Algo sobre Hölderlin sobre o Estado (original) (raw)

A Lógica do Estado em Bakunin

O Estado nada mais é do que o verdadeiro representante político das classes privilegiadas, e que estas últimas representam perfeitamente a vida social do Estado." Mikhail Bakunin Este texto discute a lógica do Estado em Mikhail Bakunin, em seu período anarquista, a partir de uma abordagem imanente, que segue seus próprios pressupostos teórico-metodológicos e prioridades para a compreensão deste objeto. Abordar o período anarquista de Bakunin implica adotar uma seleção temporal adequada de seus escritos. Considera-se, em acordo com René Berthier (2008, p. 6), que o "período propriamente anarquista de Bakunin" encontra-se entre 1868 e 1876. Sua passagem ao anarquismo conclui-se com o ingresso na Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT), ou, Primeira Internacional, e com a fundação da Aliança da Democracia Socialista (ADS). A "lógica do Estado em Bakunin" aqui apresentada envolve elementos de sua teoria anarquista do Estado, desenvolvida de 1868 em diante. Tal análise fundamenta-se, principalmente, em Estatismo e Anarquia, de 1873 (Bakunin, 2003a) -um dos escritos mais importantes do autor -, e é complementada, na medida da necessidade, por outros textos e comentadores. Para o complemento bibliográfico de Bakunin, consideram-se seus escritos do período anarquista e, também, "Federalismo, Socialismo e Antiteologismo" (Bakunin, 1988), que foi produzido entre 1867 e 1868 e marca sua transição ao anarquismo; em termos de teoria do Estado, este escrito apresenta aspectos determinantes que serão aprofundados nos anos ulteriores. Realizar essa abordagem imanente do objeto exige que se compreenda, em linhas gerais, o quadro de referência utilizado por Bakunin, em seu período anarquista, para a análise da sociedade em geral, e do Estado em particular, chamado por ele de "materialismo científico". (Cf. Berthier, 2012) Esse conjunto de método de análise e teoria social oferece elementos para que se aborde devidamente a relação entre Estado e sociedade e para que se observe que o Estado insere-se em uma dinâmica social mais ampla.

Émile Durkheim e o Estado

Mediações, 2020

Resumo Este artigo discute o conceito de Estado proposto por Émile Durkheim, bem como suas implicações nos campos das ciências humanas e sociais, considerando o viés sociológico de sua análise. A partir de seus trabalhos mais significativos, visa-se analisar suas contribuições para a consolidação de uma sociologia política e, sobremaneira, para o debate político atual. Para tanto, levanta-se algumas questões importantes acerca de sua definição de Estado, objetivando, a partir das interpretações endossadas pela literatura especializada, confrontá-la com a realidade social que encerra no mundo moderno e contemporâneo. Trata-se, pois, de um trabalho eminentemente bibliográfico, de cunho revisionista, que procura, a partir de um diálogo com fontes primárias e secundárias, mapear o desenvolvimento e maturação deste conceito no interior da obra durkheimiana. Palavras-chave: Estado. Política. Sociologia política. Corporações profissionais. Sociedade política. Abstract This article discusses the concept of the state proposed by Émile Durkheim, as well as its implications in the fields of human and social sciences, considering the sociological bias of its analysis. From its most significant works, it aims to analyze its contributions to the consolidation of a political sociology and, above all, to the current political debate. For this, some important questions are raised about its definition of State, aiming, from the interpretations recognized by the specialized literature, to confront it with the social reality that it encloses in the modern and contemporary world. It is, therefore, an eminently bibliographical work, of a revisionist nature, which seeks, starting from a dialogue with primary and secondary sources, to map the development and maturation of this concept within Durkheim's work.

Revisitando Lênin: por uma teoria complexa do Estado

2023

A atualidade de Lênin nos debates políticos geralmente oscila entre uma adesão irrestrita aos postulados do líder da revolução russa, de um lado, e a negação de seu legado bem como de suas análises, do outro. No que se refere à temática do Estado, a aproximação à abordagem lenineana dificilmente ocorre de modo imediato. Como destaca José Paulo Netto em seu clássico artigo sobre Lênin e a instrumentalidade do Estado, acerca do livro O Estado e a revolução, "é frequente ocorrer que, refratado por essas lentes e luzes, o texto original se torne inapreensível: dos seus usos, derivam os seus abusos" (NETTO, 2010: 145-destaques no original). Afastando a hipótese de um contato "puro" entre o leitor e o texto original, Netto salienta a importância de controlar "o rol das lentes que se interpõem entre nós e os textos", uma tarefa que, no caso de Lênin, seria "cada vez mais urgente" (NETTO, 2010: 146). Nesse sentido, Netto destaca a unidade interna do pen-Revisitando Lênin: por uma teoria complexa do Estado * Doutor em Teoria e Filosofia do Direito pela UERJ. É coordenador científico do Instituto Norberto Bobbio.

