Quilombos de Juazeiro: enfrentamentos e perspectivas a partir de uma abordagem fotoetnográfica (original) (raw)
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Refletir sobre imagens em comunidades remanescentes de quilombo da Amazônia brasileira
Iluminuras , 2016
No presente artigo pretendo refletir sobre o contexto em que foram produzidas imagens (fotografias) de habitantes de duas comunidades rurais da Amazônia brasileira, que aceitaram publicamente serem designadas como remanescentes de quilombo. Durante o trabalho de campo do mestrado e do doutorado, minha problemática de pesquisa tinha como um dos eixos centrais noções de fenótipo e pertencimento para legitimar acesso à terra como quilombolas. O uso de imagens minhas e dos interlocutores da pesquisa foram essenciais tanto para minha entrada e permanência em campo quanto para análise e elaboração da tese que, sem imagens, ficaria “faltando um pedaço”, visto que a produção e circulação de imagens durante a pesquisa de campo permitiu questionamentos e interações entre minha própria aparência como pesquisadora e a dos habitantes das comunidades como informantes. Afinal, éramos ou não éramos semelhantes?
A Fotografia como porta de entrada: relatos da religiosidade em Juazeiro do Norte CE
ILUMINURAS, 2015
O trabalho que aqui apresentamos tem como proposta construir uma reflexão situada na fronteira entre as áreas da Comunicação e da Antropologia, sendo que usamos para sua realização a metodologia da Fotoetnografia (Achutti, 1997), aliada à técnica da Foto-entrevista (Collier Jr, 1973) e, finalmente, procuramos também promover uma reflexão sobre questões da memória social e da religiosidade de uma comunidade específica do Nordeste brasileiro. Desenvolvemos nossa pesquisa no Campus Cariri da Universidade Federal do Ceará 4 , dentro das propostas de atividade do Grupo de Pesquisa do CNPq Estudos Fotográficos. Iniciamos nossa incursão no campo da Antropologia Visual no final de 2011 e, em 2012, fundamos o Projeto de Extensão Laboratório de Narrativas Fotoetnográficas 5. Nesse sentido, o projeto é híbrido, tendo ações de ensino, pesquisa e extensão. Com relação à sua relação com os segmentos não acadêmicos, a proposta buscou compreender processos diretamente ligados às transformações na cidade de Juazeiro do Norte, com ênfase nas mudanças de algumas práticas cotidianas. Primeiramente, realizamos levantamentos que apontaram para um rápido processo de mudança nas relações sociais e em algumas práticas tradicionais, tais como, relações comerciais, formas de produção e, até mesmo, as práticas religiosas. Algumas mudanças já configuradas, outras num processo de resistência. No bojo das rearticulações do espaço da cidade notamos que as relações estabelecidas se configuram pelas ações que o homem elabora individualmente ou coletivamente. Sendo por meio das práticas transformadoras que se caracterizam suas formas de lidar com o meio, os valores que demarcam suas relações interpessoais, seus
Bumba Meu Boi de Juçatuba (MA): fotografias como fonte histórica e fortalecimento da cultura
Anais da IV Jornada Interdisciplinar do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Sociedade, 2019
O trabalho busca analisar algumas fotografias do Bumba Meu Boi de Juçatuba, do município de São José de Ribamar (MA), como documento e fonte histórica, um meio de fortalecimento da cultura popular do Maranhão. Para isso, faço uma introdução sobre a história do bumba meu boi no estado do Maranhão e em seguida uma breve reflexão sobre a fotografia a partir de autores como Barthes (2017) e Sontag (2004). O objetivo da pesquisa é tomar as fotografias como fonte de informação sobre a cultura maranhense para explorar também questões relativas à memória.
O presente artigo mostra o resultado inicial de uma pesquisa sobre em arquitetura, cujo objetivo é o estudo de padrões encontrados em diferentes elementos do edificação do Pavilhão Mourisco localizado na região de Manguinhos no Rio de Janeiro, Brasil. A edificação é um dos raros exemplos que trazem traços do estilo mudéjar. Primeiramente o artigo descreve uma pesquisa histórica e iconográfica da edificação. A Classificação foi dividida em diferentes aspectos. Elementos de ferro, pisos e paredes. Posteriormente os grupos características foram subdivididos de acordo com seus padrões geométricos. A classificação dos padrões definidas foram: rosáceas (padrões utilizados em composições nas superfícies) , frisos (padrões utilizados em superfícies que mantinham um único eixo) e painéis (composições de superfícies planas que utilizam padrões em torno de dois eixos ortogonais). O resultado desta classificação gerou grande quantidade de material ilustrativo e didático baseado nos exemplos das composições geométricas encontradas na edificação.
