O que fazem os números? produções, usos e efeitos da quantificação da vida cotidiana (original) (raw)

Dadificação, visualização e leitura do mundo: quem fala por nós quando os números falam por si?

Linguagem em Foco, 2018

Linguagem em foco, V10, n. 1, 2018, p. 83-92, Fortaleza -Univ. Estadual do Cearà, disponível em https://revistas.uece.br/index.php/linguagememfoco/article/view/1191 RESUMO Este trabalho está vinculado a uma investigação de dois anos sobre as implicações sociodiscursivas do fenômeno social da "dadificação", i.e. coleta, manipulação e representação, para "extração de conhecimento", de volumes astronômicos de dados digitais (Big Data) sobre o quotidiano do cidadão. Objetiva-se caracterizar os letramentos críticos (de dados) necessários, frente ao fenômeno, para (i) a conscientização do cidadão acerca das transgressões de seus valores éticos e culturais implicados nessas técnicas e epistemologias e (ii) fomentar o empoderamento do cidadão, sobretudo pela educação linguística e matemática, pela utilização dessas mesmas técnicas de geração, interpretação e comunicação de dados provenientes de repositórios de dados abertos disponibilizados pelo Estado, por força de lei, e por empresas de internet tais como Twitter e Facebook, via interfaces de aplicação (API). Nesta apresentação, abordarei especificamente os modos e estratégias pelas quais essas novas representações multimodais afetam os sujeitos em sua capacidade e disposição de ler-i.e. duvidar, criticar e interpelar-informações quantitativas/ estatísticas representadas visualmente. Exemplificarei com um estudo exploratório sobre três mapas, um dos quais baseado em Big Data, que representam a distribuição racial no Brasil, no qual utilizei categorias de análise da teoria da multimodalidade em semiótica social. Concluo que, no caso do mapa do tipo Big Data, a visualização obtida gera uma poderosa sensação de envolvimento/empatia que induz o leitor a desconsiderar os componentes retórico e ideológico da representação. ABSTRACT This work is part of a two-year research project on the social-discursive implications of the social phenomena of "datafication", i.e. the collection, manipulation and representation, for "extraction of knowledge", of astronomical volumes of digital data (Big Data) on the daily life of the citizen. The objective is to characterize the critical (data) literacies necessary, in the face of the phenomenon, for (i) increasing citizen awareness of the transgressions of their ethical and cultural values implied in these techniques and epistemologies and (ii) fostering citizen empowerment, above all through the use of these same techniques of generation, interpretation and communication of data from open data repositories made available by the State, by law, and by Internet companies such as Twitter and Facebook, via application interfaces (API). In this presentation, I will specifically address the modes and strategies by which these new multimodal representations affect subjects in their capacity and willingness to read-i.e. doubt, criticize, and question-quantitatively/visually represented statistics. I will exemplify an exploratory study of three maps, one of which is generated on Big Data, representing the racial distribution in Brazil, in which I used categories of analysis from the theory of multimodality in social semiotics. I conclude that in the case of the Big Data type map, the visualization obtained generates a powerful sense of involvement/empathy that induces the reader to disregard the rhetorical and ideological components of representation.

Quando os números produzem formas - sujeito: a quantificaçao como prática de governo

O presente trabalho objetiva problematizar a quantificação como prática de governo e assim repensar práticas, saberes, sujeitos/subjetividades que se produzem em espaços socialmente institucionalizados. Para tanto, coloca-se em operação o conceito de Numeramentalidade, cujas bases encontram-se nas filosofias de M. Foucault e L. Wittgenstein. A partir desse conceito e da problematização da proposta Etnomatemática, emerge a noção de Etnoestatística, para pensar sobre como os saberes estatísticos, em um quadro normativo, produzem, regulam, organizam diferentes práticas. Com esse quadro teórico-conceitual, mostra-se uma das formas pelas quais a normatividade numérica está implicada na produção e modificação de condutas desde um aspecto mais amplo, como a formulação de políticas públicas, até em um aspecto mais micro, como a ação pedagógica de professores em sala de aula. Ao final, propõe-se o termo ethostatística, na tentativa dar abranger toda uma normatividade numérica, expressa sob diversas formas e utilizada de diferentes maneiras para se agir sobre os modos de vida de sujeitos, grupos étnicos, populações, entre outros.

A vida em números

Todos os direitos garantidos. Qualquer parte desta obra pode ser reproduzida, transmitida ou arquivada desde que levados em conta os direitos das autoras e dos autores. Fernanda Correa Silveira Galli; Jacob dos Santos Biziak; Mónica Graciela Zoppi Fontana [Orgs.] O não-sentido como espaço de (r)existências: processos de subjetivação na pandemia. São Carlos: Pedro & João Editores, 2020. 457p.

