Análise dos discursos do Presidente Jair Bolsonaro em meio à pandemia: o coronavírus é só uma “gripezinha”? (original) (raw)

(Não) é só uma gripezinha: argumentação e realidade forjada nos pronunciamentos de Jair Bolsonaro sobre a covid-19

EID&ARevista Eletrônica de Estudos Integrados em Discurso e Argumentação, 2020

Every political action mediated by the use of language, invariably, establishes the perspective of its agent. As part of this process, the construction of speech objects can be understood as a crucial strategy for the political leader to forge a version of reality that is sufficiently coherent to persuade his audience. Thus, this article aims to analyze the discursive-argumentative strategies employed by Jair Bolsonaro in reference to covid19 in public speeches and in some posts on Twitter. Based on the theoretical assumptions of New Rhetoric, CDA and Sociocognition, we identified that this disease, discursively recategorized, became part of the great list of enemies to be fought - at least discursively - by Bolsonaro.

Da “gripezinha” à pandemia: tensionamentos discursivos em torno da COVID-191

Cuadernos del Centro de Estudios de Diseño y Comunicación, 2021

O presente estudo, sustentado na Análise de Discurso de matriz francesa, investiga como a COVID-19 é (res)significada por diferentes atores sociais. Para tanto, são focalizadas as diferentes nomeações da crise da COVID-19, com ênfase em interações polêmicas, conforme postulados de Amossy (2017) e Maingueneau (2005), no discurso político e no discurso científico, materializados em veículos midiáticos de cada campo. Estabeleceu-se como recorte metodológico a possibilidade de dicotomização entre os termos “pandemia” e “gripezinha”, tendo em vista debater os efeitos de sentidos e questões ideológicas relacionados a cada uso discursivo. A coleta de dados foi realizada nas páginas web Informa-SUS, Agência FAPESP, Folha de S. Paulo e Portal R7. Analisaram-se os percursos discursivos, as (des)continuidades entre cada uso e as relações polêmicas e polarizadas em torno dos sentidos na gestão de cada termo. Conclui-se que a crise de pandemia provocou tensões nos distintos âmbitos de comunicaçã...

"É só uma gripezinha"? Produzindo um contrarelato midiático das Crises Discursivas sobre a COVID-19 no Brasil

Accounting Forum, 2023

Nosso objetivo é produzir um contra-relato acerca da crise discursiva nos meios de comunicação que, desde o início da pandemia de Covid-19 no Brasil, já apontava um profundo impacto sobre os grupos vulneráveis e marginalizados desvelando a interseção entre das múltiplas desigualdades. Recorremos à combinação das Sociologias das Ausências e Emergências e à interseccionalidade para desafiar o regime de verdade associado aos relatos hegemônicos ao “contar” com notícias como meio de contrastar o discurso hegemônico com um lado oculto da realidade sócio-política. Metodologicamente, coletamos 235 notícias – de 11 de março a 16 de abril de 2020 – de sete veículos de mídia brasileiros para revelar, através de análises temáticas, uma crise discursiva com quatro quadrantes opostos. Argumentamos que a mídia alternativa teve um papel crítico ao destacar os impactos do que entendemos como necropolíticas ao (i) expor o sofrimento daquelas pessoas e grupos condenados à não existência no discurso hegemônico; (ii) amplificar as vozes levantadas por grupos vulneráveis e marginalizados e as atividades de grupos sociais com o objetivo de resistir. A exploração da crise discursiva nos permitiu amplificar as tentativas de (re)emergência que combateram a necropolítica com implicações para (re)pensar o papel da contabilidade em contextos desiguais. Em conclusão, nosso contra-relato revela como as desigualdades históricas e o crescimento do conservadorismo neoliberal sustentaram uma perda flagrante de direitos durante a pandemia como uma crise de generificada e racializada no Brasil. Contribuímos para a literatura existente conectando o potencial da contabilidade de comunicar/construir realidades e a necessidade de relatos alternativos baseados nas Sociologias das Ausências e Emergências.