A inscrição do bairro Frei Damião na cidade de Juazeiro do Norte; periferia, fronteiras e autoimagem
Localizado no município de Juazeiro do Norte-CE, o bairro Frei Damião é o terceiro maior bairro da cidade, em números de habitantes, com 14.677 moradores. Originado a partir de uma ocupação de terras pelo Movimento dos Sem Teto, em 1990, o bairro, desde sua origem, está associado no imaginário urbano local a “pobreza”, “violência” e “risco social”. Através dos resultados de pesquisa de mestrado desenvolvida nos últimos dois anos, o presente trabalho objetiva refletir sobre como tais aspectos se tornaram marcadores espaciais e signos a partir dos quais se constituíram representações sobre aquele território urbano. Com esses referentes, “a ordem da cidade” elaborou em torno do bairro Frei Damião e envolveu sua população na imagística da “periferia”, “favela”. Além disso, internamente ao local, esses elementos são ativados e erigem fronteiras simbólicas e estratificações socioespaciais, constituindo três áreas especificas dentro de um mesmo território (o bairro). Tais territorialidades são constituídas por e embutidas de imagens e autoimagens diferenciadas, distinções de nomes, intensidade da vida social, distribuição de equipamentos públicos e privados e padrão das habitações.
Discute-se basicamente como, em certa medida, para aprovar os artigos constitucionais 68, 215 e 216, que concedem direito ao território às comunidades remanescentes de quilombolas há 20 anos, os congressistas, na época, valeram-se de uma imagem congelada de uma “certa história do Brasil” e perceberam tais comunidades como reduto de negros pobres. Hoje, essa mesma percepção continua no imaginário social brasileiro, perpassando algumas instituições governamentais ligadas à questão quilombola. Essas imagens são evidentes em cartazes, folders e vídeos de divulgação de ações institucionais e no discurso de alguns profissionais. Este artigo lança um olhar sobre certas imagens produzidas por instituições governamentais a respeito dos quilombolas. Elas serão lidas, não da forma como desejam seus proponentes, mas pela sua omissão, pela imagem ausente e/ou estereotipada
Uma análise sobre a ourivesaria de Juazeiro do Norte como um fazer artístico
Blucher Design Proceedings, 2021
Palavras chave: Arte; Ourives; Juazeiro do Norte. O objetivo desse artigo é investigar o trabalho dos ourives da cidade de Juazeiro do Norte sob a perspectiva de campos de conhecimento artístico, buscando avaliar a capacidade que a prática artesanal desse grupo possui em se aproximar mais ou menos de uma produção artística. Será realizada a revisão bibliográfica de títulos do campo da Filosofia e Sociologia da arte bem como análise visual de visitas de campo, relatos coletados em entrevistas e desenhos de observação. Utilizando-se dos conceitos-chave das obras de referência na análise será apresentado de que maneiras a prática hoje em Juazeiro do Norte pode ou não ser vista como prática artística.
Registros da dimensão simbólica e patrimonial na área central de Juazeiro do Norte/CE
RCT - Revista de Ciência e Tecnologia
Este artigo analisa o patrimônio edificado da área central de Juazeiro do Norte/CE. Para tal, foi definida uma área de estudo denominada como Núcleo Simbólico (NS). Essa área compreende a fração urbana na qual se iniciou o processo de ocupação do município, e apresenta um pequeno, mas significativo, acervo fortemente relacionado às dimensões simbólicas, místicas e religiosas que marcam sua identidade cultural. Seu patrimônio edificado encontra-se em estados distintos de valoração e conservação, enquanto as ações governamentais seguem priorizando os atrativos predominantemente turísticos. Isto torna ainda mais relevante registros e ações que visem contribuir para o reconhecimento e conservação do seu patrimônio material.
RESUMO: O sítio Jambreiro é um abrigo sob rocha implantada na bacia do rio Araçuaí, nordeste de Minas Gerais, em terra do município de Felício dos Santos. Trata-se de um lugar ocupado em longa duração e dadas às suas características geomorfológicas, foi identificado como sítio de passagem, com base nas análises regionais com enfoque no conceito de paisagem. O principal repertório cultural do sítio é a arte rupestre e este artigo trata acerca de um dos painéis do sítio (painel 03), confeccionado no teto do abrigo. Teórico e metodologicamente tem-se pensado os painéis como uma estrutura, um todo, que deve ser observado para além de suas camadas de confecção. Logo, sob um recorte metodológico, nos deteremos às pinturas, focando no estudo de suas características formais e buscando o entendimento de como foram produzidas por meio de um pensamento cuja estrutura de organização poderia ser, a priori, deduzida, enquanto projeto do trabalho humano.