Expedições afrogeográficas: georeferenciando a negritude no bairro de Madureira (original) (raw)

POR UM TRABALHO DE CAMPO AFROGEOGRÁFICO: Territórios negros em Madureira

Revista Continentes UFRRJ, 2023

O presente trabalho aborda a ideia de que na construção de uma educação geográfica e antirracista devemos sublinhar o protagonismo do negro na produção do espaço. Utilizando o trabalho de campo como metodologia de ensino da Geografia, disciplina que carrega um saber posicional aos sujeitos que a acessam. Construímos um roteiro geográfico que contemple uma visão positiva, decolonial e de pertencimento sobre o bairro de Madureira, localizado na Zona Norte do Rio de Janeiro. Dialogamos aqui com autores como Andrelino de Oliveira Campos, Renato Emerson dos Santos e Aníbal Quijano, que contestam a brancura epistêmica, fulcral na construção dos currículos oficiais e trazem contribuições para uma visão do professorado sobre outros referenciais territoriais identitários. Nosso esforço consiste em localizar e sublinhar manifestações culturais, religiosas e de resistência do movimento negro presentes no espaço urbano sob a luz da Lei 10.639/2003, vinculada as relações raciais.

Alguns apontamentos da pesquisa etnográfica realizada na associação comunidade negra Manoel Ciriaco dos Santos – Guaíra/PR

IV Congresso Internacional de História, 2009

1. CARACTERIZAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO À Associação Comunidade Negra Manoel Ciriaco dos Santos-ACONEMA, localizase na cidade de Guairá Pr, gleba nº 4-A, colônia "C", Serra Maracajú, localizada a 12 km de Guaíra sendo composta pelos lotes rurais número 186 com 9,2390 alqueires paulistas e 186-A com 0,9925 alqueires paulistas, a soma dos dois lotes rurais totaliza 10,2315 alqueires paulistas ou seja, 247.602,30 metros quadrados. A sede da ACONEMA localiza-se no lote rural 186-A, é um barracão de madeira, coberto com telhas de barro, medindo nove metros de comprimento por seis metros de largura que fica entre as casas dos moradores da comunidade. Outrora esse barracão era utilizado para guardar o maquinário agrícola. Segundo o Capítulo VI, Art. 41º do Estatuto da Associação Comunidade Negra Manoel Ciriaco Dos Santos-ACONEMA: São considerados associados a esta comunidade: José Maria Gonçalves e família; Joaquim dos Santos e família; Geralda dos Santos e família; Adir Rodrigues dos Santos e família; João Aparecido dos Santos e família e os agregados à família: Luzia de Oliveira e Guilherme Fortunato da Silva e os descendentes de Antônio Gregório dos Santos (falecido): Daiane dos Santos, Fernanda Amâncio dos Santos e Rosana dos Santos (ACONEMA, 2007). O art. 41º do estatuto da associação não deixa claro a quantidade de pessoas que são consideradas sócias, pois indica o nome do titular, estendendo o direito associativo as pessoas

Geografias Negras [Introdução do Caderno Temático]

Revista da Associação Brasileira de Pesquisador s Negr s - ABPN, 2020

Esse caderno temático é dedicado à memória do geógrafo e ativista Andrelino Campos (1949-2018). O objetivo do Caderno Temático-Geografias Negras é reunir a produção de pesquisadores negros e negras que buscam compreender as relações étnico-raciais, o racismo, o antirracismo, as populações negras (brasileira, africanas e diaspóricas) a partir da Geografia e das teorias espaciais. A necessidade de organizarmos um dossiê temático surge devido a gama de discussões que vêm emergindo sobre a presença de discursos racializados na história do pensamento geográfico, na teoria, epistemologia e em propostas de método e metodologias para ensino e pesquisa na Geografia atualmente. Do mesmo modo, nos instiga o protagonismo de geógrafas/os negras e negros que vem forçando o cânone geográfico a debater e a rever-a partir das relações étnico-raciais

A EXPERIÊNCIA NEGRA TRANSNACIONAL E A DESCOBERTA DO APARTHEID /APARTAIDE BRASILEIRO

Revista Z Cultural, 2021

Este artigo é uma reflexão sobre a colonialidade e a experiência transnacional afro-brasileira através da solidariedade à população negra na África do Sul, em sua luta contra o Apartheid/Apartaide, em português-, e a relação dessa com o crescimento do antirracismo no Brasil. O esforço da luta anti-Apartaide conduz afro-brasileiros a um processo substancial de reconhecimento de si, não somente pela cor da pele, mas como afrodescendentes, partícipes da diáspora africana, vivendo sob semelhante opressão e integrantes do movimento panafricano. Deste modo, o movimento não somente reforçou a consciência racial e a desconstrução do paradigma brasileiro de democracia racial que, desde então, amplia o entendimento da prática racista no Brasil como embutida em um alto nível de comportamento dissimulado e funcionando como um tipo de Apartaide personificado. Entronizado nas mentes e conectado através das ações e comunicação entre pessoas, a colonialidade se mantém viva e mais forte nesse momento contemporâneo do que fora antes, perpetuando-se como máquina colonial em permanente repetição de gestos, imagens e atitudes que engatilham a cognição racista. Neste contexto, os meios e as tecnologias de comunicação e informação cumprem um papel significativo e paradoxal, tornando a experiência transnacional um desa o ao racismo vernáculo, transformando corpos e conhecimentos em lugares de atitudes de contestação e modelação para um novo projeto de pedagogias da civilidade. Introdução O presente texto foi inspirado pela 4a. Conferência do Apartheid Archives Project, ocorrida em 2014,

