Narciso, ou o amante de si mesmo (Comédia em um ato) (original) (raw)

Tradução da comédia 'Narciso, ou O amante de si mesmo', de Jean-Jacques Rousseau

Cadernos de ética e filosofia política, 2018

A peça é relativamente curta, contando com apenas um ato, dezoito cenas e sete personagens. A história se passa no dia do casamento de Valério, personagem principal, e o enredo se desenrola a partir de uma brincadeira que sua irmã, Lucinda, tenta lhe fazer, com a intenção de curá-lo de sua vaidade com um tratamento de choque. Sua brincadeira envolve um retrato de Valério (deixado furtivamente em sua penteadeira) em que ele aparece caracterizado como uma mulher, decorado com maquiagem, roupa e penduricalhos. Qual não é a surpresa do leitor quando Valério, menos do que rever seus modos, não se reconhece na imagem, apaixona-se pela figura do retrato e, no dia do seu casamento, sai à procura de si mesmo para tomar sua mão em casamento

Poesia ou Narciso à procura de si

Navegações, 2019

Este estudo aborda a Poesia como arte da palavra, de comunicação divina e de expressão oral que transfigura simbolicamente a emoção e a vivência humanas. Ler-se-á a poesia moderna como experiência de alteridade, em que o sujeito poético recorre a um jogo de linguagem ao desdobrar-se entre o "eu" que fala e o "outro" que é representado, em uma perspectiva especular.

O amor nos tempos de Narciso

Interface - Comunicação, Saúde, Educação, 2008

O presente artigo discute a dificuldade do encontro amoroso nos tempos atuais. Parte da leitura psicanalítica sobre as origens dos modos de amar na fase do desenvolvimento psicossexual chamada narcisismo primário, na qual o eu e o outro se constroem dentro de um contexto cultural. Ao longo da vida, a identidade continua sendo modelada pela interação do eu com o mundo em que vive. Do estudo de alguns aspectos do mundo atual, desenvolve a idéia de que a cultura contemporânea apresenta valores e modelos que não sustentam as relações intersubjetivas porque estimulam o modo narcísico de subjetivação. Valores como individualismo, consumismo, culto ao corpo e à imagem, produzem comportamentos que revelam a supremacia do eu. No mundo atual, cada um está voltado para si mesmo, e o outro, como alguém diferente do eu, não é desejável. Essa posição subjetiva impede o autêntico encontro amoroso e sua sobrevivência.

Contemplando Narciso: o mito de Narciso no De Amore de Marsílio Ficino

2021

Por volta de 1469, Marsílio Ficino compôs o Commentarium in Convivium Platonis, também conhecido por De Amore, um extenso e complexíssimo comentário ao Symposium de Pla- tão. No sexto discurso da referida obra o nosso pensador insere e desenvolve uma brevíssima referência à figura de Narciso, ao mito de Narciso. Pretende-se neste artigo desenvolver uma apresentação da interpretação de Marsílio Ficino do mito de Narciso. Pretende-se igualmente analisar a questão da inserção do mito de Narciso na obra de Ficino.

Narciso e O Espelho: Análise De Uma Narrativa Mítica

Do mito grego à psicanálise: ressonâncias, 2023

Editora Direitos para esta edição cedidos à Atena Editora pelos autores. Open access publication by Atena Editora Todo o conteúdo deste livro está licenciado sob uma Licença de Atribuição Creative Commons. Atribuição-Não-Comercial-NãoDerivativos 4.0 Internacional (CC BY-NC-ND 4.0).

