Arquivos jornalísticos: impressões de uma memória (original) (raw)
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Na ilha de edição: memória como fonte de autoridade jornalística
Este artigo analisa a série especial 50 anos de jornalismo da Globo, exibida em cinco episódios ao final do Jornal Nacional, na semana do aniversário de meio século da emissora, em abril de 2015. O conteúdo do programa foi organizado tomando como base a memória de 16 jornalistas que participaram das coberturas dos principais fatos do período. Parte-se da hipótese que, muito mais que uma simples recordação, este especial tem como objetivo evocar a importância do telejornalismo e reafirmar a qualidade do trabalho desenvolvido pela emissora. Esta iniciativa se colocaria, portanto, como um contraponto à uma crescente desvalorização dos meios noticiosos tradicionais e especialmente à uma queda na popularidade da própria Rede Globo. Como método, empregaram-se a análise documental, a análise textual qualitativa e a análise de enquadramento.
Jornalismo e o dever de memória
Propõe-se discutir o trabalho de memória operado pelo jornalismo a partir do conceito de “dever de memória”, abordado na esteira de P. Ricoeur. A partir da leitura das capas de jornais e revistas brasileiros no âmbito da cobertura do acontecimento “incêndio na boate Kiss”, ocorrido em 27 de janeiro de 2013, em Santa Maria (RS), busca-se compreender a evocação da memória, no jornalismo, para além de uma estrita serventia ao presente ou do problema da fidelidade ao passado. Percebe-se, nos exemplos observados, o surgimento do dever de memória - sob a forma de um imperativo - como pano de fundo do exercício da memória praticado pelo jornalismo. Nesse movimento, ressalta-se o lugar do esquecimento, bem como a possível inversão da lógica da memória segundo a qual um passado é invocado no presente: ou seja, quando o presente se deixa interpelar pelo passado daquele acontecimento. Ao final, compreende-se esses processos como exercícios retrospectivos e prospectivos de memória, os quais se afiguram como possibilidades de abordagem do trabalho de memória no jornalismo.
A Reportagem Jornalistica e a Memória - Histórias em Movimento
RELACult - Revista Latino-Americana de Estudos em Cultura e Sociedade, 2016
O trabalho analisa a partir de diferentes campos do conhecimento: antropologia, etnografia, etnicidade, território, história e memória em suas diversas abordagens, e o gênero jornalístico reportagem, a perspectiva de construção de conhecimento interdisciplinar, identificando os pontos de convergência entre os campos. Utiliza metodologia etnográfica/interdisciplinar, focando o trabalho da jornalista Eliane Brum à luz do referencial teórico construído.
O texto traz a íntegra da primeira tese sobre jornalismo apresentada em uma universidade: De relationibus novellis, de Tobias Peucer, defendida em 1690 na Universidade de Leipzig, na Alemanha. A tese é composta por 29 parágrafos que traçam uma comparação entre o Jornalismo e a História. Analisa os tipos de relatos utilizados pela cultura ocidental desde a antiguidade, identificando o jornalismo com a perspectiva do singular. Discute a questão da autoria, da noticiabilidade , da verdade e da credibilidade; propõe critérios de seleção e restrições ao que deve ser publicado; discute a forma e o estilo dos periódicos. Na presente versão, a tese é acompanhada por um preâmbulo do tradutor brasileiro Paulo da Rocha Dias. Abstract This manuscript is a broad version of the first doctoral dissertation presented at college level: De relationibus novellis by Tobias Peucer defended in 1690 at Leipzig University, in Germany. It consists of 29 paragraphs that outline a comparison between Journalism and History. It analyzes types of accounts employed by Western culture since ancient times, identifying journalism from a singular perspective. Peucer discusses authorship, news values, truth and credibility. He offers criteria for news selection and restrictions, format and style. This version includes a foreword by the Brazilian translator Paulo da Rocha Dias. Tobias Peucer faz parte de um grupo que, na primeira metade do século XVII, começara a pesquisar e a publicar os resultados de suas investigações nas universidades alemãs. Este fato coloca a Alemanha no ponto inicial de uma rica tradição de pesquisa em jornalismo, continuada no presente século por pesquisadores insignes como Otto Groth e Max Weber. Confirma também a "Periodistika" como o primeiro e mais antigo ramo das Ciências da Comunicação e da Informação. É na Alemanha, e justamente em Leipzig, que surgiu o primeiro diário da história da imprensa, a Leipziger Zeitung. A versão em língua portuguesa da tese de Peucer que ora apresentamos* tem como base a tradução para o Catalão feita por Josep Maria Casasús, presidente da Societat Catalana de Comunicació. Casasús, por sua vez, fez uso do texto original em Latim e da versão do mesmo em alemão 1 . Cabe dizer aqui que esta tradução é o resultado de um desafio lançado por José Marques de Melo. Há muito que, ao se estudar a Zeitungswiessenschaft nos cursos de pós-graduação em Comu-nicação, faziase apenas referências à pesquisa de Tobias Peucer ou se passava a conhecê-la por meio de fontes indiretas. É, portanto, útil e opor-tuno publicar esta versão em Português, não Estudos em Jornalismo e Mídia, Vol. I Nº 2 -2º Semestre de 2004 § IV. Esta última classe ou tipo de relationes são relatos periodísticos (Relationes novellae) que contêm a no-tificação de coisas diversas acontecidas recentemente em qualquer lugar que seja. Estes relatos, com efeito, têm mais em conta a sucessão exata dos fatos que estão interrelacionados e suas causas, limitando-se somente a uma simples exposição, unicamente a bem do re-conhecimento dos fatos históricos mais importantes, ou até mesmo misturam coisas de temas diferentes, como acon-tece na vida diária ou como são propa-gadas pela voz pública, para que o leitor curioso se sinta atraído pela variedade de caráter ameno e preste atenção. § V. Agora cabe expor mais exten-samente suas origens e as causas de sua composição, para que sejam mais ple-namente conhecidas sua estrutura e sua utilidade na vida literária e cívica.
