Uma viagem transnacional do feminismo: outra lente para a história (original) (raw)

Feminismo Interseccional: fortalecendo o movimento a partir da transnacionalidade

Novos Rumos Sociológicos, 2023

O artigo analisa as conexões entre o feminismo transnacional, a interseccionalidade e a decolonialidade. Primeiramente, a análise consistiu em um resgate histórico e conceitual da interseccionalidade, relacionando-a com os movimentos sociais e, posteriormente, com o campo científico. Nessa análise, as experiências do movimento feminista negro permitiram relacionar a prática de resistência e luta com o campo teórico, o que gerou a ampliação do conceito de interseccionalidade para além do trinômio gênero, raça e classe. No decorrer do estudo, exploramos a transnacionalidade como proposta de um movimento feminista sem fronteiras, o qual se expande exponencialmente, especialmente nos países da América Latina. Assim, conceituamos a transnacionalidade e a relacionamos com o viés interseccional, destacando a possibilidade de se pensar territórios discriminatórios a partir das realidades das/os sujeitas/os e não do recorte geográfico. Nesse sentido, percebemos também que a decolonialidade é um fator essencial para a análise e para o fortalecimento de um movimento feminista internacional, que seja capaz de atuar com diferentes grupos de mulheres sem apagar as diferenças daquelas localizadas nas fronteiras. Ao final, podemos constatar que o feminismo transnacional depende de um caminho trilhado a partir da decolonialidade, com consciência, e da interseccionalidade, como teoria crítica social e metodologia de resistência, pois, caso contrário, o movimento pode incidir nas correntes da homogeneidade e gerar novas formas de silenciamento.

Feminismos transnacionais e deslocamentos de brasileiras através das fronteiras, apresentado no Fazendo Gênero 10, Florianópolis, 2013

Neste texto exploro como o acesso ao espaço social dos feminismos transnacionais e a circulação das teorias formuladas no âmbito desses movimentos contribui nas discussões sobre os deslocamentos contemporâneos. Com esse fim, tomo como referência aspectos vinculados às mobilidades de mulheres brasileiras através das fronteiras nacionais. Colocando "em diálogo" a maneira como os estudos acadêmicos abordaram as dinâmicas desses fluxos e as inquietações que aspectos desses deslocamentos têm suscitado em organizações orientadas por interesses feministas, no Brasil e no exterior, analiso as diferenças entre umas e outras percepções, considerando a circulação diferenciada de elaborações teóricas e práticas feministas.

Construindo espaços transnacionais a partir dos feminismos

Revista Estudos Feministas, 2003

A construção de espaços transnacionais não é novidade para o feminismo. No século passado foram muitas as interconexões entre as elaborações feministas européias e as das Américas. Redes internacionais foram construídas sobre temáticas específicas -a saúde, os direitos reprodutivos, a violência... -ou com objetivos de lobby nas conferências e nas instituições transnacionais. A nossa análise do patriarcado como sistema universal de dominação foi enriquecida pelo estudo de sua articulação com os contextos econômicos e culturais mais variados e difusos pelo planeta, acabando, parando, entre outras coisas, com o mito segundo o qual a questão do patriarcado, entendido como sistema global de domínio de um sexo sobre o outro, fosse uma invenção feminista ocidental que não interessava às mulheres e sociedades do Sul. Em particular a conferência da ONU sobre as mulheres, em Pequim, em 1995, e a relativa conferência paralela das ONGs em Huairou deram um salto de qualidade na internacionalização do feminismo e no crescimento exponencial da contribuição das mulheres do Sul para as análises feministas.

Mulheres: Revisitações Históricas Sob O Prisma Ficcional - Olhares Que Ressignificam

EntreLetras, 2021

O presente estudo tenciona uma análise acerca de três personalidades históricas, cuja representatividade foi marcada de forma ex-cêntrica frente ao discurso hegemônico de cunho positivista. As produções escolhidas são: Colón a los ojos de Beatriz (2000), de Pedro Piqueras, Our Lives Are the Rivers (2006), escrita por Jaime Manrique, e A descoberta do Novo Mundo (2013), de Mary Del Priore. Os referidos romances atuam em uma perspectiva mediativa, segundo Fleck (2017), entre as abordagens tradicionais e desconstrucionistas acerca dos modos de perfilar o passado histórico.

O feminismo é revolução no mundo: outras performances para transitar corpos não hegemônicos “El feminismo es para todo el mundo” de bell hooks Por Michelly Aragão Guimarães Costa

INTERRITÓRIOS, 2018

El feminismo es para todo el mundo, é uma das obras mais importantes da escritora, teórica ativista, acadêmica e crítica cultural afronorteamericana bell hooks. Inspirada em sua própria história de superação e influenciada pela teoria crítica como prática libertadora de Paulo Freire, a autora nos provoca a refletir sobre o sujeito social do feminismo e propõe um feminismo visionário e radical, que deve ser analisado a partir das experiências pessoais e situada desde nossos lugares de sexo, raça e classe para compreender as diferentes formas de violência dentro do patriarcado capitalista supremacista branco. Como feminista negra interseccional, a escritora reivindica constantemente a teoria dentro do ativismo, por uma prática feminista antirracista, antissexista, anticlassista e anti-homofóbica, que lute contra todas as formas de violência e dominação, convidando a todas as pessoas a intervir na realidade social. Para a autora, o feminismo é para mulheres e homens, apontando a urgênc...

