História da historiografia e perspectiva global: um diálogo possível? (original) (raw)

Outra História Global é Possível? Desocidentalizando a história da historiografia e a história antiga

Esboços: histórias em contextos globais

Este artigo traz, em sua primeira parte, uma reflexão sobre a problematização da história global como uma novidade historiográfica feita por Jurandir Malerba ao analisar seu impacto na área da história da historiografia. Ainda nessa parte, o artigo busca ressaltar a centralidade da crítica ao eurocentrismo e do impulso de desocidentalização na história global recente. Na segunda parte, com base numa comparação com os impactos da história global na História Antiga, reflito sobre os quatro pontos críticos apresentados por Malerba em suas considerações finais: o fato de objetos históricos poderem se beneficiar de uma abordagem global; a coerência narrativa e argumentativa possível aos tais objetos; os limites da expertise acadêmica para uma história global; a obsolescência prematura da história global. Na conclusão, afirma-se a singularidade da crítica desocidentalizadora na nova história global e a necessidade de os intelectuais do Sul global articularem suas histórias globais alterna...

Currículo de História, Políticas da Diferença e Hegemonia: diálogos possíveis

Educação & Realidade, 2011

RESUMO-Currículo de História, Políticas da Diferença e Hegemonia: diálogos possíveis. Este texto tem por objetivo explorar a potencialidade analítica da hibridização entre movimentos teóricos para o avanço das pesquisas no campo do ensino de história. Operamos com as contribuições tanto da teoria social de discurso de Laclau e Chantal Mouffe como da teorização da história inseridas no paradigma da narratividade (Rusen, Ricoeur). Interessa-nos pensar esse campo como um espaço discursivo onde são travadas as lutas hegemônicas em nossa contemporaneidade em torno de dois fluxos de sentidos: o das identidades e o das temporalidades. Essa articulação teórica nos permitiu problematizar, nos fragmentos discursivos produzidos por alunos de história do terceiro ano do ensino médio, alguns argumentos presentes nas políticas de currículo dessa área, que disputam discursos fixadores de sentidos de identidade nacional. Palavras-chaves: Currículo de História. Hegemonia. Temporalidade. Identidade. Identidade Narrativa. ABSTRACT-History Curriculum, Difference Politics and Hegemony: possible dialogues. The objective of this text is to explore the analytical potentiality of hybridization of theoretical movements to accomplish advances in the History teaching field. We work with contributions from the Discourse Social Theory such as proposed by Laclau and Chantal Mouffe and with historical theory related to the narrative paradigm (Rüsen,Ricoeur). We are interested in this field considering it a discursive space where, in contemporary times, hegemonic fights are taken on two floods of meanings: one that is related to identities and the other related to temporalities. This theoretical articulation has allowed us to question, based on the analysis of discursive fragments produced by students of high school final level, some arguments which can be found in curriculum politics in this field, which dispute fixing discourses about national identity.

Diálogos possíveis: história e jornalismo

The aim of this article is to analyze the relationship between the practices of journalists and historians. It is based on the conception that, besides similarities and differences, there are influences from one practice to the other. The article presents considerations on Journalism and History, taken as discursive formations, and discuss similarities between the practices of those two fields. It is based on the conception of true and false in Foucault. This article evaluates the relationship of those two fields and truth. In order to do so, we use theoretical and biographical approach.

História e Historiografia Digital: diálogos possíveis em uma nova esfera pública

No presente texto vamos abordar algumas das problemáticas relacionadas ao par História e Internet na primeira década do século XXI. Com ênfase maior sobre os aspectos relativos às novas possibilidades de escrita da História na Web, bem como, de diferentes formas de consumos do passado que se inauguram a partir das aplicabilidades e novas performances que o suporte digital permite à narrativa histórica. Inscrito no Tempo Presente, nosso problema é um tema latente no campo da Historiografia contemporânea, atravessado por questões culturais, políticas e econômicas e em constante diálogo com outras áreas do conhecimento histórico, como por exemplo a História Pública. Como objetos centrais de nosso trabalho temos, portanto, duas novas tendências historiográficas que levam em consideração a entrada do elemento "digital" nas oficinas da história: A "Digital History" norte-americana e a "Storiografia Digitale" italiana.

[DOSSIÊ] É possível uma história da historiografia medieval?

História da Historiografia: International Journal of Theory and History of Historiography, 2020

Neste artigo, ao tomar como ponto de partida uma possível dubiedade da historiografia medieval, nos propomos a refletir sobre as limitações de uma episteme temporal e espacialmente centrada na Europa e na modernidade, além de traçar alguns caminhos possíveis à compreensão dos modos de historicização medievais. Essas reflexões possuem como princípio um debate alavancado pela historiografia francesa da segunda metade do século XX acerca da existência de uma fratura entre modernos e pré-modernos, que impediria uma percepção acurada das experiências humanas do passado a partir de um vocabulário guiado pela modernidade. Nessa perspectiva, o próprio conceito moderno de história, fruto dos séculos XVIII e XIX, seria incapaz de apreender modos de produzir e representar o passado anteriores a sua concepção. A fim de responder tais questionamentos, procuramos traçar outras possibilidades de compreensão dos conceitos de história e historiografia através de uma aproximação entre os estudos medievais, a história da historiografia e a antropologia. As considerações estabelecidas aqui buscam reafirmar demandas atuais da história disciplinar, ao mesmo tempo que aventam uma abertura da história da historiografia como um meio de abarcar os múltiplos modos de historicização pré-modernos e não ocidentais.

História e discurso: perspectivas e controvérsias

Imagens da Educação, 2011

RESUMO: História e Discurso: perspectivas e controvérsias. Autor de discursos que se produzem, ainda hoje, essencialmente a partir de outros discursos, tal relação, tão íntima, não é isenta de tensões e controvérsias que, em última análise, põem em xeque a natureza do próprio ofício do historiador. Será a História apenas um nominalismo bem temperado, e seu objeto tão somente os ecos quase inaudíveis dos discursos de outrora? O objetivo deste artigo consiste em caracterizar algumas das perspectivas e questões específicas da relação do historiador com os discursos, considerando, em especial, aquela que se configura como uma sua primeira "profissão de fé": não reduzir a história ao texto, negando a sua existência além do discurso. Situando-me no contexto da transição da Antiguidade à da Alta Idade Média Ocidental, e em meio ao fluxo de um processo histórico marcado pelo fenômeno da implantação e disseminação do cristianismo, abordarei as controvérsias historiográficas acerca da natureza das crenças e práticas denunciadas como pagãs e combatidas pelos homens da Igreja. Tratar-se-iam de tradições discursivas vigorosas, porém alheias a qualquer "materialidade", como sustenta uma vertente historiográfica de feição pós-moderna? Ou de manifestações efetivas que constituem, ao contrário, a língua e os discursos como níveis privilegiados das manifestações das lutas de classes?