O que é número?: produção, circulação e apropriação da Matemática Moderna para crianças

Bolema: Boletim de Educação Matemática, 2012

O estudo aborda as mudanças nos conteúdos a serem ensinados nos primeiros anos da escola elementar. Em particular, considera o ensino de matemática. Atém-se, sobretudo, à emergência da Matemática Moderna no Brasil. De forma específica, analisa o conceito de número. Leva em consideração, como base teórico-metodológica, estudos vindos da História Cultural. Na análise realizada trata de movimentos pedagógicos anteriores ao que fica conhecido como Movimento da Matemática Moderna: o ensino tradicional, o ensino intuitivo e o escolanovismo. Em seguida, leva em conta a emergência, divulgação e apropriação de uma nova matemática escolar a partir de finais da primeira metade do século XX. O artigo orienta-se pela seguinte questão: que alterações o conceito de número sofre, na matemática escolar brasileira, em finais da década de 1950? Como resultado do estudo revela-se como se dá o processo de produção, de circulação e de apropriação de novos conteúdos elementares da matemática escolar para ...

Os números decimais expostos no LA DISME: atividades matemática como práticas sociais

2018

Este trabalho tem por objetivo investigar as praticas sociais desenvolvidas com os numeros decimais e que foram um dos argumentos expostos no la disme de Simon Stevin para justificar a sua proposicao. Para o desenvolvimento da pesquisa realizamos uma revisao bibliografica sobre a sociologia das atividades matematicas e o desenvolvimento dos numeros decimais e sua sistematizacao por Simon Stevin. Observamos que a sistematizacao de Stevin dos numeros decimais possibilitou um melhor desenvolvimento das praticas sociais de sua epoca e permitiu posteriormente a criacao do sistema de pesos e medidas. Entretanto, constatamos que apesar da criacao dos numeros decimais ter ocorrido no seculo XVI, estes numeros somente aparecem nos manuais franceses de aritmetica a partir do seculo XVIII.

Pessoas constituindo-se como sujeitos sociais na apropriação de práticas de numeramento

Prometeica - Revista de Filosofía y Ciencias

Neste texto, discutimos disposições teórico-metodológicas do Grupo de Estudos sobre Numeramento (GEN), na busca de compreender os modos como pessoas, em suas singularidades, mas como sujeitos sociais, se apropriam de práticas matemáticas, tomadas como práticas discursivas. A pesquisa, a formação docente e a atuação do GEN em contextos educativos diversos inserem-se nos campos da Educação Matemática e do Letramento, pois buscam conhecer sujeitos da Educação (crianças, adolescentes, jovens, pessoas adultas e idosas), que, vivendo em sociedades ‘grafocêntricas’ e ‘quanticratas’, movidos por intenções pragmáticas e parametrizados por referências culturais, forjam usos dos sistemas linguísticos relacionados à quantificação, mensuração, ordenação, classificação e organização de formas e espaços. A esses usos chamamos práticas de numeramento. As situações em que as identificamos – os eventos de numeramento –, em seu caráter histórico, são tomadas como unidades da análise das intenções dos ...

Contributos da Educação Estatística para Desenvolvimento do Sentido de Número na Infância

Resumo Apresentamos referencial teórico, metodologia, o Ciclo de investigação " A cor de nossos olhos " e análises parciais de nossa pesquisa de Doutorado desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em Educação Matemática/UNESP/Rio Claro. A pesquisa aconteceu junto a uma turma de primeiro ano em uma escola pública municipal de Uberlândia, norteada pela pergunta: " de que forma a Educação Estatística pode contribuir para que crianças, que estudam no ciclo de alfabetização, desenvolvam o sentido de número? " Para elaboração das tarefas, apoiamos nos referenciais teóricos de Sentido de Número e Educação Estatística. Para o desenvolvimento, buscamos fundamentos teóricos da Investigação Matemática e, para as análises, entrecruzamos esses três referenciais com os indicadores de sentido de número propostos por Mcintosh, Reys e Reys. (1992). De nossas análises parciais, inferimos que os ciclos de investigação, a metodologia e a interação de conceitos Estatísticos com os conceitos Matemáticos, são elementos essenciais para o desenvolvimento do sentido de número. Palavras-chave: Educação Estatística. Ciclo de Alfabetização. Sentido de Número. Abstract We present, theoretical reference, methodology, the Cycle of investigation "The color of our eyes" and partial analysis of our Doctorate research realized in the Program of Post-Graduation in Mathematical Education / UNESP / Rio Claro. The research was carried out next to a first-year class at a municipal public school in Uberlândia, guided by the question: "How can Statistical Education help children who study in the literacy cycle develop the sense of numbers?" For tasks elaboration, we support the theoretical references of Number Sense and Statistical