A Pandemia No Discurso Político De Jair Bolsonaro

Brazilian Journal of Policy and Development

Esta pesquisa situa-se nas áreas do texto e do discurso, fundamentada na perspectiva Sociointeracionista e da Análise do Discurso de linha francesa (AD) e tem por tema examinar a construção do ethos discursivo do presidente Jair Messias Bolsonaro por meio do discurso de abertura da 75a Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas). Para definirmos a caracterização do ethos do presidente, examinamos as estratégias do discurso político, segundo Maingueneau, Charaudeau, Orlandi, entre outros. O objetivo geral é contribuir com os estudos sobre discurso político no Brasil. Tem-se por objetivo específico examinar a construção do ethos do presidente Jair Bolsonaro, pela seleção lexical apresentada no discurso. A pesquisa realizada baseia-se na abordagem dos desdobramentos da pandemia até o momento atual e a metodologia teórico-analítica. O material coletado compõe-se do discurso do pronunciamento do presidente na ONU. Os resultados obtidos são parciais e fazem parte de uma pesqu...

Uma análise semiolinguística do discurso antivacina no governo Bolsonaro

Revista Primeira Escrita

Resumo O presente trabalho irá apresentar uma análise do discurso performado pelo Presidente Jair Bolsonaro em relação à pandemia e às medidas sanitárias instauradas, tendo estas o intuito de retardar os efeitos nocivos da covid-19. Além disso, iremos realizar uma apreciação crítica de seus ataques direcionados à busca de vacina e às medidas preventivas recomendadas pela OMS. Este artigo possui como justificativa comprovar que o discurso antivacina, balizado por encenações negacionista e ideológica, desencadeou um gerenciamento político ineficaz durante a pandemia, promovendo uma alta taxa de contaminação e óbitos. Para a realização das análises dos depoimentos proferidos pelo presidente Jair Messias Bolsonaro, utilizaremos a Teoria Semiolinguística, desenvolvida pelo pesquisador francês Patrick Charaudeau (2019, 2011, 2005, 1999), para buscar se seu projeto de influência e pretendendo causar efeitos de sentido motivaram e incentivaram a população brasileira a abrandar os cuidados p...

relações dialógicas no pronunciamento oficial do presidente Jair Messias Bolsonaro sobre a pandemia do Coronavírus

Gláuks - Revista de Letras e Artes

Por meio da linguagem, interagimos, agimos e valoramos. Além de carregar valores, indicar nosso papel social e nossa posição em dado momento da história, nosso agir no mundo, por meio da linguagem, implica que nos responsabilizemos pelo dizer. Considerando tais aspectos, buscamos neste texto, a partir de reflexões teóricas centradas em pensadores do Círculo de Bakhtin, analisar as relações dialógicas presente no pronunciamento oficial feito pelo Presidente da República Federativa do Brasil, Jair Messias Bolsonaro (Sem partido), em 24 de março de 2020, sobre a pandemia do novo Coronavírus. As análises empreendidas mostram que o pronunciamento do Presidente constitui-se como resposta ao apelo da população, feito por meio da mídia, de uma posição oficial sobre a doença, além de dialogar com discursos anticientíficos. O posicionamento do Presidente está bem marcado, a partir das relações dialógicas presente em seu discurso, demonstrando o seu desrespeito à ciência, à imprensa e à vida.

HOMOGENEIZAÇÕES E FRATURAS NO DIZER DE PRESIDENTES BRASILEIROS

Ancorados na Análise do Discurso de filiação francesa, constituída por Michel Pêcheux, analisamos a produção de imaginários de homogeneidade nos pronunciamentos de posse de Getúlio Vargas, João Goulart e Humberto Castello Branco. Neles, comparece um efeito de unidade na designação de povo, produzindo sentidos na relação com os diferentes chefes de Estado e seus modos de governança. O imaginário de homogeneidade constitui-se através de diferentes processos discursivos, que operam em relação aos sentidos de povo, movimento revolucionário, vontade popular e Forças Armadas. Estas designações, no entanto, produzem também derivas que apontam para os sentidos de uma relação de divisão e litígio entre povo e governo.