22. Considerações sobre justiça em Hölderlin

2024

Gabriela Nascimento Souza 2 [...] quando confessas a verdade, e exerces a justiça porque é justiça, fizeste de um caso singular a lei de todos os casos, trataste como eternidade um momento de tua vida. Schiller

O Estado em Schopenhauer e o reino dos fins kantiano

Cadernos PET-Filosofia, 2020

Expomos o conceito kantiano de reino dos fins como um ideal prático que estabelece um horizonte a ser buscado. Este conceito seria um ponto de referência que podemos nos utilizar para nos adequarmos e, pouco a pouco, através de uma ligação sistemática entre seres racionais, comparar ao progresso que fizemos nas tentativas consecutivas de implementá-lo no cotidiano societário. O horizonte apontado pelo conceito possui como motor e chave para sua realização a boa vontade dos indivíduos, que determinada pela razão será traduzida em leis comuns e universais, asseguradas pelo Estado, para superar a contingência da subjetividade. Já em Schopenhauer, vemos que a vontade livre e eterna não pode ser modificada e tampouco transformada por meio de influências externas. A vontade, aqui, expõe uma autoafirmação que pode negar a que se apresenta no outro, e isto lhe ser conveniente, o que caracteriza a injustiça. Todavia, a razão é capaz de fazer um sopeso e reconhecer que isto é um gozo muito restrito diante da dor que teria ao sofrer uma injustiça. Nesse processo, vai-se paulatinamente abandonando o egoísta ponto de vista particular e adquirindo o ponto de vista de um egoísmo universal, comum, de onde emergirá o Estado para Schopenhauer. Será a partir da exposição desses conceitos nos dois autores que, então, iremos apontar algumas conclusões de suas diferenças e semelhanças.

Resenha e resumo: O Mito do Estado de Ernst Cassirer

A obra de Cassirer contém grande riqueza teórica nas mais amplas áreas do conhecimento, antropologia, sociologia e história são exemplos de abordagens utilizadas pelo autor para gerar a compreensão do fenômeno mítico e sua aplicação nos tempos modernos, todavia é na filosofia política que as grandes considerações do autor são lançadas, através de um embasamento que passa pelas filosofias políticas pré-socrática, platônica, escolástica, renascentista, contratualista e romântica, tocando nas temáticas do Estado e do poder, ressaltando sempre a presença dos elementos míticos. Para culminar em seu capítulo final e conclusão, Cassirer cria desde a primeira parte de seu livro um paralelismo entre o desenvolvimento do pensamento filosófico político em um permanente processo de luta contra o pensamento mítico - dito selvagem. Para tal, utiliza na “Parte I” de seu livro de uma ampla interdisciplinaridade para conceituar o pensamento mítico e sua estrutura culminando tal apropriação de conteúdo com excelência no capítulo “IV - A função do Mito na Vida Social do Homem”. Por fim, apesar de poucas referências diretas ao modo de agir do regime totalitarista alemão, Cassirer dialoga constantemente com tal fato em seu livro, sobretudo na terceira parte (cap. XVIII) de seu livro, onde há maior referência ao regime nazifascista. A excelência com que a condução das ideias, teorias e períodos históricos é feita pelo autor culminam num capítulo final onde o aprofundamento teórico feito através do livro gera uma compreensão completa, na medida do possível, do totalitarismo e de suas origens míticas, através da ótica da filosofia política.

Sobre a ciência do Estado

Temáticas, 2013

Por mais consideráveis que sejam as conquistas das investigações históricas ou dos trabalhos de comparativistas 2 que foram realizados, ao longo de muitos anos, sobre a formação e o funcionamento das burocracias de Estado, sobre suas estratégias de legitimação e sobre seus instrumentos * O artigo foi publicado originalmente na revista Actes de la recherche en sciences sociales. Vol. 133, Juin 2000. pp. 3-11, com o título de "Sur la science de l'État". Agradecemos aos professores Olivier Christin e Pierre-Étienne Will por terem gentilmente nos autorizado a publicar essa tradução.