A memória fotográfica preservada em jornais operários salvos da ditadura
Resumo: Este artigo tem como objetivo principal reconstruir alguns aspectos da história do trabalho e das lutas dos trabalhadores através da pesquisa e identificação de fotografias em jornais operários do Arquivo Social da Memória Operária Brasileira (ASMOB, 1900-1930), originalmente, Arquivo Astrojildo Pereira, nome de seu organizador, que foi um jornalista, literato e militante anarquista e comunista no início do século XX. De modo complementar, apresentamos, em linhas gerais, como o Arquivo foi resgatado da Ditadura Militar no Brasil, nos anos 1970. Tivemos por metodologia os jornais e a fotografia como fontes históricas e a história oral baseada nos depoimentos das três principais protagonistas do resgate do Arquivo de São Paulo para o Rio de Janeiro e, daqui para Milão (Itália). No estudo da fotografia na imprensa operária da época, e no reconhecimento do percurso de resgate do Arquivo, assumimos a história como processo de vida e a história como método de pesquisa, no contexto de cada conjuntura social. São conclusões principais: a importância dos jornais operários para a memória e a história das condições de vida, de trabalho, de educação e de organização dos trabalhadores no início do século passado; a reiteração nos jornais, das poucas fotografias disponíveis nas redações; as ações de grande coragem e resistência ao autoritarismo da Ditadura no salvamento do Arquivo; a importância fundamental dessa documentação (jornais, cartas, panfletos, fotografias etc.) para a história do trabalho e da educação. Autora: Maria Ciavatta Professora Titular de Trabalho e Educação e do programa de pósgraduação em Educação da Universidade Federal Fluminense (UFF, Brasil). Revista de Estudios Brasileños, vol. 3, nº 5 Link: https://reb.universia.net/article/view/2244/memoria-fotografica-preservada-jornais-operarios-salvos-ditadura
Entre fronteiras: as marcas do arquivo no discurso jornalístico
2019
Resumo: Analisamos neste trabalho o uso das aspas e o processo tradutório no discurso jornalístico produzido a partir de um arquivo. Trazemos para a discussão o trecho de uma matéria publicada pelo jornal Folha de São Paulo, feita a partir de documentos confidenciais do governo americano sobre o Brasil vazados pelo WikiLeaks. Também tomamos como ponto de análise trechos do próprio documento, em inglês. Pudemos observar como as aspas, muito além de marcar a fala do outro, funcionam de modo a isentar o sujeito daquele dizer; a tradução do verbo crowed como cacarejou no trecho "Lula cacarejou suas conquistas ambientais" é representativa da interpelação ideológica do sujeito inserido em uma formação discursiva onde a memória funciona de modo a resgatar préconstruídos que o conduzem a certas escolhas, em detrimento de outras. Palavras-chave: arquivo; discurso jornalístico; formação discursiva; tradução.
O jornal como lugar de memória: reflexões sobre a memória social na prática jornalística
2015
Num momento de transicao e de mudancasestruturais no jornalismo no Brasil e no mundo, este artigo propoe compreender o jornal impresso como umlugar de memoria da cultura do pais, produzindo sentidosque transcendem sua existencia material. Estas reflexoessao o ponto de partida para pesquisa sobre a formacaodo jornalismo cultural brasileiro, em estudo de caso doCaderno B do Jornal do Brasil, suplemento que circulou por50 anos (1960-2010), a partir das memorias de jornalistas,atores sociais desta jornada, articulando as interfacesentre os estudos de jornalismo, memoria e historia.
A imprensa nos acervos literários: memória do cotidiano
Editora da UFRGS eBooks, 2020
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