Estratégias conversacionais empregadas por Jair Bolsonaro no início da pandemia de COVID-19

Fórum Linguístico, 2021

O objetivo deste trabalho é analisar as estratégias empregadas pelo presidente Jair Bolsonaro em suas declarações a respeito da pandemia de Covid-19 durante os meses de março e abril de 2020. O corpus é formado por excertos retirados de entrevistas, pronunciamentos e lives, selecionados e publicados em primeiro de maio do mesmo ano na seção de saúde pelo website UOL Notícias. Pautado na Análise da Conversação, este estudo traz os conceitos de face, polidez, bem como marcadores conversacionais utilizados como formas de distanciamento e de envolvimento do falante em relação ao tópico discursivo. São analisadas, portanto, nove falas do político visando a verificar os mecanismos utilizados por ele no intuito de opinar e preservar sua autoimagem pública entre seus ouvintes. De acordo com os resultados, o emprego desses recursos contribuiu para uma postura de incredulidade do falante acerca das estatísticas e orientações de órgãos de saúde nacionais e internacionais.

Vozes Na Pandemia: Leituras De Análises De Discurso

Estudos Linguísticos e Literários, 2021

Neste artigo, o objetivo é apresentar, por diferentes vieses teóricos de análises de discurso, reflexões sobre sentidos que circularam durante os primeiros meses da pandemia provocada pelo novo coronavírus em nosso país. Para tanto, após trazer breves considerações sobre a área do conhecimento em que nos inserimos, propomos a análise de duas sequências de enunciados veiculados em diferentes mídias desde março de 2020. Tanto pela análise Dialógica do Discurso, que deriva dos estudos de Bakhtin e do Círculo, como pelos Estudos Críticos do Discurso, notadamente o trabalho de van Dijk, nossas análises nos permitem apontar para formas pelas quais embates sociais, históricos e ideológicos têm sido discursivizados neste período. Conclui-se que a pandemia lança nova luz sobre discursos de exclusão que historicamente constituem nossa sociedade.

"Isso é uma gripezinha" - o Brasil em diminutivo

Revista da Abralin, 2020

As reflexões e as análises produzidas neste artigo derivam de um gesto de leitura filiado à Análise de Discurso sobre um arquivo constituído a partir de recortes midiáticos de circulação nacional e internacional. Analisamos nesse arquivo o funcionamento ideológico das formas discursivas – tais como "isso é uma gripezinha", "Eu sou, realmente, a constituição" e "E daí?" – que materializam a produção do "Brasil em diminutivo". Esse funcionamento estabiliza o universo semântico no qual se articulam sentidos de (des)compromisso com sujeitos, com espaços, com instituições, enfim, com trajetórias históricas, se ritmando por um trabalho partitivo em detrimento do coletivo, ou seja, esse funcionamento (re)produz uma política governamental que vai contra aquilo que seria próprio a um estado de direito: a responsabilidade com a(s) coletividade(s). Esse funcionamento ideológico que produz como uma de suas evidências "o Brasil em diminutivo" acirra a polaridade política, expondo a contradição de um governo que se retroalimenta pela prática da mistura entre evidência e absurdo, (re)produzindo formas totalitárias de poder e de dizer. A compreensão desse funcionamento torna visível, ainda, que, ao ser impactada discursivamente pela diminuição das questões sociais brasileiras, a cena política de hoje, no Brasil, é determinada pelo jogo político que (de)nega, silencia e censura as condições reais nas quais e por meio das quais a(s) coletividade(s) se (de)bate(m), demandando o reconhecimento de sua existência. The reflections and analyses produced in this article derive from a reading gesture affiliated with Discourse Analysis on an archive constituted from national and international media clippings. We analyzed in this file the ideological functioning of some discursive forms –such as "this is a little flu", "The constitution is me" and "So what?" –that materializes the way "Brazil in diminutive" is produced. This functioning stabilizes the semantic universe that articulates meanings of (dis)commitment with subjects,with spaces, with institutions, in short, with historical paths, pacing itself by a partitive work instead of the collective, in other words, this functioning (re)produces a government policy that goes against what would be proper to a rule of law: responsibility to the collectivity(ies). This ideological func-tioning that produces as one of its evidences "Brazil in diminutive" height-ens political polarity, exposing the contradiction of a government that feeds on the practice of the mix between evidence andabsurd, (re)pro-ducing totalitarian forms of power and of saying. The understanding of this functioning makes it visible that, for being discursively impacted due to the reduction of Brazilian social issues, today's political scene in Brazil is determined by the political game that denies, silences and censors the real conditions in which and through which the collectivity(ies) strike(s) and struggle(s), demanding recognition of its existence.Ideologia. Brasil. Diminutivo. Coletividade. Política.Ideology. Brazil. Undersizing. Collectivity. Politics.