O caráter político do transnacionalismo na fronteira brasileira com a França (original) (raw)
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TRANSNACIONALIDADE E CIDADANIA: UM OLHAR SOBRE BRASILEIROS NA GUIANA FRANCESA
TRANSNACIONALIDADE E CIDADANIA: UM OLHAR SOBRE BRASILEIROS NA GUIANA FRANCESA, 2020
Fenômenos migratórios sempre existiram na história da humanidade, as, desde a consolidação do Estado-nação, o deslocamento de migrantes entre os países se acentuou e esteve na própria constituição das modernas nacionalidades. Com o advento da globalização, a migração internacional atingiu uma amplitude ainda maior com as transformações do modo de produção capitalista e a consequente repercussão no mundo do trabalho. Esta pesquisa busca, então, investigar dois efeitos do fenômeno migratório atual, especificamente nas relações fronteiriças entre o Amapá (Brasil) e a Guiana Francesa (França): a cidadania transnacional, que questiona o conceito de cidadania tradicional como a relação de uma pessoa com um único Estado-nação, passando a considerar aqueles sujeitos que possuem direitos em mais de um país; e a transnacionalidade, que também desafia os limites e a soberania desse Estado-nação ao destacar a atuação de pessoas que constantemente vão e vêm pelas fronteiras nacionais pondo em xeque o aparato repressivo e fiscalizador que costuma ser relegado ao trato dessas fronteiras de uma nação. Esta pesquisa se valeu da consulta às fontes bibliográficas dentre a já consubstancial literatura regional sobre a fronteira Amapá-Guiana Francesa. Focando principalmente nas bibliografias de cunho etnográfico, o presente trabalho pôde colher elementos para a análise e interpretação do material, chegando a conclusões que caracterizam os fenômenos da cidadania transnacional e da transnacionalidade conforme as especificidades da fronteira Amapá-Guiana Francesa.
Fronteiras imaginadas e imaginárias do transnacional
Anuário de Literatura, 2018
Apresentamos, às leitoras e aos leitores da revista Anuário de Literatura, a segunda edição do ano de 2018, com textos que abordam literaturas provenientes de diferentes países (Brasil, Estados Unidos, Argentina, Portugal, Itália, Rússia e República Tcheca) e constituem, assim, uma proposta de transitar entre as fronteiras imaginadas e imaginárias do transnacional. Esse transitar aparece desde a capa, de Ricardo Henrique Wiggers, que trabalha com mapas, textos e cores para evidenciar contatos, conexões e continuidades, bem como para estabelecer nossa enunciação a partir do Sul Global. Os textos aqui presentes possuem temática livre e foram organizados em quatro seções: Ensaios, Pesquisadores Docentes, Artigos e Entrevista. Orgulhosamente abrimos este número com o ensaio de Regina Dalcastagnè, que faz uma importante reflexão sobre os desafios que o país enfrenta na contemporaneidade, intitulado O que o golpe quer calar: literatura e política
Trabalho livre e compulsório nas fronteiras do Mato Grosso: A transnacionalidade
Anais - Histórias do trabalho no sul global, 2010
A geografia de Mato Grosso, território distante do poder central e do litoral marítimo e próximo dos demais países platinos, empregou à sua história uma característica ao mesmo tempo singular e plural por carregar em seu bojo a globalidade das relações de trabalho que se configuravam em um mundo que se modernizava no ritmo da máquina à vapor, e que guardava (e guarda) a contradição de formas pretéritas da exploração do trabalho. As formas de exploração do trabalho e de resistência, nesse ambiente fronteiriço, devem ser entendidas, portanto, a partir da conectividade do regional, do nacional e do transnacional. O objetivo desta comunicação é fazer este debate privilegiando três ramos de atividades presentes no Sul de Mato Grosso na passagem do século XIX para o XX, quais sejam: a navegação transnacional, a construção da ferrovia Noroeste do Brasil e o trabalho de extração da erva-mate. Essas atividades, que inseriram Mato Grosso no mundo moderno de produção e circulação de mercadorias, são permeadas por relações de trabalho compulsório e livre, rural e urbano, onde conviviam sujeitos de nacionalidades distintas e com marcada diversidade étnica.
Para além das fronteiras: cidadania transnacional
Revista Videre
A intensificação e o aumento dos deslocamentos humanos além das fronteiras nacionais compeliu os Estados a lidar com a necessidade do acolhimento e da integração dos indivíduos que cruzam as fronteiras. No contexto da transnacionalidade, a possibilidade de concessão do status de cidadão a estes indivíduos transnacionais ganha papel de destaque nas questões atuais que merecem serem debatidas por toda a comunidade internacional, uma vez que a cidadania e a proteção dos direitos humanos possuem pontos de convergência. Este artigo é parte da dissertação de mestrado intitulada “Cidadania transnacional: para além da nacionalidade” desenvolvida na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (2018) e demonstra que a cidadania transnacional é uma realidade presente na comunidade internacional contemporânea e que tal fato social vai além das fronteiras. São apresentadas categorias de direitos que deveriam ser garantidas a todos os indivíduos para ser considerados “cidadãos plenos”. Ademais, é ...
