“Quem achará no mundo hũa muller forte” – para uma imagética de D. Teresa e doutras rainhas medievais (original) (raw)
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Neste artigo, estudam-se alguns pedidos de esmola dirigidos em 1789 a D. Maria I, rainha de Portugal. Entre as diversas formas que os pobres tinham, na época, de obter auxílio, encontrava-se a solicitação, por escrito, de uma esmola, quer a Misericórdias, quer a outras confrarias, quer a particulares poderosos, nomeadamente membros da família real. Esses pedidos eram frequentemente atendidos positivamente, uma vez que a ajuda aos desvalidos da fortuna integrava o arquétipo do bom cristão da época e, por outro lado, visava, por parte de quem esmolava, alcançar a vida eterna, surgindo a caridade e a assistência como complementos de outras formas de intercessão salvífica, nomeadamente a celebração de missas e a instituição de capelas.
Utopia Global do Espírito Santo. Volume III. Santidade, Instituições e Patrimônio. Coimbra, Imprensa da Universidade de Coimbra, 2021
As imagens publicadas na presente obra foram cedidas pelos autores dos textos que a compõem, que se responsabilizam exclusivamente pelas mesmas. Coleção promovida em parceria com o DEG-Programa de Doutoramento em Estudos Globais/CEG/UAb e com a Fundação Calouste Gulbenkian, e em associação com a Theya Editores do IECCPMA. coleção de estudos globais direção de Guilherme d'
LETRAS COMVIDA, 2014
Os primeiros contactos entre Portugal e a Rússia recuam no tempo até ao século XVI. Porém, só nos inícios de Setecentos, e na linha política reformista de abertura da Rússia à «Ocidentalização» e à Modernidade, conduzida por Pedro I, o Grande (1682-1725), é que se alargaram os horizontes da diplomacia Romanov, onde Portugal aparece como um sítio estratégico de alcance ao Mediterrâneo ambicionado pelo Czar. É, pois, o inicio desse convívio - na sua forma oficial e internacional - que reside a importância do presente estudo, pretendendo-se registar documentalmente, para além da génese das relações diplomáticas entre os dois países – sobretudo com base no comércio e na livre circulação de embarcações - que datam de 1779, o estabelecimento de uma «amizade» reciproca que teve como protagonistas duas soberanas: do lado português, D. Maria I; e do lado russo, Catarina II. Palavras-Chave: D. Maria I; Catarina II; Rússia; Portugal; Tratado de “Amizade”.
This dissertation is dedicated to studying the relationships of the kings of Portugal in the medieval period with their consorts. Therefore, in the study of specific cases, the relationships of kings D. Sancho II, D. Pedro I and D. Fernando with their respective mates D. Mécia Lopes de Haro, D. Inês de Castro and D. Leonor Teles. The choice of these three couples are given by forming pairs whose romantic involvement supplanted rational choices for the king's wife. These women were chosen by these monarchs on the basis exclusively loving, oblivious to the needs of the kingdom. The origin of these ladies in the Iberian aristocracy was reason for many conflicts arose within the nobility, because of family disputes and clashes for power. The results of these conflicts were stories of love, betrayal and death that became famous episodes in Portuguese Chronicles and in the popular imagination.
