A política do apaziguamento, o Tratado de Versalhes e as origens da Segunda Guerra Mundial: um breve comentário (original) (raw)

O Tratado de Versalhes, a SDN e a política ultramarina portuguesa (1910-1926)

Boletim Da Sociedade De Geografia De Lisboa, 2011

A legitimação do novo regime republicano e a salvaguarda do império colonial constituíram, como se sabe, as duas razões da entrada de Portugal na Primeira Guerra Mundial, cujo termo, definido na paz de Versalhes, foi, mais do que a participação nas operações de guerra, um momento crucial, nos planos político e diplomático, para que Portugal tenha conseguido fazer valer os seus objectivos. O novo ambiente internacional, marcado pela criação da Sociedade das Nações (SDN) e pelo pensamento de Wilson e as suas alusões, ainda que vagas, ao princípio da autodeterminação 1 , deram à questão colonial outra dimensão, caracterizada, a partir de então, por um maior envolvimento da sociedade internacional, através da SDN (incluindo o sistema de mandatos) 2 e também da Organização Internacional do Trabalho (OIT), a quem os Estados deviam prestar contas sobre a situação dos respectivos impérios se a tal fossem instados. A mudança em curso apontava para uma maior responsabilização das potências coloniais em nome da "missão civilizadora". O fardo do homem branco era agora discutido e remotamente fiscalizado por aquela que era a primeira organização internacional de âmbito universal, desde logo nos territórios sujeitos ao sistema de mandatos e depois em todas as colónias. Esta nova disposição geraria algumas tensões internas em Portugal, incluindo novos receios de que poderes hostis poderiam tentar repartir as colónias, como sucedeu de forma mais evidente no final da 1.ª República. Com efeito, esta alteração de paradigma trazia a Portugal dificuldades acrescidas: a par daquela que foi uma prioridade nacional durante três quartos do século XX-a preservação das possessões ultramarinas, encaradas como sustentáculo do regime (tanto 1 O 5.º ponto preconizava " um entendimento livremente prosseguido, com espírito largo e absolutamente imparcial, sobre todas as reivindicações coloniais, fundado na estrita observação do princípio de que na resolução das questões de soberania os interesses das populações em jogo pesarão tanto como as equitativas reivindicações do governo cujo título se procura definir". 2 O sistema de mandatos ficou consagrado no artigo 22 do Pacto da SDN.

A negociação da paz em Versalhes (1919): a participação brasileira motivada pelo café

Unoesc & Ciência - ACHS, 2019

The peace negotiation in Versailles (1919): The Brazilian participation motivated by coffee Rogerio Augusto Bilibio 1 RESUMO O presente estudo tem por objetivo analisar em que contexto os interesses dos cafeicultores atuaram no cenário de declaração de guerra do Brasil contra a Alemanha, em 1917, bem como na conseguinte negociação da paz em 1919. Para tanto, faz-se uma exposição do cenário da época, com destaque para a economia cafeeira. Na sequência, são explicitadas as razões políticas que sustentam a importância da cultura cafeeira no processo. Como principais reflexões do estudo podem-se apontar: a) as forças políticas da República Velha estavam ligadas à cafeicultura; b) as ações do estado para proteger os interesses dos cafeicultores eram comuns e intensas no período; c) o peso da atividade cafeeira nas exportações do país; estes fatores pretendem suscitar a discussão de um argumento que entenda a proteção dos interesses dos cafeicultores como fator importante para as ações do Brasil durante a Primeira Guerra Mundial.

Reparações e Dívidas Aliadas no Entreguerras: de Versalhes (1919) a Lausanne (1932)

Economia Ensaios, 2021

Resumo: O artigo se propõe a explicitar os principais desdobramentos dos pagamentos das reparações da Primeira Guerra Mundial (1914-1918) impostas à Alemanha. Neste, inicialmente são mencionadas as perdas humanas e materiais devido à Primeira Guerra Mundial. Ao final da guerra, uma nova reorganização territorial da Europa iria emergir, com a desintegração de impérios e o surgimento de novos países. Ao final, discute-se os reparos de guerra instituídos no Tratado de Paz de Versalhes (1919), de modo que as dificuldades econômicas enfrentadas pela Alemanha e pela França, em específico, surgem como ponto central da discussão deste artigo.

Considerações em torno da origem de uma verdade historiográfica: o Tratado de Methuen (1703), a destruição da produção manufatureira em Portugal, e o ouro do Brasil

Acta Scientiarum. Education, 2012

RESUMO. Em meados do século XVIII, floresceu em Portugal uma preocupação, entre os 'estrangeirados', sobre as causas do 'atraso' do reino e as formas de buscar sua 'regeneração'. A ilustração portuguesa inicia então uma tradição que, de forma predominante, mas não unânime, atribuiu ao Tratado de Methuen (ou Tratado de Panos e Vinhos), de 1703, a origem dos problemas do 'atraso' do desenvolvimento manufatureiro lusitano e a apropriação do ouro produzido no Brasil. Este texto tem como objetivo principal refletir a respeito da construção dessa vertente explicativa e sua persistência na história ensinada no Brasil.

A Guerra da Crimeia e o Tratado Paris

2018

A modesta alocução aqui proposta repousa sobre o conjunto de investigações desenvolvidas no âmbito das exigências curriculares à disciplina de História das Relações Internacionais, pretendendo constituir um ínfimo e humilde contributo para a história diplomática. Na complexa confluência de crises que assolaram o continente europeu entre as Guerras Napoleónicas e a Primeira Guerra Mundial, a Guerra da Crimeia demarca uma posição-chave no epicentro das transformações geopolíticas. Na esfera a que nos reportamos interessa realçar o estudo da política diplomática, abdicando de outro desenvolvimento mais profundos no que respeita à história militar, cuja vertente (tão particular) merece um tratamento autónomo, porquanto não seja desfasado mencionar algumas das vicissitudes bélicas, as inconsequências estratégicas ou as alianças improváveis, que desfizeram outras antigas alianças e, sobretudo, enviesaram perspectivas de consolidar a ordem saída do Congresso de Viena. Depois da guerra da Crimeia não havia mais retorno ao velho equilíbrio idealizado por Metternich.