O erro de Narciso

Inês Norton. Please [do not] touch., 2019

Sem a flor da pele. O erro de Narciso. À flor da pele é uma expressão que, durante longos anos, foi usada para descrever uma emotividade exacerbada. Algo mal visto num tempo que valorizava mais o puro intelecto do que as emoções. Mas hoje, que sabemos serem estas incontornáveis para a nossa capacidade de tomar decisões, ou seja, quando sabemos serem elas essenciais para um papel que pensávamos ser do puro domínio da razão (Damásio, 2012), como podemos pensar o simulacro do digital e a rejeição do corpo que hoje se expande, na multiplicação de imaginários assépticos? É esse o mote da exposição de Inês Norton, Please do (not) touch, que retoma, no MNAC, sob novos contornos, o foco da artista na análise da dialéctica entre os conceitos de natural e de sintético, avaliando as contemporâneas tensões entre ambos. As frases que associamos à sedução e poder do digital (o mundo "à distância de um toque" ou "o mundo na ponta dos dedos") tomam, nesta exposição, com objectos palpáveis e um expresso interdito de tocar, todo um novo sentido. Neste caso, de negação e lonjura. E, dado o contexto museológico que, desde o início da sua história o toma como imperativo, de ironia. Porque o museu é, tradicionalmente, um espaço de distância. O toque é vedado, por imposição de conservação preventiva das obras e, nesse sentido, o sentido que a pele comunica perde significado em si mesmo. Please do (not) touch-em português por favor, (não) toque-assume, por essas razões, uma dupla força e remete para a amarga ironia do nosso tempo: a distância entre corpos, o medo do contacto, a incapacidade de, pelo interdito, chegar ao outro de modo emotivo e profundo. Amarga, porque chegar ao outro sempre foi uma necessidade humana. Irónica, porque num momento em que o digital abre portas a uma mais abrangente globalização, o contacto e o encontro com o outro acabam por sair francamente comprometidos. Além disso, vivemos também um momento histórico paradoxal, em que a privacidade (que levou séculos a definir, como tão expressivamente lembrou Bologne na sua História do Pudor, 1986) se esbate nos ecrãs de uma nova suposta vida social (e, mais uma vez, global). A pele, órgão que nos define e que continua a criar tantas barreiras à comunicação por constituir o primeiro e mais definido traço visível de cada um de nós, é simultaneamente exibida, usada, resguardada e até escondida, assumida como tabu. É nesse território antagónico, em que o vazio se inscreve de modo evidente, que se movem as 18 peças de Inês Norton que compõem a presente exposição. São elas "As a souvenir", "Three doses of visual pleasure", "Aseptic synesthesia", "Immersive hug",

O sacrifício de Narciso - considerações sobre a posição sacrificial do sujeito contemporâneo

Deslocamentos/Déplacements revista franco-brasileira interdisciplinar de psicanálise , 2019

O artigo resgata a concepção freudiana de práticas sacrificiais dessacralizadas, que Freud nos indica como aquelas que são ofertadas à escuta do clínico sob a enigmática forma dos acidentes, dos fracassos e dos sintomas. Em seguida, apresenta a temática do sacrifício em Lacan, trazendo seu contraponto às concepções de Marcel Mauss, pondo em relevo as teorizações lacanianas acerca do sacrifício como um modo do sujeito responder ao desejo do Outro. Servindo-se da teoria da discursividade lacaniana, concebe a religião como um discurso aparentado ao discurso do mestre e desdobra questões sobre o modo peculiar como o discurso religioso ata saber e verdade. Por fim, empreende um diálogo da Psicanálise com a Literatura, elegendo o romance Submissão, de Michel Houellebecq, como interlocutor para apontar a posição sacrificial do sujeito contemporâneo.

Hamlet acabará Narciso? Associação Brasileira de Escritores 1941-1945

Antíteses, 2013

Este artigo tem como objetivo pensar a criação da Sociedade Brasileira de Escritores, em São Paulo, em 1942 e sua transformação em Associação Brasileira de Escritores, no mesmo ano. A partir de então, com sede no Rio de Janeiro, várias seções estaduais foram sendo criadas. Funcionando em pleno Estado Novo, só realizou seu primeiro Congresso Nacional, em São Paulo, em janeiro de 1945, mesmo assim com pouquíssima cobertura da grande imprensa. Foi considerado um dos eventos mais importantes contra o Estado Novo e conseguiu reunir nomes importantes e consagrados do mundo editorial nacional. Assim, a proposta é recuperar a trajetória dessa efêmera organização de escritores, assim como os sujeitos ai envolvidos e os projetos em disputa.

A Arte Da Autoinvenção No Romance Nove Noites

Intellèctus

O presente trabalho investiga as relações entre o factual e o fictício no romance Nove Noites, de Bernardo Carvalho. O objetivo é elucidar como a subjetividade dos personagens é construída a partir da simbiose entre fatos reais e inventados. Analisa-se também como as classificações genéricas entre narrativa literária e narrativa científica (seja historiográfica, antropológica ou jornalística) são problematizadas pela forma como informações verídicas e relato fictício se relacionam na construção dessa obra romanesca. Para tanto, a análise ocorre em três níveis: a trajetória dos protagonistas, o processo de elaboração e a metaficção proposta pela obra romanesca e, por fim, a transformação de pessoas reais em narradores fictícios. Ao final da pesquisa, constata-se que, nestas três instâncias, as semelhanças e as diferenças, as verdades e as ilusões são conjugadas na construção da imagem que os sujeitos constroem para se mostrar ao mundo.