Tese de Doutorado, 2018
A problemática central desta tese é sustentada pela presença majoritária de mulheres entre os indivíduos que foram processados pelo Tribunal do Santo Ofício português durante os anos de 1541 a 1595, cuja motivação consistiu nos supostos pactos diabólicos realizados por essas mulheres e juridicamente interpretados sob o delito da feitiçaria. Esse contexto corresponde à primeira grande onda de perseguição protagonizada pela Inquisição portuguesa acerca das práticas mágico-religiosas, interpretadas pelos inquisidores como pertencentes ao universo da feitiçaria e das relações com o Diabo. Sendo assim, esta tese pretende investigar como, no período demarcado, algumas mulheres processadas por esse Tribunal a partir do delito da feitiçaria, performatizaram as suas identidades de gênero através da fama de feiticeiras que construíram ao longo de suas vidas, o que tornou possível para que as malhas inquisitoriais tenham alcançado as suas trajetórias. As análises se baseiam em treze processos, em que as Rés são: Beatriz Borges, Brites Frazão, Brites Marques, Catarina de Faria, Inácia Gomes, Ana Álvares (Ana do Frade), Clara de Oliveira, Margarida Lourenço, Simoa de São Nicolau, Maria Gonçalves, Margarida Carneiro Magalhães, Violante Carneiro e Felícia Tourinho. Defende-se como hipótese o argumento de que a construção dessas identidades possibilitou a essas mulheres feiticeiras construírem reconhecimento social e relativos espaços de autonomia, ainda que inseridas em um contexto misógino e patriarcal. Diante da dispersão cronológica e geográfica desses processos, o conceito de História Atlântica – sob a abordagem cis-atlântica – é empregado neste trabalho por possibilitar a compreensão das práticas mágico-religiosas sob uma ótica conectada, pertencente ao Sistema Atlântico, bem como dos elos estabelecidos entre essas feiticeiras. Ademais, esta tese está ancorada no conceito de gênero, considerando-o como importante categoria histórica capaz de proporcionar ao pesquisador compreender que as práticas sociais nesse contexto foram marcadas por padrões de masculinidade e feminilidade e por relações de gênero pautadas por uma heteronormatividade compulsória. Seguindo estas escolhas teóricas e metodológicas, acredita-se que este trabalho contribuirá para as análises interessadas em definir um olhar mais aproximado a respeito das dinâmicas de gênero cujo fenômeno da feitiçaria, incluindo aí os seus personagens, estiveram vinculados.
Evangelhos em feminino: interpretações de uma escritora medieval ibérica
Resumo: Principalmente a partir do séc. XIII, as mulheres transformam-se em uma "questão" incômoda. Percebe-se um progressivo fechamento dos espaços a que elas tinham acesso mais livre. O mal-estar gerado por esse processo aguça o conflito entre os sexos, cuja maior expressão será a "querelle des femmes". Isabel de Villena é uma representante ibérica desse movimento com sua obra Vita Christi. Abstract: Women became, mainly from the 13th century on, a disturbing “issue” concerning their gender. Both as they began taking a more active role in their traditional female duties as well as when they started taking upon themselves roles that were exclusively masculine, up to that time. The dissatisfaction generated by this process increased even more the conflict between sexes. A highlight of this gender conflict is the movement called “querelle des femmes”. Isabel de Villena is a spanish representative of this movement with her book “Vita Christi”.
Mulheres à prova: lógicas de verdade e de justiça em narrativas de milagres (Portugal, séc. XIV)
Revista Signum, 2023
As narrativas de milagres e vidas de santos são tipologias documentais que permitem explorar diversas lógicas que estruturam os valores da sociedade cristã. No caso deste artigo, trata-se de aprofundar possibilidades de pesquisa em torno da justiça e da verdade, relativamente a situações que envolvem mulheres postas "à prova". Pretende-se analisar os argumentos que permitem, nas lógicas dos relatos, alcançar a certeza jurídica de que as envolvidas merecem a redenção ou o castigo. O que se prova é tido como verdadeiro. A base documental é constituída pela narrativa da vida de santa Pelágia que se encontra no Manuscrito 01 da Seção de Obras Raras da Biblioteca Central (BCE) da Universidade de Brasília (UnB), conhecido, também, como Flos Sanctorum, produzido em Portugal, no séc. XIV.
A fatal máquina": Margarida de Sabóia (1589-1656), Duquesa de Mântua e vice-rainha de Portugal
Portugal e o Piemonte: a casa real portuguesa e os sabóias: nove séculos de relações dinásticas e destinos políticos (XII-XX), 2013
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Entre a permissão e a restrição: Madre Teresa de Jesus e a escrita feminina da primeira Modernidade
CLIO: Revista de Pesquisa Histórica
A primeira Modernidade assinalou uma Europa em transformação, que foi atravessada pelo encontro com o outro desconhecido, pelos medos herdados do medievo e que vivenciou as mudanças tecnológicas, cuja cultura escrita impressa é um de seus fenômenos. No campo da religiosidade, a difusão de livros místicos marcou uma prática espiritual de característica mais íntima, interiorizada, pessoal e afetiva, em que Deus poderia ser acessado de modo direto e sem intermediários. Este artigo, portanto, tem como objeto o estudo da escrita de Madre Teresa de Jesus, Carmelita Descalça, que deixou registrado, em meio a Espanha católica do século XVI, uma vasta obra de literatura mística/espiritual.