Como as redes fixam crenças: uma análise realista da pós-verdade e suas implicações semiótico-pragmáticas (original) (raw)

A presente tese tem como intuito elucidar o modo como as redes possibilitam fixar crenças, sobretudo, não condizentes com o real. A partir dos escritos de Charles Sanders Peirce (1839- 1914), argumentamos que a dinâmica das redes eleva a confiança em crenças dogmáticas e as aproxima sobremaneira do método científico, de modo que seus conteúdos sejam considerados igualmente razoáveis e a leitura dos fatos fique comprometida. Para tanto, dividimos nossa pesquisa, em três capítulos. No Primeiro Capítulo, buscamos compreender como ocorre a fixação das crenças em cada um de seus métodos, quais sejam, tenacidade, autoridade, a priori e científico. Feito isso, voltamos nossa atenção para o modo como a transmissão de crenças por contágio através das redes altera os critérios para a infalibilidade das crenças, possibilitando que crenças dogmáticas e científicas alcancem graus próximos de confiabilidade. No Segundo Capítulo, analisamos a natureza do real e os pressupostos falibilistas para a verdade. Apresentamos o modo como a pós-verdade fundamenta a dinâmica das redes e possibilita o desprezo pelos fatos, mas sucumbe ao ser defrontada com uma filosofia de matriz realista cuja pedra angular reside na alteridade. No Terceiro Capítulo, procedemos por dois vieses distintos, porém complementares. De uma perspectiva semiótica, analisamos a natureza da transmissão de crenças por contágio pelas redes, sobretudo através da ação lúdica dos memes. Por uma abordagem pragmatista, pensamos as consequências práticas da fixação de crenças pelas redes e suas implicações diante de uma filosofia evolucionária de cunho agapástico.