As vias de transnacionalização da ultradireita brasileira
CEBRI , 2024
O artigo analisa o transnacionalismo da ultradireita brasileira partindo de uma perspectiva histórica, destacando suas conexões internacionais desde o século XX. Dividido entre a direita radical e a extrema-direita, o texto explora de que forma, inicialmente, movimentos autoritários como o integralismo se conectaram ao fascismo europeu. No cenário contemporâneo, o bolsonarismo retoma esse transnacionalismo ao se alinhar ao trumpismo e a figuras como Steve Bannon e em espaços como o CPAC e o Foro de Madri. Já grupos neofascistas expandem suas redes globais, conectando-se com movimentos neonazistas e supremacistas por meio da internet. O estudo conclui que o transnacionalismo da ultradireita brasileira é um processo contínuo de adaptação e propagação de ideias globais, moldado por contextos históricos distintos.
Representação e identidade fronteiriça: um estudo na fronteira franco-brasileira
Miguilim - Revista Eletrônica do Netlli, 2020
O presente trabalho tem como objetivo apresentar uma análise das representações sobre a identidade fronteiriça na cidade de Oiapoque, limite entre o Brasil e a Guiana Francesa, tendo como ponto de partida a ideia de que as identidades nacionais, em regiões de fronteira, podem ser híbridas e frequentemente assimilam traços da cultura vizinha. Assim, inserida no escopo da Sociolinguística, a pesquisa tem como suportes teórico-metodológicos os estudos
Trocas intergeracionais e construção de fronteiras sociais na França
Tempo Social, 2008
In contemporary French society, traditional inequalities persist while new ones have emerged, particularly as a result of the growing destabilization of social and professional positions. The notion of boundary therefore becomes essential: boundaries delimit social categories, but also open up spaces for encounters and exchanges. Seeking to comprehend the processes of constructing and/or weakening social boundaries, a qualitative research study was carried out with families (parents and young people) of different social groups, centred on the symbolic construction and perception of the boundaries between different social classes, and on their construction within these classes. Do social classes still constitute the bases for subjective boundaries? The article concludes that the fluid and complex nature of social experiences means the need for more work at connecting and adapting from the actors.
Regionalidade: entre a influência francesa e a brasilidade
Neste trabalho, investigamos a dinâmica pela qual se deram as trocas reais e simbólicas catalisadoras de algumas das discussões acerca da identidade literária brasileira, sobretudo no que tange às manifestações regionalistas, no século XIX.
Na fronteira: mobilidades xamânicas entre Brasil e Guiana Francesa
Horizontes Antropológicos
Resumo Um complexo cenário de relações caracteriza a fronteira entre o Brasil e a Guiana Francesa, guardada pelo rio Oiapoque e habitada por 7000 índios. Habituados a deslocamentos contínuos para os principais centros urbanos regionais, os povos indígenas do Oiapoque têm uma longa história de interação com aglomerados populacionais de brasileiros, créoles e Saramaká. Por conta disso, famílias karipuna, galibi-kali’na, galibi-marworno e palikur habitam a aldeia e a cidade, transitando regularmente entre ambas e proporcionando novos aportes de conhecimentos ao xamanismo regional que dinamizam, revitalizam e transformam práticas e ideologias xamânicas em diálogo com formas congêneres situadas do outro lado das fronteiras territoriais e/ou simbólicas. Este artigo busca explicitar etnograficamente esse campo de relações e discutir a presença das formas de mediação que emergem nas fronteiras (entre sujeitos, práticas rituais, territórios, etc.), propondo refletir acerca das transformações...
Os Sentidos Da Fronteira a Partir Da Discussão Territorial Em Claude Raffestin
Revista Geografica De America Central, 2011
A discussão sobre território em Claude Raffestin é o tema desta comunicação. Nela buscaremos discuti-lo não só centrado na perspectiva do Estado-nação. Com esta discussão buscamos compreender o sentido da fronteira política no Estado do Acre-Brasil, para a população transfronteiriça. A questão fronteiriça, como ressaltado em Raffestin deve ser compreendida a partir de sua historicidade, uma vez que o sentido de fronteira muda ao longo do tempo. E essa mudança é detrimento das modificações sociopolíticas e socioeconômicas. Os limites e fronteiras refletem o poder daqueles que moldam, influenciam ou controlam atividades. Desta forma é de fundamental importância a compreensão da construção dos territórios e fronteiras, pois é no território que se manifestam todas as espécies de relações de poder, traduzindo-se por malhas, redes centralidades que podem pura ou simplesmente estar ligadas a várias decisões. Os sujeitos que aí atuam fazem a diferença, seja construindo as tessituras ou articulando os pontos que quiserem para então, assegurar o controle sobre aquilo que pode ser possuído.