Percursos urbanos como forma de pesquisar o patrimônio afrocratense

GeoTextos, 2019

A consciência espacial deve ser o principal objetivo do ensino de Geografia, seja no ambiente acadêmico ou escolar, como meio de apreensão e transformação da realidade. Para tanto, o estudo do lugar é imprescindível, enquanto espaço de vivência cotidiana, onde podemos vislumbrar com mais veemência a materialidade e as relações sociais. Nesse contexto, os percursos urbanos constituem uma metodologia apropriada para compreender a relação entre consciência, espaço e lugar, à medida que permitem o caminhar pela cidade, vislumbrando a forma-essência dos objetos geográficos. No caso desse trabalho, tivemos como aporte a relação entre consciência, espaço, lugar e espacialidade negra, considerando o patrimônio arquitetônico forjado através de técnicas de construção africanas e da mão de obra africana e afrodescendente, na cidade do Crato-CE. Tendo como concepção a pesquisa afrodescendente, as africanidades e a afrodescendência, associada à metodologia dos percursos urbanos, pesquisamos o pa...

Memórias Negras Não-Petrificadas em Laranjeiras (Sergipe

Patrimônio e Memória, UNESP, Assis, SP, v. 17, n. 1, p. 196-222, janeiro-junho, 2021

Laranjeiras, in Sergipe, a city that emanates from an Afroculture, has a relationship of symbology and safeguard with its cultural heritage and memories that form a black topography of terreiros of memories, occupied by African nations, folguedos and griot poetry. Thus, the objectives of this article seek to identify, systematize and analyze habits, customs and traditions that challenge the petrification’s inheritances of black communities. Through decolonial black paths elaborated by a Historical Anthropology, there are nuances, hues and multiform that subvert the symmetries of the past. Far from a deformer syncretism, exercise an "anthropophagic" movement through which de-ruminate, assimilate and deglutinate and transfigure the European culture so that it can take on the local character of afrolaranjeirense identity.

Madureira: trajetória identitária como lugar do consumo

Blucher Engineering Proceedings, 2020

Este artigo apresenta a trajetória histórica de Madureira, bairro tradicional localizado na Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro, Brasil, com ênfase na relação simbiótica entre comércio, centralidade e sociedade. Conforme referências consultadas na área da História e Geografia urbana, a vocação comercial do bairro tem suas origens em meados do século XX, caracterizando-o como uma importante subcentralidade. Entretanto, a investigação histórica realizada revela que a relação identitária entre o lugar e o consumo se consolida de período anterior. A metodologia empregada abarca uma revisão teórico-histórica, bem como um levantamento empírico realizado no bairro. Verifica-se que a forte presença do comércio informal foi, historicamente, incorporada na vida cotidiana, permeando a vocação comercial com os usos / apropriações dos seus espaços urbanos.

Os deslocamentos afro-brasileiros em Marcelino Freire

2019

Aos meus pais, por me ensinarem o sentido e a importância do amor, do trabalho e do respeito. À Jéssica Deise (in memoriam), minha oração subordinada, pela inspiração e pelo incentivo, pela amizade incondicional que me carrega e me dá forças em meio aos trilhos emaranhados da vida. Qualquer vitória minha será também uma vitória sua. Ao meu companheiro Alysson Santana, pelo amor, pela companhia e pela paciência nos longos (muitas vezes turbulentos, muitas vezes prazerosos) dias de leitura e escrita. Pelo afago e pelas palavras tranquilizadoras que só você pode dar. Aos meus irmãos Acácia e Carlisson, por me mostrarem, na prática, que não se ama sem conflitos. Aos meus sobrinhos José Rafael, Enzo e Yasmin, pela esperança em um futuro melhor. Aos meus amigos Antônio, Williams, Islândia, Luan, pelo afeto fraterno de sempre e pelos dias incríveis juntos. Em especial a Luandson, pelos abraços apertados e pelas boas e doces energias. Aos meus amigos de graduação Ingrid, Lívia, Émmerly, Ruan, Bruno e Fabíola, por tornarem os caminhos tortos da universidade momentos de alegria. Aos meus amigos e colegas da pós-graduação Marta,