O avanço da Contrarreforma Psiquiátrica no Brasil (original) (raw)

Physis, desde seu surgimento, em 1991, tendo como primeiro editor o psicanalista Joel Birman, tem sido testemunha e agente do processo de Reforma Psiquiátrica Brasileira (RPB), por meio da publicação de artigos teóricos e pesquisas qualitativas na rede de atenção psicossocial, entre outros. Como exemplo recente, no final de 2014, fazendo parte das comemorações dos 40 anos do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva do IMS-UERJ, o periódico lançou um volume temático especial sobre o panorama da Saúde Mental e da Psiquiatria no Brasil-incluindo entrevista de Jurandir Freire Costa a Benilton Bezerra (BEZERRA JR.; COSTA, 2014), ambos figuras relevantes da trajetória da RPB e professores do IMS, assim como Birman (hoje aposentados). Nascida como Movimento dos Trabalhadores de Saúde Mental, no final dos anos 1970, sendo ampliada como Movimento da Luta Antimanicomial na segunda metade dos anos 1980, a Reforma Psiquiátrica foi gradualmente deixando de se referir apenas a um movimento social para se transformar em política oficial do Estado brasileiro. A partir de 1991, atravessando governos de distintos matizes político-ideológicos, a Coordenação de Saúde Mental do Ministério da Saúde foi sucessivamente ocupada por militantes da RPB. Porém, em sintonia com as mudanças na correlação de forças na vida política brasileira, o quadro começou a se alterar no final de 2015. É dessa época o editorial de Kenneth Camargo Jr, "Saúde Mental, Cidadania e Campo Científico", que abordava a crise instalada com a nomeação, pelo ministro da