A obra de arte em Sartre: uma relação entre o real e o irreal (original) (raw)

2018, Resumo expandido - anais do evento IV Simpósio Diálogos: Arte e Filosofia

O objetivo do presente trabalho é investigar a experiência estética no pensamento de Jean-Paul Sartre, neste caso específico, a contemplação da obra de arte por uma relação entre o real e o irreal. Assumindo a obra de arte como um objeto em-si, o qual é significado pelo sujeito através do movimento do para-si. Com efeito, Sartre considera que o processo de contemplar uma obra de arte e, por conseguinte, categorizá-la como bela ou feia está no âmbito do irreal, ou seja, através da consciência imaginante. Porém, a consciência da imagem apreendida na obra de arte parte de um fator real, caracterizado pela própria obra em-si, ao passo que o movimento de negatividade da consciência permite negar o construto real e constrói o irreal no processo da intencionalidade. A intencionalidade implica em que a consciência seja consciência de alguma coisa exterior ao sujeito, de maneira que o objeto da imaginação não está dentro da estrutura constitutiva da consciência, mas no mundo, na forma de um objeto real. Ademais, no caso da pintura e dos processos de recordação de uma tela, Sartre postula que há um equivalente material denominando analogon, que possibilita a lembrança e a presença irreal da obra de arte recordada. Ou seja, a representação mental, foto e pintura etc., são analogons de uma consciência imaginante que concebe as imagens como irrealidade. Portanto, tal como conclui Sartre em O imaginário, o real nunca poderá detér o belo, pois a beleza é um valor que só pode ser relacionado ao imaginário na relação sujeito e obra de arte, já que o homem em sua aspiração de ser Em-si-Para-si é uma paixão inútil, no aspecto de que, por mais que ele aplique uma série de postulações necessárias em um meio contingente, no intuito de constituir uma plenitude ontológica, ele se vê frustrado perante a discrepância entre o real e irreal.