Ciências de Lisboa, não foram raros os artigos de jornais, nem as discussões televisivas entre os defensores da dicionarização deste tipo de vocabulário e os que se lhe opunham. No entanto, e sendo a aula de Língua Portuguesa um espaço privilegiado nesta matéria, considerámos necessário conhecer o que nos dizem os Manuais Escolares. Concluímos que a Língua Inglesa é a que tem a presença mais significativa nos manuais escolares e que embora muitas palavras estrangeiras, de origens diversas, já tenham sido adaptadas à Língua Portuguesa, ainda permanecem na sua forma original nos já mencionados manuais. De sublinhar, ainda, as marcas visuais registadas e o(s) tipo(s) de adaptação a que estes elementos linguísticos já forma submetidos. Estamos em crer que uma maior articulação entre a filosofia que envolve os Curricula e a formação continua de professores contribuiriam, sem dúvida, para a melhoria do processo d...