A Escrevivência De Conceição Evaristo Como Reconstrução Do Tecido Da Memória Brasileira (original) (raw)

O Mar Onduloso Da Memória Em Conceição Evaristo

Via Atlântica, 2010

O TEXTO PROCURA RESALTAR O MODO COMO A ESCRITORA CONCEIÇÃO EVARISTO, PARTICULARMENTE NO ROMANCE BECOS DA MEMÓRIA, PROCURA RESGATAR AS LEMBRANÇAS DAS GENTES SIMPLES QUE VIVEM EM LUGARES MARCADOS PELA EXPERIÊNCIA DURA DA POBREZA E DA EXCLUSÃO. A COMPARAÇÃO ENTRE BECOS DA MEMÓRIA E TEXACO, DO ESCRITOR MARTINIQUENSE PATRICK CHAMOISEAU, INTENTA ACENTUAR QUE, NOS DOIS ROMANCES, O REPRIMIDO, O SILENCIADOASSUMEM A CENA DA ESCRITA, RASURANDO, DE ALGUM MODO, O PRÓPRIO ESPAÇO EM QUE CIRCULAM.

" Escre(vivência) " : a trajetória de Conceição Evaristo

Revista História Oral, 2014

No presente artigo, procuro analisar a trajetória da escritora negra mineira Conceição Evaristo, com base em duas entrevistas que fiz com ela e em um depoimento que escreveu. Para tanto, considerei desde suas experiências com as crueldades do racismo na infância até as diferentes estratégias que tem utilizado para combatê-lo. Creio ser possível afirmar que a trajetória desta autora acompanha, em linhas gerais, as mudanças observadas na história do Movimento Negro contemporâneo no Brasil. Nesse sentido, pode ajudar a compreender a atuação militante de escritores/as negros/as na contemporaneidade, suas conquistas e seus desafios em uma sociedade ainda marcada pela discriminação racial. Busquei, ainda, perceber de que forma Conceição estabeleceu uma rede de relações para viabilizar suas publicações, com o objetivo de compreender alguns aspectos do funcionamento do campo editorial de literatura negra.

Escrevivências Da Pós-Colonialidade: Memória e Violência Nos Becos Da Memória, De Conceição Evaristo

Revista de Literatura, História e Memória, 2020

O presente artigo propõe-se a realizar uma leitura da obra Becos da Memória, de Conceição Evaristo, tendo como principal referência o conceito de escrevivência, desenvolvido por esta escritora. Propomo-nos a debater a forma como Maria-Nova resgata o próprio passado como um ato de resistência contra a opressão e o silenciamento impostos pelas classes dominantes na pós-colonialidade. A escrevivência tornou-se um conceito chave para a compreensão das narrativas contemporâneas desenvolvidas por escritoras negras, porque estabelece um parâmetro que, não só representa os marginalizados da sociedade brasileira, dando voz a eles, mas corrobora para a denúncia de um sistema que oprime e silencia o povo negro do Brasil. Além disso, interessa-nos investigar, nesse texto literário, manifestações de violência, tendo como ponto de partida o princípio de que esta temática atravessa a história de sociedades pós-coloniais, como o Brasil. Dessa forma, pretendemos evidenciar como essas manifestações a...

A escrevivência de Conceição Evaristo como estratégia político-discursiva de resistência

Letras de Hoje

Este artigo se propõe a analisar a poética de Conceição Evaristo - escrevivência - como performance de uma corporalidade negra, marcada por traumas e cicatrizes herdados de uma cultura de colonização escravocrata. Objetivamos mostrar como a escrevivência opera uma contranarrativa em face de uma história monocultural e monorracional, alterando a perspectiva e o protagonismo das experiências e memórias narradas. Para tanto, adotamos como referente literário desta abordagem a obra “Olhos d’água”, cuja leitura e análise permitem concluir que a escrevivência é uma estratégia político-discursiva de resistência e promove a desconstrução de imagens e alteração dos lugares reservados aos corpos negros, sob perspectivas epistemicidas e eurocêntricas.

Sobre Escravos, Pobres e Periféricos: A Escrita De Conceição Evaristo

Revista Língua&Literatura, 2021

RESUMO Este artigo resulta da dissertação de mestrado em desenvolvimento junto ao Programa de Pósgraduação em Letras (PPGLetras) da Universidade Federal do Tocantis (UFT) e tenciona discussões acerca da construção do projeto de escrita da professora, escritora e militante antirracista Conceição Evaristo. Para tanto, utilizou-se de pesquisas bibliográficas e documentais de natureza qualitativa, em que permitiram a expansão das discussões levantadas neste trabalho a partir de proposições teóricas de Evaristo (2009-2010-2017); Pinsky (2010); Mendes (2014); Duarte & Lopes (2018) e outros. A partir disso, verificou-se que a escrita de Conceição Evaristo (escrevivência), assim como seu próprio ofício literário (escreviver), são profundamente marcados pela sua condição de mulher, negra, pobre e periférica e, portanto, suas produções são atravessadas por intersecções de classe, gênero e raça, além do compromisso em rasurar o passado escravocrata que ainda modelam as conversões sociais de pessoas pretas na atual conjuntura da sociedade.

Memória, História e Literatura na obra da escritora negra Conceição Evaristo

Anais do Fazendo Gênero 10: Desafios atuais do Feminismo, 2013

Este trabalho integra a pesquisa de mestrado intitulada “Conceição Evaristo e a intelectualidade negra no contexto do movimento negro brasileiro contemporâneo”, cuja questão ampla é a relação entre literatura e militância no movimento. Procuramos analisar a trajetória e a obra da escritora observando de que formas a intelectualidade negra tem se organizado para formar uma identidade negra combativa e reivindicatória de direitos em uma sociedade dominada pela idéia hegemônica da democracia racial. Conceição Evaristo nasceu em 1946, em uma favela em Belo Horizonte. Mudou-se para o Rio de Janeiro na década de 1970, onde se formou em Letras e encontrou um movimento negro cada vez mais intenso. Conceição combinou sua militância como artista negra nos espaços populares com uma atuação militante dentro da academia, terminando seu doutorado em Literatura Comparada na UFF em 2011. A memória ocupa um lugar central em sua obra. Através dela, a autora procura dar voz aos “excluídos” da História: negros, pobres e mulheres. No presente trabalho, nos focaremos no papel da memória na literatura produzida Conceição Evaristo, procurando observar de que forma a autora a utiliza para construir um discurso militante pelos direitos dos grupos subalternos que defende

Pela “Escada” De Jorge Andrade: O Nascimento De Uma Trajetória Entre a Memória e a História

Revista Crioula, 2011

Pela "Escada" de Jorge Andrade: o nascimento de uma trajetória entre a memória e a história. Berilo Luigi Deiró Nosella 1 RESUMO: O presente artigo propõe realizar uma análise da relação entre as categorias de Memória e História, numa trajetória que caminha da memória individual de Jorge Andrade para a memória coletiva brasileira, e como esta trajetória organiza-se internamente no Ciclo Marta, A Árvore e o Relógio. Para realizá-lo, tomaremos como objeto o texto dramatúrgico A Escada, por ser o referido um ponto nevrálgico do Ciclo, onde inicia-se, de forma mais radical, a ampliação da memória individual do autor para a coletiva a partir da representação do processo de desenraizamento humano desencadeado pela urbanização moderna.