Preservativo Feminino: das políticas globais à realidade brasileira

Núcleo de Estudos de População (NEPO) O NEPO, da Universidade Estadual de Campinas, foi criado em 1982 com o objetivo de produzir e divulgar conhecimento nas áreas de estudos de população e demografia a partir de uma perspectiva multidisciplinar. Desenvolve pesquisas que subsidiam direta ou indiretamente a atuação de órgãos públicos e movimentos sociais, colabora com outras instituições de ensino e pesquisa, estabelece intercâmbio entre a comunidade científica e a sociedade, forma e capacita quadros para a pesquisa no âmbito da investigação interdisciplinar e do ensino da demografia. Para mais informações, acesse: www.nepo.unicamp.br Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (ABIA) A ABIA, fundada em 1987, é uma ONG de utilidade pública que atua na mobilização da sociedade para o enfrentamento da epidemia de HIV/Aids no Brasil, na luta por acesso a tratamento e assistência e na defesa dos direitos humanos das pessoas que vivem com HIV e Aids. Atua ainda no acompanhamento de políticas públicas, na formulação de projetos de educação e prevenção ao HIV/Aids e acesso à informação. Produz publicações e promove campanhas de prevenção Núcleo de Estudos de População (NEPO) O NEPO, da Universidade Estadual de Campinas, foi criado em 1982 com o objetivo de produzir e divulgar conhecimento nas áreas de estudos de população e demografia a partir de uma perspectiva multidisciplinar. Desenvolve pesquisas que subsidiam direta ou indiretamente a atuação de órgãos públicos e movimentos sociais, colabora com outras instituições de ensino e pesquisa, estabelece intercâmbio entre a comunidade científica e a sociedade, forma e capacita quadros para a pesquisa no âmbito da investigação interdisciplinar e do ensino da demografia. Para mais informações, Preservativo

Feminismos transnacionais descoloniais: algumas questões em torno da colonialidade nos feminismos

Revista Estudos Feministas, 2019

Resumo: Os feminismos latino-americanos encarnaram, desde meados dos anos 90, uma discussão sobre suas possibilidades de ação que questionava o fato de que muitos projetos feministas feitos por feministas ocidentais fossem levados a cabo na região com uma noção subjacente de ‘cidadania universal’ para as ‘mulheres do terceiro mundo’. Apesar do predomínio deste feminismo hegemônico, outras reflexões e alinhamentos divergentes surgiram nos últimos anos, transformando-se estes numa produção crescente de conhecimento teórico local, bem como de contranarrativas, produzidas por grupos feministas anti- ou descoloniais, de luta antirracista e anticapitalistas. A virada à direita que a América Latina, a Europa e os EUA experimentam com o crescente predomínio de governos conservadores e seus imaginários políticos reacionários exige estratégias feministas transnacionais. A questão que me traz aqui é como estabelecer um debate equitativo entre os diferentes feminismos norte-sul, seus diálogos e fricções, sem reproduzir a violência colonial. Um diálogo que compartilhe heranças de lutas sociais, uma tradução geopolítica entendida como uma prática que não caia na repetição da colonialidade. Palavras-chave: Feminismos transnacionais. Opção descolonial. Feminismos antirracistas. Decolonial transnational feminisms: some issues about coloniality within feminisms Abstract: Latin American feminisms embodied since mid-1990 a discussion about their possibilities of action that questioned the fact that many feminist projects designed by western feminists were developed with an underlying notion of ‘universal citizenship’ for the ‘third world women’. Despite the predominance of this hegemonic feminism, other reflections and divergent alignments have appeared in the last years, turning into a rising production of local theoretical knowledge as well as counter-narratives, produced by groups such as the decolonial feminisms, the anti-racist and the anti-capitalist collectives. The turn to the right that Latin America, Europe and US have experienced recently with the increasing conservative governments and their reactionary political imaginaries, requires transnational feminist strategies. The question that brings me here, is how to establish an equitable debate among north-south different feminisms, its dialogues and frictions, without reproducing colonial violence. A dialogue that shares heritages of social struggles, a geopolitical translation understood as practice that does not fall into the repetition of coloniality.

Mulheres, negritude e a construção de uma modernidade transnacional

Seção Temática, 2019

Resumo: Partindo do conceito de negritude formulado por Aimé Césaire, proponho uma reflexão sobre os desdobramentos da negritude em diferentes momentos históricos, nos quais o conceito é ressignificado através de interpretações que atendem às demandas políticas e culturais de cada contexto. Assim, meu texto pretende enfocar duas vozes poéticas femininas que, de maneiras diversas, fazem ecoar os princípios da negritude, reinterpretando-a à luz de suas agendas específicas: Noémia de Sousa, inserida no ambiente português e africano dos anos 50, e a cantora brasileira Luedji Luna, que retoma questões centrais do mesmo tema no contexto brasileiro pós-ações afirmativas. Através da abordagem dessas duas vozes, pretendo identificar redes transnacionais de construção de solidariedade planetária em perspectiva feminista e negra.